Frei Tito Brandsma, Camelita, Jornalista e Mártir da 2ª Guerra Mundial.

             Este ideal parece ser, na vida mística, uma contradição do fim que se propuseram os Frades Pregadores: Contemplata aliis tradere: comunicar aos outros, na vida ativa, os frutos da contemplação, o que representa, na interpretação de S. Tomás, o mais alto ideal da vida espiritual. Estas duas aspirações, porém, não são necessariamente contraditórias. Ambos os caminhos levam para Deus e os fiéis colhem de ambos as mais preciosas graças. Os diferentes ideais das Ordens Religiosas manifestam com admirável evidência a variedade superabundante da vida da Igreja.

            "Maria escolheu a melhor parte que lhe não será tirada", disse o Senhor a Marta que andava irrequieta com muitas coisas e se queixava de que a irmã a deixava sozinha no serviço. A Santa Igreja aplica estas palavras a Maria, a Mãe de Deus. A Ordem do Carmo, tão cara a mãe celeste, vindica para si a parte de Maria na vida espiritual da Igreja. Podemos em verdade dizer que as Ordens contemplativas tiveram sempre que haver-se na vida de oração com obstáculos muito sérios. O Carmelo, não obstante, defendeu constantemente a preeminência da contemplação.

          O apostolado ativo reclama necessariamente, em quase todas as circunstâncias da vida moderna, o concurso do Carmelo. Neste caso os sacerdotes carmelitas adotam gostosamente a divisa dos Frades Dominicanos. Devem, porém, radicar esta atividade bem fundo na contemplação, única fonte e garantia de fecundidade. Quando for assim preciso, o apostolado dará honra e bênção ao Carmelo. Mas jamais esquecerá que a parte melhor é a contemplação. A vida ativa ocupará sempre lugar secundário.

          Os primeiros eremitas do Carmelo amavam a solidão. Após o ruído e o tumulto dos combates retiravam-se do mundo para o silêncio da cavernas do Carmelo, consagrando as suas vidas inteiramente a Deus. Como Elias haviam reconhecido os perigos do deserto e ansiavam pelo encontro de Deus na montanha santa. Mas quase imediatamente a seguir vêmo-los espalharem-se pelo mundo, a fundar conventos e realizar trabalhos apostólicos. Nicolau- o Francês, podia afirmar com razão que o faziam raramente, mas certo é que, em caso de necessidade, faziam-no e este trabalho não era considerado contrário a Santa Regra.

*DO LIVRO: A BELEZA DO CARMELO- O SANTO PROFETA ELIAS.