Dom Genival Saraiva

Bispo Emérito de Palmares – PE

 

A população identifica a face do Brasil através de diversas variáveis sociais, estando aí compreendidas suas potencialidades, conquistas e mazelas. Em face dos problemas existentes, é muito comum ouvir-se comentário de pessoas simples ou de experts a respeito do potencial que tem o Brasil, para adotar políticas públicas que levem a um desenvolvimento igualitário, considerando-se sua diversidade regional, cultural, social, econômica.

De outro lado, lendo-se a história do País, são visíveis as conquistas em setores importantes da atividade social e econômica, muito embora muitas delas não sejam usufruídas por toda a população, como escola, hospital e transporte de qualidade.

Diferentemente das conquistas sociais, as mazelas sociais dizem respeito à população brasileira, como um todo. Tome-se como exemplo a realidade da violência social, em três frentes – homicídios, acidentes de trânsito, corrupção.

Os números são alarmantes, as estatísticas são estarrecedoras nesse terreno. Em relação à violência social, identificada nos homicídios, conforme dados recentemente divulgados pelo “Instituto de Pesquisa Econômica aplicada (IPEA) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FPSP)”, cerca de 60.000 (sessenta mil) pessoas foram assassinadas no Brasil, em 2014. Quando forem computados, os dados de 2017, seguramente, mostrarão o aumento desse número.

Torna-se uma comoção mundial saber que uma cidade de sessenta mil habitantes foi destruída por um terremoto. Também falaria muito ao sentimento popular se uma cidade de sessenta mil pessoas fosse riscada do mapa brasileiro por um fenômeno natural. Todavia, a população vai se acostumando com a “destruição” de uma cidade brasileira, a cada ano, por conta da violência social! As mortes provocadas por acidentes de trânsito continuam muito elevadas, mais de 40.000 (quarenta mil) por ano.

Chama a atenção um dado nessa estatística: são, aproximadamente, 12.000 (doze mil) mortes, por ano, decorrentes de acidentes de moto. Além do sofrimento que causam às famílias, as consequências sociais desse tipo de acidente também estão registradas de outras maneiras – hospitalização prolongada, pagamento de seguro obrigatório, de auxílio-acidente. No conjunto desses acidentes, destacam-se hoje os provocados por motos.

Por sua vez, a rubrica corrupção apresenta números preocupantes, absurdos, com valores subtraídos inescrupulosamente dos cofres públicos, por políticos e empresários, cujos efeitos são percebidos em todos os Estados do Brasil. A maioria da população sempre soube que a corrupção é prática secular no Brasil; no entanto, não esperava que chegasse aos patamares que estão sendo revelados pelas várias investigações, no âmbito da Justiça e da Polícia.

O crescente número de homicídios, a elevada estatística de acidentes de trânsito e o assalto aos recursos públicos pela corrupção político-empresarial constituem a causa maior do estado de insegurança e do sofrimento da população brasileira. Infelizmente, ninguém está isento desse mal – a violência social; diante desse perigo cotidiano – a violência do trânsito, ninguém está protegido; as suas consequências desse mal generalizado, a corrupção, atingem todas as famílias, particularmente, as mais pobres, e todas as comunidades, especialmente, as mais carentes.

Essas mazelas sociais são consequência da omissão e acomodação da população e resultado dos erros e abusos dos governantes. Assim, os números alarmantes e as estatísticas estarrecedoras da violência social exigem um posicionamento criterioso da população e uma mudança radical na conduta das autoridades constituídas, em vista da política do bem comum.

Fonte: https://paraibaonline.com.br