Santo Inácio da Antioquia na sua Carta aos Cristãos de Filadélfia chamava o responsável por uma Comunidade pelo nome de "Homem determinado à Unidade", governado pela preocupação com a unidade. Homem da unidade, seja das pessoas, seja das várias instâncias e funções da comunidade - no nosso caso, da comunidade do Sodalício.

O bem do Sodalício, que é a primeira e indispensável contribuição para a missão da Igreja, é o Carisma Carmelitano vivido e testemunhado na cidade de Angra dos Reis pelos irmãos e irmãs que, livremente-repito- LIVREMENTE- através dos Votos Perpétuos ou Solenes (OTC-Regra Nº 14) assumem publicamente viver a espiritualidade sob a orientação ou autoridade de um Prior ( a ). Em outras palavras, viver em comunidade é, na verdade, viver todos juntos a vontade de Deus seguindo a orientação do dom do Carisma carmelitano sob a autoridade do Prior e seu Conselho. Portanto, a autoridade consolida a unidade da Ordem Terceira do Carmo em cada um dos 37 Sodalícios  baseada sobre a caridade e a cooperação harmoniosa na luta pelo ideal que nos propusemos através da nossa consagração pelos votos.

O Prior da Ordem Terceira do Carmo (a) não é o guardião do status quo, que procura não incomodar os irmãos que estão dormindo ou que se limita a atender eventuais iniciativas de cada um em particular. Ele, consciente de que ao centro da comunidade está presente Cristo com o seu Evangelho, coloca-se ao serviço da vontade de Deus e dos irmãos, guiando-os à obediência a Cristo por meio do diálogo e oportuno discernimento, embora deixando firme a sua autoridade de decidir e ordenar o que se deve fazer. O Prior é no Sodalício estímulo a viver o nosso Carisma e é sinal e estímulo de união. (Regra da OTC do Carmo Nº 61).

Os ( as ) Priores não estão dispensados do voto de obediência às autoridades superiores (Delegado Provincial, Padre Provincial e Prior Geral da Ordem) e, sobretudo, à vontade de Deus, a quem diz o Concílio, - usando expressões que soam com o timbre de outros tempos - deverão prestar contas das almas, que lhes foram confiadas. Não nos esqueçamos de que também somos responsáveis pelo dever de correção fraterna. Não se pode forçar a amar, e em vista disto o poder coercitivo não obtém por autoridade este fim, a não ser que sirva para fazer o interessado refletir; mas a intenção de defender a comunhão dentro da vida religiosa, a fidelidade ao carisma, os compromissos com terceiros.

Estilo de exercício da Autoridade: Um olhar Bíblico sobre o Poder.

(O poder de governar é graça, carisma e dom de Deus para a edificação da sua Igreja. Leitura de 1Cor 12,4-11. 28).

A teologia da Autoridade tem as suas consequências quanto ao estilo de exercício: é o estilo de Deus, manifestado em Cristo Jesus. "Fazer as vezes de Deus", ser dóceis à sua vontade, expressar o amor paternal de Deus defronte aos religiosos confiados aos nossos cuidados pessoais, isto é um compromisso ascético-místico de conformação com a caridade de Deus Pai, que trata como a "filhos", no seu modo de respeitar a dignidade e a liberdade do homem (Câns. 617-619- Cân. 617 - Os Superiores desempenhem seu ofício e exerçam seu poder de acordo com o direito universal e com o direito próprio- Pode-se mesmo pensar numa "Espiritualidade da Autoridade".

Perguntas para reflexão.

1- Que lugar o Carisma Carmelita ocupa no exercício da minha relação com a autoridade do Sodalício? 

2- Estou consciente da importância e da missão do prior e seu concelho no Sodalício?

3- Após este olhar sobre o poder a partir da Bíblia, dos Documentos da Igreja e da Espiritualidade Carmelitana, quem melhor representa para ser o futuro prior (a) ou conselheiro (a) para este Sodalício?      

*XVº- CONSELHO DAS PROVÍNCIAS. (REFLEXÕES TEOLÓGICAS SOBRE O PODER DE GOVERNO NA ORDEM DO CARMO).