Padres falam sobre depressão e busca por ajuda; especialistas criticam ambiente tóxico da Igreja

 

Muitos pensam que os padres são verdadeiros "super-heróis", sempre calmos e serenos. Mas os sacerdotes são como todos nós: adoecem, ficam tristes, estressados, têm depressão e podem encontrar o fundo do poço. Não há fé que os proteja disso.

Um exemplo entre muitos é Patrick Fernandes, de 35 anos. Em 2019, o padre apresentou sintomas da depressão. Não tinha vontade de fazer nada, mal queria sair da cama. Emagreceu e passou a descuidar da própria aparência.

Patrick não conseguia se concentrar nas atividades da Paróquia São Sebastião, em Parauapebas, sudeste do Pará, onde vive. Começou a faltar a compromissos e inventar desculpas para ficar cada vez mais isolado. Era um verdadeiro "sacrifício", nas palavras dele, ouvir as pessoas e até celebrar missas. Perdeu o prazer no que, antes, era motivo de alegria.

 

"O que eu mais gostava era chegar em casa e ir para o quarto, torcendo para que não houvesse o amanhã. Assim, não precisaria enfrentar tudo de novo". Padre Patrick

Uma psicóloga que frequentava a paróquia notou que Patrick não estava bem. Ela ofereceu ajuda, mas o padre não aceitou, pois só queria ficar cada vez mais afastado das pessoas.

O sacerdote só resolveu fazer algo após o que define como "a noite mais longa" de sua vida. "A dor chegou com muita força", disse o padre.

Conversou com a psicóloga e reagiu. Recebeu o diagnóstico de depressão de um psiquiatra, começou a fazer terapia e a usar medicamentos.

 “Percebi que não estava bem, mas demorei para reconhecer. Estava sempre me escondendo. Com isso, fui assumindo um personagem que ia dando conta. Mas cheguei num ponto em que, se não procurasse ajuda, não sei o que poderia ter acontecido”.

Padre Patrick

 

Motivos por trás do adoecimento

Apesar de a depressão nem sempre precisar de um gatilho, vários fatores podem explicar o adoecimento de um padre. Juntos, esses fatores formam uma verdadeira bola de neve, favorecendo o surgimento de transtornos mentais:

São homens e, por isso, têm mais dificuldade em reconhecer fragilidades;

Vivem em uma instituição exigente e com estrutura hierarquizada;

Vida extremamente solitária;

Falta de contato com outros padres;

Necessidade de estar disponível por 24 horas;

Excesso de cobrança da Igreja e da sociedade;

Acúmulo de trabalho;

Forte envolvimento com problemas e dificuldades dos fiéis;

São vistos como "super-homens" e, portanto, não conseguem demonstrar fraqueza e pensam que dão conta de tudo.

Ênio Brito Pinto, psicólogo que trabalha com atendimento de padres no Instituto Acolher (SP), explica que, mais do que os líderes religiosos, é a estrutura que precisa mudar.

"Não adianta mudar o indivíduo se não há mudanças no meio em que ele vive. São muitos padres que são internados, por exemplo, e voltam depois de uns seis meses para a igreja. Eles chegam com mais animação e, após alguns meses, perdem tudo porque o ambiente é tóxico".

Ênio Brito Pinto, psicólogo

Para ele, a Igreja não dá autonomia aos padres: não há espaço para discordâncias e críticas. "Sem autonomia, não há saúde. A boa obediência é aquela que é crítica", diz o também doutor em ciência da religião pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

 

Falta de estudos científicos

Não há muitas pesquisas recentes que investiguem a saúde mental de padres, principalmente no Brasil. Até existem cientistas e líderes religiosos que escrevem artigos ou livros sobre o tema, mas com limitações.

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), por exemplo, disse que se preocupa com o tema e há um estudo em andamento, mas não detalhou data de divulgação ou a motivação por trás do trabalho.

Ana Maria Rossi, psicóloga e presidente do Isma (International Stress Management Association) Brasil, resolveu estudar o assunto no país em 2008. O foco era entender as profissões que mais causavam estresse entre os brasileiros. Quando resolveu incluir padres e freiras, encontrou muitos obstáculos.

"É difícil conseguir dados, principalmente entre os padres que vivem enclausurados. Já os padres diocesanos que fazem trabalhos comunitários são mais acessíveis", fala Rossi. Até por isso, não foi possível fazer um levantamento mais recente incluindo o primeiro grupo.

Outros pesquisadores consultados por Viva Bem citam como dificuldades a questão de ser um assunto tabu e por envolver uma instituição como a Igreja. Os padres simplesmente não se sentem confortáveis para falar sobre saúde mental.

Ênio Brito Pinto, autor do livro "Os Padres em Psicoterapia" (Editora Ideias & Letras), diz que há uma complexa relação entre os temas religião, instituição religiosa e as pessoas da vida religiosa, que precisa ser estudada cientificamente.

"Há incontáveis estudos sobre a religião, há muitos estudos sobre a instituição, cresce o número de estudos sobre os religiosos, mas faltam estudos sobre as relações entre os três vértices desse triângulo", diz o especialista.

 

Suicídio entre padres

Levantamento feito pelo padre Licio de Araújo Vale, especialista em prevenção ao suicídio pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), mostra que, desde 2016, houve 37 suicídios nas igrejas brasileiras.

A pesquisa registra os casos que aparecerem em notícias e comunicados das paróquias. No entanto, Vale diz que a Igreja não dá a devida atenção ao problema e pode haver subnotificação de mortes.

"A Igreja precisa começar a falar sobre saúde mental de padres, bispos, seminaristas. É preciso tirar o tema de assuntos tabu. Quanto mais falarmos, melhor poderemos entender, acolher e cuidar dos padres, prevenindo suicídios", afirma.

O endeusamento dos padres é um fator de risco porque não somos especiais, super-homens. Somos humanos e falhos. A comunidade católica não pode se escandalizar com isso. Licio de Araújo Vale, especialista em prevenção ao suicídio, padre e professor

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) disse que se preocupa com o tema e há uma pesquisa em andamento —mas não detalhou o que está fazendo para combater o problema. Fato é que cada diocese acaba se organizando como pode para oferecer suporte aos líderes religiosos.

 

Esporte, viagens, redes sociais: há vida além da igreja

No primeiro ano como sacerdote, Luiz Roberto de Andrade Souza, da Diocese de Osasco (SP), atendeu mais de 3 mil confissões. A rotina puxada foi um choque. "Lidamos com diferentes realidades e fraquezas. Atendi desde prostitutas até juiz."

São os esportes e o contato com os jovens que fazem a rotina do padre de 37 anos ser mais leve. Ele adora andar de skate e bicicleta, pilotar sua moto e praticar capoeira. Além disso, faz parte de um grupo de padres que conversam, discutem e confessam. "É meu refúgio. Nossa saúde mental fica melhor quando estamos juntos."

Padre há cinco anos, Luiz fez terapia por um tempo, mas quando dava aulas. "Eu era muito temperamental e ríspido. Foi uma experiência boa porque pude me conhecer melhor."

Os fiéis respeitam e têm muito carinho. Mas acham que padre não fica bravo, doente. Eles esperam coisas que um padre não dá conta, seja em número de compromissos, seja em exigências que necessitam de um especialista —e não de um padre. Luiz Roberto, padre da Diocese de Osasco

Assim como Luiz, padre Patrick busca fazer o que gosta: escuta música, lê livros não religiosos, vai ao shopping, viaja e adora conhecer lugares novos. Lá em Parauapebas, sai para fazer caminhadas e, durante o trajeto, grava vídeos —na maioria, de humor— para redes sociais, onde faz sucesso. No Instagram, por exemplo, acumula mais de 5 milhões de seguidores.

“Agora, passados mais de três anos da crise que o levou à depressão, o sacerdote sabe que não há uma cura para a doença, mas espera ter mais momentos felizes do que tristes.

Passar por isso me tornou mais humano. Hoje, consigo olhar para as pessoas que estão passando por esse processo com mais compaixão, ternura e disposição em ouvir”.

Padre Patrick

 

O que fazer para ajudar?

Francisco de Assis Carvalho, psicólogo clínico, professor e padre da Diocese da Campanha (MG), sabe o que é ter uma rotina rodeada de dificuldades. Atende pacientes, organiza mensalmente um grupo de pessoas enlutadas e ainda atua na igreja. Para ele, é preciso limitar as coisas.

Eu saio da clínica no começo da noite, após escutar muitas coisas, e lembro: 'Esses problemas não são meus'. Não é fraqueza, é proteção. Se não fizer isso, eu me aproprio da dor do outro.Francisco de Assis Carvalho, padre e psicólogo

Outros especialistas acreditam que é preciso, aos poucos, mudar o processo de formação dos padres, os seminários, que duram de sete a 10 anos —essa trajetória envolve a faculdade de filosofia e teologia.

"É preciso uma formação mais humana, que trabalhe com a fragilidade e as limitações. É preciso saber até onde ir", explica Adalberto Mittelstaedt, padre da Congregação do Verbo Divino, psicólogo, psicopedagogo e presidente do Instituto Acolher (SP).

 

Os especialistas citam mais medidas que poderiam auxiliar os sacerdotes:

Procurar por ajuda especializada, com atendimento psicológico e de psiquiatras, se for o caso;

Grupo de apoio, em que o padre possa encontrar vivências semelhantes às dele;

Procurar por hobbies fora das atividades da igreja;

Prática de atividades físicas, nem que seja uma caminhada;

Adotar hábitos de vida saudáveis: comer e dormir bem, ter amigos para conversar e saber descansar;

Entender que não são super-heróis e têm fragilidades.

 

Já a Igreja pode:

Incluir palestras sobre saúde mental, tratando de temas tabu, como suicídio e depressão;

Oferecer, de forma mais ativa, atendimento psicológico;

Disponibilizar melhores estruturas de trabalho.

Para Ênio Brito Pinto, as coisas estão mudando para melhor, mesmo que lentamente. Quando começou a atender padres, há 20 anos, era raro ter psicólogos acompanhando os estudantes nos seminários. "Hoje é raro quando não há psicólogos na formação", diz.

Mas, de acordo com ele, há ainda a presença muito forte do discurso de que depressão —ou qualquer outro transtorno psicológico— seja falta de Deus. "Muitos falam que já tiveram crise de pânico, mas se curaram com a fé", afirma.

Existe a mesma lógica sobre a confissão. Embora desempenhe um papel importante, o ato de confessar não é o mesmo que passar por um acompanhamento psicológico.

Achávamos que os padres e freiras seriam os mais calmos, mas a nossa hipótese foi totalmente derrubada. Foi algo que nos surpreendeu.Ana Maria Rossi, psicóloga e presidente do Isma (International Stress Management Association) Brasil

 

'Perdi meu pai e minha mãe, mas não conseguia chorar'

A morte e o luto fazem parte da vida de qualquer pessoa, mas para os padres é ainda mais comum. Eles são chamados para velórios, missas de 7º dia e para acolher pacientes em hospitais. No entanto, quando os líderes religiosos se tornam protagonistas da história, a coisa muda.

Foi o que aconteceu com Francisco de Assis Carvalho, padre e psicólogo. Ele perdeu os pais em 2013 e teve muita dificuldade em assimilar a dor.

O luto não vivido gerou sofrimento psicológico e problemas físicos: ora o intestino ficava preso, ora solto demais. Francisco nem sequer conseguia chorar.

Padre e psicólogo, Francisco de Assis Carvalho não vivenciou o luto após morte dos pais e adoeceu

Foi quando percebi que se a gente não chora pelos olhos, a gente chora de outras maneiras. Somatizamos.

Francisco de Assis Carvalho, padre, psicólogo e professor

Hoje, aos 56, lembra exatamente o que ouvia das pessoas e como isso pode ter impactado seu luto. "Diziam para mim: 'Ainda bem que o senhor não sofre. Ainda bem que sua fé é grande'. Foi aí que realmente percebi que havia uma idealização da dor", diz.

Ele procurou ajuda na época e, depois, formou-se psicólogo. Após a experiência, criou um grupo de enlutados. "Temos um discurso muito bonito com os outros. Quando ocorre com a gente, há uma vulnerabilidade imensa. Daí surgiu o desejo de compreender essa questão."

Abaixo, veja o trabalho que Francisco fez em relação ao tema. Os resultados foram publicados no livro "Luto Por Perdas Não Legitimadas na Atualidade" (Summus Editorial), de Gabriela Casellato, no qual o psicólogo escreve um dos capítulos.

Francisco descobriu que 27% dos padres entrevistados evitam demonstrar sentimentos diante da perda de um ente querido ou membro da comunidade, e 22% preferem vivenciar a dor de forma solitária.

O problema é que um luto não elaborado, aos poucos, pode causar depressão, por exemplo.

No livro de que participou, Francisco reforça a ideia de que o choro, em momentos de dor e luto, não pode ser negado. Ele cita uma frase do papa Francisco, em 2015, com referência a um trecho bíblico (Jo., 11, 33): "Devemos chorar no luto porque também Jesus explodiu em pranto e ficou profundamente perturbado pelo grave luto de uma família que amava".

 

Procure ajuda

Caso você tenha pensamentos suicidas, procure ajuda especializada como o CVV (www.cvv.org.br) e os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mailchat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil. Fonte: https://www.uol.com.br

 

“Não desvies o rosto de nenhum pobre” (Tb 4,7) é o tema escolhido pelo Papa Francisco para celebrar o Dia Mundial dos Pobres, que, neste ano, será realizado em 19 de novembro. A Igreja no Brasil, por meio das Pastorais Sociais e Organismos ligados à Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), propõe uma Jornada em preparação à data, de 12 a 19 de novembro.  Para esta sétima Jornada Mundial dos Pobres, a equipe propôs como tema: “Olhe para mim!” e o lema, em sintonia com a proposição do Papa Francisco, “Não desvies o rosto de nenhum pobre” (Tb 4,7). 

O presidente da CNBB, dom Jaime Spengler, gravou um vídeo, motivando para a Jornada, e salientando que o rosto do outro nos interpela. “O rosto de todo ser humano traz traços do rosto de Deus e, de uma forma toda especial, nos interpela o rosto do pobre. O rosto do pobre nos instiga a alargar o coração e ir ao encontro com aquilo que nós temos: Cuidar dos pobres, não desviar o olhar dos pobres”.

“Por isso nesse dia em que nós celebramos o Dia do Pobre, aliás, todos os dias são dias do pobre, mas a Igreja decidiu um dia especial para sensibilizar a nossa comunidade toda para essa situação que diz de uma desigualdade entre nós e clama por justiça”.

 

Dia Mundial dos Pobres 

O Dia Mundial dos Pobres foi instituído pelo Papa Francisco, em 2017, na conclusão do Jubileu da Misericórdia e é celebrado no domingo que antecede o Dia de Cristo Rei, que ocorre no último domingo do Ano Litúrgico da Igreja Católica, geralmente em novembro. A data tem como objetivo chamar a atenção para a situação das pessoas em situação de pobreza e marginalização e incentivar a solidariedade e o apoio aos menos favorecidos. 

Ele enfatizou a importância de ajudar os pobres e marginalizados e de promover uma cultura de encontro e solidariedade. Nesse dia, muitas paróquias e instituições religiosas ao redor do mundo realizam eventos e ações de caridade para auxiliar os necessitados e conscientizar a sociedade sobre a importância de combater a pobreza e a exclusão social.  

 

Materiais da Jornada 

Para contribuir na realização e mobilização da Jornada, junto com as pessoas em situação de pobreza, os materiais disponibilizados são: o subsídio para reflexão e celebração, cartaz, banner, camiseta, material para as redes sociais, Tvs e rádio. Acesse aqui, gratuitamente, todos os materiais. Para acessar a arte para cards, clique aqui. Fonte: https://www.cnbb.org.br

Santidade, não perfeição moral, mas dinâmica de relação

Está em andamento no Instituto Augustinianum de Roma o congresso de estudo intitulado "Dimensão comunitária da santidade", promovido pelo Dicastério das Causas dos Santos. Cardeal Semeraro: olhar para a Igreja como habitat onde floresce a santidade. Cardeal de Mendonça: "A santidade de Deus nos pede amor, compreensão, reconciliação e paz. A guerra é exatamente o contrário".

 

Antonella Palermo – Vatican News

A santidade não só como adesão estática a uma perfeição de vida moral, mas como dinâmica de relação, experiência 'tátil' da própria vida de Deus. Este é o cerne do discurso do cardeal José Tolentino de Mendonça, prefeito da Dicastério para a Cultura e a Educação, que inaugurou na segunda-feira, 13 de novembro, em Roma, no Instituto Patrístico Augustinianum, a conferência de estudo de três dias intitulada "Dimensão comunitária da santidade" promovida pelo Dicastério das Causas dos Santos.

 

Semeraro: a santidade cria amizade

Moderada por Alessandro Gisotti, vice-diretor editorial do Dicastério para a Comunicação, a sessão foi apresentada pelo cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério das Causas dos Santos, que explicou o espírito da perspectiva adotada pelo encontro, este ano: olhar para a Igreja como habitat onde floresce a santidade. "Há uma frase de um autor medieval, Fulgêncio de Ruspe, que dizia que na Igreja estamos unidos uns aos outros e se nos distanciamos uns dos outros não somos nada. Isto também se aplica à santidade", disse o cardeal Semeraro ao Vatican News.

Uma perspectiva que remonta bem àquela resultante do Sínodo. Com efeito, sublinhou o cardeal, 'sínodo' significa convergir, estar juntos no mesmo limiar e encontrar-se em união esponsal com Cristo. Semeraro insistiu na família como lugar privilegiado onde a santidade pode crescer. A este respeito, recordou a recente beatificação de toda a família Ulma na Polônia: "Ali se pode ver como realmente funcionou a graça do matrimônio. A Bíblia deles está conservada, eu a vi, onde ainda estão preservadas as anotações". Ele recordou a agradável surpresa que teve na Espanha, ao visitar a casa de São João de Ávila, Doutor da Igreja: "Fiquei impressionado ao ver as imagens de tantos outros santos: Santo Inácio de Loyola, São Francisco Bórgia... Eram sete, oito. Eram todos amigos. Eis que a santidade cria amizade."

 

De Mendonça: santidade não é perfeição moral estática

Em seu discurso, o cardeal português Tolentino de Mendonça concentrou-se na análise do capítulo 19 do livro de Levítico, considerado a "pedra angular de toda a Torá". O prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação examinou o versículo 2: "Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo", destacando o caráter universal da santidade. Ele também observou como a santidade se manifesta no comportamento ético, mas não é exaustiva, não pode ser restrita a um nível exclusivamente "ritual". "O que Deus nos pede para fazer", disse o cardeal, "ilumina o mistério do próprio Deus, numa misteriosa circularidade". E aqui, portanto, está o ponto crucial da santidade: "A santidade não é uma perfeição moral estática, mas uma dinâmica livre de relação. Não se trata apenas de 'ser bom'. Ela tem a ver com um revérbero global do chamado de Deus à santidade". Na fórmula de Levítico, "eu" vem depois de "tu".

Isto é significativo, explicou ainda o cardeal, se considerarmos que a santidade de Deus não é indiferença, inacessibilidade. "A santidade se expressa através da categoria da alteridade e da relação. O conceito de santo é uma extensão do divino ao humano. A santidade é expansiva". "A santidade não é uma ideologia", disse ele, "mas uma experiência 'tátil' na própria vida de Deus, que inclui a dimensão da intimidade, do silêncio, até do absurdo que habita a existência humana". "Santidade significa correr o risco de experimentar a transformação operada em nós por Cristo, caso contrário a fé é uma paixão inútil".

 

A guerra é o oposto da santidade

À margem do evento, houve também uma reflexão do cardeal de Mendonça com o Vatican News sobre como falar de santidade num cenário dolorosamente ferido pela guerra.

"A santidade é uma proposta de Deus para que possamos colocar em prática o que Deus é. A santidade não é algo diferente da natureza de Deus. É o mistério do próprio Deus que Ele compartilha. É muito bom ver, por exemplo, em Levítico, como esse chamado à santidade é feito não apenas aos sacerdotes, mas a toda a comunidade: pequenos, grandes, homens, mulheres... Não apenas uma adesão a um mistério de transcendência que nos esforçamos para compreender plenamente, não. É algo que conhecemos porque é o bem que podemos fazer, aquela aliança concreta com o amor, com a justiça, com a solidariedade, com a amizade social que podemos ativar na vida cotidiana", explicou o cardeal.

À luz disso, "a guerra é o contrário da santidade. A santidade de Deus nos pede amor, compreensão, reconciliação e paz". De Mendonça convidou então: "Todos devemos rezar neste contexto porque não é uma situação fácil para ninguém. Devemos insistir, como faz o Santo Padre, e dizer basta à violência e ser capazes, através dos caminhos do encontro e do diálogo, de revelar-nos realmente à imagem e semelhança de Deus".

 

A poesia prepara a alma

A poesia, já que falamos com um poeta, pode ser um caminho, um método para aguçar os sentidos a fim de descobrir a santidade ao nosso redor e crescer no caminho da santidade? "Os místicos nos ensinam. Não é por acaso" – concluiu o cardeal – "que os místicos se expressem em linguagem poética. A poesia prepara a nossa alma para a revelação de Deus e para acolher profundamente essa revelação". Fonte: https://www.vaticannews.va 

(Texto Oficial da Terceira Edição Típica do Missal Romano – EDIÇÕES CNBB 2023)

Excertos (para motivar a leitura do texto completo)

 

 Testemunho de fé inalterada

  1. (...) “O nosso Salvador na última Ceia instituiu o sacrifício eucarístico do seu Corpo e Sangue para perpetuar o sacrifício da cruz até a sua volta, e para confiar à Igreja, sua esposa muito amada, o memorial de sua morte e ressurreição” (Conc. Vat. II, Sacrosanctum Concilium, n. 47). (...) A Missa é simultaneamente sacrifício de louvor, de ação de graças, de propiciação e de satisfação.

Importância e dignidade da celebração eucarística

  1. Embora às vezes não se possa contar com a presença dos fiéis e sua participação ativa, que manifestam mais claramente a natureza eclesial da celebração, a celebração eucarística conserva sempre sua eficácia e dignidade, uma vez que é ação de Cristo e da Igreja , na qual o sacerdote cumpre seu múnus principal e age sempre pela salvação do povo. Por isso, recomenda-se que o sacerdote, na medida do possível, celebre mesmo diariamente o sacrifício eucarístico.
  1. (...) O sacerdote deve estar lembrado de que ele é servidor da sagrada Liturgia e de que não lhe é permitido, por própria conta, acrescentar, tirar ou mesmo mudar qualquer coisa na celebração da Missa.

Estrutura geral da Missa

  1. Na Missa ou Ceia do Senhor, o povo de Deus é convocado e reunido, sob a presidência do sacerdote que representa a pessoa de Cristo, para celebrar a memória do Senhor ou sacrifício eucarístico. (...) Cristo está realmente presente tanto na assembleia reunida em seu nome como na pessoa do ministro, na sua Palavra, e também, de modo substancial e permanente, sob as espécies eucarísticas.

Leitura e explanação da Palavra de Deus

  1. Quando se leem as Sagradas Escrituras na Igreja, o próprio Deus fala a seu povo, e Cristo, presente em sua Palavra, anuncia o Evangelho.

Orações e outras partes próprias do sacerdote

  1. (...) Pode [o sacerdote], com brevíssimas palavras, introduzir os fiéis na Missa do dia, após a saudação inicial e antes do Rito Penitencial, na Liturgia da Palavra, antes das leituras; na Oração Eucarística, antes do Prefácio, nunca, porém, dentro da própria Oração; pode, ainda, encerrar toda a ação sagrada antes da despedida.

Gestos e posições do corpo

  1. (...) A posição comum do corpo, que todos os participantes devem observar, é sinal da unidade dos membros da comunidade cristã, reunidos para a sagrada Liturgia...
  2. [Os fiéis] Ajoelhem-se, porém, durante a consagração, a não ser que motivo de saúde ou falta de espaço ou o grande número de representantes ou outras causas razoáveis não o permitam. Contudo, aqueles que não se ajoelham na consagração, façam inclinação profunda enquanto o sacerdote faz genuflexão após a consagração. (...) Onde for costume o povo permanecer de joelhos do fim da aclamação do Santo até o final da Oração Eucarística e antes da Comunhão quando o sacerdote diz Eis o Cordeiro de Deus, é louvável que ele seja mantido.

Para se obter a uniformidade nos gestos e posições do corpo numa mesma celebração, obedeçam os fiéis aos avisos...

O silêncio

  1. Oportunamente, como parte da celebração, deve-se observar o silêncio sagrado. A sua natureza depende do momento em que ocorre em cada celebração. Assim, no ato penitencial e após o convite à oração, cada fiel se recolhe; após uma leitura ou a homilia, meditam brevemente o que ouviram; após a comunhão, enfim, louvam e rezam a Deus no íntimo do coração.

Convém que já antes da própria celebração se conserve o silêncio na Igreja, na sacristia, na secretaria e mesmo nos lugares mais próximos, para que todos se disponham devota e devidamente para realizarem os sagrados mistérios.

As partes da Missa – Entrada

  1. (...) Não havendo canto de entrada, a antífona proposta no Missal é recitada pelos fiéis ou por alguns deles ou pelo leitor; pode ainda ser recitada pelo próprio sacerdote, que também pode adaptá-la a modo de exortação inicial.

Saudação ao altar e ao povo reunido

  1. Chegando ao presbitério, o sacerdote, o diácono e os ministros saúdam o altar com uma inclinação profunda. (...)

Feita a saudação ao povo, o sacerdote, o diácono ou outro ministro, pode, com brevíssimas palavras, introduzir os fiéis na Missa do dia.

Ato penitencial

  1. Em seguida, o sacerdote convida para o ato penitencial que, após breve pausa de silêncio, é realizado por toda a assembleia através de uma fórmula de confissão geral e concluído pela absolvição do sacerdote. Tal absolvição, contudo, não possui a eficácia do sacramento da Penitência.

Glória a Deus nas alturas

  1. O Glória é um hino antiquíssimo e venerável, pelo qual a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e í a Deus Pai e ao Cordeiro. O texto deste hino não pode ser substituído por outro. (...)

Liturgia da Palavra

  1. (...) Nas leituras explanadas pela homilia, Deus fala ao seu povo, revela o mistério da redenção e da salvação, e oferece alimento espiritual; e o próprio Cristo, por sua Palavra, se acha presente no meio dos fiéis. (...)
  2. Na celebração da Missa com o povo, as leituras são sempre proferidas do ambão.

Salmo Responsorial

  1. (...) O Salmo Responsorial, de preferência, será cantado, ao menos no que se refere ao refrão do povo. (...)

Oração universal

  1. (...) Normalmente, as intenções são proferidas, do ambão ou de outro lugar apropriado, pelo diácono, pelo cantor, pelo leitor ou por um fiel leigo. (...)

Preparação dos dons

  1. (...) É louvável que os fiéis apresentem o pão e o vinho que o sacerdote ou o diácono recebem em lugar adequado para serem levados ao altar.

Rito da paz

  1. (...) Convém... que cada qual expresse a paz de maneira sóbria apenas aos que lhe estão mais próximos.

Comunhão

  1. (...) o sacerdote mostra aos fiéis o pão eucarístico, sobre a patena ou sobre o cálice...
  2. É muito recomendável que os fiéis, como também o próprio sacerdote é obrigado a fazer, recebam o Corpo do Senhor em hóstias consagradas na própria Missa..., para que, também através dos sinais, a Comunhão se manifeste mais claramente como participação no sacrifício que está sendo celebrado.
  3. (...) Não havendo canto, a antífona proposta no Missal pode ser recitada pelos fiéis, por alguns dentre eles ou pelo leitor, ou então pelo próprio sacerdote, depois de ter comungado, antes de distribuir a Comunhão aos fiéis.

Ritos Finais

  1. Aos ritos finais pertencem: (...) d) o beijo ao altar pelo sacerdote e o diácono e, em seguida, a inclinação profunda ao altar pelo sacerdote, o diácono e os outros ministros.

Funções de ordem sacra

  1. [O presbítero] quando celebra a Eucaristia, deve servir a Deus e ao povo com dignidade e humildade, e, pelo seu modo de agir e proferir as palavras divinas, sugerir aos fiéis uma presença viva de Cristo.

Ministérios Particulares

  1. Exercem também uma função litúrgica: (...)
  2. b) o comentarista que dirige oportunamente aos fiéis breves explicações e exortações, a fim de introduzi-los na celebração e dispô-los para entendê-la melhor. Convém que as exortações do comentarista sejam cuidadosamente preparadas, sóbrias e claras. Ao desempenhar sua função, o comentarista fica em pé em lugar adequado voltado para os fiéis, não, porém, no ambão.

O que é necessário preparar

  1. O altar seja coberto com uma toalha de cor branca. (...)
  2. (...) O cálice, como convém, seja coberto com um véu, que pode ser da cor do dia ou de cor branca.

Missa sem diácono – Ritos Iniciais

  1. Reunido o povo, o sacerdote e os ministros, revestidos das vestes sagradas, encaminham-se ao altar na seguinte ordem: (...)
  2. d) o leitor, que pode conduzir um pouco elevado o Evangeliário, não, porém, o Lecionário. (...)
  3. A cruz, ornada com a imagem do Cristo crucificado, trazida eventualmente na procissão, pode ser colocada junto ao altar, de modo que se torne a cruz do altar, que deve ser uma só; caso contrário, ela ser[a guardada em lugar adequado (...).

Liturgia da Palavra

  1. O Símbolo é cantado ou recitado pelo sacerdote com o povo, estando todos de pé. Às palavras E se encarnou pelo Espírito Santo, todos se inclinam profundamente, mas nas solenidades da Anunciação do Senhor e do Natal do Senhor, todos se ajoelham.

Liturgia Eucarística

  1. Ao altar, o sacerdote recebe a patena com o pão e mantém levemente elevada sobre o altar com ambas as mãos, dizendo em silêncio: Bendito sejais, Senhor. E depõe a patena com o pão sobre o corporal.
  2. (...) [O sacerdote] com ambas as mãos, mantém um pouco elevado o cálice preparado, dizendo em silêncio: Bendito sejais, Senhor;, e depõe o cálice sobre o corporal, cobrindo-o com a pala, se julgar oportuno.
  3. (...) No fim da Oração Eucarística, o sacerdote, tomando a patena com a hóstia e o cálice ou elevando ambos juntos profere sozinho a doxologia: Por Cristo. (...)
  4. (...) O sacerdote pode dar a paz aos ministros, mas sempre permanecendo no âmbito do presbitério para que não se perturbe a celebração. Faça o mesmo se por motivo razoável quiser dar a paz para alguns poucos fiéis. (...)
  5. (...) Não é permitido aos fiéis receber por si mesmos o pão consagrado nem o sagrado cálice e muito menos passar de mão em mão entre si. (...)
  6. (...) o sacerdote diz, de mãos unidas, Oremos e, de mãos estendidas, recita a Oração depois da Comunhão, que pode ser precedida de um momento de silêncio (...).

Missa com diácono

  1. Conduzindo o Evangeliário, um pouco elevado, o diácono precede o sacerdote que se dirige ao altar; se não, caminha a seu lado.
  2. (...) Em celebrações mais solenes o Bispo, conforme a oportunidade, abençoa o povo com o Evangeliário. (...)
  3. Tendo o sacerdote comungado, o diácono recebe dela a Comunhão, sob as duas espécies, e, em seguida, ajuda o sacerdote a distribuir a Comunhão ao povo. (...) Terminada a distribuição, [o diácono] consome logo com reverência, junto ao altar, todo o Sangue de Cristo que tiver sobrado, com a ajuda, se for o caso, dos demais diáconos e dos presbíteros.

Missa concelebrada

  1. (...) Quando o bispo preside, iniciado o Aleluia, todos se levantam. O bispo, ainda sentado, coloca incenso, sem nada dizer e dá a bênção ao diácono ou, na sua ausência, ao concelebrante que vai proclamar o Evangelho. (...)
  2. As partes que são proferidas por todos os concelebrantes e, sobretudo, as palavras da consagração que todos devem expressar quando forem recitadas, sejam ditas em voz tão baixa que se ouça claramente a voz do celebrante principal. Dessa forma as palavras são mais facilmente entendidas pelo povo.
  3. [Os concelebrantes proferem juntos] (...)
  4. c) as palavras do Senhor, com a mão direita estendida para o pão e o cálice, se parecer oportuno conjuntamente; à apresentação, olham para a hóstia e o cálice e depois se inclinam profundamente.
  5. A doxologia final da Oração Eucarística é proferida somente pelo sacerdote celebrante principal e, se preferir, junto com os demais concelebrantes, não, porém, pelos fiéis.
  6. Terminada a oração antes da Comunhão, o celebrante principal faz genuflexão e se afasta um pouco. Um após o outro, os concelebrantes se aproximam do centro do altar, fazendo genuflexão e tomam do altar, com reverência, o Corpo de Cristo; segurando-o com a mão direita e colocando por baixo a esquerda, retornam a seus lugares. Podem, no entanto, permanecer nos respectivos lugares e tomar o Corpo de Cristo da patena que o celebrante principal ou um ou vários concelebrantes seguram, passando diante deles, ou então passam a patena de um a outro até o último.
  7. A seguir, o celebrante principal toma a hóstia, consagrada na própria Missa, e mantendo-a um pouco elevada sobre a patena ou sobre o cálice, voltado para o povo, diz: Felizes os convidados, e continua com os concelebrantes e o povo, dizendo: Senhor, eu não sou digno.
  8. Em seguida, o celebrante principal, voltado para o altar, diz em silêncio: O Corpo de Cristo me guarde para a vida eterna, e comunga com reverência o Corpo de Cristo. Os concelebrantes fazem o mesmo, tomando a Comunhão. Depois deles, o diácono recebe das mãos do celebrante principal o Corpo do Senhor.
  9. O Sangue do Senhor pode ser tomado diretamente do cálice, ou por intinção, ou ainda com uma cânula ou uma colher.
  10. A comunhão dos concelebrantes pode também realizar-se de modo que um depois do outro comunguem, no altar, do Corpo e, logo em seguida, do Sangue de Cristo.

Missa com assistência de um só ministro

  1. A celebração sem ministro ou sem ao menos um fiel, não se faça a não ser por causa justa e razoável. Neste caso, omitem-se as saudações, as exortações e a bênção no final da Missa.

Genuflexão e Inclinação

  1. A genuflexão, que se faz dobrando o joelho direito até o chão, significa adoração; por isso, se reserva ao Santíssimo Sacramento e à santa Cruz, desde a solene adoração da Ação litúrgica da Sexta-feira na Paixão do Senhor até o início da Vigília Pascal. (...)

Se, porém, houver no presbitério tabernáculo com o Santíssimo Sacramento, o sacerdote, o diácono e os outros ministros fazem genuflexão, quando chegam ao altar e quando dele se retiram; não, porém, durante a própria celebração da Missa.

  1. Pela inclinação se manifesta a reverência e a honra que se atribuem às próprias pessoas ou aos seus símbolos. Há duas espécies de inclinação, ou seja, de cabeça e de corpo:
  2. a) faz-se inclinação de cabeça quando se nomeiam juntas as três Pessoas Divinas, ao nome de Jesus, da Virgem Maria e do Santo em cuja honra se celebra a Missa;
  3. b) inclinação de corpo, ou inclinação profunda, se faz ao altar; às orações Ó Deus todo-poderoso, purificai-me e De coração contrito; no Símbolo às palavras E se encarnou; no Cânon Romano, às palavras Suplicantes, vos pedimos. O diácono faz a mesma inclinação quando pede a bênção antes de proclamar o Evangelho. Além disso, o sacerdote inclina-se um pouco quando, na consagração, profere as palavras do Senhor.

Incensação

  1. (...) antes e depois da turificação, faz-se inclinação profunda à pessoa ou à coisa que é incensada, com exceção do altar e das oferendas para o sacrifício da Missa.

São incensados com três ductos do turibulo: o Santíssimo Sacramento, as relíquias da santa Cruz e as imagens do Senhor, expostas para veneração pública, as oferendas para o sacrifício da Missa, a cruz do altar, o Evangeliário, o círio pascal, o sacerdote e o povo.

Com dois ductos são incensadas as relíquias e as imagens dos Santos expostas à veneração pública, mas somente uma vez, no início da celebração, após a incensação do altar.

Purificação

  1. Os vasos sagrados são purificados pelo sacerdote ou pelo diácono ou pelo acólito instituído depois da Comunhão ou da Missa, na medida do possível, junto à credência. (...)
  2. Se a hóstia ou alguma partícula cair no chão, seja recolhida com reverência; se for derramado um pouco do Sangue, lave-se com água o lugar onde caiu, e lance-se depois esta água na piscina ou pia construída na sacristia.

Disposição e Ornamentação das Igrejas para a celebração da Eucaristia

  1. (...) Os edifícios sagrados e os objetos destinados ao culto sejam realmente dignos e belos, sinais e símbolos das coisas divinas.
  2. Todas as igrejas sejam dedicadas ou ao menos abençoadas. Contudo, as igrejas catedrais e paroquiais sejam solenemente dedicadas.
  3. A ornamentação da igreja deve visar mais a nobre simplicidade do que a pompa. Na escolha dessa ornamentação, cuide-se da autenticidade dos materiais e procure-se assegurar a educação dos fiéis e a dignidade de todo o local sagrado.
  4. (...) A natureza e beleza do local e de todas as alfaias alimentem a piedade dos fiéis e manifestem a santidade dos mistérios celebrados.

O altar e sua ornamentação

  1. Convém que em toda Igreja exista um altar fixo, o que significa de modo mais claro e permanente Jesus Cristo, pedra viva (1Pd 2,4; cf. Ef 2,20); nos demais lugares dedicados às sagradas celebrações, o altar pode ser móvel.

Chama-se altar fixo quando é construído de tal forma que esteja unido ao pavimento, e não possa ser removido; móvel, quando pode ser removido.

  1. O altar, fixo ou móvel, seja dedicado conforme o rito apresentado no Pontifical Romano; contudo, o altar móvel pode também ser apenas abençoado.
  2. Se for oportuno, mantenha-se o uso de depositar sob o altar a ser dedicado relíquias de Santos, ainda que não sejam mártires. Cuide-se, porém, de verificar a autenticidade de tais relíquias.
  3. Na ornamentação do altar observe-se moderação. (...)

A ornamentação com flores seja sempre moderada e, ao invés de se dispor a ornamentação sobre o altar, de preferência seja colocado junto a ele.

  1. Sobre a mesa do altar podem ser colocadas somente aquelas coisas que se requerem para a celebração da Missa, ou seja: o Evangeliário, do início da celebração até a proclamação do Evangelho; desde a apresentação das oferendas até a purificação dos vasos sagrados, o cálice com a patena, o cibório, se necessário e, finalmente, o corporal, o sanguinho, a pala e o Missa.

Além disso, se disponham de modo discreto os aparelhos que possam ajudar a amplificar a voz do sacerdote.

  1. Os castiçais requeridos pelas ações litúrgicas para manifestarem a reverência e o caráter festivo da celebração sejam colocados como parecer melhor, sobre o altar ou junto dele, levando em conta as proporções do altar e do presbitério, de modo a formarem um conjunto harmonioso e que não impeça os fiéis de verem aquilo que se realiza ou se coloca sobre o altar.
  2. Haja também sobre o altar ou perto dele uma cruz com a imagem do Cristo crucificado que seja bem visível para o povo reunido. Convém que essa cruz, que serve para recordar aos fiéis a paixão salutar do Senhor, permaneça junto ao altar também fora das celebrações litúrgicas.

O ambão

  1. (...) De modo geral convém que esse lugar sejam uma estrutura estável e não uma simples estante móvel. O ambão seja disposto de tal modo em relação à forma da igreja que os ministros ordenados e os leitores possam ser vistos e ouvidos facilmente pelos fiéis. (...)

Convém que o novo ambão seja abençoado antes de ser destinado ao uso litúrgico conforme o rito proposto no Ritual romano.

A cadeira para o sacerdote celebrante e outras cadeiras

  1. A cadeira do sacerdote celebrante deve manifestar a função deste de presidir a assembleia e dirigir a oração. Por isso, o lugar mais apropriado para esta cadeira é de frente para o povo no fundo do presbitério, a não ser que a estrutura do edifício sagrado ou outras circunstâncias o impeçam, por exemplo, se a demasiada distância torna difícil a comunicação entre o sacerdote e a assembleia, ou se o tabernáculo ocupar o centro do presbitério atrás do alar. Evite-se toda espécie de trono. Ante de ser destinado ao uso litúrgico, convém que se faça a bênção da cadeira da presidência segundo o rito descrito no Ritual Romano. (...)

A cadeira do diácono esteja junto da cadeira do celebrante. (...)

O lugar de conservação da Santíssima Eucaristia

  1. De acordo com a estrutura de cada igreja e os legítimos costumes locais, o Santíssimo Sacramento seja conservado num tabernáculo, colocado em lugar de honra da igreja, suficientemente amplo, visível, devidamente decorado e que favoreça a oração.

Normalmente o tabernáculo seja um único, inamovível, feito de material sólido e inviolável não transparente, e fechado de tal modo que se evite ao máximo o perigo de profanação. Convém, além disso, que seja abençoado antes de ser destinado ao uso litúrgico, segundo o rito descrito no Ritual Romano.

  1. (...) É preferível, a juízo do Bispo diocesano, colocar o tabernáculo:
  2. a) no presbitério, fora do altar da celebração, na forma e no lugar mais convenientes, não estando excluído o altar antigo que não mais é usado para a celebração;
  3. b) ou também numa capela apropriada para a adoração e oração privada dos fiéis, que esteja organicamente ligada com a igreja e visível aos fiéis.
  4. Conforme antiga tradição, mantenha-se perenemente acesa uma lâmpada especial junto ao tabernáculo, alimentada por óleo ou cera, pela qual se indique e se honra a presença de Cristo.

As imagens sagradas

  1. (...) Normalmente, não haja mais de uma imagem do mesmo santo.

Os vasos sagrados

  1. Os cálices e outros vasos destinados a receber o Sangue do Senhor, tenham a copa feita de matéria que não absorva líquidos. O pé pode ser feito de outro material sólido e digno.
  2. Quanto à bênção dos vasos sagrados, observem-se os ritos prescritos nos livros litúrgicos.
  3. Conserve-se o costume de construir na sacristia uma pia, em que se lance a água da purificação dos vasos sagrados e da lavagem das toalhas de linho.

As vestes sagradas

  1. (...) As vestes usadas pelos sacerdotes, os diáconos, bem como pelos ministros leigos sejam oportunamente abençoadas, antes que sejam destinados ao uso litúrgico, conforme o rito descrito no Ritual Romano.
  2. A alva é a veste sagrada comum a todos os ministros ordenados e instituídos de qualquer grau; ela será cingida à cintura pelo cíngulo, a não ser que o seu feitio o dispense. Antes de vestir a alva, põe-se o amito, caso ela não encubra completamente as vestes comuns que circundam o pescoço. A alva não poderá ser substituída pela sobrepeliz, nem mesmo sobre a veste talar, quando se deve usar casula ou dalmática, ou quando, de acordo com as normas, se usa apenas a estola sem a casula ou dalmática.
  3. A não ser que se disponha de outro modo, a veste própria do sacerdote celebrante, tanto na Missa como nas outras ações sagradas em conexão direta com ela, é a casula ou planeta sobre a alva e a estola.
  4. Com relação à cor das vestes sagradas, seja observado o uso tradicional, a saber: (...)
  5. g) Em dias mais solenes podem ser usadas vestes sagradas festivas ou mais nobres, mesmo que não sejam da cor do dia.

Oração Eucarística

  1. (...) b) Oração Eucarística II, por suas características particulares, é mais apropriadamente usada nos dias de semana ou em circunstâncias especiais. Embora tenha Prefácio próprio, pode igualmente ser usada com outros prefácios, sobretudo aqueles que, de maneira sucinta, apresentam o mistério da salvação, por exemplo, os prefácios comuns. (...)
  2. d) a Oração Eucarística IV possui um Prefácio imutável..

Missas e orações para Diversas Circunstâncias

  1. Recomenda-se de modo particular a memória de Santa Maria no Sábado, pelo fato de se tributar na Liturgia da Igreja à Mãe do Redentor uma veneração acima e de preferência a todos os Santos.

Missas pelos Fiéis Defuntos

  1. Nas Missas exequiais haja, normalmente, uma breve homilia, excluindo-se, no entanto, qualquer tipo de elogio fúnebre.
  2. Na organização e escolha das partes da Missa dos fiéis defuntos, principalmente da Missa exequial, podem variar (por exemplo, orações, leituras e oração universal), convém levar em conta, por motivos pastorais, as condições do falecido, de sua família e dos presentes.

Além disso, os pastores levem especialmente em conta aqueles que, por ocasião das exéquias, comparecem às celebrações litúrgicas e escutam o Evangelho, tanto os não católicos, como os católicos que nunca ou raramente participam da Eucaristia, ou parecem ter perdido a fé, pois os sacerdotes são ministros do Evangelho de Cristo para todos.

(Texto Oficial da Terceira Edição Típica do Missal Romano – EDIÇÕES CNBB 2023)

Excertos (para motivar a leitura do texto completo)

Testemunho de fé inalterada

  1. (...) “O nosso Salvador na última Ceia instituiu o sacrifício eucarístico do seu Corpo e Sangue para perpetuar o sacrifício da cruz até a sua volta, e para confiar à Igreja, sua esposa muito amada, o memorial de sua morte e ressurreição” (Conc. Vat. II, Sacrosanctum Concilium, n. 47). (...) A Missa é simultaneamente sacrifício de louvor, de ação de graças, de propiciação e de satisfação.

Importância e dignidade da celebração eucarística

  1. Embora às vezes não se possa contar com a presença dos fiéis e sua participação ativa, que manifestam mais claramente a natureza eclesial da celebração, a celebração eucarística conserva sempre sua eficácia e dignidade, uma vez que é ação de Cristo e da Igreja , na qual o sacerdote cumpre seu múnus principal e age sempre pela salvação do povo.

Por isso, recomenda-se que o sacerdote, na medida do possível, celebre mesmo diariamente o sacrifício eucarístico.

  1. (...) O sacerdote deve estar lembrado de que ele é servidor da sagrada Liturgia e de que não lhe é permitido, por própria conta, acrescentar, tirar ou mesmo mudar qualquer coisa na celebração da Missa.

Estrutura geral da Missa

  1. Na Missa ou Ceia do Senhor, o povo de Deus é convocado e reunido, sob a presidência do sacerdote que representa a pessoa de Cristo, para celebrar a memória do Senhor ou sacrifício eucarístico. (...) Cristo está realmente presente tanto na assembleia reunida em seu nome como na pessoa do ministro, na sua Palavra, e também, de modo substancial e permanente, sob as espécies eucarísticas.

Leitura e explanação da Palavra de Deus

  1. Quando se leem as Sagradas Escrituras na Igreja, o próprio Deus fala a seu povo, e Cristo, presente em sua Palavra, anuncia o Evangelho.

Orações e outras partes próprias do sacerdote

  1. (...) Pode [o sacerdote], com brevíssimas palavras, introduzir os fiéis na Missa do dia, após a saudação inicial e antes do Rito Penitencial, na Liturgia da Palavra, antes das leituras; na Oração Eucarística, antes do Prefácio, nunca, porém, dentro da própria Oração; pode, ainda, encerrar toda a ação sagrada antes da despedida.

Gestos e posições do corpo

  1. (...) A posição comum do corpo, que todos os participantes devem observar, é sinal da unidade dos membros da comunidade cristã, reunidos para a sagrada Liturgia...
  2. [Os fiéis] Ajoelhem-se, porém, durante a consagração, a não ser que motivo de saúde ou falta de espaço ou o grande número de representantes ou outras causas razoáveis não o permitam. Contudo, aqueles que não se ajoelham na consagração, façam inclinação profunda enquanto o sacerdote faz genuflexão após a consagração. (...) Onde for costume o povo permanecer de joelhos do fim da aclamação do Santo até o final da Oração Eucarística e antes da Comunhão quando o sacerdote diz Eis o Cordeiro de Deus, é louvável que ele seja mantido.

Para se obter a uniformidade nos gestos e posições do corpo numa mesma celebração, obedeçam os fiéis aos avisos...

O silêncio

  1. Oportunamente, como parte da celebração, deve-se observar o silêncio sagrado. A sua natureza depende do momento em que ocorre em cada celebração. Assim, no ato penitencial e após o convite à oração, cada fiel se recolhe; após uma leitura ou a homilia, meditam brevemente o que ouviram; após a comunhão, enfim, louvam e rezam a Deus no íntimo do coração.

Convém que já antes da própria celebração se conserve o silêncio na Igreja, na sacristia, na secretaria e mesmo nos lugares mais próximos, para que todos se disponham devota e devidamente para realizarem os sagrados mistérios.

As partes da Missa – Entrada

  1. (...) Não havendo canto de entrada, a antífona proposta no Missal é recitada pelos fiéis ou por alguns deles ou pelo leitor; pode ainda ser recitada pelo próprio sacerdote, que também pode adaptá-la a modo de exortação inicial.

Saudação ao altar e ao povo reunido

  1. Chegando ao presbitério, o sacerdote, o diácono e os ministros saúdam o altar com uma inclinação profunda. (...)

Feita a saudação ao povo, o sacerdote, o diácono ou outro ministro, pode, com brevíssimas palavras, introduzir os fiéis na Missa do dia.

Ato penitencial

  1. Em seguida, o sacerdote convida para o ato penitencial que, após breve pausa de silêncio, é realizado por toda a assembleia através de uma fórmula de confissão geral e concluído pela absolvição do sacerdote. Tal absolvição, contudo, não possui a eficácia do sacramento da Penitência.

Glória a Deus nas alturas

  1. O Glória é um hino antiquíssimo e venerável, pelo qual a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e í a Deus Pai e ao Cordeiro. O texto deste hino não pode ser substituído por outro. (...)

Liturgia da Palavra

  1. (...) Nas leituras explanadas pela homilia, Deus fala ao seu povo, revela o mistério da redenção e da salvação, e oferece alimento espiritual; e o próprio Cristo, por sua Palavra, se acha presente no meio dos fiéis. (...)
  2. Na celebração da Missa com o povo, as leituras são sempre proferidas do ambão.

Salmo Responsorial

  1. (...) O Salmo Responsorial, de preferência, será cantado, ao menos no que se refere ao refrão do povo. (...)

Oração universal

  1. (...) Normalmente, as intenções são proferidas, do ambão ou de outro lugar apropriado, pelo diácono, pelo cantor, pelo leitor ou por um fiel leigo. (...)

Preparação dos dons

  1. (...) É louvável que os fiéis apresentem o pão e o vinho que o sacerdote ou o diácono recebem em lugar adequado para serem levados ao altar.

Rito da paz

  1. (...) Convém... que cada qual expresse a paz de maneira sóbria apenas aos que lhe estão mais próximos.

Comunhão

  1. (...) o sacerdote mostra aos fiéis o pão eucarístico, sobre a patena ou sobre o cálice...
  2. É muito recomendável que os fiéis, como também o próprio sacerdote é obrigado a fazer, recebam o Corpo do Senhor em hóstias consagradas na própria Missa..., para que, também através dos sinais, a Comunhão se manifeste mais claramente como participação no sacrifício que está sendo celebrado.
  3. (...) Não havendo canto, a antífona proposta no Missal pode ser recitada pelos fiéis, por alguns dentre eles ou pelo leitor, ou então pelo próprio sacerdote, depois de ter comungado, antes de distribuir a Comunhão aos fiéis.

Ritos Finais

  1. Aos ritos finais pertencem: (...) d) o beijo ao altar pelo sacerdote e o diácono e, em seguida, a inclinação profunda ao altar pelo sacerdote, o diácono e os outros ministros.

Funções de ordem sacra

  1. [O presbítero] quando celebra a Eucaristia, deve servir a Deus e ao povo com dignidade e humildade, e, pelo seu modo de agir e proferir as palavras divinas, sugerir aos fiéis uma presença viva de Cristo.

Ministérios Particulares

  1. Exercem também uma função litúrgica: (...)
  2. b) o comentarista que dirige oportunamente aos fiéis breves explicações e exortações, a fim de introduzi-los na celebração e dispô-los para entendê-la melhor. Convém que as exortações do comentarista sejam cuidadosamente preparadas, sóbrias e claras. Ao desempenhar sua função, o comentarista fica em pé em lugar adequado voltado para os fiéis, não, porém, no ambão.

O que é necessário preparar

  1. O altar seja coberto com uma toalha de cor branca. (...)
  2. (...) O cálice, como convém, seja coberto com um véu, que pode ser da cor do dia ou de cor branca.

Missa sem diácono – Ritos Iniciais

  1. Reunido o povo, o sacerdote e os ministros, revestidos das vestes sagradas, encaminham-se ao altar na seguinte ordem: (...)
  2. d) o leitor, que pode conduzir um pouco elevado o Evangeliário, não, porém, o Lecionário. (...)
  3. A cruz, ornada com a imagem do Cristo crucificado, trazida eventualmente na procissão, pode ser colocada junto ao altar, de modo que se torne a cruz do altar, que deve ser uma só; caso contrário, ela ser[a guardada em lugar adequado (...).

Liturgia da Palavra

  1. O Símbolo é cantado ou recitado pelo sacerdote com o povo, estando todos de pé. Às palavras E se encarnou pelo Espírito Santo, todos se inclinam profundamente, mas nas solenidades da Anunciação do Senhor e do Natal do Senhor, todos se ajoelham.

Liturgia Eucarística

  1. Ao altar, o sacerdote recebe a patena com o pão e mantém levemente elevada sobre o altar com ambas as mãos, dizendo em silêncio: Bendito sejais, Senhor. E depõe a patena com o pão sobre o corporal.
  2. (...) [O sacerdote] com ambas as mãos, mantém um pouco elevado o cálice preparado, dizendo em silêncio: Bendito sejais, Senhor;, e depõe o cálice sobre o corporal, cobrindo-o com a pala, se julgar oportuno.
  3. (...) No fim da Oração Eucarística, o sacerdote, tomando a patena com a hóstia e o cálice ou elevando ambos juntos profere sozinho a doxologia: Por Cristo. (...)
  4. (...) O sacerdote pode dar a paz aos ministros, mas sempre permanecendo no âmbito do presbitério para que não se perturbe a celebração. Faça o mesmo se por motivo razoável quiser dar a paz para alguns poucos fiéis. (...)
  5. (...) Não é permitido aos fiéis receber por si mesmos o pão consagrado nem o sagrado cálice e muito menos passar de mão em mão entre si. (...)
  6. (...) o sacerdote diz, de mãos unidas, Oremos e, de mãos estendidas, recita a Oração depois da Comunhão, que pode ser precedida de um momento de silêncio (...).

Missa com diácono

  1. Conduzindo o Evangeliário, um pouco elevado, o diácono precede o sacerdote que se dirige ao altar; se não, caminha a seu lado.
  2. (...) Em celebrações mais solenes o Bispo, conforme a oportunidade, abençoa o povo com o Evangeliário. (...)
  3. Tendo o sacerdote comungado, o diácono recebe dela a Comunhão, sob as duas espécies, e, em seguida, ajuda o sacerdote a distribuir a Comunhão ao povo. (...) Terminada a distribuição, [o diácono] consome logo com reverência, junto ao altar, todo o Sangue de Cristo que tiver sobrado, com a ajuda, se for o caso, dos demais diáconos e dos presbíteros.

Missa concelebrada

  1. (...) Quando o bispo preside, iniciado o Aleluia, todos se levantam. O bispo, ainda sentado, coloca incenso, sem nada dizer e dá a bênção ao diácono ou, na sua ausência, ao concelebrante que vai proclamar o Evangelho. (...)
  2. As partes que são proferidas por todos os concelebrantes e, sobretudo, as palavras da consagração que todos devem expressar quando forem recitadas, sejam ditas em voz tão baixa que se ouça claramente a voz do celebrante principal. Dessa forma as palavras são mais facilmente entendidas pelo povo.
  3. [Os concelebrantes proferem juntos] (...)
  4. c) as palavras do Senhor, com a mão direita estendida para o pão e o cálice, se parecer oportuno conjuntamente; à apresentação, olham para a hóstia e o cálice e depois se inclinam profundamente.
  5. A doxologia final da Oração Eucarística é proferida somente pelo sacerdote celebrante principal e, se preferir, junto com os demais concelebrantes, não, porém, pelos fiéis.
  6. Terminada a oração antes da Comunhão, o celebrante principal faz genuflexão e se afasta um pouco. Um após o outro, os concelebrantes se aproximam do centro do altar, fazendo genuflexão e tomam do altar, com reverência, o Corpo de Cristo; segurando-o com a mão direita e colocando por baixo a esquerda, retornam a seus lugares. Podem, no entanto, permanecer nos respectivos lugares e tomar o Corpo de Cristo da patena que o celebrante principal ou um ou vários concelebrantes seguram, passando diante deles, ou então passam a patena de um a outro até o último.
  7. A seguir, o celebrante principal toma a hóstia, consagrada na própria Missa, e mantendo-a um pouco elevada sobre a patena ou sobre o cálice, voltado para o povo, diz: Felizes os convidados, e continua com os concelebrantes e o povo, dizendo: Senhor, eu não sou digno.
  8. Em seguida, o celebrante principal, voltado para o altar, diz em silêncio: O Corpo de Cristo me guarde para a vida eterna, e comunga com reverência o Corpo de Cristo. Os concelebrantes fazem o mesmo, tomando a Comunhão. Depois deles, o diácono recebe das mãos do celebrante principal o Corpo do Senhor.
  9. O Sangue do Senhor pode ser tomado diretamente do cálice, ou por intinção, ou ainda com uma cânula ou uma colher.
  10. A comunhão dos concelebrantes pode também realizar-se de modo que um depois do outro comunguem, no altar, do Corpo e, logo em seguida, do Sangue de Cristo.

Missa com assistência de um só ministro

  1. A celebração sem ministro ou sem ao menos um fiel, não se faça a não ser por causa justa e razoável. Neste caso, omitem-se as saudações, as exortações e a bênção no final da Missa.

Genuflexão e Inclinação

  1. A genuflexão, que se faz dobrando o joelho direito até o chão, significa adoração; por isso, se reserva ao Santíssimo Sacramento e à santa Cruz, desde a solene adoração da Ação litúrgica da Sexta-feira na Paixão do Senhor até o início da Vigília Pascal. (...)

Se, porém, houver no presbitério tabernáculo com o Santíssimo Sacramento, o sacerdote, o diácono e os outros ministros fazem genuflexão, quando chegam ao altar e quando dele se retiram; não, porém, durante a própria celebração da Missa.

  1. Pela inclinação se manifesta a reverência e a honra que se atribuem às próprias pessoas ou aos seus símbolos. Há duas espécies de inclinação, ou seja, de cabeça e de corpo:
  2. a) faz-se inclinação de cabeça quando se nomeiam juntas as três Pessoas Divinas, ao nome de Jesus, da Virgem Maria e do Santo em cuja honra se celebra a Missa;
  3. b) inclinação de corpo, ou inclinação profunda, se faz ao altar; às orações Ó Deus todo-poderoso, purificai-me e De coração contrito; no Símbolo às palavras E se encarnou; no Cânon Romano, às palavras Suplicantes, vos pedimos. O diácono faz a mesma inclinação quando pede a bênção antes de proclamar o Evangelho. Além disso, o sacerdote inclina-se um pouco quando, na consagração, profere as palavras do Senhor.

Incensação

  1. (...) antes e depois da turificação, faz-se inclinação profunda à pessoa ou à coisa que é incensada, com exceção do altar e das oferendas para o sacrifício da Missa.

São incensados com três ductos do turibulo: o Santíssimo Sacramento, as relíquias da santa Cruz e as imagens do Senhor, expostas para veneração pública, as oferendas para o sacrifício da Missa, a cruz do altar, o Evangeliário, o círio pascal, o sacerdote e o povo.

Com dois ductos são incensadas as relíquias e as imagens dos Santos expostas à veneração pública, mas somente uma vez, no início da celebração, após a incensação do altar.

Purificação

  1. Os vasos sagrados são purificados pelo sacerdote ou pelo diácono ou pelo acólito instituído depois da Comunhão ou da Missa, na medida do possível, junto à credência. (...)
  2. Se a hóstia ou alguma partícula cair no chão, seja recolhida com reverência; se for derramado um pouco do Sangue, lave-se com água o lugar onde caiu, e lance-se depois esta água na piscina ou pia construída na sacristia.

Disposição e Ornamentação das Igrejas para a celebração da Eucaristia

  1. (...) Os edifícios sagrados e os objetos destinados ao culto sejam realmente dignos e belos, sinais e símbolos das coisas divinas.
  2. Todas as igrejas sejam dedicadas ou ao menos abençoadas. Contudo, as igrejas catedrais e paroquiais sejam solenemente dedicadas.
  3. A ornamentação da igreja deve visar mais a nobre simplicidade do que a pompa. Na escolha dessa ornamentação, cuide-se da autenticidade dos materiais e procure-se assegurar a educação dos fiéis e a dignidade de todo o local sagrado.
  4. (...) A natureza e beleza do local e de todas as alfaias alimentem a piedade dos fiéis e manifestem a santidade dos mistérios celebrados.

O altar e sua ornamentação

  1. Convém que em toda Igreja exista um altar fixo, o que significa de modo mais claro e permanente Jesus Cristo, pedra viva (1Pd 2,4; cf. Ef 2,20); nos demais lugares dedicados às sagradas celebrações, o altar pode ser móvel.

Chama-se altar fixo quando é construído de tal forma que esteja unido ao pavimento, e não possa ser removido; móvel, quando pode ser removido.

  1. O altar, fixo ou móvel, seja dedicado conforme o rito apresentado no Pontifical Romano; contudo, o altar móvel pode também ser apenas abençoado.
  2. Se for oportuno, mantenha-se o uso de depositar sob o altar a ser dedicado relíquias de Santos, ainda que não sejam mártires. Cuide-se, porém, de verificar a autenticidade de tais relíquias.
  3. Na ornamentação do altar observe-se moderação. (...)

A ornamentação com flores seja sempre moderada e, ao invés de se dispor a ornamentação sobre o altar, de preferência seja colocado junto a ele.

  1. Sobre a mesa do altar podem ser colocadas somente aquelas coisas que se requerem para a celebração da Missa, ou seja: o Evangeliário, do início da celebração até a proclamação do Evangelho; desde a apresentação das oferendas até a purificação dos vasos sagrados, o cálice com a patena, o cibório, se necessário e, finalmente, o corporal, o sanguinho, a pala e o Missa.

Além disso, se disponham de modo discreto os aparelhos que possam ajudar a amplificar a voz do sacerdote.

  1. Os castiçais requeridos pelas ações litúrgicas para manifestarem a reverência e o caráter festivo da celebração sejam colocados como parecer melhor, sobre o altar ou junto dele, levando em conta as proporções do altar e do presbitério, de modo a formarem um conjunto harmonioso e que não impeça os fiéis de verem aquilo que se realiza ou se coloca sobre o altar.
  2. Haja também sobre o altar ou perto dele uma cruz com a imagem do Cristo crucificado que seja bem visível para o povo reunido. Convém que essa cruz, que serve para recordar aos fiéis a paixão salutar do Senhor, permaneça junto ao altar também fora das celebrações litúrgicas.

O ambão

  1. (...) De modo geral convém que esse lugar sejam uma estrutura estável e não uma simples estante móvel. O ambão seja disposto de tal modo em relação à forma da igreja que os ministros ordenados e os leitores possam ser vistos e ouvidos facilmente pelos fiéis. (...)

Convém que o novo ambão seja abençoado antes de ser destinado ao uso litúrgico conforme o rito proposto no Ritual romano.

A cadeira para o sacerdote celebrante e outras cadeiras

  1. A cadeira do sacerdote celebrante deve manifestar a função deste de presidir a assembleia e dirigir a oração. Por isso, o lugar mais apropriado para esta cadeira é de frente para o povo no fundo do presbitério, a não ser que a estrutura do edifício sagrado ou outras circunstâncias o impeçam, por exemplo, se a demasiada distância torna difícil a comunicação entre o sacerdote e a assembleia, ou se o tabernáculo ocupar o centro do presbitério atrás do alar. Evite-se toda espécie de trono. Ante de ser destinado ao uso litúrgico, convém que se faça a bênção da cadeira da presidência segundo o rito descrito no Ritual Romano. (...) A cadeira do diácono esteja junto da cadeira do celebrante. (...)

O lugar de conservação da Santíssima Eucaristia

  1. De acordo com a estrutura de cada igreja e os legítimos costumes locais, o Santíssimo Sacramento seja conservado num tabernáculo, colocado em lugar de honra da igreja, suficientemente amplo, visível, devidamente decorado e que favoreça a oração.

Normalmente o tabernáculo seja um único, inamovível, feito de material sólido e inviolável não transparente, e fechado de tal modo que se evite ao máximo o perigo de profanação. Convém, além disso, que seja abençoado antes de ser destinado ao uso litúrgico, segundo o rito descrito no Ritual Romano.

  1. (...) É preferível, a juízo do Bispo diocesano, colocar o tabernáculo:
  2. a) no presbitério, fora do altar da celebração, na forma e no lugar mais convenientes, não estando excluído o altar antigo que não mais é usado para a celebração;
  3. b) ou também numa capela apropriada para a adoração e oração privada dos fiéis, que esteja organicamente ligada com a igreja e visível aos fiéis.
  4. Conforme antiga tradição, mantenha-se perenemente acesa uma lâmpada especial junto ao tabernáculo, alimentada por óleo ou cera, pela qual se indique e se honra a presença de Cristo.

As imagens sagradas

  1. (...) Normalmente, não haja mais de uma imagem do mesmo santo.

Os vasos sagrados

  1. Os cálices e outros vasos destinados a receber o Sangue do Senhor, tenham a copa feita de matéria que não absorva líquidos. O pé pode ser feito de outro material sólido e digno.
  2. Quanto à bênção dos vasos sagrados, observem-se os ritos prescritos nos livros litúrgicos.
  3. Conserve-se o costume de construir na sacristia uma pia, em que se lance a água da purificação dos vasos sagrados e da lavagem das toalhas de linho.

As vestes sagradas

  1. (...) As vestes usadas pelos sacerdotes, os diáconos, bem como pelos ministros leigos sejam oportunamente abençoadas, antes que sejam destinados ao uso litúrgico, conforme o rito descrito no Ritual Romano.
  2. A alva é a veste sagrada comum a todos os ministros ordenados e instituídos de qualquer grau; ela será cingida à cintura pelo cíngulo, a não ser que o seu feitio o dispense. Antes de vestir a alva, põe-se o amito, caso ela não encubra completamente as vestes comuns que circundam o pescoço. A alva não poderá ser substituída pela sobrepeliz, nem mesmo sobre a veste talar, quando se deve usar casula ou dalmática, ou quando, de acordo com as normas, se usa apenas a estola sem a casula ou dalmática.
  3. A não ser que se disponha de outro modo, a veste própria do sacerdote celebrante, tanto na Missa como nas outras ações sagradas em conexão direta com ela, é a casula ou planeta sobre a alva e a estola.
  4. Com relação à cor das vestes sagradas, seja observado o uso tradicional, a saber: (...)
  5. g) Em dias mais solenes podem ser usadas vestes sagradas festivas ou mais nobres, mesmo que não sejam da cor do dia.

Oração Eucarística

  1. (...) b) Oração Eucarística II, por suas características particulares, é mais apropriadamente usada nos dias de semana ou em circunstâncias especiais. Embora tenha Prefácio próprio, pode igualmente ser usada com outros prefácios, sobretudo aqueles que, de maneira sucinta, apresentam o mistério da salvação, por exemplo, os prefácios comuns. (...)
  2. d) a Oração Eucarística IV possui um Prefácio imutável..

Missas e orações para Diversas Circunstâncias

  1. Recomenda-se de modo particular a memória de Santa Maria no Sábado, pelo fato de se tributar na Liturgia da Igreja à Mãe do Redentor uma veneração acima e de preferência a todos os Santos.

Missas pelos Fiéis Defuntos

  1. Nas Missas exequiais haja, normalmente, uma breve homilia, excluindo-se, no entanto, qualquer tipo de elogio fúnebre.
  2. Na organização e escolha das partes da Missa dos fiéis defuntos, principalmente da Missa exequial, podem variar (por exemplo, orações, leituras e oração universal), convém levar em conta, por motivos pastorais, as condições do falecido, de sua família e dos presentes.

Além disso, os pastores levem especialmente em conta aqueles que, por ocasião das exéquias, comparecem às celebrações litúrgicas e escutam o Evangelho, tanto os não católicos, como os católicos que nunca ou raramente participam da Eucaristia, ou parecem ter perdido a fé, pois os sacerdotes são ministros do Evangelho de Cristo para todos.

Joseph Strickland, da diocese de Tyler, no Texas, criticava repetidamente o pontífice; destituição é ato raro na Igreja Católica

 

O bispo americano Joseph Strickland foi destituído pelo Papa Francisco da diocese de Tyler, no Texas Foto: USA TODAY SPORTS

 

Por Redação

O Papa Francisco destituiu o bispo americano Joseph Strickland de sua diocese localizada no Texas, nos Estados Unidos. Strickland é um renomado católico conservador que vinha criticando repetidamente o papado de Francisco, especialmente os acenos à comunidade LGBTQIA+. O americano havia sido nomeado pelo papa Bento XVI, morto em 2022.

A destituição foi confirmada em nota pelo Vaticano neste sábado, 11. “O Santo Padre dispensou Joseph E. Strickland do governo pastoral da diocese de Tyler (EUA)”, afirmou o Vaticano em comunicado.

A dispensa é rara, segundo especialistas. Normalmente os bispos são afastados ou orientados a renunciar. A destituição é a última medida, quando o religioso se recusa a fazer o pedido.

A decisão incomum foi tomada depois que Francisco enviou dois bispos americanos à diocese de Strickland, no Texas, em junho. O Vaticano não informou as razões da visitação apostólica nem as conclusões dos bispos. Segundo a agência Reuters, a ação fez parte de uma investigação sobre a gestão financeira da diocese.

O papa argentino vem adotando medidas para tornar a Igreja mais inclusiva e aberta. Durante uma reunião dos padres jesuítas em Lisboa, o pontífice lamentou a “atitude fortemente reacionária” de alguns católicos. Também declarou que “voltar ao passado é inútil”, sendo necessário “entender que existe uma evolução apropriada na forma de abordar os temas da fé e da moralidade”.

A postura enfrenta a oposição de setores mais conservadores, que acusam o pontífice de 86 anos de contrariar as principais crenças católicas, principalmente com relação ao aborto. Os críticos também condenam o excesso de tolerância com a comunidade LGBTQIA+ e pessoas divorciadas. Os Estados Unidos são o principal polo de resistência.

No início deste ano, em uma mensagem na rede social X, antigo Twitter, Strickland acusou o papa de “minar o depósito da fé”. Em setembro, o bispo comentou os rumores de que estava sendo encorajado a renunciar. O próprio Strickland havia tornado pública as visitas dos bispos do Vaticano.

“Não posso renunciar ao meu cargo de bispo de Tyler porque isso significaria abandonar o rebanho que está aos meus cuidados”, escreveu. “Respeito a autoridade do papa Francisco se ele me destituir dos meus poderes como bispo de Tyler”.

A diocese de Tyler, que possui mais de 120 mil católicos em uma população de cerca de 1,4 milhão de habitantes, de acordo com a Conferência Episcopal Católica dos Estados Unidos, confirmou a destituição. O bispo de Austin, Joe Vasquez, foi nomeado administrador apostólico da diocese. “Nosso trabalho como Igreja Católica no nordeste do Texas continua”, informou a diocese de Tyler. Strickland não fez comentários sobre a demissão. /COM INFORMAÇÕES DE AP E AFP. Fonte: https://www.estadao.com.br

 

1) Oração

Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 14, 25-33)

Naquele tempo, 25Muito povo acompanhava Jesus. Voltando-se, disse-lhes: 26Se alguém vem a mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27E quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo. 28Quem de vós, querendo fazer uma construção, antes não se senta para calcular os gastos que são necessários, a fim de ver se tem com que acabá-la? 29Para que, depois que tiver lançado os alicerces e não puder acabá-la, todos os que o virem não comecem a zombar dele, 30dizendo: Este homem principiou a edificar, mas não pode terminar. 31Ou qual é o rei que, estando para guerrear com outro rei, não se senta primeiro para considerar se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? 32De outra maneira, quando o outro ainda está longe, envia-lhe embaixadores para tratar da paz. 33Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo o que possui não pode ser meu discípulo. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão   Lucas 14,25-33  (Mt 10,37-38)

O evangelho de hoje fala sobre o discipulado e apresenta as condições para alguém poder ser discípulo ou discípula de Jesus. Jesus está a caminho de Jerusalém, onde vai ser preso e morto na Cruz. Este é o contexto em que Lucas coloca as palavras de Jesus sobre o discipulado.

Lucas 14,25: Exemplo de catequese

O evangelho de hoje é um exemplo bonito de como  Lucas transforma as palavras de Jesus em catequese para o povo das comunidades. Ele diz: “Grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele disse”. Jesus fala para as grandes multidões, isto é, fala para todos, inclusive para o povo das comunidades do tempo de Lucas e inclusive para nós hoje. No ensinamento que segue, ele coloca as condições para alguém poder ser discípulo de Jesus.

Lucas 14,25-26: Primeira condição: odiar pai e mãe

Alguns diminuem a força da palavra odiar e traduzem  “dar preferência a Jesus acima dos pais”. O texto original usa a expressão “odiar os pais”. Em outro lugar Jesus manda amar e honrar os pais (Lc 18,20). Como explicar esta contradição? Será que é uma contradição? No tempo de Jesus a situação social e econômica levava as famílias a se fechar sobre si mesmas e as impedia de cumprir a lei do resgate (goel), isto é, de socorrer os irmãos e as irmãos da comunidade (clã) que estavam ameaçados de perder sua terra ou de cair na escravidão (cf. Dt 15,1-18; Lev 25,23-43). Fechadas sobre si mesmas, as famílias enfraqueciam a vida em comunidade. Jesus quer refazer a vida em comunidade. Por isso pede que se rompa a visão estreita da pequena família que se fecha sobre si mesma e pede para que as famílias se abram e se unam entre si na grande família, na comunidade. Este é o sentido de odiar pai e mãe, mulher filhos, irmãos e irmãs. Jesus mesmo, quando os parentes da sua pequena família queiram leva-lo da volta para Nazaré, não atendeu ao pedido deles. Ignorou ou odiou o pedido deles e alargou a família, dizendo: “Meu irmão, minha irmã, minha mãe é todos aquele que faz a vontade do Pai” (Mc 3,20-21.31-35). Os vínculos familiares não podem impedir a formação da Comunidade. Esta é a primeira condição.

Lucas 14,27: Segunda condição: carregar a cruz

“Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo”. Para entender bem o alcance desta segunda exigência devemos olhar o contexto em que Lucas coloca esta palavra de Jesus. Jesus está indo para Jerusalém onde será crucificado e morto. Seguir Jesus e carregar a cruz atrás dele significa ir com ele até Jerusalém para ser crucificado com ele. Isto evoca a atitude das mulheres que “haviam seguido a Jesus e servido a ele, desde quando ele estava na Galiléia. Muitas outras mulheres estavam aí, pois tinham subido com Jesus a Jerusalém” (Mc 15,41). Evoca também a frase de Paulo na carta aos Gálatas: “Quanto a mim, que eu não me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo. Crucificado para o mundo” (Gl 6,14)

Lucas 14,28-32: Duas parábolas

As duas têm o mesmo objetivo: levar as pessoas a pensar bem antes de tomar uma decisão. Na primeira parábola ele diz: “Se alguém de vocês quer construir uma torre, será que não vai primeiro sentar-se e calcular os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, lançará o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso, começarão a caçoar, dizendo: Esse homem começou a construir e não foi capaz de acabar!” Esta parábola não precisa de explicação. Ela fala por si: que cada um reflita bem sobre a sua maneira de seguir Jesus e se pergunte se calculou bem as condições antes de tomar a decisão de ser discípulo de Jesus.

A segunda parábola: “Se um rei pretende sair para guerrear contra outro, será que não vai sentar-se primeiro e examinar bem, se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil?  Se ele vê que não pode, envia mensageiros para negociar as condições de paz, enquanto o outro rei ainda está longe”. Esta parábola tem o mesmo objetivo que a precedente. Alguns perguntam: “Como é que Jesus foi usar um exemplo de guerra?” A pergunta é pertinente para nós que conhecemos as guerras de hoje. Só a segunda guerra mundial (1939 a 1945) causou a morte de 54 milhões de pessoas! Naquele tempo, porém, as guerras eram como a concorrência comercial entre as empresas de hoje que lutam entre si para ter mais lucro.

Lucas 14,33: Conclusão para o discipulado

A conclusão é uma só: ser cristão, seguir Jesus, é coisa séria. Hoje, para muita gente, ser cristão não é opção pessoal nem decisão de vida, mas um simples fenômeno cultural. Não lhes passa pela cabeça de fazer uma opção. Quem nasce brasileiro é brasileiro. Quem nasce japonês é japonês. Não precisa optar. Já nasce assim e vai morrer assim. Muita gente é cristão porque nasceu assim e morre assim, sem nunca ter tido a idéia de optar e de assumir o que já é por nascimento.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Ser cristão é coisa séria. Devo calcular bem minha maneira de seguir Jesus. Como isto acontece na minha vida?

2) “Odiar os pais”; Comunidade ou família! Como você combina as duas coisas? Consegue unir as duas em harmonia?

 

5) Oração final

O Senhor é minha luz e minha salvação; de quem terei medo? O Senhor é quem defende a minha vida;a quem temerei? (Sl 26, 1)

VOCAÇÃO DOS CRISTÃOS À SANTIDADE

Dom Aloísio Alberto Dilli

Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

Caros diocesanos. No dia 01 de novembro ou no domingo seguinte, a Igreja celebra a Solenidade de Todos os Santos e Santas. Motivados também por documento do Papa Francisco, “Gaudete et Exsultate” (2018), desejamos refletir sobre o tema da busca da santidade. No início da realização do Concílio Vaticano II fez-se a pergunta fundamental sobre a identidade da Igreja, surgindo surpreendente resposta, que continua a ecoar até os nossos dias: a Igreja é o Povo de Deus, formado por todos os estados de vida: clero, consagrados/as, leigos e leigas, tendo como base comum o batismo. Assim, nos lembra o documento Lumen Gentium: “Um é o povo eleito de Deus: ‘um só Senhor, uma só fé, um só batismo’ (Ef 4, 5). Comum a dignidade dos membros pela regeneração em Cristo. Comum a graça de filhos. Comum a vocação à perfeição… Todos são chamados à santidade e receberam a mesma fé pela justiça de Deus (2Pdr 1,1)… Reina, contudo, entre todos verdadeira igualdade quanto à dignidade e ação comum a todos os fiéis na edificação do Corpo de Cristo” (LG 32 e 39ss). Com estas palavras conciliares, a Igreja afirma a beleza e a importância de todas as vocações, convidadas a participarem da natureza divina, da santidade de Deus (cf. LG 40). O Papa João Paulo II, no documento Novo Millenio Ineunte, afirma que a santidade é “medida alta da vida cristã ordinária”, e isto vale para todos os batizados/as, para todos os estados de vida (NMI 30-31). Dentro desse espírito eclesial, também o Papa Francisco emitiu o documento citado acima sobre a chamada à santidade de todos/as no mundo atual. 

Sabemos que somente Deus é totalmente santo. Ele é a santidade. Diante dele o resto é profano (Pro fanum = Diante do Santo); mas Deus, no seu infinito amor, quis a pessoa humana participante de sua santidade, criando-a segundo sua imagem e semelhança. Assim se estabelece o grande sonho de Deus e a vocação fundamental do ser humano: tornar-se filho/a, santo/a (cf. 1Pd 1,16). A santidade, portanto, entendida como um chamado para identificação sempre mais perfeita com Deus, é o desafio maior de todos/as nós. Estar unido a Deus é ser santo; afastar-se dele significa estar no pecado e perder a santidade. Por isso, após o pecado de Adão e Eva, aconteceu a encarnação do próprio Deus, em Jesus Cristo, para a remissão. Nele a santidade tornou-se novamente possível. O mundo foi recriado pela presença do Santo, que veio habitar entre nós (Jo 1, 14). Da parte do ser humano exige-se o ato de fé, de adesão à obra redentora. Em meio à sua situação de santo e de pecador (cf. Or. Eucarística V), o ser humano vive um processo contínuo de santificação; ele vai se identificando com o Cristo e sua Páscoa, Aquele que amou sem medida, dando a vida por todos. Assim, podemos dizer que o santo não é uma exceção, mas um modelo de um processo normal de vida cristã. Uma vida cristã que tem o desfecho coerente diante da obra da salvação de Cristo: “A santidade, pois, não é um luxo, uma exceção, um privilégio de alguns. É uma vocação de todo cristão” (A. Burin). Isto é motivo de júbilo, de vitória, de esperança, de louvor a Deus. Portanto, a vocação à santidade não é apenas para aqueles/as que praticam “virtude em grau heróico” e são elevados aos altares, como modelos e intercessores oficiais, mas para todos os batizados em Cristo. Desta forma, o culto dos santos/as torna-se ação de graças da Igreja a Deus por ter tornado visível e concreta a maravilha da santidade em inúmeros de seus membros, graças à sua união sempre mais plena ao Cristo da Páscoa. O mártir ou confessor torna-se sinal privilegiado daquele amor que levou Jesus Cristo a dar a própria vida pelos irmãos na glorificação do Pai. A santidade, portanto, é identificação a Cristo e não exaltação de si mesmo, evitando que o culto dos santos se transforme num culto de heróis. Fonte: https://www.cnbb.org.br

 

Francisco celebrou a missa de Comemoração de todos os Fiéis Defuntos no Cemitério de Guerra de Roma, entre os túmulos dos que morreram na guerra. Cerca de 300 pessoas estiveram presentes. O Papa recordou a tenra idade dos caídos e expressou sua tristeza: "Tantos mortos inocentes, tantas vidas ceifadas, as guerras são sempre uma derrota. Não há vitória total". Ele exortou a pedir a Deus o dom da paz.

 

Salvatore Cernuzio – Vatican News

Hoje, pensando nos mortos, pedimos ao Senhor a paz para que as pessoas não se matem mais nas guerras. Muitos inocentes mortos, muitos soldados que ali perdem a vida. Isso porque as guerras são sempre uma derrota. Sempre.

Francisco levou um buquê de flores brancas, depois uniu as mãos em oração e apoiou o queixo nelas, enquanto, sentado numa cadeira de rodas, se dirigiu rumo ao gramado onde estão as 426 lápides do Cemitério de Guerra de Roma, cemitério que preserva os restos mortais dos militares da Comunidade dos caídos. Este espaço verde criado pelo arquiteto Louis de Soissons após a II Guerra Mundial localizado no bairro Testaccio de Roma, pouco conhecido aos romanos, mas bem visível, Francisco escolheu este ano para celebrar a missa de 2 de novembro, na Comemoração de todos os Fiéis Defuntos.

 

As guerras, sempre uma derrota

Uma tradição realizada várias vezes nesses mais de dez anos de pontificado, com celebrações no Cemitério Laurentino, no Cemitério Militar Francês, no Verano, no Prima Porta e no Cemitério Americano em Nettuno. Lugares de memória, de história, de dor que, nestes tempos dilacerados por conflitos, lembram à humanidade qual é a principal consequência da guerra: a morte. De todos, dos vencedores e dos vencidos. "Sem consciência".

"As guerras são sempre uma derrota. Sempre...", disse o Papa na breve homilia, proferida espontaneamente, repetindo o que já tinha dito nos últimos Angelus desde a eclosão da violência no Oriente Médio.

Muitos jovens e idosos na guerra do mundo, até mesmo perto de nós na Europa. Quantas mortes! Destrói-se a vida, sem consciência disso. Não há vitória total, não. Sim, um vence o outro, mas por trás disso está a derrota do preço pago.

 

Vidas ceifadas

O Pontífice chegou ao Cemitério de Guerra de Roma quase meia hora mais cedo. Primeiro ele cumprimentou, na entrada, o grupo de fiéis que já estava ali há algumas horas, apesar da chuva torrencial da manhã. Depois, sob o mausoléu, apertou a mão dos funcionários da Comissão de Túmulos de Guerra da Comunidade (Cwgc), que cuida da manutenção e gestão do cemitério. Em seguida, o habitual passeio entre os túmulos dos caídos em guerra. Francisco olhava, tentando ler os nomes escritos no mármore. Nomes de diferentes nacionalidades, incluindo militares, soldados e até alguns aviadores que morreram como prisioneiros de guerra em Roma. Nomes ladeados pelo brasão da entidade militar à qual pertenciam, por alguns lemas e sobretudo pelas datas que indicam a idade, ainda que muito jovem, dos falecidos.

Olhei a idade desses caídos, a maioria entre 20 e 30 anos. Vidas ceifadas. E pensei nos pais, nas mães que recebem aquela carta: Senhora, tenho a honra de lhe dizer que tem um filho herói. Sim, herói, mas tiraram ele de mim. Tantas lágrimas nestas vidas interrompidas.

 

Cerca de 300 pessoas presentes sob sol e chuva

Entretanto, das Muralhas Aurelianas que fazem fronteira com o cemitério, um rápido raio de sol estende-se por alguns momentos e abre caminho através das nuvens cinzentas. A chuva voltou a cair forte assim que terminou a homilia e espalhou o cheiro de grama molhada. A terra faz afundar as cadeiras colocadas em frente ao altar, montado sob uma tenda branca exatamente em frente à Pedra da Memória, ou seja, uma grande cruz de pedra.

Cerca de 300 pessoas estiveram presentes, entre sacerdotes, familiares, idosos, militares, autoridades, incluindo o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri. Eles abrem os guarda-chuvas e vestem as capas. Não aplaudem a chegada do Papa, nem comentam nem dizem nenhuma palavra. Mantêm o silêncio que permeia toda a celebração, interrompido apenas pelo choro de uma menina e pelo barulho de uma furadeira nas obras das estradas ali próximas.

 

Memória e esperança

Esta celebração, disse o Papa no início de sua reflexão, "nos traz dois pensamentos: memória e esperança". A "memória daqueles que nos precederam, que fizeram suas vidas, que terminaram suas vidas". Memória de "tantas pessoas que nos fizeram bem, familiares, amigos, memória também daqueles que não fizeram tanto bem, mas que na misericórdia de Deus foram acolhidos, a grande misericórdia do Senhor".

Depois a esperança, repetiu o Papa: “Esta é uma memória para olhar em frente, para olhar o nosso caminho, a nossa estrada”.

Caminhamos para um encontro com o Senhor. Devemos pedir a graça da esperança... A esperança de todos os dias que nos leva adiante, nos ajuda a resolver os problemas.

 

Pedir a Deus a paz

Francisco olhou para os acontecimentos atuais, para este mundo ferido pelas guerras. Como no passado, ele dirigiu o seu pensamento às famílias de quem morre no campo de batalha. “Tantas lágrimas nestas vidas interrompidas”, repetiu. Depois exortou os presentes a invocar a paz de Deus e a rezar pelos “nossos defuntos”, de hoje e de ontem, “por todos”.

Que o Senhor receba a todos. E que o Senhor também tenha piedade de nós e nos dê esperança para seguir em frente e encontrá-los todos juntos quando Ele nos chamar. Que assim seja.

No final da liturgia marcada por cantos e orações, pelo sol e pela chuva, ouve a oração do Descanso Eterno. Depois, acompanhado de aplausos e gritos de “Viva o Papa” por trás dos portões, Francisco lentamente se dirigiu em direção à saída, com a cabeça voltada para baixo. Deu um último olhar nas lápides de mármore que contêm uma vida inteira. Uma vida "ceifada". Fonte: https://www.vaticannews.va 

 

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 13, 22-30)

22Sempre em caminho para Jerusalém, Jesus ia atravessando cidades e aldeias e nelas ensinava.23Alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os homens que se salvam? Ele respondeu:24Procurai entrar pela porta estreita; porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não o conseguirão.25Quando o pai de família tiver entrado e fechado a porta, e vós, de fora, começardes a bater à porta, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos, ele responderá: Digo-vos que não sei de onde sois.26Direis então: Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste em nossas praças.27Ele, porém, vos dirá: Não sei de onde sois; apartai-vos de mim todos vós que sois malfeitores.28Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus, e vós serdes lançados para fora.29Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus.30Há últimos que serão os primeiros, e há primeiros que serão os últimos.

 

3) Reflexão   Lucas 13, 22-30

O evangelho de hoje traz mais um episódio acontecido durante a longa caminhada de Jesus desde a Galiléia até Jerusalém, cuja descrição ocupa mais de uma terça parte do evangelho de Lucas (Lc 9,51 a 19,28).

Lucas 13,22: A caminho de Jerusalém

“Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo caminho para Jerusalém”.  Mais uma vez Lucas menciona que Jesus está a caminho de Jerusalém. Durante os dez capítulos que descrevem a viagem até Jerusalém (Lc 9,51 a 19,28), Lucas, constantemente, lembra que Jesus está a caminho de Jerusalém (Lc 9,51.53.57; 10,1.38; 11,1; 13,22.33; 14,25; 17,11; 18,31; 18,37; 19,1.11.28). O que é claro e definido, desde o começo, é o destino da viagem: Jerusalém, a capital, onde Jesus será preso e morto (Lc 9,31.51). Raramente, informa o percurso e os lugares por onde Jesus passava. Só no começo da viagem (Lc 9,51), no meio (Lc 17,11) e no fim (Lc 18,35; 19,1), ficamos sabendo algo a respeito do lugar por onde Jesus estava passando. Deste modo, Lucas sugere o seguinte ensinamento: temos que ter claro o objetivo da nossa vida, e assumi-lo decididamente como Jesus fez. Devemos caminhar. Não podemos parar. Nem sempre, porém, é claro e definido por onde passamos. O que é certo é o objetivo: Jerusalém, onde nos aguarda o “êxodo” (Lc 9,31), a paixão, morte e ressurreição.

Lucas 13,23: A pergunta sobre os número dos que se salvam

Nesta caminhada para Jerusalém acontece de tudo: informações sobre massacres e desastres (Lc 13,1-5), parábolas (Lc 13,6-9.18-21), discussões (Lc 13,10-13) e, no evangelho de hoje, perguntas do povo: "Senhor, é verdade que são poucos aqueles que se salvam?"  Sempre a mesma pergunta em torno da  salvação!

Lucas 13,24-25: A porta estreita

Jesus diz que a porta é estreita: "Façam todo o esforço possível para entrar pela porta estreita, porque eu lhes digo: muitos tentarão entrar, e não conseguirão”.  Será que Jesus diz isto só para encher-nos de medo e obrigar-nos a observar a lei como ensinavam os fariseus? O que significa esta porta estreita? De que porta se trata? No Sermão da Montanha Jesus sugere que a entrada para o Reino tem oito portas. São as oito categorias de pessoas das bem-aventuranças: (1) pobres em espírito, (2) mansos, (3) aflitos, (4) famintos e sedentos de justiça, (5) misericordiosos, (6) puros de coração, (7) construtores da paz e (8) perseguidos por causa da justiça (Mt 5,3-10). Lucas as reduziu para quatro: (1) pobres, (2) famintos, (3) tristes e (4) perseguidos (Lc 6,20-22). Só entra no Reino quem pertence a uma destas categorias enumeradas nas bem-aventuranças. Esta é a porta estreita. É o novo olhar sobre a salvação que Jesus nos comunica. Não há outra porta! Trata-se da conversão que Jesus pede de nós. Ele insiste: "Façam todo o esforço possível para entrar pela porta estreita, porque eu lhes digo: muitos tentarão entrar, e não conseguirão. Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vocês vão ficar do lado de fora. E começarão a bater na porta, dizendo: Senhor, abre a porta para nós! E ele responderá: Não sei de onde são vocês”. Enquanto a hora do julgamento não chegar, é tempo favorável para a conversão, para mudar nossa visão sobre a salvação e entrar em uma das oito categorias.

Lucas 13,26-28: O trágico mal-entendido

Deus responde aos que batem na porta: “Não sei de onde são vocês”. Mas eles insistem e argumentam: Nós comíamos e bebíamos diante de ti, e tu ensinavas em nossas praças! Não basta ter convivido com Jesus, de ter participado da multiplicação dos pães e de ter escutado seus ensinamentos nas praças das cidades e povoados. Não basta ter ido à igreja e de ter participado das instruções do catecismo. Deus responderá: Não sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, todos vocês que praticam injustiça!”. Mal-entendido trágico e falta total de conversão, de compreensão. Jesus declara injustiça aquilo que os outros consideram ser coisa justa e agradável a Deus. É uma visão totalmente nova sobre a salvação. A porta é realmente estreita.

Lucas 13,29-30: A chave que explica o mal-entendido

“Muita gente virá do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. Vejam: há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos".  Trata-se da grande mudança que se operou com a vinda de Deus até nós em Jesus. A salvação é universal e não só do povo judeu. Todos os povos terão acesso e poderão passar pela porta estreita.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Ter o objetivo claro e caminhar para Jerusalém: Será que tenho objetivos claros na minha vida  ou deixo-me levar pelo vento do momento da opinião pública?

2) A porta é estreita. Qual a visão que tenho da Deus, da vida, da salvação?

 

5) Oração final

Glorifiquem-vos, Senhor, todas as vossas obras, e vos bendigam os vossos fiéis. Que eles apregoem a glória de vosso reino, e anunciem o vosso poder. (Sl 144, 10-11)

No domingo, 29 de outubro, o pe. Thaddeus Tarhembe foi levado à força por um grupo de criminosos no nordeste do país. Apenas duas semanas atrás, o ataque a um mosteiro beneditino custou a vida de um noviço. Houve pelo menos trinta sequestros de membros do clero desde o início de 2023.

 

Marco Guerra – Vatican News

Não há segurança para as comunidades cristãs na Nigéria, onde ocorreu mais um sequestro de um sacerdote no último domingo (29/10). A vítima é o padre Thaddeus Tarhembe, que foi levado à força por um grupo armado que invadiu a paróquia de Santa Ana, localizada no Estado de Taraba, no nordeste do país. O fato foi relatado pela agência de notícias Fides. Dom Mark Nzukwein, bispo de Wukari, num comunicado divulgado pelo porta-voz da diocese, confirmou que o pároco foi sequestrado na Casa Paroquial da igreja.

 

O assalto ao mosteiro beneditino

O sequestro para fins de extorsão tornou-se há muito tempo uma verdadeira “indústria” para grupos criminosos na Nigéria. Quem paga o preço são os cidadãos comuns, mas também membros do clero, capturados durante sequestros que ocorrem na rua ou, como neste caso, em assaltos reais, geralmente à noite, a conventos e casas paroquiais. Em 17 de outubro, uma gangue de pastores Fulani entrou no mosteiro beneditino de Eruku, no Estado de Kwara, no centro-norte da Nigéria, e ali capturou um noviço, Godwin Eze, mais tarde morto pelos sequestradores, e dois postulantes, Anthony Eze e Peter Olarewaj, posteriormente libertados.

 

Monteduro: cerca de trinta sequestros em 2023

"Em 2022, somente na Nigéria, houve 32 sequestros contra membros do clero, religiosos e religiosas. Este ano, já estamos em um número semelhante, cerca de trinta", explica o diretor da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre - Itália, Alessandro Monteduro, num comunicado à imprensa, lembrando que os cristãos na Nigéria não são uma minoria. O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, também interveio no assunto com uma mensagem no X: "Rezo pelo padre Thaddeus Tarhembe, para que ele seja libertado. Continuarei lutando para proteger as minorias cristãs no mundo. A liberdade religiosa é uma prioridade de nossa política externa". Fonte: https://www.vaticannews.va

 

Dom Carmo João Rhoden

Bispo Emérito de Taubaté (SP) 

 

Texto referencial: “Estais, pois, preparados porque a hora em que não pensais, virá o Filho do homem”. (Lc 12, 35-40) 

A pós-modernidade, indiscutivelmente, é antropocêntrica, mas ninguém nega que, se nascendo, também se morre. Aliás, o que se mais teme é a morte: a finitude é nosso maior problema. Reclama-se da vida, acusa-se, mas ninguém quer morrer. Não sem razão, que o pensamento ocidental (Europa), tanto alude às angústias. Em nossos dias, às vezes, até jovens falam do não sentido da vida. Há mesmo, quem ocorre ao suicídio, pois afirmam que não vale a pena viver. 

Nós cristãos, não podemos pensar assim. Não somos ingênuos: mas temos esperança. Devemos, aliás, alimentá-la sempre. Portanto, não basta viver, nem adianta temer a morte. É preciso enfrentá-la como cristãos. Por isso, cabe-nos investir no sentido pleno da vida: assumindo-a. Jesus é nossa referência básica. Fundamental. Não lemos apenas os filósofos, mas a Escritura Sagrada, mormente o Novo Testamento. Jesus teve solidariedade conosco. Veio ao nosso encontro, encarnando-se. Não negou que haja sofrimento, assumiu-o como amor. Foi realista. Foi injustiçado e morto, mas ressuscitou e prometeu o mesmo a todos os que nele crescem, amassem o dom da vida, cultivando-a.  

O dia dos Finados não é apenas uma ocasião para dirigir-se ao cemitério, levando flores. É bom não esquecermos nossos entes queridos. É, deveras, lamentável que certos filhos(as), hoje fazem: esquecem seus falecidos, entre eles: pais e irmãos. Parecem pagãos. Portanto, Finados é um dia em que lembramos que somos finitos, morreremos. Mas, que ressuscitaremos. Cristo está conosco. Ele foi preparar-nos um lugar. Quer-nos eternamente na casa do Pai. Felizes. Por isso, leiamos a Palavra de Deus e sejamos cristãos que amam e oram, construindo o Reino de Deus. Finados é dia de Esperança e fé. Podemos até levar flores aos túmulos dos nossos, mas não os esqueçamos na oração e na gratidão. Sejamos cristãos, realmente. Fonte: https://www.cnbb.org.br

Opus Dei completa 95 anos 'em guerra' com o Papa Francisco

Mais poderoso grupo católico, com 4 mil sacerdotes em 67 países, ‘Igreja dentro da Igreja’ tem sua influência e independência questionadas pelo pontífice

 

Por 

Alessandro Soler 

— Madri

Os 95 anos de fundação do mais poderoso grupo católico do mundo, completados no último dia 2, provavelmente estão sendo menos festivos — e mais cheios de sombras — do que desejariam seus líderes. E a razão principal é a “guerra” que vaticanistas afirmam haver entre o Papa Francisco e a Opus Dei, instituição criada em 1928 por São Josemaría Escrivá, um sacerdote conservador espanhol canonizado em 2002 por iniciativa do então Papa João Paulo II.

Com status único no contexto do catolicismo, concedido também por Karol Wojtyła há mais de quatro décadas, a Opus é uma prelazia pessoal. Ou seja, uma espécie de diocese sem território, na qual seu líder tem ascendência sobre um rebanho de 93 mil afiliados diretos, 4 mil sacerdotes e 600 mil participantes dos seus projetos — entre eles dezenas de colégios e universidades — em 67 países. Tudo isso sem precisar prestar contas a bispos locais.

Tradicionalmente ligada às elites econômicas e às forças políticas de direita nos territórios onde tem mais força — principalmente na Espanha, onde surgiu, mas também na América Latina, na Itália e na França —, a organização tem visto como, desde o ano passado, uma série de decisões do Papa argentino colocam em xeque seu poder e sua influência. Uma tendência que, para alguns analistas, deve seguir.

Veja fotos do Papa Francisco no Santuário de Fátima, em Portugal

Em julho de 2022, veio o primeiro golpe. Por meio de um decreto papal, Francisco rebaixou o status do líder máximo da Opus, conhecido como prelado — cargo hoje ocupado pelo sacerdote espanhol Fernando Ocáriz. Com a decisão, os prelados já não podem virar bispos nem usar símbolos como o anel e as vestimentas episcopais. Além disso, a Opus passou a se remeter ao Dicastério para o Clero, um órgão “menor” do que a Conferência dos Bispos, à qual antes estava subordinada. Mais: em vez de elaborar um relatório minucioso das suas atividades a cada cinco anos, Francisco quer que a Obra — como também é chamada a organização — preste contas anualmente.

— Sempre se disse que a Opus é uma Igreja dentro da Igreja, rompendo a cadeia de comando da hierarquia eclesiástica e embrenhando-se nas instituições dos Estados. Francisco, ao regular essa pulsão por poder, faz um grande serviço não só para a Igreja, mas para toda a sociedade — disse o teólogo Álvaro Ramos, da Universidade Academia de Humanismo Cristão, de Santiago (Chile). 

 

Rebaixamento

Para ele, o Papa Francisco, ligado a correntes progressistas dentro da Igreja, quer pôr fim a décadas de privilégios de uma organização que ganhou impulso durante o regime do ditador espanhol Francisco Franco, quando passou a ocupar diferentes ministérios. Dali, seus dirigentes teriam saltado para a administração de grandes empresas estatais e privadas. E o mesmo modus operandi se reproduziria em outros países, com a expansão latino-americana da Opus turbinada durante as ditaduras de Brasil, Chile e Argentina.

Em agosto, Francisco editou um novo decreto, “rebaixando” ainda mais a entidade. A atual prelazia pessoal passará a ser tratada como uma simples associação católica com o poder de incorporar sacerdotes aos seus quadros. Um status de que já goza, por exemplo, a Comunidade Emanuel, associação dedicada a trabalhos de caridade e imigrantes.

— Francisco já tem idade avançada, talvez lhe falte vigor físico para esta guerra. Mas ele está incomodado com o poder acumulado pela Opus e outros grupos ultraconservadores. É interessante que ele nunca, desde que assumiu, veio à Espanha, onde a alta hierarquia do clero lhe é particularmente hostil. Mas acaba de emplacar na Arquidiocese de Madri um arcebispo próximo, está deixando seu legado e equilibrando o jogo em favor dos progressistas. E não deve parar — disse Alexandre Nicolae Muscalu, historiador e pesquisador da história das religiões.

Publicamente, os dirigentes da Opus garantem não haver qualquer briga. Para a chefe da Comunicação da entidade na Espanha, Almudena Calvo, a razão de ser da organização é “estar a serviço do Papa e da Igreja”.

— (O fundador) São Josemaría encorajou-nos a ter um grande carinho pelo Papa, seja quem for em cada momento, e é assim que vivemos o relacionamento com o Romano Pontífice — pontuou. — Quanto à ideia de uma perda de influência do Opus Dei após estas mudanças, vale a pena recordar as palavras do monsenhor Fernando Ocáriz, que afirmou que 'muitas vezes há uma tendência para ler a realidade em termos de poder e polarização'. Na Igreja e na Obra, estamos distantes dessas lógicas.

Na mesma entrevista ao GLOBO, Calvo abordou outro tema incômodo, que de tempos em tempos volta à tona: as acusações de trabalho escravo que recaem sobre a Opus. A mais recente foi na Argentina, onde 43 ex-numerárias auxiliares (base da cadeia hierárquica da organização) disseram ter sido submetidas a anos de servidão aos seus dirigentes em condições análogas à escravidão: sem salário, descanso ou aposentadoria.

— Esta acusação é totalmente falsa e faz uma referência enganosa e descontextualizada a uma iniciativa socioeducativa sem fins lucrativos que foi aprovada e supervisionada pelas autoridades estatais competentes na Argentina por mais de 40 anos — afirmou a representante da prelazia.

Na Espanha, existem denúncias similares. Uma ex-numerária auxiliar identificada como Soledad contou ter passado 26 anos “sem receber nada, em jornadas extenuantes e sem seguridade social”.

— Me liguei à Opus aos 18 anos. Disseram que eu ia ser santa e que Deus estava prestando atenção em mim. Aquilo me causou enorme impressão. As auxiliares cuidam dos afazeres domésticos. Não me deixaram estudar teologia, as mulheres os servem e os obedecem — afirmou Soledad.

 

Como outras numerárias auxiliares, Soledad, mesmo sem votos religiosos, disse ter tido de se submeter à mais estrita castidade:

— O desejo por outra pessoa é pecado mortal. Por anos, aguentei, até que tive um problema de saúde mental e quis sair. O processo é longo e doloroso. E, quando uma pessoa sai, é excluída. Ninguém de lá jamais me ligou para saber como eu estava.

O abandono relatado por Soledad é, como descreveu Muscalu, um indício do “sectarismo” da Opus — uma organização que não toleraria dissidências, degredando seus ex-membros. Para o historiador, a teia de infiltração de membros da Obra entre ricos e altos hierarcas dos três poderes sempre foi construída subterraneamente. A luz que Francisco lança sobre a organização traz dúvidas sobre a manutenção desse poder:

— É verdade que a Obra há décadas se voltou para um forte trabalho junto à juventude, de formação segundo suas balizas e visões de mundo ultraconservadoras, antiaborto, homofóbicas. Mas, hoje em dia, essas pautas foram capturadas na América Latina pelos evangélicos, daí a perda de influência da organização fora da Espanha. Se conseguirá se manter relevante, com a concorrência de tantos novos grupos, e sob essas investidas do Papa, só o tempo vai dizer — disse Muscalu.

  

‘Pessoas normais’

Mas, na Espanha, o crescimento de grupos conservadores, como o partido político Vox , podem manter parte da influência da Opus no local onde nasceu.

A chefe da Comunicação da Opus Dei, Almudena Calvo, nega que as pessoas da prelazia sofram autoflagelações e sacrifício físico:

— As pessoas do Opus Dei são normais e comuns, integradas na sociedade, se vinculam à Obra e são livres para sair e optar por outro estilo de vida. A mortificação cristã, própria da Igreja Católica, que os membros da Obra praticam livre e voluntariamente, tem um sentido próprio, que não tem nada a ver com o que você propõe. Exageros que foram levados a reportagens e filmes deformam a realidade. Fonte: https://oglobo.globo.com

 

Dom Vital Corbellini

Bispo de Marabá (PA)  

O dia de finados, dois de novembro, está se aproximando de modo que é fundamental pensar na morte como passagem e na vida presente em ligação com a vida futura, a vida eterna. É o dia de fazer visita ao cemitério, rezar pelas pessoas que marcaram a existência familiar, comunitária, social e na unidade com o Senhor e com a Igreja. A morte faz parte da natureza humana. É o fim das funções vitais do ser humano, nos animais ou em todo organismo vivente1. Ninguém gostaria de morrer, porque todos buscam a vida, mas a morte das coisas e dos seres humanos é a certeza de que todas as pessoas passarão com os seus orgulhos, vaidades, prepotências, dinheiro, riquezas, colocando-se nestas suas vulnerabilidades, mas para as pessoas que ouvem e praticam a Palavra de Deus, de Jesus Cristo terão a alegria e o amor pela vida verdadeira, numa dimensão de permanência para sempre, de modo que se muitas coisas terminam com a morte, outras ficarão para sempre. Será importante perceber estas visões da morte e da vida a partir dos santos padres da Igreja, os primeiros escritores cristãos.  

 

O motivo da ressurreição. 

Tertuliano, Padre da Igreja dos séculos II e III, norte da África, dizia que o motivo da ressurreição dos corpos é o julgamento fixado por Deus no qual o próprio ser humano havia existido seja também reproduzido para receber de Deus a recompensa do bem e o castigo do mal. Os corpos serão reconstituídos, porque a alma sozinha não pode sofrer nada, sem uma matéria estável, a carne, e porque o tratamento que as almas sofrerão em virtude do julgamento não foi merecido por elas sem a carne na qual fizeram tudo2. Com a morte, o corpo volta ao nada, mas um dia ressurgirá ou para a condenação eterna ou para a vida eterna, devido ao mal ou ao bem realizados na vida.  

 

A morte em vista da imortalidade. 

São Cipriano, Bispo de Cartago, no século III afirmou que quando a morte toca o ser humano, este passa à imortalidade, pois a vida eterna não ocorre se antes a pessoa não saiu da vida terrena. A morte humana não é um fim de tudo, mas uma passagem, uma transferência para a eternidade, após ter percorrido toda a estrada no tempo. Desta forma quem não se apressará para uma condição melhor? Quem não desejará transformar-se à imagem de Cristo no esplendor da graça celeste?3 Mas para chegar à esta nova condição será preciso uma vida em unidade com Deus e com as pessoas. 

 

O altar une a vida dos mortos. 

Santo Agostinho, bispo de Hipona, dos séculos IV e V, teve presentes as últimas palavras de sua mãe, antes de sua morte. Mônica, uma mulher que viveu a graça de Deus da santidade, disse para ele e para o seu irmão em Óstia, Itália: “Enterrai este corpo em qualquer lugar, e não vos preocupeis com ele. Faço-vos apenas um pedido: lembrai-vos de mim no altar do Senhor, seja qual for o lugar em que estiverdes”4. A oração pelos mortos é muito importante em vista da vida eterna. 

 

O Senhor passou pela morte. 

Santo Agostinho, ainda afirmou que o Senhor Jesus também passou pela morte, para dar a todas as pessoas a verdadeira vida. Uma vez que o ser humano estava no pecado e na morte, de modo que Ele assumiu a natureza humana e resgatou a todos do pecado e da morte. Ele prometeu a sua vida para todas as pessoas que o seguem; no entanto ele teve a sua morte como dom para toda a humanidade. É como se Ele tivesse dito que convidava a todos para a sua vida, onde nenhuma pessoa morre e onde haverá a vida verdadeira, a eterna, no Reino dos céus. No entanto antes ele teve que passar pela morte e a morte das pessoas para chegar à vida eterna5. O bispo de Hipona ressaltou a união com o Senhor ainda nesta vida em vista da futura: “Ora pois, que vivemos nesta carne corruptível, morrermos com Cristo imitando o comportamento, e amando a justiça, vivamos com Cristo”6.  

 

A morte está presente no ser humano.  

Santo Agostinho também disse que do momento em que uma pessoa inicia a existir neste mundo, é destinada à morte, ainda que nela não tenha este desejo de um avanço na morte. Porém é natural esta caminhada, sendo da própria mudança do corpo e da vida, em todo o tempo desta vida, a pessoa avança junto à morte. A pessoa percebe que um ano após a sua vida, no aniversário do ano seguinte, o seu corpo não é mais o mesmo, pois cada dia torna-se sempre menos as forças daquelas que poderiam permanecer, porque as energias são consumidas diariamente. Diante desta realidade natural, que é a morte, o bispo de Hipona também afirmou a importância de percorrer uma estrada mais longa, aquela dada pelo Senhor, da sua vida imortal, a eterna7.   

 

A morte diária. 

Santo Ambrósio, bispo de Milão, no século IV afirmou que a pessoa humana morre diariamente no desejo e em ato, por causa das limitações das coisas para assim viver com Jesus Cristo. Existindo o médico, deve-se usar o remédio que é graça de Cristo, sabendo que o corpo de morte é o próprio corpo. Desta forma a pessoa pode se afastar do corpo, mas não pode se afastar de Cristo. Estando no corpo, a pessoa não abandone as leis naturais, mas as preferências são os dons da graça do Senhor8.  

 

A morte redentora. 

Santo Ambrósio também afirmou que a um só homem, o mundo foi redimido, de modo que a sua morte foi redentora, a do Senhor Jesus. Ele não julgou fugir da morte como coisa inútil, nem que salvaria a humanidade, evitando a morte. Assim a morte de Jesus é a vida de toda a humanidade. Todas as coisas são marcadas pela sua morte, porque na oração anuncia-se a sua morte, também no oferecimento da eucaristia, anuncia-se a sua morte. A morte do Senhor Jesus é vitória, é sacramento, é a solenidade anual do mundo9.  

O dia de Finados não é o dia de tristeza mas de fé, de esperança e de caridade pela vida de muitas pessoas que partiram desta vida e elas se encontraram com Deus, pelo bem realizado neste mundo. Será um dia de agradecimento a Deus pelo dom de suas vidas e de oração em vista de seu descanso eterno. A vida presente passa de modo que é preciso realizar obras de caridade e de amor para assim a pessoa se apresentar bem diante de Deus Uno e Trino em vista da vida eterna. Fonte: https://www.cnbb.org.br

 

A Carta da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos ao Povo de Deus foi publicada nesta quarta-feira. A leitura do esboço da Carta foi recebida com aplausos pela assembleia na manhã de terça-feira.

 

Vatican News

Publicada nesta quarta-feira a Carta da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos ao Povo de Deus. Eis a integrada da mesma:

 

Queridas irmãs e irmãos,

ao chegar ao fim dos trabalhos da primeira sessão da XVIª- Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, queremos, com todos vós, dar graças a Deus pela bela e rica experiência que tivemos. Vivemos este tempo abençoado em profunda comunhão com todos vós. Fomos sustentados pelas vossas orações, trazendo conosco as vossas expectativas, os vossos questionamentos, e também os vossos receios. Já passaram dois anos desde que, a pedido do Papa Francisco, iniciámos um longo processo de escuta e discernimento, aberto a todo o povo de Deus, sem excluir ninguém, para "caminhar juntos", sob a guia do Espírito Santo, discípulos missionários no seguimento de Jesus Cristo.

A sessão que nos reuniu em Roma desde 30 de setembro foi um passo importante neste processo. Em muitos aspectos, foi uma experiência sem precedentes. Pela primeira vez, a convite do Papa Francisco, homens e mulheres foram convidados, em virtude do seu batismo, a sentarem-se à mesma mesa para participarem não só nos debates mas também nas votações desta Assembleia do Sínodo dos Bispos. Juntos, na complementaridade das nossas vocações, carismas e ministérios, escutámos intensamente a Palavra de Deus e a experiência dos outros. Utilizando o método do diálogo no Espírito, partilhámos humildemente as riquezas e as pobrezas das nossas comunidades em todos os continentes, procurando discernir aquilo que o Espírito Santo quer dizer à Igreja hoje. Assim, experimentámos também a importância de promover intercâmbios mútuos entre a tradição latina e as tradições do Oriente cristão. A participação de delegados fraternos de outras Igrejas e Comunidades eclesiais enriqueceu profundamente os nossos debates.

A nossa assembleia decorreu no contexto de um mundo em crise, cujas feridas e escandalosas desigualdades ressoaram dolorosamente nos nossos corações e conferiram aos nossos trabalhos uma gravidade peculiar, tanto mais que alguns de nós provinham de países onde a guerra deflagra. Rezámos pelas vítimas da violência assassina, sem esquecer todos aqueles que a miséria e a corrupção atiraram para os perigosos caminhos da migração. Comprometemo-nos a ser solidários e empenhados ao lado das mulheres e dos homens que operam em todo lugar do mundo como artesãos da justiça e da paz.

A convite do Santo Padre, demos um importante espaço ao silêncio para favorecer entre nós a escuta respeitosa e o desejo de comunhão no Espírito. Durante a vigília ecuménica de abertura, experimentámos o quanto a sede de unidade cresce na contemplação silenciosa de Cristo crucificado. "A cruz é, de facto, a única cátedra d'Aquele que, dando a sua vida pela salvação do mundo, confiou os seus discípulos ao Pai, para que 'todos sejam um' (Jo 17,21)". Firmemente unidos na esperança que a Sua ressurreição nos dá, confiámos-lhe a nossa Casa comum, onde o clamor da terra e o clamor dos pobres ressoam cada vez com mais urgência: "Laudate Deum! ", recordou o Papa Francisco logo no início dos nossos trabalhos.

Dia após dia, sentimos um apelo premente à conversão pastoral e missionária. Com efeito, a vocação da Igreja é anunciar o Evangelho não se centrando em si mesma, mas pondo-se ao serviço do amor infinito com que Deus ama o mundo (cf. Jo 3,16). Quando lhes perguntaram o que esperam da Igreja por ocasião deste Sínodo, alguns sem-abrigo que vivem perto da Praça de S. Pedro responderam: "Amor! ". Este amor deve permanecer sempre o coração ardente da Igreja, o amor trinitário e eucarístico, como recordou o Papa evocando a mensagem de Santa Teresa do Menino Jesus a 15 de outubro, a meio da nossa assembleia. É a "confiança" que nos dá a audácia e a liberdade interior que experimentámos, não hesitando em exprimir livre e humildemente as nossas convergências e as nossas diferenças, os nossos desejos e as nossas interrogações, livre e humildemente.

E agora? Gostaríamos que os meses que nos separam da segunda sessão, em outubro de 2024, permitam a todos participar concretamente no dinamismo de comunhão missionária indicado pela palavra "sínodo". Não se trata de uma questão de ideologia, mas de uma experiência enraizada na Tradição Apostólica. Como o Papa reiterou no início deste processo, "Comunhão e missão correm o risco de permanecer termos algo abstractos se não cultivarmos uma práxis eclesial que exprima a concretude da sinodalidade (...), promovendo o envolvimento real de todos e de cada um" (9 de outubro de 2021). Os desafios são muitos, as questões numerosas: o relatório de síntese da primeira sessão esclarecerá os pontos de acordo alcançados, destacará as questões em aberto e indicará a forma de prosseguir os trabalhos.

Para progredir no seu discernimento, a Igreja precisa absolutamente de escutar todos, a começar pelos mais pobres. Isto exige, de sua parte, um caminho de conversão, que é também um caminho de louvor: "Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos" (Lc 10,21)! Trata-se de escutar aqueles que não têm direito à palavra na sociedade ou que se sentem excluídos, mesmo da Igreja. Escutar as pessoas que são vítimas do racismo em todas as suas formas, especialmente, nalgumas regiões, os povos indígenas cujas culturas foram desprezadas. Acima de tudo, a Igreja do nosso tempo tem o dever de escutar, em espírito de conversão, aqueles que foram vítimas de abusos cometidos por membros do corpo eclesial e de se empenhar concreta e estruturalmente para que isso não volte a acontecer. A Igreja precisa de escutar os leigos, mulheres e homens, todos chamados à santidade em virtude da sua vocação batismal: o testemunho dos catequistas, que em muitas situações são os primeiros anunciadores do Evangelho; a simplicidade e a vivacidade das crianças, o entusiasmo dos jovens, as suas interrogações e as suas chamadas; os sonhos dos idosos, a sua sabedoria e a sua memória.

A Igreja precisa de colocar-se à escuta das famílias, as suas preocupações educativas, o testemunho cristão que oferecem no mundo de hoje. Precisa de acolher as vozes daqueles que desejam se envolver em ministérios leigos ou em órgãos participativos de discernimento e de tomada de decisões. Para progredir no discernimento sinodal, a Igreja tem particular necessidade de recolher ainda mais a palavra e a experiência dos ministros ordenados: os sacerdotes, primeiros colaboradores dos bispos, cujo ministério sacramental é indispensável à vida de todo o corpo; os diáconos, que com o seu ministério significam a solicitude de toda a Igreja ao serviço dos mais vulneráveis. Deve também deixar-se interpelar pela voz profética da vida consagrada, sentinela vigilante dos apelos do Espírito. Precisa ainda de estar atenta a todos aqueles que não partilham a sua fé, mas que procuram a verdade e nos quais o Espírito, que "a todos dá a possibilidade de se associarem a este mistério pascal por um modo só de Deus conhecido" (Gaudium et spes 22), também está presente e atua.

"O mundo em que vivemos, e que somos chamados a amar e a servir mesmo nas suas contradições, exige da Igreja o reforço das sinergias em todos os âmbitos da sua missão. É precisamente o caminho da sinodalidade que Deus espera da Igreja do terceiro milénio" (Papa Francisco, 17 de outubro de 2015). Não tenhamos medo de responder a este apelo. A Virgem Maria, a primeira no caminho, nos acompanha em nossa peregrinação. Nas alegrias e nas fadigas, ela mostra-nos o seu Filho que nos convida à confiança. É Ele, Jesus, a nossa única esperança!

Cidade do Vaticano, 25 de outubro de 2023

Fonte: https://www.vaticannews.va

 

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 12, 39-48)

39Sabei, porém, isto: se o senhor soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e não deixaria forçar a sua casa. 40Estai, pois, preparados, porque, à hora em que não pensais, virá o Filho do Homem. 41Disse-lhe Pedro: Senhor, propões esta parábola só a nós ou também a todos? 42O Senhor replicou: Qual é o administrador sábio e fiel que o senhor estabelecerá sobre os seus operários para lhes dar a seu tempo a sua medida de trigo? 43Feliz daquele servo que o senhor achar procedendo assim, quando vier! 44Em verdade vos digo: confiar-lhe-á todos os seus bens. 45Mas, se o tal administrador imaginar consigo: Meu senhor tardará a vir, e começar a espancar os servos e as servas, a comer, a beber e a embriagar-se, 46o senhor daquele servo virá no dia em que não o esperar e na hora em que ele não pensar, e o despedirá e o mandará ao destino dos infiéis. 47O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes. 48Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes. Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém, dele mais se há de exigir.

 

3) Reflexão   Lucas 12,39-48

O evangelho de hoje traz novamente uma exortação à vigilância com outras duas parábolas. Ontem, a parábola era de patrão e empregado (Lc 12,36-38). Hoje, a primeira parábola é do dono de casa e do ladrão (Lc 12,39-40) e a outra fala do proprietário e do administrador (Lc 12,41-47). 

Lucas 12,39-40: A parábola do dono da casa e do ladrão

“Fiquem certos: se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que lhe arrombasse a casa. Vocês também estejam preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que vocês menos esperarem”.  Assim como o dono da casa não sabe a que hora chega o ladrão, assim ninguém sabe a hora da chegada do Filho do Homem. Jesus deixa bem claro: "Quanto a esse dia e essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai!" (Mc 13,32). Hoje, muita gente vive preocupada com o fim do mundo. Nas ruas das cidades, se vê escrito nas paredes: Jesus voltará!  Teve até gente que, angustiada com a proximidade do fim do mundo, chegou a cometer suicídio. Mas o tempo passa e o fim não chega! Muitas vezes, a afirmação “Jesus voltará” é usada para meter medo nas pessoas e obrigá-las a freqüentar uma determinada igreja! De tanto esperar e especular em torno da vinda de Jesus, muita gente já nem percebe mais a presença dele no meio de nós, nas coisas mais comuns da vida, nos fatos do dia-a-dia. Pois o que importa mesmo não é saber a hora do fim deste mundo, mas sim ter um olhar capaz de perceber a vinda de Jesus já presente no meio de nós na pessoa do pobre (cf Mt 25,40) e em tantos outros modos e acontecimentos da vida de cada dia.

Lucas 12,41: A pergunta de Pedro

“Então Pedro disse a Jesus: "Senhor, estás contando essa parábola só para nós, ou para todos?"  Não se vê bem o porquê desta pergunta de Pedro. Ela evoca um outro episódio, no qual Jesus respondeu a uma pergunta semelhante dizendo: “A vocês é dado conhecer o mistério do Reino de Deus, mas aos outros tudo é dado a conhecer em parábolas”  (Mt 13,10-11; Lc 8,9-10).

Lucas 12,42-48ª: A parábola do proprietário e do administrador

Na resposta à pergunta de Pedro Jesus formula uma outra pergunta em forma de parábola: "Quem é o administrador fiel e prudente, que o senhor coloca à frente do pessoal de sua casa, para dar a comida a todos na hora certa?”  Logo em seguida, o Jesus mesmo, na própria parábola, já dá a resposta: bom administrador é aquele que cumpre sua missão de servidor, nunca usa os bens recebidos em proveito próprio, e está sempre vigilante e atento. Talvez seja uma resposta indireta à pergunta de Pedro, como se dissesse: “Pedro, a parábola é realmente para você! É para você saber administrar bem a missão que Deus lhe deu como coordenador das comunidades. Neste sentido, a resposta vale também para cada um de nós. E aí toma muito sentido a advertência final: “A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido”.

A chegada do Filho do Homem e o fim deste mundo

A mesma problemática havia nas comunidades cristãs dos primeiros séculos. Muita gente das comunidades dizia que o fim deste mundo estava perto e que Jesus voltaria logo. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de Paulo, diziam: “Jesus vai voltar logo!” (1 Tes 4,13-18; 2 Tes 2,2). Por isso, havia até pessoas que já não trabalhavam, porque achavam que a vinda fosse coisa de poucos dias ou semanas. Trabalhar para que, se Jesus ia voltar logo? (cf 2Ts 3,11). Paulo responde que não era tão simples como eles imaginavam. E aos que já não trabalhavam avisava: “Quem não quiser trabalhar não tem direito de comer!” Outros ficavam só olhando o céu, aguardando o retorno de Jesus sobre as nuvens (cf At 1,11). Outros reclamavam da demora (2Pd 3,4-9). Em geral, os cristãos viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar o Juízo Final para encerrar a história injusta deste mundo cá de baixo e inaugurar a nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova Terra. Achavam que isto aconteceria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente ainda estaria viva quando Jesus fosse aparecer glorioso no céu (1Ts 4,16-17; Mc 9,1). Outros, cansados de esperar, diziam: “Ele não vai voltar nunca! (2 Pd 3,4). Até hoje, a vinda final de Jesus ainda não aconteceu! Como entender esta demora? É que já não percebemos que Jesus já voltou, já está no nosso meio: “Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo." (Mt 28,20). Ele já está do nosso lado na luta pela justiça, pela paz, pela vida. A plenitude ainda não chegou, mas uma amostra ou garantia do Reino já está no meio de nós. Por isso, aguardamos com firme esperança a libertação plena da humanidade e da natureza (Rm 8,22-25). E enquanto esperamos e lutamos, dizemos acertadamente: “Ele já está no meio de nós!” (Mt 25,40).

 

4) Para um confronto pessoal

1) A resposta de Jesus a Pedro serve também para nós, para mim. Será que sou um bom administrador, uma boa administradora  da missão que recebi?

2) Como faço para estar vigilante sempre?

 

5) Oração final

Do nascer ao pôr-do-sol seja louvado o nome do Senhor. O Senhor é excelso sobre todos os povos, mais alta que os céus é sua glória. (Sl 112, 3-4)

 

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 12, 49-53)

49Eu vim lançar fogo à terra, e que tenho eu a desejar se ele já está aceso? 50Mas devo ser batizado num batismo; e quanto anseio até que ele se cumpra! 51Julgais que vim trazer paz à terra? Não, digo-vos, mas separação. 52Pois de ora em diante haverá numa mesma casa cinco pessoas divididas, três contra duas, e duas contra três; 53estarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra.

 

3) Reflexão

O evangelho de hoje traz algumas frases soltas de Jesus. A primeira sobre o fogo na terra só ocorre em Lucas. As outras têm frases mais ou menos paralelas em Mateus. Isto nos remete para o problema da origem da composição destes dois evangelhos que já fez correr muita tinta ao longo dos últimos dois séculos e só será resolvido plenamente quando pudermos conversar com Mateus e Lucas, depois da nossa ressurreição.

Lucas 12,49-50: Jesus veio trazer fogo sobre a terra

"Eu vim para lançar fogo sobre a terra: e como gostaria que já estivesse aceso! Devo ser batizado com um batismo, e como estou ansioso até que isso se cumpra!”   A imagem do fogo ocorre muito na Bíblia e não tem um sentido único. Pode ser imagem de devastação e castigo e também pode ser imagem de purificação e iluminação (Is 1,25; Zc 13,9). Pode até evocar proteção como transparece em Isaías: “Se passar pelo fogo, estarei contigo” (Is 43,2). João Batista batizava com água, mas depois dele Jesus haveria de batizar pelo fogo (Lc 3,16). Aqui, a imagem do fogo é associada à ação do Espírito Santo que desceu no dia de Pentecostes  sob a imagem de línguas de fogo (At 2,2-4). Imagens e símbolos nunca têm um sentido obrigatório, totalmente definido, que não permitiria divergência. Nesse caso já não seria imagem nem símbolo. É da natureza do símbolo provocar a imaginação dos ouvintes e expectadores. Deixando liberdade aos ouvintes, a imagem do fogo combinado com a imagem do batismo indica a direção na qual Jesus quer que a gente dirija a imaginação. Batismo é associado com água e é sempre expressão de um compromisso. Em outro lugar o batismo aparece como símbolo do compromisso de Jesus com a sua paixão: “Você podem ser batizados com o batismo com que serei batizado?”. (Mc 10,38-39).

Lucas 12,51-53: Jesus veio trazer a divisão

Jesus sempre fala em paz (Mt 5,9; Mc 9,50; Lc 1,79; 10,5; 19,38; 24,36; Jo 14,27; 16,33; 20,21.26). Então, como entender a frase do evangelho de hoje que parece dizer o contrário: “Vocês pensam que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu lhes digo, vim trazer divisão”. Esta afirmação não significa que Jesus estivesse a favor da divisão. Não! Jesus não quer a divisão. Mas o anúncio da verdade de que ele, Jesus de Nazaré, era o Messias tornou-se motivo de muita divisão entre os judeus. Dentro da mesma família ou comunidade, uns eram a favor e outros radicalmente contra. Neste sentido a Boa Nova de Jesus era realmente uma fonte de divisão, um “sinal de contradição” (Lc 2,34) ou, como dizia Jesus: “Ficarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra”. Era o que estava acontecendo, de fato, nas famílias e nas comunidades: muita divisão, muita discussão, como conseqüência do anúncio da Boa Nova entre os judeus daquela época, uns aceitando, outros negando. O mesmo vale para o anúncio da fraternidade como o valor supremo da convivência humana. Nem todos concordavam com este anúncio, pois preferiam manter seus privilégios. Por isso, não tinham medo de perseguir os que anunciavam a fraternidade e a partilha. Esta é a divisão que surgia e que está na origem da paixão e morte de Jesus. Era o que estava acontecendo. Era o julgamento em andamento. Jesus quer é a união de todos na verdade (cf. Jo 17,17-23). Até hoje é assim. Muitas vezes, lá onde a Igreja se renova, o apelo da Boa Nova se torna um “sinal de contradição” e de divisão. Pessoas que durante anos viveram acomodadas na rotina da sua vida cristã, já não querem ser incomodadas pelas “inovações” do Vaticano II. Incomodadas pelas mudanças, elas usam toda a sua inteligência para encontrar argumentos em defesa de suas opiniões e para condenar as mudanças como contrárias ao que elas pensam ser a verdadeira fé.  

 

4) Para um confronto pessoal

1) Buscando a união, Jesus era causa de divisão. Isto já aconteceu com você?

2) Diante das mudanças na Igreja, como me situo?

 

5) Oração final

Exultai no Senhor, ó justos, pois aos retos convém o louvor. Celebrai o Senhor com a cítara, entoai-lhe hinos na harpa de dez cordas. (Sl 33, 1-2) 

Com o suspeito foram apreendidos um coquetel molotov, uma garrada de plástico com líquido inflamável, além de isqueiros. O fogo foi controlado pela equipe do local

 

 

Ponto na Igreja da Candelária onde suspeito ateou fogo após jogar líquido inflamável — Foto: Reprodução

 

Por O Globo – Rio de Janeiro

Um homem de 28 anos foi preso em flagrante suspeito de tentar incendiar a Igreja de Nossa Senhora da Candelária, Praça Pio X, no Centro, na manhã desta terça-feira. A equipe conseguiu controlar as chamas e chamou uma equipe do Segurança Presente, que levou o suspeito.

Segundo o órgão, o homem forneceu um líquido inflamável no interior da Catedral e ateou fogo. As chamadas foram controladas pelos funcionários da igreja, que acionaram os agentes para a prisão.

O preso foi encaminhado para a 5ª DP (Centro). Com ele, foi percebido um coquetel molotov, uma garrada de plástico com líquido inflamável, além de isqueiros. Fonte: oglobo.globo.com

 

O anúncio foi feito pelo presidente da Comissão para a Informação, Paolo Ruffini, no briefing da Sala de Imprensa: "a leitura da carta foi recebida com aplausos". O "Documento Síntese" será divulgado no sábado à noite. Schönborn: com esse Sínodo, a Europa não é mais o centro da Igreja. Aguiar Retes: "Se colocarmos em prática o que falamos, haverá um caminho a seguir". Aveline: "Agora é a semana decisiva. Nos próximos meses, colheremos os frutos". Irmã Rigon: "Vamos construir um belo mosaico".

 

Vatican News

A leitura do esboço da Carta ao Povo de Deus foi recebida com aplausos pela assembleia nesta manhã. A convite do cardeal secretário geral Mario Grech, "foram propostas e aceitas pequenas sugestões de mudanças e acréscimos ao texto, particularmente no que diz respeito às traduções para os diversos idiomas: haverá tempo até as 18 horas de hoje para apresentar outras propostas de mudanças à Secretaria Geral do Sínodo". A Carta "será aprovada e publicada na quarta-feira". O anúncio foi feito por Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação e presidente da Comissão para a Informação, no briefing de hoje com os jornalistas, que começou às 14h30 na Sala de Imprensa da Santa Sé, e foi apresentado pela vice-diretora Cristiane Murray.

 

Missa e trabalho esta manhã

O dia de hoje, segunda-feira, 23 de outubro, começou às 8h45 com a celebração eucarística presidida - no altar da cátedra da Basílica Vaticana - pelo cardeal Charles Maung Bo, arcebispo de Yangon, em Mianmar. Em seguida, na Décima Sexta Congregação Geral - coordenada pelo presidente delegado pe. Giuseppe Bonfrate - na presença do Papa Francisco (e 350 participantes), falaram, depois de ouvir o trecho do Evangelho de Marcos (4,26-34), os assistentes espirituais - o dominicano pe. Timothy Radcliffe e a beneditina madre Maria Ignazia Angelini - e o teólogo australiano pe. Ormond Rush.  A Carta ao Povo de Deus foi então apresentada e discutida, conforme anunciado pelo prefeito Ruffini.

 

Cardeal Schönborn: fé, esperança e caridade em comunhão

O cardeal dominicano Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, membro do Conselho Ordinário da Secretaria do Sínodo, com base em sua experiência em assembleias anteriores, confidenciou uma lembrança de 1965, no final do Concílio Vaticano II, quando tinha 20 anos e era estudante de teologia. Ele ouviu uma palestra de Karl Rahner e a última frase permaneceu em seu coração: "Se deste Concílio não resultar um aumento na fé, na esperança e na caridade, tudo será em vão". 

Portanto, acrescentou o cardeal, "eu diria o mesmo sobre o Sínodo" em andamento. Como teólogo, Schönborn também participou em 1985 do sínodo extraordinário convocado por João Paulo II vinte anos após a conclusão do Vaticano II. Com relação ao conceito fundamental de communio, ele disse que tinha a impressão de que "o que estamos fazendo agora, após o 50º aniversário da instituição do Sínodo", é precisamente perguntar "como viver a comunhão na Igreja". É a comunhão da fé; comunhão com o Deus uno e trino; comunhão entre os fiéis e comunhão aberta a todos os homens". Como vivê-la? "A sinodalidade é a melhor maneira", é a resposta do cardeal Schönborn. É uma questão de repensar a visão da Lumen gentium, que fala do grande mistério da Igreja. Portanto, a Igreja é mistério, é povo de Deus, e só depois se deve falar da constituição hierárquica de seus membros.

O cardeal também criticou a Europa "que não é mais o principal centro da Igreja", como pode ser visto diariamente no Sínodo. A América Latina, a Ásia, a África e suas conferências continentais são protagonistas, enquanto o episcopado europeu não conseguiu ter o potencial desenvolvido, por exemplo, pela Fabc e pelo CELAM. No velho continente, admitiu, "ficamos um pouco para trás na sinodalidade vivida. É necessário um estímulo". O cardeal trouxe como exemplo o fato de que as Conferências Episcopais Europeias nunca disseram uma palavra comum sobre o drama dos migrantes. Por fim, uma menção às Igrejas Orientais que sempre experimentaram como a sinodalidade não existe sem a liturgia. Daí o convite para valorizar uma fé que é celebrada antes de ser discutida.

 

Cardeal Aguiar Retes: continuidade sinodal

O cardeal Carlos Aguiar Retes, arcebispo do México, um dos presidentes delegados da assembleia e membro por nomeação pontifícia, recordou, em espanhol, o sínodo de 2012 convocado por Bento XVI sobre a nova evangelização, que concluiu que a transmissão da fé estava "fraturada": "as famílias não eram mais capazes de se dirigir às novas gerações". É por isso que o primeiro Sínodo de Francisco foi dedicado às famílias, que são fundamentais nesse sentido. E é importante trabalhar com elas para alcançar os jovens, aos quais o próximo Sínodo, em 2018, foi dedicado. Falando sobre sua própria experiência com as novas gerações na arquidiocese de Tlalnepantla, onde foi pároco antes de se mudar para a capital do México, ele relatou ter tido reuniões com jovens de diferentes classes sociais, com o objetivo de dialogar para promover a amizade além das fronteiras de classe. Portanto, o anseio pela fé deve ser transmitido por meio dos jovens que vivem a fé.

Em seguida, continuou o cardeal mexicano em sua reconstrução, o Papa Francisco o convocou para o Sínodo dedicado à Amazônia. E refletindo sobre a importância da mudança climática e da proteção da criação, percebeu-se que era importante contar com a sensibilidade ecológica das crianças e dos jovens. Portanto, eles devem ser ajudados a entender a Palavra de Deus sobre essas questões. Finalmente, o cardeal falou sobre o processo sinodal na arquidiocese da Cidade do México, que ele gostaria de ter feito antes da pandemia, mas que, por causa da covid-19, foi adiado, começando em outubro de 2021. Uma experiência de visita às realidades locais, com um método baseado no consenso, no diálogo e na escuta mútua, cujos frutos foram reunidos para atender às necessidades da sociedade; porque, concluiu, "o caminho da Igreja é a sinodalidade".

 

Cardeal Aveline: escuta, silêncio, oração e liberdade

O cardeal Jean-Marc Aveline, arcebispo de Marselha, presente no Sínodo como membro pontifício, eleito para a Comissão para o Relatório Síntese, começou expressando os sentimentos que o acompanharam em sua primeira experiência na assembleia sinodal: "Alegria por uma nova aventura, curiosidade por encontrar pessoas de todo o mundo, com as quais houve uma troca mútua de experiências; mas também preocupação com as notícias de guerra que chegaram aqui no início dos trabalhos e que continuaram com o passar dos dias".

Diante de eventos tão dramáticos, o cardeal Aveline enfatizou que "a Igreja deve assumir a responsabilidade de espalhar a mensagem do amor de Deus ainda mais fortemente no mundo". Outro sentimento foi o de apreensão devido ao fato de que "em meu país nem todos aderiram ao processo sinodal e, portanto, há espaço para progresso", a fim de que mais pessoas participem dessa jornada compartilhada. Isso, reiterou o cardeal, "está criando muitas expectativas sobre nossas decisões finais que refletirão nossa responsabilidade comum". Aveline concluiu dizendo que esta será "uma semana decisiva, na qual passaremos por etapas importantes, tentando chegar a um acordo sobre várias questões e resolver as diferenças. E nos próximos meses colheremos os frutos que semeamos".

 

Irmã Rigon: O que posso fazer para tornar o mundo um lugar melhor para todos?

A irmã Samuela Maria Rigon, superiora geral das Irmãs da Santíssima Mãe das Dores, professora da Pontifícia Universidade Gregoriana, que está participando do Sínodo como membro nomeado pelo pontífice, tomou a palavra. "Em oração, aceitei como um chamado de Deus ser nomeada para o Sínodo, como uma mulher batizada, cristã e consagrada", disse ela. E o Sínodo está provando ser "uma experiência muito enriquecedora, na qual estou tocando a universalidade da Igreja". Uma experiência, continuou ela, que é "um convite à humildade; e meu ponto de vista é apenas uma janela no horizonte que pode ajudar a construir um belo mosaico".

"Desde ontem, trago comigo três palavras da liturgia eucarística em que o apóstolo Paulo nos falou da fé laboriosa, do trabalho árduo na caridade e da firmeza na esperança em Jesus Cristo. Se isso saísse deste Sínodo, já teríamos feito uma verdadeira revolução em um sentido positivo", disse a religiosa; porque, acrescentou, "recebemos uma semente importante que Deus fará crescer através de nós ou conosco". Sobre esse princípio, irmã Samuela se referiu ao pensamento de São Francisco: "Hoje eu começo novamente a ser um cristão diferente". Se todos fizessem isso, ela relançou, "teríamos uma transformação".

 

O "Documento de Síntese" será divulgado no sábado à noite

Em resposta a uma pergunta, o prefeito Ruffini disse que a votação, com modalidades ainda a serem definidas, e a divulgação do Documento Síntese estão programadas para a noite de sábado. Com relação à segunda pergunta - se em um futuro conclave o atual Sínodo deve ser levado em consideração em termos de conteúdo e forma - o Cardeal Aguilar Retes explicou que se o que foi discutido e experimentado for colocado em prática, haverá um caminho a seguir. Tudo, acrescentou, depende do que será alcançado quando as pessoas retornarem às suas dioceses.

Outra pergunta se referia ao método escolhido para a Assembleia e à possibilidade de aplicá-lo na Igreja em todos os níveis, ampliando também a participação de leigos e mulheres. O Cardeal Schönborn recordou seu discurso em 2015 sobre o tema da sinodalidade, quando, a partir do Concílio de Jerusalém, explicou que, antes de tudo, o método é a escuta, ou seja, escutar o que Deus mostra por meio da experiência de caminhar. A conclusão do Sínodo vem dessa escuta, do discernimento comum. O cardeal disse que já estava acostumado com um método semelhante, praticado na Arquidiocese de Viena; e lembrou, a esse respeito, que de 2015 até hoje houve cinco assembleias diocesanas com 1400 participantes, uma expressão de todo o povo de Deus. Mesmo que não tenha havido votação, disse ele, a escuta e a comunhão foram experimentadas. O importante, enfatizou, é que no final as decisões devem ser tomadas. De fato, o Concílio de Jerusalém tomou uma decisão fundamental para a história da Igreja; e a maneira de chegar lá é como lemos nos Atos dos Apóstolos. Esse método é caracterizado pelos três estágios: escuta, silêncio e discussão. 

A irmã Rigon salientou que o estilo de trabalho usado no Sínodo é um método, mas o aspecto essencial é ouvir. Todos, disse ela, precisam redescobrir essa dimensão, no local de trabalho, nas famílias, nas comunidades religiosas. Todos devem ter a oportunidade de compartilhar e de serem ouvidos. Não é por acaso que o primeiro mandamento da Bíblia é "escuta Israel".

 

A natureza do Sínodo não mudou

Em resposta às críticas que questionavam a integridade do Sínodo dos Bispos pelo fato de incluir leigos como delegados, o cardeal Schönborn ressaltou que, em sua opinião, isso não é um problema, pois continua sendo um Sínodo episcopal, embora tenha uma participação real de não-bispos. E constitui um órgão que serve para exercer a responsabilidade colegiada. Sua natureza não mudou; apenas foi ampliada e a experiência é definitivamente positiva. Por outro lado, disse o Cardeal, sempre houve especialistas leigos, com algumas intervenções muito importantes, mas agora há uma relação muito mais próxima: um Sínodo dos Bispos com participação ampliada.

Com relação à questão de saber se a perda da sinodalidade levou a Igreja à divisão e até que ponto todas as Igrejas podem ser convidadas a seguir um caminho comum, o mesmo cardeal dominicano apontou que a divisão dos cristãos é um obstáculo ao testemunho; mas, referindo-se às palavras de um monge ortodoxo copta, afirmou que talvez Deus permita essa "vergonha" porque ainda não se é capaz de fazer bom uso da unidade para o bem da humanidade. 

Em seguida, o Cardeal Aguiar Retes se referiu à experiência da Conferência Episcopal Mexicana, em um país com 180 milhões de habitantes, 80% dos quais são católicos, unidos em torno de uma religiosidade ancorada em Nossa Senhora de Guadalupe. Há, no entanto, condições diferentes entre o norte, o sul e o centro do México. Em sua visita apostólica em 2016, o Papa pediu um processo seguro em resposta às necessidades do contexto sociocultural. E nisso, a diversidade não deve ser um obstáculo: há diferentes modus operandi, mas todos eles concentram seus esforços para o bem da Igreja.

Por sua vez, o cardeal Aveline enfatizou que um grande momento de unidade no Sínodo foi a vigília ecumênica de oração "Together": todos estavam presentes em torno de Cristo Crucificado, porque o desejo de unidade cresce na contemplação do Crucificado, pois a fraqueza de Cristo é o único caminho seguro para a unidade.

 

Alterações no Catecismo só podem ser feitas pelo Papa

Com relação ao fato de que algumas pessoas Lgbtq+ podem se sentir magoadas com as palavras do Catecismo da Igreja Católica que se referem à "desordem" moral, o cardeal Schönborn recordou que foi secretário da redação do próprio Catecismo. Segundo ele, esse é o trabalho da Igreja, promulgado pelo Papa. E, desde então, houve apenas uma mudança, quando Francisco interveio sobre a pena de morte. Se haverá outras, depende exclusivamente da decisão do Pontífice. O cardeal recomendou, então, sempre ler os textos como um todo. Essas são questões, acrescentou, que dizem respeito à teologia moral, mas o princípio é que existe uma ordem objetiva e existem pessoas humanas. Elas sempre têm o direito de serem respeitadas, mesmo que pequem, e o direito de serem aceitas, como são por Deus.

Finalmente, sobre a relação entre a atualidade do magistério e a contribuição dos teólogos e o sensum fidelium, foi novamente o cardeal Schönborn que explicou que precisamos olhar para São João XXIII e ouvir o que ele disse no início do Concílio Vaticano II sobre a imutabilidade da doutrina e a forma como ela é apresentada. O cardeal acrescentou que há grandes desenvolvimentos no nível de compreensão, mas há também a imutabilidade da fé: não se pode mudar a doutrina sobre a Trindade, a encarnação ou a instituição da Eucaristia. Sobre isso se funda um Credo que é válido em todo o mundo e, mesmo que as culturas sejam diferentes, a substância da fé não pode ser alterada, mesmo que tenha se desenvolvido tanto desde a época dos apóstolos. Fonte: https://www.vaticannews.va

 

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 12, 13-21)

13Disse-lhe então alguém do meio do povo: Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança. 14Jesus respondeu-lhe: Meu amigo, quem me constituiu juiz ou árbitro entre vós? 15E disse então ao povo: Guardai-vos escrupulosamente de toda a avareza, porque a vida de um homem, ainda que ele esteja na abundância, não depende de suas riquezas. 16E propôs-lhe esta parábola: Havia um homem rico cujos campos produziam muito. 17E ele refletia consigo: Que farei? Porque não tenho onde recolher a minha colheita. 18Disse então ele: Farei o seguinte: derrubarei os meus celeiros e construirei maiores; neles recolherei toda a minha colheita e os meus bens. 19E direi à minha alma: ó minha alma, tens muitos bens em depósito para muitíssimos anos; descansa, come, bebe e regala-te. 20Deus, porém, lhe disse: Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma. E as coisas, que ajuntaste, de quem serão? 21Assim acontece ao homem que entesoura para si mesmo e não é rico para Deus.

 

3) Reflexão  Lucas 12, 13-21

O episódio narrado no evangelho de hoje só se encontra no Evangelho de Lucas e não tem paralelo nos outros evangelhos. Ele faz parte da longa descrição da viagem de Jesus, desde a Galiléia até Jerusalém (Lc 9,51 a 19,28), na qual Lucas colocou a maior parte das informações que ele conseguiu coletar a respeito de Jesus  e que não se encontram nos outros três evangelhos (cf. Lc 1,2-3). O evangelho de hoje traz a resposta de Jesus à pessoa que lhe pediu para ser mediador na repartição de uma herança.

Lucas 12,13: Um pedido para repartir herança

“Do meio da multidão, alguém disse a Jesus: "Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo". Até hoje, a distribuição da herança entre os familiares sobreviventes é sempre uma questão delicada e, muitas vezes, ocasião de brigas e tensões sem fim. Naquele tempo, a herança tinha a ver também com a identidade das pessoas (1Rs 21,1-3) e com a sua sobrevivência (Nm 27,1-11; 36,1-12). O problema maior era a distribuição das terras entre os filhos do falecido pai. Sendo a família grande, havia o perigo de a herança se esfacelar em pequenos pedaços de terra que já não poderiam garantir a sobrevivência de todos. Por isso, para evitar o esfacelamento ou desintegração da herança e manter vivo o nome da família, o mais velho recebia o dobro dos outros filhos (Dt 21,17. cf. 2Rs 2,11).

Lucas 12,14-15: Resposta de Jesus: cuidado com a ganância

“Jesus respondeu: "Homem, quem foi que me encarregou de julgar ou dividir os bens entre vocês?" Na resposta de Jesus transparece a consciência que ele tinha da sua missão. Jesus não se sente enviado por Deus para atender ao pedido de arbitrar entre os parentes que brigam entre si por causa da repartição da herança. Mas o pedido do homem despertou nele a missão de orientar as pessoas, pois “ele falou a todos: Atenção! Tenham cuidado com qualquer tipo de ganância. Porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a sua vida não depende de seus bens". Fazia parte da sua missão esclarecer as pessoas a respeito do sentido da vida. O valor de uma vida não consiste em ter muitas coisas mas sim em ser rico para Deus (Lc 12,21). Pois, quando a ganância toma conta do coração, não há como repartir a herança com equidade e paz.

Lucas 12,16-19: Parábola que faz pensar no sentido da vida

Em seguida, Jesus conta uma parábola para ajudar as pessoas a refletir sobre o sentido da vida: "A terra de um homem rico deu uma grande colheita. E o homem pensou: O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita”. O homem rico está totalmente fechado dentro da preocupação com os seus bens que aumentaram de repente por causa de uma colheita abundante. Ele só pensa em acumular para garantir-se uma vida despreocupada. Ele diz: “Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir outros maiores; e neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: meu caro, você possui um bom estoque, uma reserva para muitos anos; descanse, coma e beba, alegre-se!”

Lucas 12,20: Primeira conclusão da parábola

“Mas Deus lhe disse: Louco! Nesta mesma noite você vai ter que devolver a sua vida. E as coisas que você preparou, para quem vão ficar?” A morte é uma chave importante para redescobrir o sentido verdadeiro da vida. Ela relativiza tudo, pois mostra o que perece e o que permanece. Quem só busca o ter e esquece o ser perde tudo na hora da morte. Aqui transparece um pensamento muito freqüente nos livros sapienciais: para que acumular bens nesta vida, se você não sabe para quem vão ficar os bens que você acumulou, nem sabe o que vai fazer o herdeiro com aquilo que você deixou para ele (Ecl 2,12.18-19.21).

Lucas 12,21: Segunda conclusão da parábola

“Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico para Deus”.  Como tornar-se rico para Deus? Jesus deu várias sugestões e conselhos: quem quer ser o primeiro, seja o último (Mt20,27; Mc 9,35; 10,44); é melhor dar que receber (At 20,35); o maior é o menor (Mt 18,4; 23,11; Lc 9,48) preserva vida quem perde a vida (Mt 10,39; 16,25; Mc 8,35; Lc 9,24).

 

4) Para um confronto pessoal

1)  O homem pediu a Jesus para ajudar na repartição da herança. E você, o que você pede a Deus nas suas orações?

2) O consumismo cria necessidades e desperta em nós a ganância. Como você faz para não ser vítima da ganância provocado pelo consumismo?

 

5) Oração final

Aclamai o Senhor, por toda a terra. Servi o Senhor com alegria. Vinde, entrai exultantes em sua presença. (Sl 99, 1-2)

 

Dom Carmo João Rhoden

Bispo Emérito de Taubaté (SP) 

 

“Ide(…) e pregai o Evangelho a toda a criatura”. (Mc 16,15).  

Jesus veio ao nosso encontro, pela encarnação, para que nós pudéssemos ir ao encontro dos outros, levando a Boa Nova, de que Deus existe, e é amor, misericórdia, perdão e reconciliação. Seu Paraíso foi perdido e a culpa não é de Deus, pois, apesar do pecado, o Pai enviou seu Filho, para nos salvar. Assim, falar em missões, significa: evangelizar, reavivar a Boa Nova ao mundo e construir o Reino de Deus. Ser missionário, não requer, logo, ir para África, Ásia, etc… 

Podemos ficar até em casa. Santa Teresinha nunca saiu do Convento, e é a padroeira das missões. Ser missionário é, então: viver intensamente o sentido da vida cristã, amar e viver a beleza da família, da educação, do bem e da justiça. Se possível: colaborar financeiramente com a manutenção das missões e dos missionários em outras terras. Rezar também, para que o espírito missionário, cresça na Igreja, a partir da vivência do batismo e da Eucaristia. Lembro então, uma vez mais, que a missionariedade é intrínseca à vivência da fé e da fidelidade a Jesus Cristo. Fonte: https://www.cnbb.org.br