*Frei Emanuele Boaga, O.Carm e irmã Augusta de Castro Cotta, Cdp

A atualização e renovação do Ordem Terceira Secular (TOC) tem inicio já no ano de 1957 quando se percebe a necessidade de renovar, em parte, a sua legislação a fim de que pudesse se desenvolver melhor corno movimento laical, inserido na perspectiva da teologia do laicato. Neste contexto assumem importância es diretivas da Congregação trienal da Ordem, celebrada em Fátima, no mesmo ano de 1957, e a criação do Centro internacional da OTC (= CITOC), com sede em Fátima e, posteriormente, no ano de 1967, em Roma. Em 1968 ocorre a extinção deste Centro que se transforma apenas em agência de comunicação de noticias da Ordem.

Em 1965, com a execução de um decreto do Capítulo Geral daquele ano, foi composta uma Fórmula de vida para os terciários. Nos anos seguintes esta Fórmula foi objeto de estudo e favoreceu experiências por parte dos mesmos terciários. Com o Capitulo Geral de 1968, em cada Província ou nação cuidou-se da tradução da mesma, fazendo-se adequação à própria realidade. Os leigos foram fortemente envolvidos neste trabalho.

Nos anos 1972-73 foram recolhidos os resultados das várias experiências e sugestões feitas em diversas partes do mundo. Com este material e com a contribuição de alguns peritos foi preparado um primeiro projeto para a nova Regra do TOC. Foi notório o envolvimento da parte dos grupos da língua inglesa e todos os sodalícios da TOC italiana, cujos dirigentes, para avaliação das experiências celebraram numerosos congressos em nível provincial e nacional. levando em conta este trabalho e com a colaboração de alguns leigos, um Padre dirigente dos problemas da TOC elabora um primeiro projeto em vista da esperada Regra. Entretanto, não foi julgado satisfatório este trabalho. Assim, nos anos 1974-76 o mesmo foi reelaborado por dois expertos, também com a colaboração dos leigos, até chegar ao texto definitivo, aprovado pela Santa Sé, em 1977.

A nova Regra do TOC consta de três partes: espiritualidade, formação e estrutura. Relativamente à natureza do leigo na Igreja, propõe aos terciários individualmente ou como grupo, um programa de vida que evita transformá-los em pessoas beatas ou em mini-frades ou mini-monjas. Tal programa, ao contrário, nutrido por uma forte teologia do laicato, sublinha e traduz os valores mais profundos do carisma carmelitano, em sua própria condição laical e secular. Sobre esta a Santa Sé, transmite o Cardeal Pironio e o Pontifício Conselho dos Leigos, expressa a própria satisfação, afirmando que a nova Regra da TOC está entre as melhores apresentadas pelas varias Ordens Terceiras seculares, como  conclusão do processo de renovação legislativa pós-conciliar.

Em particular - sublinhando es atitudes profundes e básicas da vivência do carisma carmelitano (escuta da Palavra de Deus, vida em sua presença e oração na vida e da própria vida  - esta Regra orienta ao terciário para a vivência de uma espiritualidade encarnada na sua própria realidade secular. A busca de intimidade com Deus leva o terciário a ser sempre mais fermento evangélico no mundo com a contribuição específica do carisma carmelitano; e tudo isto conduz à inserção na realidade das estruturas temporais. A Regre da TOC, apontando esta meta, exorta a olhar es figures inspirativas de Virgem Maria e de Elias profeta, a fim de que cada um á sua maneira viva profundamente animado pele fé da presença de Deus entre nós, testemunhando como uma pessoa se torna verdadeiramente humane quando mais espaço dá a Deus em sua vida. 

A inspiração mariana conduz o terciário - segundo a Regra da TOC - a olhar a humildade e a pobreza de Maria como base para viver a própria situação de ser criado, em sua relação com Deus Criador e Salvador; e também a sue adesão à vontade divina traduzida em fidelidade e obras; a sinceridade e espirito de serviço para colaboração efetiva com a obra de salvação.

A inspiração eliana - sempre segundo a Regra da TOC - conduz o terciário a olhar em Elias o compromisso profético e comunitário para o testemunho da intima e vital ligação com Deus na vida quotidiana do povo, num mundo em transformação; a promoção da verdadeira religião para lutar contra os falsos ídolos, a conseqüente aceitação da sua vida sustentada pela fé nas duras e decisivas provas para abrir-se à Providência; e a experiência da intimidade divina no Horeb, para buscar em Deus a fonte de força e doçura.

Relativamente às Regras precedentes para a TOC, a atual oferece aos terciários um discurso muito novo e estimula fortemente o testemunho de maneira viva e autêntica do Absoluto de Deus no mundo de hoje, com rompimento de cada falsa religiosidade e com libertação de cada forma de escravidão ao dinheiro, ao poder e ao prazer, como de cada outra forma de opressão do homem.

Após a aprovação da nova Regra atividades significativas relativas à TOC ocorreram na Itália para os assistentes espirituais  dos sodalícios e para seus membros com estudos e comentários sobre a Regra, sendo difundidos através de publicações proprias (1982). Um primeiro encontro internacional da Família Carmelitana foi realizado de 31 de março a 5 de abril de 1991, dedicado à TOC , aos leigos e movimentos que se inspiram no Carmelo. Entre as propostas feitas, encontra-se aquela que pede de ser adotado pela TOC a Regra de S. Alberto. Trata-se de uma proposta que, antes de ser concretizada, deveria ser oportunamente avaliada.

No contexto da renovação da TOC pode-se recordar que o Delegado Geral pro tempore nos anos 1974-83, participou ativamente da União das Ordens Terceiras Seculares e desenvolveu junto aos delegados gerais da Ordem Secular Franciscana - isto é da Ordem Terceira Secular  dependentes dos Menores e dos Capuchinhos -, uma vasta ação com reflexos na renovação das Terceiras Ordens dos outros Mendicantes e o estudo que orientou a introdução do Cânon 303 do atual Código de Direito Canônico.

*Do Livro; Como Pedras Vivas.