O bispo de Mogi das Cruzes (SP) e presidente do Regional Sul 1 (Estado de São Paulo) da Conferência Nacional dos  Bispos do Brasil (CNBB),  dom Pedro Luiz Stringhini, entregou oficialmente a Carta Aberta ao presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), o deputado estadual Carlão Pignatari, na tarde desta segunda-feira, 18 de outubro. O assessor político da CNBB, padre Paulo Renato, também participou da entrega junto aos deputados estaduais do Estado de São Paulo Emídio de Souza, André do Prado, Reinaldo Alguz e o ex-deputado  padre Afonso Lobato.

De acordo com o assessor político da CNBB, padre Paulo Renato, o deputado estadual Carlão Pignatari se mostrou consternado pelo fato, pediu desculpas à CNBB, ao Papa Francisco e ao episcopado brasileiro em nome da ALESP.

Na abertura da 49ª Sessão Ordinária direto do plenário Juscelino Kubitschek, o presidente da ALESP, em nome do parlamento paulista, repudiou toda palavra que vá além da crítica e que se constitua em ataques que extrapolem os limites da liberdade de expressão e da imunidade parlamentar. Segundo ele, para o político o dom da palavra é um direito inalienável mas encontra limites no respeito e na própria lei. Segundo ele, a divergência legitima a democracia mas não autoriza a barbárie.

O presidente da ALESP disse que a tribuna do parlamento não comporta manifestações de ódio e que não é aceitável que um deputado suba à tribuna para professar ofensas. “Em nome do parlamento paulista eu rogo um pedido de desculpas expresso ao Papa Francisco, a dom Orlando Brandes”, disse.

O presidente da ALESP disse discordar totalmente das expressões proferidas contra o Papa e dom Orlando no último dia 14 de outubro, além de destacar que são antirregimentais e determinou a retirada das notas taquigráficas das ofensas proferidas, nos termos do artigo 18 do Regimento Interno da casa. Na sequência, ele leu integralmente a Carta Aberta entregue pela CNBB.

No documento, a CNBB rejeita “fortemente as abomináveis agressões” proferidas da Tribuna da ALESP pelo deputado estadual Frederico D’Avila no último dia 14 de outubro. O documento reitera que “com ódio descontrolado, o parlamentar atacou o Santo Padre o Papa Francisco, a CNBB, e particularmente o Exmo. e Revmo. Sr. Dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida. Feriu e comprometeu a missão parlamentar, o que requer imediata e exemplar correção pelas instâncias competentes”. Além da entrega à ALESP, a CNBB vai buscar uma reparação jurídica a ser corrigida “pelo bem da democracia brasileira”.

 

Pedido de desculpas

Na mesma sessão, o deputado que proferiu as ofensas no dia 14 de outubro se dirigiu à tribuna da ALESP e pediu desculpas pelos excessos cometidos em seu pronunciamento. Ele alegou ter sido inflamado por problemas pessoais ocorridos nos dias anteriores. “Meu pronunciamento foi inapropriado, exagerado, descabido e infeliz”, disse o deputado.

O caso será levado ao Conselho de Ética da ALESP. Fonte: https://www.cnbb.org.br

 

Presidente Jair Bolsonaro visita a Basílica Nacional de Aparecida no feriado de 12 de outubro.  Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

 

Sem ser citado diretamente na homilia, Bolsonaro acompanhou missa da tarde com referências à pandemia, fome e desemprego; de manhã, arcebispo fez apelo por desarmamento da população, contrariando postura do governo

 

 José Maria Tomazella, enviado especial

APARECIDA – Depois de ouvir críticas sobre a liberação de armas e a condução da pandemia pelo seu governo nas celebrações do Dia da Padroeira, o presidente Jair Bolsonaro tirou a máscara e causou aglomeração, nesta terça-feira, 12, no Santuário Nacional de Aparecida. Ele, que já tinha provocado um grande ajuntamento de pessoas na chegada, desfilou com o corpo fora do carro quando saiu do santuário. Parte do grupo, que se espremia nas cercas de segurança, o aplaudiu e chamou de “mito”, enquanto um coro menor gritava “lixo”. Um chinelo foi arremessado do meio do público, mas não atingiu o presidente. 

Bolsonaro assistiu à missa da tarde na companhia dos ministros Marcos Pontes, da Ciência, Tecnologia e Inovações, e João Roma, da Cidadania. Na homilia, à frente do presidente, o padre José Ulysses da Silva, porta-voz do santuário, fez uma referência indireta à postura armamentista do governo. “Se conseguíssemos abraçar a proposta de Jesus nós seríamos um povo mais desarmado e fraterno”, afirmou o padre.

Citando um trecho do evangelho lido por Bolsonaro durante a celebração, o religioso lamentou os mortos pela covid-19 e disse que “a vida é um valor que deve prevalecer sobre todo e qualquer outro valor, sobre nossos interesses políticos, econômicos e até religiosos”. Desde o início da pandemia, o presidente sempre se posicionou contra as medidas de isolamento social, alegando prejuízo econômico. Segundo o padre, é graças à solidariedade da população que o País não atravessa uma crise ainda mais violenta. “Nós sabemos quantas pessoas perderam a vida para cuidar da nossa. Há mesas vazias, há desemprego e há sequelas da enfermidade”, afirmou. Disse, ainda, que além do “dragão da pandemia” há o “dragão da ganância” que suga a vida de quem mais precisa e “tem muita gente sofrendo”. 

Presidente Jair Bolsonaro visita a Basílica Nacional de Aparecida no feriado de 12 de outubro.  Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

As declarações do padre ecoaram a homilia da principal missa do dia, celebrada pelo arcebispo de Aparecido, dom Orlando Brades, pela manhã: para ser pátria amada, não pode ser pátria armada".

Na cerimônia da tarde, Bolsonaro se apresentou para receber o sacramento católico da comunhão e participou do ritual de consagração à Nossa Senhora. Importante para os católicos e devotos da santa, o ritual não é aceito pelos evangélicos, que compõem importante base de apoio ao presidente. Durante a missa, Bolsonaro e seus ministros usaram máscaras, embora a direção do santuário já tivesse decidido permitir a participação presidencial na celebração mesmo sem a proteção facial. Antes da missa, o presidente se reuniu com o padre Carlos Eduardo Catalfo, reitor do santuário, e com dom Orlando, que presidiu a celebração.

 

Mentiras e fake news

Além de criticar a política de liberação do uso de armas do governo Bolsonaro, dom Orlando também se referiu ao viés negacionista de Bolsonaro, defendendo a vacina e a ciência. Também pediu uma pátria “sem ódio, uma república sem mentiras, sem fake news”.

O arcebispo lembrou que o Brasil está enlutado pelas mais de 600 mil mortes na pandemia da covid-19 e defendeu a preservação da Amazônia. Também pediu um abraço aos índios, aos negros, às crianças, aos pobres e às “nossas autoridades, para que, juntos, construamos o Brasil Pátria Amada. E para ser pátria amada não pode ser pátria armada”. 

Quando esteve no santuário de Aparecida em seu primeiro ano de mandato, no 12 de outubro de 2019, Bolsonaro foi aplaudido, mas também foi vaiado pelos fiéis. Naquele dia, o arcebispo havia usado a homilia da missa para criticar duramente “o dragão do tradicionalismo” e afirmar que “a direita é violenta, é injusta, estão fuzilando o Papa, o Sínodo, o Concílio Vaticano Segundo”. Depois, na presença do presidente, amenizou o tom, dizendo que os dragões seriam as ideologias “tanto da direita quanto da esquerda”.  

O presidente passa o feriado no Forte dos Andradas, em Guarujá, litoral paulista. Após a visita a Aparecida, ele retornou ao local, que funciona como hotel de trânsito da Marinha. Nesta quarta-feira, 13, ele retoma a agenda indo a Miracatu, no Vale do Ribeira, para uma entrega de títulos de regularização fundiária. Na segunda, 11, ele fez um passeio de moto até a Praia da Enseada, com capacete sem viseira – o que é proibido pelas leis de trânsito – e causou aglomerações, mais uma vez sem usar máscara. O uso do protetor facial é obrigatório por lei estadual. No sábado, 9, o presidente esteve em Peruíbe, onde visitou uma feira. Ele foi multado em R$ 500 pela prefeitura local por não usar máscara. Fonte: https://politica.estadao.com.br 

 

Por Miguel de Almeida

Caso André Mendonça se torne ministro do STF, por causa da pressão dos pastores evangélicos, a boiada, enfim, terá passado — ao vivo e em cores.

Será a consagração da ideia de cotas forjada sob a guerra identitária. A esquerda inventou, a direita copiou. Parece estranho, mas é como a política hoje enxerga a sociedade, a partir de nichos, setores, clivagens e grupos organizados.

Com vocês, as cotas religiosas.

Porque, afinal, como dizem os pastores, representam 30% dos brasileiros. Pois é.

O conceito de um país formado por cidadãos com direitos iguais, respeitados em suas liberdades individuais, como falavam pensadores como Stuart Mill e Tocqueville, diante da declarada guerra santa no Bozoquistão, é uma doce canção. Com muita fé, o que se avizinha é uma reedição dos tempos de Constantino, no século IV, quando os arcaicos cristãos destruíam estátuas desnudas, apagavam obras de filósofos pagãos ou derrubavam templos de deuses greco-romanos. Além de perseguir e exterminar o que chamavam de hereges, como aconteceu com a matemática Hipátia, cuja pele foi arrancada pelos fanáticos da época (outros ultrajes em “The Darkening Age”, de Catherine Nixey).

Exagero? Passa longe a empatia religiosa quando se fala das religiões afro-brasileiras. São contundentes os relatos de ataques a terreiros em várias cidades, em sinal de evidente intolerância. O direito das minorias, ou o princípio do Estado laico, é violentado pelo Bozo quando promete — e cumpre — indicar alguém “terrivelmente evangélico” para o STF. Ou ao revelar que pediu a André Mendonça, caso aprovado no Senado, que abra sempre as sessões da Corte com uma oração.

Trump, ao escolher os ministros da Suprema Corte, dizia cumprir a promessa de indicar perfis conservadores. Jamais se ateve ao primado religioso como preâmbulo. Podia ser um batista ou um católico apostólico romano, tanto faz, desde que fiel a princípios tradicionalistas.

Quais sejam: mandar no corpo do outro, na vontade e na consciência alheias em nome de uma pretensa superioridade moral (outras invasões em “Ascensão e queda de Adão e Eva”, de Stephen Greenblatt).

Tais ditaduras pareciam superadas, ao menos aliviadas, dentro da imensidão das metrópoles contemporâneas, com o esvaziamento de ameaças como o fogo dos infernos, o medo dos trovões e a excomunhão diante do avanço da ciência. Os grandes centros urbanos sugeriam ser recantos paradisíacos inacessíveis ao olhar repressor da autoridade religiosa.

Era um engano?

Desde a Segunda Guerra Mundial, quando se montou uma aliança para derrotar os diversos tipos de retrocesso, a humanidade caminhou célere com a chegada das novas tecnologias. Diversas conquistas, como vacinas contra doenças destruidoras, enquanto prolongavam a vida, ao mesmo tempo ajudavam a desmontar as teologias ancoradas em equivocados pressupostos.

Como pega mal queimar hereges nas fogueiras, a saída foi retornar de fato à política. Deixar a prosaica evangelização, hoje vista como ingênua, para ganhar poder e submeter a sociedade às leis do Estado.

Em nome de Deus, alianças com populistas de extrema direita, arrivistas de variados quilates, quase sempre sátiros. Do tipo Trump.

Um livro como “A quarta revolução”, de John Micklethwait e Adrian Wooldridge, conta como os lobbies (não importa o credo, mesmo sendo incréus) ajudaram a dividir a sociedade, em busca de suas exclusivas vantagens, e vergaram o Estado. Grupos organizados, aos poucos, colocaram nas costas de todos o peso de suas regalias — ou reivindicações. Aí entram os sindicatos de trabalhadores e os subsídios/isenções a setores específicos — como as multinacionais fabricantes de refrigerantes e automóveis. Comparecem os militares com aposentadorias especiais e as pensões para suas filhas solteironas. Rezam junto os quadros do funcionalismo público — com destaque fervoroso para o Judiciário.

O avanço dos grupos organizados, escrevem os autores, se deu a partir de estratégias e visões defendidas pelos movimentos de esquerda. Quando o Estado aparece como o pai de todos — ao menos daqueles capazes de gritar mais alto.

Depois de os movimentos identitários de esquerda forjarem as diversas reivindicações, justas ou não — na representação política, nos cargos do funcionalismo público, nas vagas das universidades etc. —, a turma de Malafaia avança no butim ao criar a cota evangélica. Às favas os desorganizados. Quem não rezar, não mama. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com

 

Por Mariana Carneiro

Ciro Gomes discursa em carro de som na Avenida Paulista | Fotoarena/Infoglobo

O presidenciável do PDT, Ciro Gomes, não foi o único político hostilizado na Avenida Paulista durante a manifestação pelo impeachment de Jair Bolsonaro, no último sábado (2). O ataque contra o pedetista, com paus e pedras, foi mais grave. Mas sobraram vaias também para a ex-petista Heloísa Helena, hoje na Rede Sustentabilidade, para o presidente do PSB, Carlos Siqueira, e até para a presidente da UNE, Marianna Dias, que é do PC do B.  

Na hora, a opção de todos foi não chamar a atenção para a situação, mas o mal-estar provocado pelas agressões está levando os líderes de oposição não-petistas a reavaliar sua presença e até o formato dos próximos atos contra Jair Bolsonaro. 

"No meu caso nem foi o PT, foi o PCO (Partido da Causa Operária), esse partido sem voto e que nem vereador tem", contou Siqueira, do PSB, que lamentou principalmente as agressões contra Ciro Gomes. "Nos entristece isso acontecer num momento em que buscamos a unidade. Temos que refletir se vale a pena continuar dessa forma.”

Siqueira é um dos dirigentes de esquerda que estará com Lula em reunião em Brasília nesta terça-feira para discutir, entre outros assuntos, a composição de alianças para 2022. 

Não que o PSB  pense em abandonar o "Fora Bolsonaro". Mas o partido considera que talvez seja mais proveitoso se concentrar na busca de aliados para 2022 nos estados.

No PDT, os ataques com paus e pedras a Ciro Gomes estão fortalecendo a ideia de descentralizar as manifestações, criando palanques próprios fora da Paulista, onde tanto Ciro quanto líderes de outras agremiações possam discursar sem serem alvos de petistas e lulistas e, principalmente, sem ter de se submeter ao monopólio do PT sobre os atos.

Também no caso de Ciro os ataques partiram do PCO. O presidente da sigla, Rui Costa Pimenta, chamou o candidato do PDT de canalha pouco antes de ele subir ao palanque. Mas não só. Vestidos com camisas da CUT e gritando “vai para Paris!” militantes petistas cercaram o carro do pedetista e agrediram assessores, seguranças e aliados.

Podcast: Para Kim Kataguiri, Bolsonaro quer fazer a direita de refém

“Eles não gostam quando a gente denuncia que o PT adotou o mesmo modelo econômico do PSDB e o mesmo presidencialismo de coalizão, que levou ao mensalão e ao petrolão. Mas uma coisa é o Fora Bolsonaro, outra coisa é a eleição”, diz o presidente do PDT paulistano, Antônio Neto. No domingo, depois dos ataques, Ciro deu uma entrevista coletiva em que pediu aos petistas uma "trégua de Natal" entre para derrubarem Bolsonaro. 

Ao responder a Ciro, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ironizou. "O PT está em trégua há muito tempo", disse ela à colunista Mônica Bergamo, da "Folha de S. Paulo". Gleisi  ainda disse estar feliz porque Ciro, que tem feito ataques ao PT, concorda com ela. 

O PT se queixa, por exemplo, das peças publicitárias críticas a Luiz Inácio Lula da Silva feitas pelo marqueteiro de Ciro, João Santana. Em uma delas, ele provoca Lula ao dizer que faltam propostas ao ex-presidente, que só promete picanha e cerveja ao eleitor.

Mas, apesar do pedido de trégua, não há sinal de que o PDT vá mudar de estratégia eleitoral. Para o partido, o que está em jogo é a vaga de quem vai enfrentar Lula no segundo turno em 2022, dado o desgaste de Bolsonaro com a pandemia e a inflação. Por isso, os pedetistas acham que fazer uma aliança que contemple também os setores de centro que estão sendo expulsos dos atos Fora Bolsonaro é questão de sobrevivência.

Na mesma linha vai o PSB, que tenta separar a mobilização contra Bolsonaro das discussões eleitorais. Para Carlos Siqueira, o partido precisa de alianças amplas para eleger seus principais candidatos a governador no ano que vem.  

No Rio, por exemplo, ele considera que a aliança prioritária para eleger Marcelo Freixo é com o PSD, de Eduardo Paes e Gilberto Kassab. Em Pernambuco, onde a petista Marília Arraes pleiteia se candidatar ao governo, não há chance de a sigla abrir mão da cabeça de chapa na sucessão do governador Paulo Câmara (PSB). “Aliança se faz com os diferentes. Não se vence uma eleição sem buscar o centro político”, diz Siqueira. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com

 

Segundo a polícia, mulher foi agredida por não atender pedido do marido para não acessar uma rede social. Ela ficou com marcas no pescoço e arranhões nas costas, segundo a perícia. Advogado do vereador Adva Avelino da Silva não atendeu ligações telefônicas para comentar o caso.

 

Por Michelly Oda, g1 Grande Minas

Um vereador de Serranópolis de Minas (MG) foi preso nesta terça-feira (28) após tentar matar a esposa.

"Ele pegou a corda e puxou eu aqui e passou a corda aqui [diz apontando para uma árvore]. Eu falei: me solta, moço, solta, não me mata não [sic]", disse a mulher agredida no vídeo acima.

Segundo a Polícia Civil, o vereador Adva Avelino da Silva amarrou a companheira em uma árvore e ainda a arrastou por um terreno de terra. A perícia confirmou que a mulher ficou com marcas no pescoço e arranhões nas costas por conta das agressões.

O delegado André Brandão, que conduz a investigação, disse que as agressões foram motivadas por ciúmes.

“Ele proibiu que ela acessasse a rede social Facebook e, tendo em vista que ela não obedeceu suas ‘ordens’, ele amarrou essa senhora em uma espécie de enforcamento, pendurando ela em um pedaço de pau, uma árvore. Posteriormente, ele arrastou ela pelo chão do terreno.”

g1 entrou em contato com o advogado do vereador, mas as ligações não foram atendidas.

A Câmara de Vereadores informou que não vai se manifestar por ainda não ter conhecimento dos fatos.

O casal está junto há 21 anos e tem três filhos, um deles, de apenas dois anos, estava na residência no momento das agressões, ocorridas na última quinta-feira (23). Após conseguir se desamarrar, a mulher acionou um advogado.

“Ela usou o telefone de um dos filhos, já que o dela foi quebrado por ele durante a agressão”, afirma o delegado.

De acordo com o delegado, no dia do crime a polícia fez buscas, mas Adva Avelino da Silva fugiu. O parlamentar foi encontrado dias depois em uma comunidade de difícil acesso, na casa de uma ex-namorada.

Com ele, os policiais encontraram cerca de R$ 10 mil. A suspeita é que o dinheiro seria usado para continuar a fuga, o que ele negou no depoimento.

“Pelas suas declarações, ela falou que ele realmente tentou ceifar sua vida, então ele incorreu no delito de tentativa de feminicídio.”

 

O que o vereador disse à polícia

Nesta quarta-feira (29), em depoimento à polícia, o vereador disse que agiu para se defender, já que a mulher teria tentado esfaqueá-lo. O delegado não acredita que essa versão seja verdadeira. O parlamentar afirmou ainda que os arranhões que a esposa tem nas costas são decorrentes de uma queda quando ele a amarrava. Fonte: https://g1.globo.com

íntegra do discurso de Bolsonaro na Assembleia-Geral das Nações Unidas- ONU

Senhor Presidente da Assembleia-Geral, Abdulla Shahid; Senhor Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres; Senhores chefes de Estado e de governo e demais chefes de delegação;

Senhoras e senhores, é uma honra abrir novamente a Assembleia-Geral das Nações Unidas. Venho aqui mostrar um Brasil diferente daquilo publicado em jornais ou visto em televisões. O Brasil mudou, e muito, depois que assumimos o governo em janeiro de 2019.

Estamos há dois anos e oito meses sem qualquer caso concreto de corrupção. O Brasil tem um presidente que acredita em Deus, respeita a Constituição, valoriza a família e deve lealdade a seu povo. Isso é muito, é uma sólida base, se levarmos em conta que estávamos à beira do socialismo.

Nossas estatais davam prejuízos de bilhões de dólares no passado, hoje são lucrativas. Nosso Banco de Desenvolvimento era usado para financiar obras em países comunistas, sem garantias. Quem honrava esses compromissos é o próprio povo brasileiro. Tudo isso mudou. Apresento agora um novo Brasil com sua credibilidade já recuperada diante do mundo.

O Brasil possui o maior programa de parceria de investimentos com a iniciativa privada de sua história. Programa que já é uma realidade e está em franca execução. Até aqui, foram contratados US$ 100 bilhões de novos investimentos e arrecadados US$ 23 bilhões em outorgas.

Na área de infraestrutura, leiloamos, para a iniciativa privada, 34 aeroportos e 29 terminais portuários. Já são mais de US$ 6 bilhões em contratos privados para novas ferrovias. Introduzimos o sistema de autorizações ferroviárias, o que aproxima nosso modelo ao americano. Em poucos dias, recebemos 14 requerimentos de autorizações para novas ferrovias com quase US$ 15 bilhões de investimentos
privados.

Em nosso governo promovemos o ressurgimento do modal ferroviário. Como reflexo, menor consumo de combustíveis fósseis e redução do custo Brasil, em especial no barateamento da produção de alimentos.

Grande avanço vem acontecendo na área do saneamento básico. O maior leilão da história no setor foi realizado em abril, com concessão ao setor privado dos serviços de distribuição de água e esgoto no Rio de Janeiro. Temos tudo o que o investidor procura: um grande mercado consumidor, excelentes serviços, tradição de respeito a contratos e confiança no nosso governo.

Também anuncio que, nos próximos dias, realizaremos o leilão para implementação da tecnologia 5G no Brasil. Nossa moderna e sustentável agricultura de baixo carbono alimenta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo e utiliza apenas 8% do território nacional.

Nenhum país do mundo possui uma legislação ambiental tão completa quanto a nossa. Nosso Código Florestal deve servir de exemplo para outros países. O Brasil é um país com dimensões continentais, com grandes desafios ambientais. São 8,5 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 66% (dois terços) são
vegetação nativa, a mesma desde o seu descobrimento, em 1500.

Somente no bioma amazônico, 84% da floresta está intacta, abrigando a maior biodiversidade do planeta.

Lembro que a região amazônica equivale à área de toda a Europa Ocidental. Antecipamos, de 2060 para 2050, o objetivo de alcançar a neutralidade climática. Os recursos humanos e financeiros, destinados ao fortalecimento dos órgãos ambientais, foram dobrados, com vistas a zerar o desmatamento ilegal. E os resultados desta importante ação já começaram a aparecer!

Na Amazônia, tivemos uma redução de 32% do desmatamento no mês de agosto, quando comparado a agosto do ano anterior. Qual país do mundo tem uma política de preservação ambiental como a nossa? Os senhores estão convidados a visitar a nossa Amazônia!

O Brasil já é um exemplo na geração de energia com 83% advinda de fontes renováveis. Por ocasião da COP-26, buscaremos consenso sobre as regras do mercado de crédito de carbono global. Esperamos que os países industrializados cumpram efetivamente seus compromissos com o financiamento de clima em
volumes relevantes.

O futuro do emprego verde está no Brasil: energia renovável, agricultura sustentável, indústria de baixa emissão, saneamento básico, tratamento de resíduos e turismo.

Ratificamos a Convenção Interamericana contra o Racismo e Formas Correlatas de Intolerância. Temos a família tradicional como fundamento da civilização. E a liberdade do ser humano só se completa com a liberdade de culto e de expressão.

Catorze por cento do território nacional, ou seja, mais de 110 milhões de hectares, uma área equivalente a Alemanha e França juntas, é destinada às reservas indígenas. Nessas regiões, 600 mil índios vivem em liberdade e cada vez mais desejam utilizar suas terras para a agricultura e outras atividades.

O Brasil sempre participou em Missões de Paz da ONU. De Suez até o Congo, passando pelo Haiti e Líbano. Nosso país sempre acolheu refugiados. Em nossa fronteira com a vizinha Venezuela, a Operação Acolhida, do governo federal, já recebeu 400 mil venezuelanos deslocados devido à grave crise político-econômica gerada pela ditadura bolivariana.

O futuro do Afeganistão também nos causa profunda apreensão. Concederemos visto humanitário para cristãos, mulheres, crianças e juízes afegãos. Nesses 20 anos dos atentados contra os Estados Unidos da América, em 11 de setembro de 2001, reitero nosso repúdio ao terrorismo em todas as suas formas.

Em 2022, voltaremos a ocupar uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU. Agradeço aos 181 países, em um universo de 190, que confiaram no Brasil. Reflexo de uma política externa séria e responsável promovida pelo nosso Ministério das Relações Exteriores. Apoiamos uma Reforma do Conselho de Segurança da ONU, onde buscamos um assento permanente.

A pandemia pegou a todos de surpresa em 2020. Lamentamos todas as mortes ocorridas no Brasil e no mundo. Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. As medidas de isolamento e lockdown deixaram um legado de inflação, em especial, nos gêneros alimentícios no mundo todo.

No Brasil, para atender àqueles mais humildes, obrigados a ficar em casa por decisão de governadores e prefeitos e que perderam sua renda, concedemos um auxílio emergencial de US$ 800 para 68 milhões de pessoas em 2020.

Lembro que terminamos 2020, ano da pandemia, com mais empregos formais do que em dezembro de 2019, graças às ações do nosso governo com programas de manutenção de emprego e renda que nos custaram cerca de US$ 40 bilhões. Somente nos primeiros sete meses desse ano, criamos aproximadamente 1 milhão e 800 mil novos empregos. Lembro ainda que o nosso crescimento para 2021 está estimado em 5%.

Até o momento, o governo federal distribuiu mais de 260 milhões de doses de vacinas e mais de 140 milhões de brasileiros já receberam, pelo menos, a primeira dose, o que representa quase 90% da população adulta. Oitenta por cento da população indígena também já foi totalmente vacinada. Até novembro, todos que escolheram ser vacinados no Brasil serão atendidos.

Apoiamos a vacinação, contudo o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada à vacina.

Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina. Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso off label. Não entendemos por que muitos países, juntamente com grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento inicial. A história e a ciência saberão responsabilizar a todos.

No último 7 de setembro, data de nossa independência, milhões de brasileiros, de forma pacífica e patriótica, foram às ruas, na maior manifestação de nossa história, mostrar que não abrem mão da democracia, das liberdades individuais e de apoio ao nosso governo.

Como demonstrado, o Brasil vive novos tempos. Na economia, temos um dos melhores desempenhos entre os emergentes. Meu governo recuperou a credibilidade externa e, hoje, se apresenta como um dos melhores destinos para investimentos.

É aqui, nesta Assembleia-Geral, que vislumbramos um mundo de mais liberdade, democracia, prosperidade e paz. Que Deus abençoe a todos. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

 

Por Míriam Leitão

 

Duas cenas mostram como o governo Bolsonaro conseguiu o que queria: tornar o Brasil um país pária. Ao chegar nos Estados Unidos para a Assembleia Geral da ONU, o presidente entrou pela entrada lateral do hotel para não esbarrar com um grupo pequeno que fazia manifestação contra ele.

E depois veio a foto de uma cena na "calçada da má fama":  parte comitiva brasileira comendo uma pizza na calçada para driblar e não querer entregar o comprovante de vacinação para entrar no restaurante, regra sanitária de Nova York. O presidente disse que ainda não se vacinou contra a Covid. É tão deprimente que isto seja feito por este motivo. 

As cenas mostram como o Brasil foi se tornando periférico e fora das grandes discussões. Pela tradição, o país é o primeiro a discursar na abertura da Assembleia da ONU e sempre foi um momento importante para a diplomacia brasileira ao utilizar para mostrar a sua ligação com o mundo, com as grandes questões. 

Neste governo, todos os discursos foram raivosos contra a ONU,  a cooperação internacional e o meio ambiente. Na época, as falas tinham a assinatura de Ernesto Araújo e Ricardo Salles, que comandavam os ministérios das Relações Exteriores e do Meio Ambiente, respectivamente. 

 

Relação entre Pacheco e Bolsonaro azeda sob o signo da desconfiança

Os substitutos, Carlos Alberto França e Joaquim Leite, estão tendo um comportamento neutro, de não falar muito nem criar atrito, mas também sem nenhum movimento para recuperar o terreno perdido nem estão mudando a postura do governo brasileiro nestas questões importantes. O mérito dos dois é não ser seus antecessores. 

Se tudo der certo, vai ser um discurso "arroz com feijão", como defende França, sem criar o conflito e falando o mínimo possível, administrando o estrago causado pela política externa de Jair Bolsonaro

Chama atenção na comitiva a presença do presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Ele não deveria estar lá, não há nenhuma razão, é  uma presença dispensável. Está usando o banco público para promover sua carreira política. A Caixa Econômica merece respeito.  Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com

 

Por Vera Magalhães

 

O grupo Direitos Já - Fórum pela Democracia decidiu em plenária na noite de terça-feira realizar uma série de ações para reforçar a pressão pelo impeachment de Jair Bolsonaro.

Na reunião, da qual participaram expoentes do PT, do PSDB e de pelo menos mais cinco partidos, ficou definido um calendário que ocupa todo o mês de setembro e terá um ato internacional com personalidades políticas e intelectuais contra Bolsonaro, um novo pedido de impeachment com a assinatura de juristas da esquerda à direita, o pedido de uma audiência para pressionar o presidente da Câmara, Arthur Lira, e culminará com uma grande manifestação para unir "de Lula a Fernando Henrique Cardoso", segundo foi discutido.

O grupo discute aderir aos atos que vêm sendo convocados por movimentos como o MBL no próximo domingo, dia 12. Para isso, a ideia é pedir que eles mudem a palavra de ordem de convocação, que hoje está na linha "nem Lula nem Bolsonaro". O argumento dos participantes do fórum é que o momento seria de unir esforços em repúdio ao golpismo de Bolsonaro, e deixar a discussão eleitoral para outro momento.

Participaram da reunião a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o ex-ministro de Lula e Dilma Rousseff e ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, a ex-senadora e ex-presidenciável Marina Silva e o vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigies, pela Rede, o senador José Aníbal, pelo PSDB, e representantes de DEM, PSB, PSL, PV e Cidadania, entre outros.

No dia 15 está sendo organizado um ato internacional, com a presença de políticos de diversos matizes ideológicos e personalidades da academia e das artes. Ele será virtual e tem por objetivo expor o estrago à imagem do Brasil no exterior causado pelo governo Bolsonaro e a escalada autoritária do presidente.

No dia 18, está previsto um ato das centrais sindicais e dos movimentos mais à esquerda pelo "fora Bolsonaro".

Em outras frentes, o grupo vai solicitar audiências com o presidente do STF, Luiz Fux, para expressar solidariedade, e com o presidente da Câmara, Arthur Lira, que detém a chave da gaveta na qual dormitam os pedidos de impeachment. Um novo pedido, desta vez sem a chancela de partidos políticos, mas com a assinatura de juristas de relevo, de corte mais à esquerda e mais à direita, deverá ser levado a Lira nesse encontro.

Por fim, a agenda culminaria com um grande ato nacional juntando lideranças políticas no palanque ou em participação virtual. A ideia, segundo o senador Randolfe Rodrigues, é juntar "de Lula a Fernando Henrique Cardoso, de Ciro Gomes a João Doria" em repúdio às pregações antidemocráticas feitas por Bolsonaro.

O ato seria realizado nos fins de semana 25 de setembro ou 2 de outubro, datas que coincidiriam também com a apresentação e votação do relatório final da CPI da Covid. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com

 

Hoje, décadas depois, tem gente nas ruas querendo engatar a ré até 1964. tão transtornados e confusos que pensam que a solução é o retorno da ditadura

 

LEO AVERSA

 

Passeata dos Cem Mil, em 1968, uma manifestação popular contra a ditadura militar brasileira Foto: Agência O Globo

O que estará acontecendo, quando você, leitor, tiver esta coluna na tela ou na mão? Escrevi esta coluna ontem, então não sei se hoje está tudo normal, se há apenas uma manifestação pacífica dos que ainda apoiam este governo ou se a vaca já foi para o brejo — ou para o quartel — e tem um cabo e um soldado a caminho do STF.

Difícil escrever sobre o futuro.

Então vou falar de algo leve: de música, de memórias, da vida. Outro dia ouvia Roberto Carlos. Dei para gostar dele, veja você. Na verdade, já faz tempo, mas quando era adolescente, Robertão era coisa de gente velha, símbolo de caretice. Terno branco? Faça-me o favor... “Detalhes”, então, era o suprassumo do cafona: que dramalhão! Eu gostava era de rock, de som alto e agressivo.

Aí um dia eu levei um pé na bunda. O primeiro. De repente os detalhes que somem na longa estrada e o tempo que transforma todo o amor em quase nada fizeram todo sentido. Não adiantou nem tentar esquecer o Roberto: com seu terno branco e seu dramalhão ele sabia das coisas.

“Like a rolling stone” era apenas uma música quilométrica do Bob Dylan, aquele cara dos anos 1960 que os meus pais ouviam muito. Perfeita, mas não me dizia nada. Tem tanta música quilométrica por aí... Um dia saí da casa dos pais e comecei a vida por minha conta. Achei que ia ser um passeio por jardim florido num dia de sol. Liberdade pra fazer o que eu quisesse, do jeito que me desse na telha. A realidade veio logo me tocar a real. Foi quando percebi que ia ser difícil, que ia levar muita porrada, encarar muito beco sem saída. Foi quando a letra do Dylan — “You used to laugh about/ Everybody that was hanging out/ Now you don’t talk so loud/ Now you don’t seem so proud” — apareceu na memória e conversou comigo. Foi quando entendi porque os meus pais ouviam tanto a quilométrica música.

“Pais e filhos”, da Legião Urbana, começou a tocar no rádio no final dos anos 1980. Na época achei meio chata: essa conversa de gota d’água, de grão de areia, parecia muito abstrata para quem tinha vinte e poucos. Não me preocupava mais com o que ser quando crescer e o “posso dormir aqui com vocês” parecia algo de um futuro muito, muito distante. Vinte anos depois dei ao meu filho o nome mais bonito que havia e toda noite fico velando o sono dele, porque agora sei que é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Na verdade não há.

No início dos anos 1980 tinha sempre uma rodinha de violão cantando “Pra não dizer que não falei das flores”. Eu, adolescente, achava essa conversa de “caminhando e cantando e seguindo a canção” coisa de uns caras meio sem noção, afinal estávamos deixando a ditadura e parecia óbvio que nunca voltaríamos a ela. Só um doido ia querer aquele desastre de volta. “Há soldados armados/ amados ou não/ Quase todos perdidos/ de armas na mão”, entoavam. Eu, adolescente, achava que o pesadelo tinha ficado pra trás de vez, a cantoria já não era mais necessária.

Hoje, Sete de Setembro, décadas depois, tem gente nas ruas querendo voltar no tempo, engatar a ré até 1964. Estão tão transtornados e confusos que pensam que a solução é o retorno da ditadura. A rodinha do violão sabia o que estava cantando, pena que a gente não prestou atenção. Fonte: https://oglobo.globo.com

É preciso um basta em Bolsonaro

 

Por Merval Pereira

As afirmações do presidente da República hoje mostram que, mais uma vez, ele está querendo confusão, o que é um perigo. É preciso dar um basta nisso, ou pelo TSE, STF ou Congresso. Não se pode ter um presidente que ataca os outros poderes o tempo todo. Fico imaginando o que ele não falará nas manifestações em Brasília e São Paulo, dia sete de setembro, diante de uma multidão pedindo cassação de ministros do STF e até o fechamento do próprio STF. Ele não pode manipular o povo contra as instituições democráticas. O que o povo dele quer não é o que quer a maioria do povo brasileiro.

O mercado financeiro e o setor econômico estão claramente desembarcando do governo e com muita razão, porque a economia não consegue sair do lugar e ninguém sabe o que que irá acontecer. As reformas estão saindo do Congresso totalmente atabalhoadas.

O presidente da Câmara, Artur Lira, está querendo mostrar serviço e aproveita para colocar jabutis nas reformas. As duas reformas – do Imposto de Renda e eleitoral – precisam de muito debate, não podem ser votadas a toque de caixa. O Congresso tem duas reformas tributárias prontas, já costuradas por acordos, mas o ministro Paulo Guedes não quer perder o protagonismo, e só se desmoraliza. O país está sem rumo. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com

 

O bolsonarismo é um talibanismo, numa versão tropical e carnavalesca, mais ridícula, mas não menos estúpida, violenta e potencialmente destruidora


JOSÉ EDUARDO AGUALUSA

Enquanto os desgrenhados guerrilheiros do Talibã entravam em Cabul, fui reler uma crônica que Eça de Queiroz escreveu sobre as vitórias e derrotas dos ingleses no Afeganistão: “Em 1847, os ingleses, por uma razão d’Estado, uma necessidade de fronteiras científicas, a segurança do império, uma barreira ao domínio russo da Ásia, e outras coisas vagas, invadem o Afeganistão, e ali vão aniquilando tribos seculares. Apossam-se, por fim, da santa cidade de Cabul; sacodem do serralho um velho emir apavorado; colocam lá outro de raça mais submissa, que já trazem preparado nas bagagens, com escravas e tapetes; e, logo que os correspondentes dos jornais têm telegrafado a vitória, o exército, acampado à beira dos arroios de Cabul, desaperta o correame e fuma o cachimbo da paz.” Nas linhas seguintes, com idêntica ironia, Eça descreve a derrota do exército britânico, mais preocupado com o fornecimento de chá (e do açúcar para adoçar o chá), do que em combater os insubmissos guerreiros afegãos. Finalmente, conclui: “E de tanto sangue, tanta agonia, tanto luto, o que resta por fim? Uma canção patriótica e uma estampa idiota nas salas de jantar.”

O que aconteceu com os ingleses no século XIX aconteceu depois com os russos no século XX, e a seguir com os americanos neste nosso tempo. A principal diferença é que da desastrosa aventura americana não sobrará sequer uma canção patriótica.

A fulgurante vitória do Talibã trouxe de volta o debate sobre fundamentalismo islâmico, misoginia, neopuritanismo e violência contra a mulher. É um debate importante, sobretudo se aproveitarmos para discutir não apenas o fundamentalismo islâmico, mas todas as formas de extremismo religioso.

Nos últimos dias, as redes sociais vêm mostrando fotografias a preto e branco de moças afegãs, passeando pelas praças de Cabul, de cabelos ao vento, blusas ligeiras e saias curtas. São imagens dos anos 1970. É possível encontrar imagens semelhantes feitas na mesma época na Pérsia, na Argélia, na Turquia, entre tantos outros países que, entretanto, sucumbiram ao triunfo de correntes conservadoras do islão.

Infelizmente, não são apenas os países islâmicos que se vêm rendendo ao neopuritanismo e à misoginia. Em muitos países ocidentais, e em particular no Brasil, assiste-se a um fenômeno semelhante. O crescimento do fundamentalismo cristão, importado dos EUA, ameaça conquistas importantes dos movimentos feministas e pelos direitos das minorias.

O bolsonarismo é um talibanismo, numa versão tropical e carnavalesca, ou seja, ainda mais ridícula, mas não menos estúpida, violenta e potencialmente destruidora. Bolsonarismo e talibanismo partilham um idêntico ódio às mulheres livres; o culto às armas, à violência e aos “valores masculinos”; o desprezo pela diferença; a exaltação de um deus arcaico, macho e cruel. Fonte: https://oglobo.globo.com

 

Artistas, que já haviam gravado parcerias inéditas com o sertanejo, resolveram não autorizar inclusão das músicas em novo álbum do cantor

O novo disco de Sérgio Reis sofre mais duas baixas após a divulgação de um áudio em que o cantor sertanejo convoca atos antidemocráticos em defesa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Depois de Gutemberg Guarabyra, famoso pela dupla com o cantor e compositor Luiz Carlos Sá, anunciar que não participará mais do novo disco de Sergio Reis, os cantores Maria Rita e Guilherme Arantes comunicaram ao GLOBO que também deixaram o álbum.

"Maria Rita não faz mais parte do projeto (de Sérgio Reis)", informou a assessoria da artista, que já havia gravado com o sertanejo uma versão inédita para a música "Romaria" (de Renato Teixeira), famosa na voz de Elis Regina, mãe da cantora. Representantes de Guilherme Arantes também afirmaram que o dueto inédito de "Planeta água", igualmente previsto para compor o repertório do novo trabalho de Sérgio Reis, não tem mais autorização para ser incluído no álbum. Guilherme Arantes falou ao GLOBO:

— Para mim, compositor, a gota d'água, sem querer brincar de trocadilho, foi esse colega dizer que não é frouxo, que não é mulher. Para mim,  essa expressão bastou. Chega — afirma Guilherme Arantes. — Não quero mais participar, e ponto final. "Planeta água" é uma ode ao espírito feminino da natureza, chave da alma brasileira. A água é o elemento-símbolo do Brasil , elemento-chave da natureza feminina do universo. E é no feminino que está a força desse elemento da vida. Assim, e só por conta desse equívoco, ficou incompatível a canção com o intérprete.

 

Caso é alvo de operação da PF

A decisão de ambos acontece diante da divulgação de um áudio em que Sergio, em defesa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), convoca uma paralisação de caminhoneiros e produtores de soja, em setembro, até que o Senado afastasse os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de seus cargos.

"No dia 7 de setembro nós não vamos fazer nenhuma manifestação pela data, para não atrapalhar o presidente. Mas vamos parar em volta de Brasília", contou Sergio Reis no áudio, avisando que encontraria o presidente do Senado (Rodrigo Pacheco), ao lado de líderes dos sindicatos de caminhoneiros e produtores de soja, no dia 8 de setembro, para entregar uma intimação: "Eles vão receber um documento dizendo assim: 'Vocês têm 72 horas para aprovar o voto impresso e para tirar todos os minitros do Supremo Tribunal Federal'. Não é um pedido, é uma ordem. Se não cumprirem em 72 horas, nós vamos parar o país".

O caso é alvo de operação da Polícia Federal, que cumpre mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar o cantor Sergio Reis e o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ).

Os mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, e atendem a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que apura manifestações contra as instituições e a democracia. De acordo com o site G1, são 29 mandados ao todo.

Agentes da Polícia Federal foram ao menos a quatro endereços no Rio e em Brasília ligados ao cantor, na casa e no gabinete do deputado.

"O objetivo das medidas é apurar o eventual cometimento do crime de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes", afirmou a PF, em nota. Fonte: https://oglobo.globo.com

 

Ele está sendo aconselhado pela família, por médicos e por advogados a não ir mais a protesto no dia 7 de setembro

 

cantor Sérgio Reis, 81, está deprimido e passando mal, com uma crise de diabetes depois da repercussão de um áudio em que afirmou que caminhoneiros, financiados por produtores de soja, parariam o país em setembro até que o Senado afastasse os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de seus cargos.

"Se em 30 dias não tirarem os caras nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra. Pronto. É assim que vai ser. E a coisa tá séria", afirmou ele em uma conversa com um amigo que veio a público no fim de semana.

O artista relatou ainda uma reunião que teve com o próprio presidente Jair Bolsonaro e com militares "do Exército, da Marinha e da Aeronáutica" em que informou o que faria.

Reis foi desautorizado por lideranças de caminhoneiros e por ruralistas. Mesmo assim, a notícia ganhou repercussão.

O áudio circulou na cúpula do Judiciário e entre parlamentares. E foi reproduzido por veículos de notícia.

O cantor tinha divulgado também um vídeo, mais ameno, em que convidava apoiadores de Bolsonaro para o protesto em Brasília e em outras cidades, marcado para dia 7 de setembro.

"Ele está muito triste e depressivo porque foi mal interpretado. Ele quer apenas ajudar a população. Está magoado demais", diz a mulher de Reis, Ângela Bavini.

"O Sérgio foi induzido por pessoas que dizem estar em um movimento tranquilo. No fim, todo mundo vaza [desaparece], e sobra para ele, que é uma celebridade", segue ela.

A mulher do cantor afirma que sempre foi contra o envolvimento do marido em movimentos políticos neste momento e que tentou alertá-lo sobre as consequências. "Ele é querido e amado pelo Brasil inteiro, de direita, de esquerda". Reis foi deputado federal de 2015 a 2019, pelo antigo PRB, hoje Republicanos.

A péssima repercussão do áudio estaria fazendo com que ele "caísse na real" sobre o resultado de participar diretamente de movimentos como o do 7 de setembro.

Segundo ela, o cantor jamais pensou em invadir o STF e quebrar tudo. "Ele falou no impulso, mas estava conversando com um amigo", afirma Ângela, contrariada porque a conversa, informal, foi divulgada nas redes sociais sem o conhecimento de Sérgio Reis.

Ângela afirma que o artista se recolheu para descansar por orientação médica. E, aconselhado também por advogados, não dará mais entrevistas nem falará com amigos, para evitar maiores aborrecimentos.

"A diabetes dele subiu que é uma barbaridade", diz ela, creditando a situação ao estresse. "O Sérgio às vezes não tem noção do nome dele, do tamanho dele", segue.

Ângela diz que está ao lado do marido, dando todo o carinho possível a ele até que as coisas voltem a se acalmar. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

 

Por Miguel de Almeida

 

O Malafaia, aquele que conversa quase sempre com o Bozo, em lugar de oferecer o ombro, poderia presenteá-lo com “A Igreja do Diabo”, de Machado de Assis, lançado em 1884.

Numa daquelas noites tristes, o pastor leria a história para o amigo.

Seria um regalo inesperado. Algo assim como o Carluxo com tatuagem do Chico Buarque no torso.

Bozo, por certo, não tem a menor ideia de quem seja Machado de Assis. Mas, certeza, sabe tudo do Diabo, e vice-versa: “Senhor, eu sou, como sabeis, o espírito que nega”.

Machado antecipou em anos a bozofrenia brasileira. A baixa produtividade (“-5% + 4% = 9%”), o oportunista religioso e ainda a desumanidade popularizada a partir do curralzinho, sempre contrária à solidariedade humana: “Com efeito, o amor do próximo é um obstáculo grave (...), uma simples invenção de parasitas e negociantes insolváveis; não se deve dar ao próximo senão indiferença; em alguns casos, ódio ou desprezo”.

(Antes de prosseguir na história, vale lembrar que Machado de Assis casou-se apenas uma vez — com dona Carolina, por 35 anos —, era católico praticante, mas sarcástico com os costumes da religião, profundo conhecedor das malandragens do brasileiro e conservador na política. Quando morreu, em 1908, seu féretro foi seguido nas ruas do Rio por milhares de pessoas. Ah, nunca foi comunista!).

Dito isso, observações feitas, sigamos.

No conto de Machado, um dia, o Diabo tem a desatinada ideia de fundar uma igreja. Quer acabar com as outras religiões. Era rico, tinha lucros contínuos, mas sente-se avulso por não possuir regras, rituais, tampouco cânones. Vivia dos “descuidos e obséquios humanos”. Um pária. Sobe ao céu e comunica a Deus seu intento. Desalentado, o pobre Senhor o expulsa novamente e antevê um fracasso. Ao voltar à terra, atuando no mesmo ramo do Malafaia, proclama a seus seguidores:

— Sim, sou o Diabo; não o Diabo das noites sulfúreas, dos contos soníferos… Vede-me gentil e airoso… Sou o vosso verdadeiro pai.

Em seguida, detalha sua doutrina. A soberba, a luxúria e a preguiça são reabilitadas. Também a avareza, a gula e a ira. A inveja torna-se virtude principal. O pregador, em sua Igreja, atordoa a turba, incitando-a a “amar as coisas perversas e detestar as sãs”.

A plateia de sua motociata ulula. Sentem- se livres para a prática do racismo, da homofobia e a mentira contumaz. Também para a compra de vacinas.

Para não deixar seus ouvintes do Centrão receosos, fornecendo-lhes espécie de álibi satânico, o Diabo define o que entende ser fraude, com uma alegoria: “é o braço esquerdo do homem; o braço direito é a força”. E conclui: “Muitos homens são canhotos, eis tudo”.

Em seguida, forjou seu mais ousado conceito: perorou sobre a venalidade, abraçando-a, para aplausos do aplastado Arthur Lira.

— Se tu podes vender a tua casa, o teu boi… como é que não podes vender a tua opinião, o teu voto, a tua palavra, a tua fé, a tua própria consciência?

É possível vislumbrar os olhos bacentos do Bozo ouvindo a voz esgalgada de Malafaia, ao lado de uma margarina aberta sobre a mesa da cozinha. Ele pensa em Ricardo Barros; espanta o odor sacudindo a cabeça. O silêncio é total, tanto que se ouvem os perdigotos presidenciais caindo ao chão.

A leitura prossegue.

O empreendimento religioso é um sucesso. A doutrina se espalha pelo planeta. Contamina o Judiciário, as Forças Armadas, os partidos de oposição. Aécio Neves pede uma audiência noturna. O Diabo já sabe a conta.

Mas…

Crédulo e cego em sua soberba, o anjo caído escorrega da moto. Embalado por sua popularidade, ensurdecido pela quantidade de aplausos no curralzinho e pelo ronco das motocicletas, o pobre Diabo descobre estar sendo traído.

Às suas costas, às escondidas, seus fiéis voltam a praticar as antigas virtudes. Algo como as redes bozofrênicas em busca de redenção. “Dilapidadores do Erário restituem pequenas quantias”.

O Diabo mal pôde crer tamanha aleivosia, sentencia Machado. Deus sorriu.

Ainda é possível vislumbrar o espanto do Bozo ao final da leitura. Percebe que até o Diabo se dá mal. Antes de chupar um dente, busca uma saída:

— Malafaia, que história triste… Me dá aqui que vou colorir. Fone: https://blogs.oglobo.globo.com

Os assuntos políticos são da competência exclusiva daqueles que foram eleitos pelo voto

 

*Aloísio de Toledo César, O Estado de S. Paulo

Aquele que tem a espada nas mãos pode sentir a compulsão de atirá-la sobre a mesa na hora da negociação. Essa é a conclusão que se extrai da ameaça que o general Walter Braga Netto, ministro da Defesa, fez ao País quando avisou ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que se não houver voto impresso não haverá eleição no ano que vem.

O general em questão está ocupando o cargo de ministro da Defesa para a defesa do Brasil, e não de uma posição política absolutamente torpe, que seria a continuidade do mandato do presidente Jair Bolsonaro. Ele não tem que se meter nesse assunto político, que é da competência exclusiva daqueles que foram eleitos pelo voto.

Para agradar ao presidente da República, assim como se estivesse gostando muito de permanecer no cargo de ministro, o general não precisaria curvar-se tanto. A sua obrigação, assim como de qualquer outro brasileiro, é esperar que Jair Bolsonaro cumpra o seu mandato até o último dia, mas sem jamais encompridá-lo por mais tempo ao pretexto de não termos voto impresso.

Esse é um assunto exclusivamente político, de tal forma que os militares, se nele se envolverem, estarão agindo unicamente como brasileiros, não como possuidores de armas e canhões. Se não houver voto impresso, como deseja o presidente da República, o que o general Braga Netto vai fazer? Porventura enviará canhões à Praça dos Três Poderes e dizer: “Aqui mandamos nós”?

O fato de militares se erigirem em organização política, deixando de obedecer a um governo, representaria um perigo para o Estado, porque eles são os seus protetores e não devem jamais se aventurar em condutas não autorizadas pela Constituição e pelas leis do País.

O Exército Brasileiro tem a imagem do povo porque é dele constituído. Não é admissível que seja instrumento político de uma determinada classe política, um presidente da República que almeja reeleger-se, por exemplo.

As questões eleitorais costumam ser empolgantes e de interesse de cada um de nós, incluídos os militares, porém pelo seu lado de cidadão, e não de detentor das armas. Se um militar, seja soldado, seja general, deseja envolver-se na política eleitoral, deve fazê-lo de conformidade com a legislação em vigor, jamais por ameaças aos civis.

Afirma-se que o número de militares ocupantes de cargos civis no atual governo é muito grande, em proporção jamais vista anteriormente. Significa que eles auferem melhores rendimentos em dinheiro, mas somente esses privilegiados, não o grosso da tropa, que sofre as agruras de um infeliz governo, como todos os demais brasileiros.

A submissão de civis aos militares é muito comum na América Latina. Entre nós, teve início com a proclamação da República, quando o marechal Deodoro da Fonseca, em 15 de novembro de 1989, assumiu a chefia do governo provisório na qualidade de comandante do movimento armado.

Os civis Ruy Barbosa e Campos Salles eram seus subordinados. Mas a vocação pela força e pelo poder resultou em que o marechal Floriano Peixoto desse um golpe e ficasse no poder por quase quatro anos.

Depois dessa época, os civis somente assumiram o poder quando Prudente de Moraes foi eleito presidente da República, em eleição direta, seguido depois por Campos Salles e Rodrigues Alves. A democracia brasileira assim se consolidava, com a eleição de civis.

Mas em 1910 o marechal Hermes da Fonseca assumiu o poder e nele permaneceu até 1914. Posteriormente, após a ditadura de Getúlio Vargas, o marechal Eurico Gaspar Dutra venceu as eleições e ficou no cargo de presidente da República até 1951.

Sempre foi grande a influência e a presença de militares nos governos brasileiros, porém em cargos de cúpula. Somente em 1964 isso mudou, quando o presidente João Goulart ameaçou converter o Brasil numa República sindicalista e a população brasileira se levantou, desejando que as Forças Armadas impedissem essa caminhada política, que parecia ser muito perigosa.

Ocorreu a intervenção armada e o general Castelo Branco assumiu o cargo de presidente, nele ficando até 1967. Com sua morte, em acidente, foi sucedido no cargo pelo general Costa e Silva, que nele ficou até 1969.

Com a sua enfermidade, uma junta militar exerceu o poder até 1969, quando o general Garrastazu Médici passou a ocupar a Presidência da República, até 1974, sendo sucedido pelo general Ernesto Geisel. Muitos militares ocuparam cargos civis de importância no período de ditadura iniciado em 1964.

O último general a ocupar o cargo foi João Batista Figueiredo, até 1985, seguindo-se a partir daí a eleição de civis. A presença dos militares tantas vezes, durante tantos anos, decorreu de eles terem sido instrumentos de interesses de minorias que desejam manter o poder. Enfim, foram utilizados por bom tempo, principalmente entre 1964 e 1985.

Não se deseja que aquele período possa repetir-se na vida dos brasileiros.

*DESEMBARGADOR APOSENTADO DO TJSP, FOI SECRETÁRIO DA JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. E-MAIL: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar..

Fonte: https://opiniao.estadao.com.br

No altar da politicagem

A genuflexão de Jair Bolsonaro ante a Igreja Universal do Reino de Deus mostra que ele não hesita em sacrificar o Estado brasileiro no altar da politicagem

 

O vice-presidente Hamilton Mourão foi a Angola para participar da reunião da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, mas, “por orientação do presidente” Jair Bolsonaro, aproveitou a viagem para tentar intervir num escândalo envolvendo a Igreja Universal do Reino de Deus. Ou seja, usou recursos públicos e sua posição institucional de Estado para cuidar de assuntos exclusivamente privados. Tudo isso a mando do chefe do Executivo.

E não foram assuntos quaisquer. A Universal passa por uma crise em Angola desde 2019, quando integrantes angolanos da igreja se rebelaram contra a direção brasileira da seita naquele país. Eles divulgaram um manifesto em que acusam o comando da Universal de lavagem de dinheiro, sonegação de impostos, associação criminosa e racismo. Em seguida, os angolanos tomaram parte dos templos e assumiram o controle da Universal no país.

Além disso, a TV Record, emissora ligada à Universal, foi forçada a sair do ar em Angola porque, segundo o governo, violou normas que proíbem estrangeiros no comando de TVs locais.

Como consequência do escândalo, o governo angolano começou a deportar missionários brasileiros da Universal, e corre processo na Justiça local contra os antigos comandantes da igreja em Angola.

Os problemas da Universal em Angola só dizem respeito à igreja. O máximo que o governo brasileiro deveria fazer no caso é se assegurar de que os compatriotas sejam bem tratados e que tenham toda a assistência jurídica de que necessitam – o que qualquer diplomata pode fazer.

Mas a Igreja Universal recebe do presidente Bolsonaro um tratamento vip. A iniciativa de enviar o vice-presidente Mourão para conversar com o governo angolano sobre o assunto foi apenas o mais recente de uma série de gestos de Bolsonaro para interceder em favor da Universal.

No final de 2019, o então chanceler, Ernesto Araújo, em visita a Angola, declarou que a Igreja Universal é uma “entidade extremamente importante para o Brasil”. Em julho de 2020, Bolsonaro enviou uma carta ao presidente de Angola, João Lourenço, na qual pediu “proteção” aos integrantes brasileiros da Universal no país. Em maio passado, o chanceler Carlos França convocou o embaixador de Angola, Florêncio Almeida, para pedir-lhe explicações sobre as deportações.

No mesmo mês, em encontro com a bancada evangélica no Itamaraty, o chanceler informou que intercederia junto ao governo angolano para que recebesse uma comitiva de parlamentares e de líderes da Universal.

Em junho, Bolsonaro indicou Marcelo Crivella, bispo licenciado da Universal e sobrinho do dono da igreja, Edir Macedo, para a Embaixada do Brasil na África do Sul, num movimento visto entre diplomatas como destinado a ajudar a igreja. Crivella ainda não pôde assumir o posto porque, como acusado de corrupção durante sua gestão como prefeito do Rio, teve seu passaporte retido.

Todo esse esforço do governo para socorrer a Universal chegou ao ápice agora com a visita do vice-presidente Mourão. Em Angola, ele declarou à agência Lusa que “essa questão da Universal aqui afeta o governo e a sociedade brasileiros, pela penetração que essa igreja tem e pela participação política que ela possui”.

Quando o governo brasileiro dá à Universal uma importância que a seita não tem, diz menos sobre as agruras da igreja do que sobre as aflições de Bolsonaro. Com a popularidade em baixa e acossado por denúncias de corrupção e de inépcia na condução do combate à pandemia, Bolsonaro tenta manter a todo custo o apoio que tem entre evangélicos.

Ou seja, nada sobre esse imbróglio tem a ver com o interesse público. Além dos negócios da Universal, estão em jogo os interesses particulares de Bolsonaro, explorados pelos “aliados” que hoje o mantêm como refém no Congresso – isto é, os partidos do Centrão, entre os quais está o Republicanos, “que representa o pessoal da Igreja Universal”, como bem disse o vice Mourão. Essa genuflexão de Bolsonaro ante a Universal mostra que o presidente não hesita em sacrificar o Estado brasileiro no altar da politicagem em troca de uma vaga promessa de salvação pessoal. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br

Luis Miranda diz que irmão servidor teve acesso bloqueado a sistema do Ministério da Saúde

Irmãos participaram da CPI da Covid para falar sobre suspeitas envolvendo compra da vacina indiana Covaxin

 

Os irmãos Luis Ricardo Miranda e Luis Miranda participam ds CPI da Covid Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo/25-06-2021

 

O Globo

BRASÍLIA — O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) afirmou neste domingo que o seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, teve bloqueado o seu acesso a um sistema interno da pasta. Ricardo denunciou suspeitas envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin.

O parlamentar publicou o registro de uma conversa com seu irmão, na qual ele mostra uma foto do Sistema Eletrônico de Informação (SEI) do Ministério da Saúde com a mensagem "Usuário não possui permissões nesse sistema". "Me bloqueadaram no SEI", disse Luis Ricardo ao irmão, que respondeu que isso é "ilegal".

O Ministério da Saúde foi procurado para comentar, mas ainda não retornou.

Na sexta-feira, os dois irmãos foram ouvidos na CPI da Covid para falar sobre as suspeitas envolvendo a Covaxin. Os dois relataram que levaram as informações para o presidente Jair Bolsonaro em março e que, ao ouvir sobre o caso, Bolsonaro citou o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).

"Aos defensores de bandidos, meu irmão acaba de descobrir que bloquearam ele do sistema do @minsaude, vale ressaltar que ele é funcionário de carreira! Isso é ilegal, perseguição e só comprova que eles tem muito para esconder...", escreveu Miranda em sua conta no Twitter.

Como o GLOBO mostrou, um dos documentos apresentado por Luis Ricardo para embasar as suspeitas, que teve sua autenticidade contestada pelo Palácio do Planalto, está disponível no SEI do Ministério da Saúde.

O MPF identificou indícios de crime na compra feita pelo Ministério da Saúde de 20 milhões de doses da Covaxin e vai investigar o caso também na esfera criminal — até então, ele vinha sendo apurado em um inquérito na área cível. A dose da vacina negociada pelo governo é a mais cara entre todas as que foram contratadas pelo Ministério da Saúde, e o processo de aquisição do imunizante foi o mais célere de todos. Fonte: https://oglobo.globo.com

 

Ante o risco de insatisfação popular, muito concreto, Bolsonaro recorreu a quase todo o seu repertório de falsidades para que o País mude de assunto

O oitavo Mandamento diz que não se deve dar falso testemunho. No “evangelho” do presidente Jair Bolsonaro, contudo, esse mandamento caducou.

Ao discursar numa igreja evangélica em Anápolis (GO), na quarta-feira passada, Bolsonaro fez um sermão repleto de mentiras, tão evidentes que nem era preciso ser onisciente para perceber.

Bolsonaro voltou a afirmar que houve “fraude” na eleição de 2018, que ele venceu. “Eu fui eleito no primeiro turno. Eu tenho provas materiais, mas o sistema, a fraude existiu sim, me jogou para o segundo turno”, disse Bolsonaro.

A primeira vez em que o presidente alegou ter sido vítima de fraude na eleição foi em março de 2020. Na ocasião, disse que tinha “provas” e que as mostraria “brevemente”. Bolsonaro nunca o fez, porque não existem. Mas isso não tem importância: no “evangelho” bolsonarista, a verdade não é aquilo que encontra correspondência na realidade, e sim aquilo que Bolsonaro enuncia como tal. É questão de fé.

No mesmo sermão, Bolsonaro tornou a acusar governadores e prefeitos de “utilizar politicamente o vírus” da covid-19. Sem qualquer respaldo nos fatos, o presidente disse que as medidas de isolamento social para conter a pandemia se prestam a derrubá-lo: “Vamos fechar tudo, lockdown, toque de recolher, que a gente pela economia tira esse cara daí”. Bolsonaro disse que o querem fora porque “fez com que as estatais não dessem mais prejuízo”, “está começando a arrumar a economia”, “acredita em Deus”, “respeita seus militares” e “acredita na família”.

Em seguida, disse que “gente que estava ao meu lado” fez contas, a partir de um “acordão do Tribunal de Contas da União”, e chegou à “constatação da supernotificação de casos de covid” por parte de Estados interessados em ter “mais recursos” federais. Segundo Bolsonaro, “se nós retirarmos as possíveis fraudes” da contabilidade de mortos por covid-19, “o nosso Brasil” será “aquele com menor número de mortes por milhão de habitantes por causa da covid”. Ou seja, o presidente está dizendo, em outras palavras, que milhares de médicos em todo o Brasil integram uma máfia dedicada a fraudar atestados de óbito para favorecer os planos de governadores corruptos.

Uma vez eliminada a “fraude”, disse o presidente, ficará claro que o Brasil teve poucas mortes por covid-19 porque adotou o “tratamento precoce”, com cloroquina e ivermectina, cuja ineficácia contra o coronavírus já foi amplamente atestada. Bolsonaro disse que não se investe nesse “tratamento” porque “interessa viver em cima de mortes, para se ganhar mais recursos”.

Para o presidente, é irrelevante se o tal “tratamento precoce” não tem comprovação científica. “Eu pergunto: a vacina tem comprovação científica ou está em estado experimental ainda? Está experimental”, disse Bolsonaro, naquela que talvez seja a mais nociva das tantas mentiras que contou no seu sermão. Ao questionar a segurança da vacina, já atestada pelas autoridades sanitárias regulatórias, Bolsonaro sabota todos os esforços para incentivar os brasileiros a tomar o imunizante.

Mas a epifania bolsonarista em Anápolis, malgrado suas repetidas referências a “milagres” e “Deus”, teve objetivos bem mais mundanos. Conforme a já manjada tática bolsonarista, era preciso inventar variadas polêmicas, em grande quantidade, para tirar a atenção do mais importante: a forte alta da inflação, anunciada no mesmo dia do sermão de Bolsonaro.

Se por um lado a inflação aumentou a arrecadação do governo, pois os tributos são cobrados em cima de preços mais altos, por outro a alta dos preços corrói a renda dos brasileiros, especialmente a dos mais pobres, que já convivem com forte desemprego. Ante o risco de insatisfação popular, muito concreto, Bolsonaro recorreu a quase todo o seu repertório de falsidades para que o País mude de assunto.

Em sua prédica mendaz, foi honesto uma única vez, quando disse que, ao ser eleito, “não sabia o que fazer”. Hoje, contudo, sabe muito bem: mentir dia e noite para ser reeleito. Se vai conseguir ou não, depende da credulidade dos eleitores. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br

 

Por Carlos Alberto Sardenberg

Chamou a atenção o forte aplauso da plateia quando o presidente Bolsonaro disse que o “tal de Queiroga” estava preparando um parecer para dispensar o uso da máscara para vacinados e pessoas que já tiveram a Covid-19.

O aplauso denunciou o que o presidente e sua turma pensam da máscara: um símbolo de fraqueza, frouxidão e oposição a seu governo. Por pouco, Bolsonaro não atirou no chão a máscara que não usava.

Radicalizou de novo. Ciência deixada de lado — o que não é novidade —, a situação se encaminha para um conflito social e nas ruas: bolsonaristas não usam máscara; quem usar, pois, é inimigo.

Exagero?

Seguramente não. O presidente ostensivamente aglomera sem máscara. E reclama quando encontra algum seguidor com a máscara.

Comete crime duas vezes. Primeiro, porque ele mesmo pode infectar os que estão por perto. Já se sabe que as pessoas podem pegar a doença mais de uma vez. O fato de Bolsonaro já ter adoecido não o torna imune. E, segundo, porque incita as pessoas a saírem por aí infectando outras. Também se sabe que vacinados podem pegar formas leves da Covid-19, tornando-se, nesse momento, fonte de transmissão do vírus.

Também nesta semana ficamos sabendo de outra grave irregularidade cometida pelo presidente. Documentos obtidos pela CPI mostram que Bolsonaro telefonou ao premiê da Índia, Narendra Modi, para solicitar a liberação de cargas de insumos de cloroquina para duas empresas, EMS e Apsen.

Não sei se é crime, os juristas dirão, mas o presidente não pode usar de seu cargo para atender a interesses particulares de empresas. Tem mais: o presidente de uma das empresas, Renato Spallicci, da Apsen, é seguidor de Bolsonaro desde antes de 2018.

Tudo errado. Inclusive a primeira declaração da Apsen, feita na quinta-feira, quando a história foi divulgada na CPI. Em nota, a empresa jurou que não tinha nada a ver com o presidente, que atuava no mercado e coisa e tal.

Já contei aqui aquele ensinamento da psicanálise. Quando alguém, sem ser questionado, nega veementemente ter feito algo, pode cravar: é falso.

Mais ainda: o presidente está em campanha direto. Aliás, parece que não gosta muito de trabalhar, não parece? Viaja toda hora. Está inaugurando até bica d’água, como se diz na velha política.

Verdade que às vezes dá azar: sem ter nada a fazer ali, resolveu entrar num avião da Azul que estava estacionado no aeroporto de Vitória. Pretendia apenas cumprimentar os passageiros. Tomou vaia.

A questão é: quem vai colocar o guizo no gato?

Como o presidente aparelhou órgãos policiais e de investigação — estão sendo processados os investigadores —, sobra a CPI. E esta vai bem.

Na semana que se encerra, a comissão passou dos depoimentos midiáticos — mas com alguns bem reveladores — para a fase de análise dos documentos sigilosos, já devidamente vazados.

Também determinou a quebra do sigilo telefônico e telemático de diversas autoridades, membros e ex-membros do governo Bolsonaro. Por essa via, se verá como foram tomadas as decisões de atrasar a compra das vacinas, de inventar o tratamento precoce, de tentar a imunidade de rebanho. Terá sido um programa organizado?

É muito provável que, nessas quebras de sigilo, apareçam diálogos com o presidente. E se ele, em público, fala o que fala, imaginem em privado. Lembram-se daquela reunião ministerial que era para ficar em segredo?

Tudo considerado, parece que já temos crimes bem definidos. O que falta à CPI, seu próximo trabalho, é ouvir os juristas para saber como tipificar os delitos. Isso vai para o relatório final, daí para as autoridades que podem agir, legalmente, bem entendido, contra o presidente.

O clima político vai esquentar. A recuperação desigual da economia pode amortecer alguma coisa, mas não tudo isso que vai aparecendo. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com

Ele também recebeu apoio e pedidos de fotos de alguns passageiros. Presidente esteve no Espírito Santo para cerimônia de entrega de casas populares.

 

Por Luiza Marcondes, G1

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi vaiado e xingado ao entrar em um avião para cumprimentar passageiros nesta sexta-feira (11) no aeroporto de Vitória, no Espírito Santo.

O presidente foi ao estado para uma cerimônia de entrega de casas populares.

Ao chegar ao aeroporto de Vitória, Bolsonaro entrou em um avião da Azul prestes a decolar para Campinas. Um vídeo gravado por uma passageira permite ouvir ao menos três pessoas aos gritos de "Fora, fora, fora Bolsonaro" e "genocida".

Bolsonaro divulgou um vídeo, feito por um outro ângulo, em que apoiadores do presidente tiram fotos com ele e o chamam de "mito". O vídeo foi compartilhado nas redes sociais do presidente e pelo site bolsonarista "Foco do Brasil".

Ao ouvir os xingamentos do fundo do avião, Bolsonaro debochou dos passageiros que o criticavam: "Quem fala 'fora, Bolsonaro' devia estar viajando de jegue".

 

A Azul não se manifestou.

A concessionária Zurich Airport, que administra o aeroporto, informou que "a visita do Presidente da República, bem como o trajeto da visita, é uma operação mantida em sigilo por questões de segurança". Em nota, a empresa prossegue: "O Aeroporto de Vitória se preparou para receber o presidente Jair Bolsonaro, mapeando diferentes cenários e dispondo da estrutura para a recepção. A segurança do Presidente é de responsabilidade do GSI. Com relação ao fato mencionado, não houve impacto na operação do aeroporto".

 

Visita ao Espírito Santo

O presidente chegou ao Aeroporto de Vitória por volta das 10h20. Ele tirou a máscara no aeroporto, o que não é permitido no estado por conta da pandemia da Covid-19.

Bolsonaro cumprimentou apoiadores na área externa do aeroporto e não falou com a imprensa. Parte dos apoiadores não usava máscara e estava aglomerada. Aglomerações estão proibidas no estado.

O presidente seguiu para São Mateus, no Norte do estado, onde participou de uma cerimônia de entrega de casas populares. Foram entregues 434 casas, onde vão morar 1.800 pessoas. O empreendimento custou R$ 36,4 milhões e demorou 11 anos para ser entregue. Durante a cerimônia, Bolsonaro fez o plantio de uma árvore. Fonte: https://g1.globo.com