1) Oração

Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 25,14-30)

Naquele tempo, Jesus contou esta parábola aos discípulos: 14Será também como um homem que, tendo de viajar, reuniu seus servos e lhes confiou seus bens. 15A um deu cinco talentos; a outro, dois; e a outro, um, segundo a capacidade de cada um. Depois partiu. 16Logo em seguida, o que recebeu cinco talentos negociou com eles; fê-los produzir, e ganhou outros cinco. 17Do mesmo modo, o que recebeu dois, ganhou outros dois. 18Mas, o que recebeu apenas um, foi cavar a terra e escondeu o dinheiro de seu senhor. 19Muito tempo depois, o senhor daqueles servos voltou e pediu-lhes contas. 20O que recebeu cinco talentos, aproximou-se e apresentou outros cinco: - Senhor, disse-lhe, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco que ganhei. 21Disse-lhe seu senhor: - Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu senhor. 22O que recebeu dois talentos, adiantou-se também e disse: - Senhor, confiaste-me dois talentos; eis aqui os dois outros que lucrei. 23Disse-lhe seu senhor: - Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu senhor. 24Veio, por fim, o que recebeu só um talento: - Senhor, disse-lhe, sabia que és um homem duro, que colhes onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste. 25Por isso, tive medo e fui esconder teu talento na terra. Eis aqui, toma o que te pertence. 26Respondeu-lhe seu senhor: - Servo mau e preguiçoso! Sabias que colho onde não semeei e que recolho onde não espalhei. 27Devias, pois, levar meu dinheiro ao banco e, à minha volta, eu receberia com os juros o que é meu. 28Tirai-lhe este talento e dai-o ao que tem dez. 29Dar-se-á ao que tem e terá em abundância. Mas ao que não tem, tirar-se-á mesmo aquilo que julga ter. 30E a esse servo inútil, jogai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.

 

3) Reflexão  Mateus 25,14-30 * O evangelho de hoje traz a Parábola dos Talentos. Esta parábola está situada entre duas outras parábolas: a parábola das Dez Virgens (Mt 25,1-13) e a parábola do Juízo Final (Mt 25,31-46). As três parábolas esclarecem e orientam as pessoas sobre a chegada do Reino. A parábola das Dez Virgens insiste na vigilância: o Reino pode chegar a qualquer momento. A parábola do Juízo Final diz que para tomar posse do Reino se deve acolher os pequenos. A parábola dos Talentos orienta sobre como fazer para que o Reino possa crescer. Ela fala sobre os dons ou carismas que as pessoas recebem de Deus. Toda pessoa tem alguma qualidade, sabe alguma coisa que ela pode ensinar aos outros. Ninguém é só aluno, ninguém é só professor. Aprendemos uns dos outros.

Uma chave para compreender a parábola. Uma das coisas que mais influi na vida da gente é a idéia que nos fazemos de Deus. Entre os judeus da linha dos fariseus, alguns imaginavam Deus como um Juiz severo que os tratava de acordo com o mérito conquistado pelas observâncias. Isto produzia medo e impedia as pessoas de crescer. Sobretudo, impedia que elas abrissem um espaço dentro de si para acolher a nova experiência de Deus que Jesus comunicava. Para ajudar a estas pessoas, Mateus conta a parábola dos talentos.

Mateus 25,14-15: A porta de entrada na história da parábola

Jesus conta a história de um homem que, antes de viajar, distribuiu seus bens aos empregados, dando-lhes cinco, dois ou um talento, conforme a capacidade de cada um. Um talento corresponde a 34 quilos de ouro, o que não é pouco! No fundo, cada um recebeu igual, pois recebeu “de acordo com a sua capacidade”. Quem tem copo grande, recebe o copo cheio. Quem tem copo pequeno, recebe o copo cheio. Em seguida, o patrão viajou para o estrangeiro e lá ficou por muito tempo. A história tem um certo suspense. Você não sabe com que finalidade o proprietário entregou o seu dinheiro aos empregados, nem sabe como vai ser o fim.

Mateus 25,16-18: O jeito de agir de cada empregado

Os dois primeiros trabalham e fazem duplicar os talentos. Mas o que recebeu um enterrou o dinheiro no chão para guardar bem e não perder. Trata-se dos bens do Reino que são entregues às pessoas e às comunidades de acordo com a sua capacidade. Todos e todas recebemos algum bem do Reino nem todos respondemos da mesma maneira!

Mateus 25,19-23: Prestação de conta do primeiro e do segundo empregado, e a resposta do Senhor

Depois de muito tempo, o proprietário voltou. Os dois primeiros dizem a mesma coisa: “O senhor me deu cinco/dois. Aqui estão outros cinco/dois que eu ganhei!” E o senhor dá a mesma resposta: “Muito bem, servo bom e fiel. Sobre pouco foste fiel, sobre muito te colocarei. Vem alegrar-te com teu senhor!”

Mateus 25,24-25: Prestação de conta do terceiro empregado

O terceiro empregado chega e diz: “Senhor, eu sabia que és um homem severo que colhes onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste. Assim, amedrontado, fui enterrar teu talento no chão. Aqui tens o que é teu!” Nesta frase transparece uma idéia errada de Deus que é criticada por Jesus. O empregado vê Deus como um patrão severo. Diante de um Deus assim, o ser humano sente medo e se esconde atrás da observância exata e mesquinha da lei. Ele pensa que, agindo assim, a severidade do legislador não vai poder castigá-lo. Na realidade, uma pessoa assim já não crê em Deus, mas crê apenas em si mesma e na sua observância da lei. Ela se fecha em si, desliga de Deus e já não consegue preocupar-se com os outros. Torna-se incapaz de crescer como pessoa livre. Esta imagem falsa de Deus isola o ser humano, mata a comunidade, acaba com a alegria e empobrece a vida.

Mateus 25,26-27: Resposta do Senhor ao terceiro empregado

A resposta do senhor é irônica. Ele diz: “Empregado mau e preguiçoso! Você sabia que eu colho onde não plantei, e que recolho onde não semeei. Então você devia ter depositado meu dinheiro no banco, para que, na volta, eu recebesse com juros o que me pertence!” O terceiro empregado não foi coerente com a imagem severa que tinha de Deus. Se ele imaginava Deus severo daquele jeito, deveria ao menos ter colocado o dinheiro no banco. Ou seja, ele sai condenado não por Deus, mas pela idéia errada que tinha de Deus e que o deixou mais medroso e mais imaturo do que devia ser. Nem seria possível ele ser coerente com aquela imagem de Deus, pois o medo desumaniza e paralisa a vida.

Mateus 25,28-30: A palavra final do Senhor que esclarece a parábola

O senhor manda tirar o talento e dar àquele que tem dez, “pois a todo aquele que tem será dado, mas daquele que não tem até o que tem lhe será tirado”. Aqui está a chave que esclarece tudo. Na realidade, os talentos, o “dinheiro do patrão”, os bens do Reino, são o amor, o serviço, a partilha. É tudo aquilo que faz crescer a comunidade e revela a presença de Deus. Quem se fecha em si com medo de perder o pouco que tem, este vai perder até o pouco que tem. Mas a pessoa que não pensa em si e se doa aos outros, esta vai crescer e receber de volta, de maneira inesperada, tudo que entregou e muito mais. “Perde a vida quem quer segurá-la, ganha a vida quem tem coragem de perdê-la”

A moeda diferente do Reino

Não há diferença entre os que recebem mais e os que recebem menos. Todos têm o seu dom de acordo com a sua capacidade. O que importa é que este dom seja colocado a serviço do Reino e faça crescer os bens do Reino que são amor, fraternidade, partilha. A chave principal da parábola não consiste em fazer render e produzir os talentos, mas sim em relacionar-se com Deus de maneira correta. Os dois primeiros não perguntam nada, não procuram o próprio bem-estar, não guardam para si, não se fecham, não calculam. Com a maior naturalidade, quase sem se dar conta e sem procurar mérito, começam a trabalhar, para que o dom dado por Deus renda para Deus e para o Reino. O terceiro tem medo e, por isso, não faz nada. De acordo com as normas da antiga lei ele estava correto. Manteve-se dentro das exigências. Não perdeu nada e não ganhou nada. Por isso, perdeu até o que tinha. O Reino é risco. Quem não quer correr risco, perde o Reino!

 

4) Para um confronto pessoal

1) Na nossa comunidade, procuramos conhecer e valorizar os dons de cada pessoa? Nossa comunidade é um espaço, onde as pessoas podem desenvolver seus dons?  Às vezes, os dons de uns geram inveja e competição nos outros. Como reagimos?

2) Como entender a frase: "A todo aquele que tem, será dado mais, e terá em abundância. Mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado"?

 

5) Oração final

Nossa alma espera no Senhor, porque ele é nosso amparo e nosso escudo. Nele, pois, se alegra o nosso coração, em seu santo nome confiamos. (Sl 32, 20-21)

 

O pároco de Cachoeira, padre Adeilson Pugas, foi vítima de sequestro na noite de ontem, 30.

De acordo com o Diário da Notícia, o sacerdote teria sido abordado por dois criminosos armados em frente à Casa Paroquial e levado encapuzado para a casa do também padre Hélio Vilas-Boas, em Belém, distrito de Cachoeira.

No local, os suspeitos vasculharam todo o imóvel em busca de objetos de valores e em seguida fugiram com o veículo do padre Adeilson.

Guarnições da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal foram acionadas, mas até a publicação desta matéria ninguém havia sido preso. Fonte: https://fortenanoticia.com.br

 

O a mídia falou sobre o assunto?

 

Padre é sequestrado e assaltado em Cachoeira após visitar suposto fiel que dizia precisar de orientação espiritual

 

Ninguém foi preso.

Na madrugada de quinta-feira (31) em Cachoeira, um padre foi sequestrado e roubado. De acordo com informações da Polícia Civil, ele foi até a casa de um fiel que dizia necessitar de orientação espiritual e no local foi surpreendido por homens que praticaram o crime.

Os homens obrigaram o padre a ir até a casa de outro padre que fica no distrito de Belém em Cachoeira, distante 4 km do centro da cidade, com o intuito de roubar ouro e dinheiro guardados onde estava o segundo padre.

Ninguém foi preso e a polícia não informou se o segundo padre foi vítima da ação dos criminosos.
Foram roubados cartões de crédito, documentos, dinheiro e um veículo que pertence a diocese.

O padre foi liberado, mas a polícia não disse em qual local. Ele não sofreu agressões. Fonte: https://www.acordacidade.com.br

 

O a mídia falou sobre o assunto?

 

Padre é sequestrado e assaltado após visitar suposto fiel que dizia precisar de orientação espiritual na BA

Crime aconteceu em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, nesta quinta (31). Ninguém foi preso.

 

Por g1 BA

Um padre da cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, foi sequestrado e roubado na madrugada desta quinta-feira (31). Segundo a Polícia Civil, o crime aconteceu após o religioso ter ido até a casa de um fiel, que dizia precisar de orientação espiritual. Ninguém foi preso.

Ao chegar no suposto endereço do fiel, o pároco foi surpreendido por homens que o obrigaram a ir até a residência de outro segundo padre, que fica no distrito de Belém, a cerca de 4 km do centro da cidade.

Segundo a polícia, o objetivo do grupo era roubar ouro e dinheiro guardados no imóvel onde estava o segundo padre. A polícia, no entanto, não esclareceu se o outro padre estava na casa e também teria sido vítima da ação dos criminosos

Os suspeitos roubaram cartões de crédito, dinheiro, documentos e um carro que pertence a diocese.

A polícia não especificou em qual local o padre foi sequestrado e liberado, mas afirmou que ele não foi agredido pelos suspeitos. O crime é investigado pela delegacia de Cachoeira.

 

Outro crime contra religioso

Na quarta-feira (30), os suspeitos de matar o pastor Marcos José Froz de Almeida foram presos. O crime aconteceu em fevereiro deste ano, na cidade de Santo Antônio de Jesus, também no Recôncavo da Bahia.

No dia do crime, os homens seguiram a vítima e efetuaram os disparos na porta da Igreja Batista Missionária Redenção, no bairro Salomão. O pastor morreu no local. Fonte: https://g1.globo.com

 

Arquivo: Paróquia Santa Ângela e São Serapião

 

Redação

30 de agosto de 2023

A Arquidiocese de São Paulo comunicou na tarde da quarta-feira, 30, “com grande tristeza e pesar, o falecimento do Diácono  Permanente  Orlando  Luciano  da  Silva”.

Ele tinha 54 anos de idade, era casado e pais de dois filhos.

“Profissional dedicado, pai e marido amoroso, atuava como Assistente Pastoral na Paróquia Santa Cristina, Parque Bristol. Recebeu a ordenação diaconal em 11  de  dezembro  de  2021, após ter concluído  os  estudos  em  Teologia. Trabalhava na sede da região Episcopal Ipiranga, onde foi encontrado morto, após ter atentado contra a própria vida. São desconhecidas, por ora, as razões que o levaram esse ato”, consta na nota assinada pelo Padre Michelino Roberto, Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação.

Ainda não há informações sobre o velório o sepultamento. “A Arquidiocese  está  acompanhando  e  prestando  assistência  aos  seus familiares  e  se  solidariza  com os seus  parentes,  amigos,  agentes  de  pastoral, diáconos, sacerdotes”, lê-se na conclusão da nota. Fonte: https://osaopaulo.org.br

 

1) Oração

Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 23, 27-32)

27Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois como sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de cadáveres e de toda podridão! 28Assim também vós: por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustiça. 29Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Construís sepulcros para os profetas e enfeitais os túmulos dos justos, 30e dizeis: ‘Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices da morte dos profetas’. 31Com isso, confessais que sois filhos daqueles que mataram os profetas. 32Vós, pois, completai a medida de vossos pais!

 

3) Reflexão

Estes dois últimos Ais, que Jesus pronunciou contra os doutores da lei e os fariseus do seu tempo, retomam e reforçam o mesmo tema dos dois Ais do evangelho de ontem. Jesus critica a falta de coerência entre a palavra e a prática, entre o interior e o exterior.

Mateus 23,27-28: O sétimo Ai contra os que se parecem sepulcros caiados

 “Vocês: por fora, parecem justos diante dos outros, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça”. A imagem de “sepulcros caiados” fala por si e não precisa de comentário. Jesus condena os que mantêm uma aparência fictícia de pessoa correta, mas cujo interior é a negação total daquilo que querem fazer aparecer para fora. 

Mateus 23,29-32: O oitavo Ai contra os que enfeitam os sepulcros dos profetas, mas não os imitam

Os doutores e fariseus diziam: “Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices na morte dos profetas”. E Jesus conclui: pessoas que falam assim “confessam que são filhos daqueles que mataram os profetas”, pois eles dizem “nossos pais”. E Jesus termina dizendo: “Pois bem: acabem de encher a medida dos pais de vocês!”  De fato, naquela altura dos acontecimentos, eles já tinham decidido matar Jesus. Assim acabavam de encher a medida dos pais.

 

4) Para um confronto pessoal

1) São mais dois Ais, mais dois motivos para receber uma crítica severa da parte de Jesus. Qual das dois cabe em mim?

2) Qual a imagem de mim mesmo que eu procuro apresentar aos outros? Ela corresponde ao que sou de fato diante de Deus?

 

5) Oração final

Felizes os que temem o Senhor, os que andam em seus caminhos. Poderás viver, então, do trabalho de tuas mãos, serás feliz e terás bem-estar. (Sl 127, 1-2) 

Homem que intermediou assassinato de Dorothy Stang é preso pela PF por grilagem e desmatamento

Um dos condenados pelo homicídio da missionária, em 2005, é alvo de operações contra ocupação ilegal na Amazônia

 

A missionária Dorothy Stang, morta em 2005 - Carlos Silva/Divulgação

Vinicius Sassine

MANAUS

O homem condenado por intermediar o assassinato da missionária Dorothy Stang foi preso preventivamente nesta terça-feira (29) em operações da PF (Polícia Federal) contra grupos suspeitos de grilagem e desmatamento na Amazônia.

Amair Feijoli é suspeito de grilagem e ocupação ilegal de áreas no Amazonas e no Acre, segundo a PF, que deflagrou duas operações simultâneas para combater ações do tipo. Ao todo, foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e 25 de busca e apreensão.

Em 2006, Feijoli foi condenado por tribunal do júri do Pará por participação no assassinato de Stang, missionária norte-americana naturalizada brasileira. O crime ocorreu em 2005, no Pará.

A missionária tinha 73 anos, era agente da CPT (Comissão Pastoral da Terra) e foi morta numa emboscada com seis tiros, quando se dirigia a uma reunião de agricultores em Anapu (PA). Ela atuava em prol de agricultores de terras na região.

A execução de Stang se deu num contexto de intensa grilagem e disputa fundiária na Amazônia, realidade que pouco se alterou nos quase 20 anos seguintes.

Feijoli, condenado a 18 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado, atuou na intermediação entre mandantes e pistoleiros. Agora, foi preso em razão da atuação de grupos dedicados à grilagem.

A Operação Terra Prometida mirou organização criminosa suspeita de crimes de desmatamento, invasão de terra pública, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, segundo a PF.

As investigações tiveram início com denúncias de trabalhadores extrativistas de uma floresta estadual, na região de Sena Madureira (AC). Eles denunciaram desmatamento para criação de gado e ameaças feitas por posseiros.

O desmatamento atingiu 598 hectares, área equivalente à de 598 campos de futebol. O prejuízo ambiental estimado pela PF foi de R$ 18 milhões.

A outra operação recebeu o nome de Xingu. Um grileiro, dois pecuaristas e um técnico de georreferenciamento atuavam para "esquentar" imóveis junto ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e no CAR (Cadastro Ambiental Rural), conforme a PF.

Os supostos crimes ocorreram entre Boca do Acre e Lábrea, cidades no sul do Amazonas. Neste caso, o desmatamento atingiu 800 hectares, e o prejuízo foi calculado em R$ 17 milhões.

Segundo a PF, um filho de Feijoli também é investigado. Contra ele já existe um mandado de prisão por tentativa de homicídio, expedido pela Justiça em Sena Madureira, informou a PF.

"Os investigados poderão responder judicialmente pelos crimes de associação a organização criminosa, invasão de terras públicas, desmatamento, falsidade ideológica, estelionato e lavagem de dinheiro, entre outros delitos acessórios, cujas penas somadas podem ultrapassar 20 anos de prisão", cita nota da PF. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Frei Carlos Mesters, O. Carm

 

 

1) Oração

Ó Deus, quisestes que São João Batista fosse o precursor do nascimento e da morte do vosso Filho; como ele tombou na luta pela justiça e a verdade, fazei-nos também lutar corajosamente para testemunhar a vossa palavra. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho  (Marcos 6,17-29)

17Pois o próprio Herodes mandara prender João e acorrentá-lo no cárcere, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele se tinha casado.18João tinha dito a Herodes: Não te é permitido ter a mulher de teu irmão.19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, não o conseguindo, porém.20Pois Herodes respeitava João, sabendo que era um homem justo e santo; protegia-o e, quando o ouvia, sentia-se embaraçado. Mas, mesmo assim, de boa mente o ouvia.21Chegou, porém, um dia favorável em que Herodes, por ocasião do seu natalício, deu um banquete aos grandes de sua corte, aos seus oficiais e aos principais da Galiléia.22A filha de Herodíades apresentou-se e pôs-se a dançar, com grande satisfação de Herodes e dos seus convivas. Disse o rei à moça: Pede-me o que quiseres, e eu to darei.23E jurou-lhe: Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja a metade do meu reino.24Ela saiu e perguntou à sua mãe: Que hei de pedir? E a mãe respondeu: A cabeça de João Batista.25Tornando logo a entrar apressadamente à presença do rei, exprimiu-lhe seu desejo: Quero que sem demora me dês a cabeça de João Batista.26O rei entristeceu-se; todavia, por causa da sua promessa e dos convivas, não quis recusar.27Sem tardar, enviou um carrasco com a ordem de trazer a cabeça de João. Ele foi, decapitou João no cárcere,28trouxe a sua cabeça num prato e a deu à moça, e esta a entregou à sua mãe.29Ouvindo isto, os seus discípulos foram tomar o seu corpo e o depositaram num sepulcro.

 

3) Reflexão

Hoje comemoramos o martírio de São João Batista. O evangelho traz a descrição de como João Batista foi morto sem processo, durante um banquete, vítima da corrupção e da prepotência de Herodes e sua corte.

Marcos 6,17-20. A causa da prisão e do assassinato de João.

Herodes era um empregado do império romano. Quem mandava mesmo na Palestina, desde 63 antes de Cristo, era César, o imperador de Roma. Herodes, para não ser deposto, procurava agradar a Roma em tudo. Insistia sobretudo numa administração eficiente que desse lucro ao Império e a ele mesmo. A preocupação de Herodes era a sua própria promoção e segurança. Por isso, reprimia qualquer tipo de subversão. Ele gostava de ser chamado de benfeitor do povo, mas na realidade era um tirano (cf. Lc 22,25). Flávio José, um escritor daquela época, informa que o motivo da prisão de João Batista era o medo que Herodes tinha de um levante popular. A denúncia de João Batista contra a moral depravada de Herodes (Mc 6,18), foi a gota que fez transbordar o copo, e João foi preso. 

Marcos 6,21-29: A trama do assassinato.

Aniversário e banquete de festa, com danças e orgias! Era o ambiente em que os poderosos do reino se reuniam e no qual se costuravam as alianças. A festa contava com a presença “dos grandes da corte, dos oficiais e das pessoas importantes da Galiléia”. É nesse ambiente que se trama o assassinato de João Batista. João, o profeta, era uma denúncia viva desse sistema corrupto. Por isso, ele foi eliminado sob pretexto de um problema de vingança pessoal. Tudo isto revela a fraqueza moral de Herodes. Tanto poder acumulado na mão de um homem sem controle de si! No entusiasmo da festa e do vinho, Herodes fez um juramento leviano a uma jovem dançarina. Supersticioso como era, pensava que devia manter esse juramento. Para Herodes, a vida dos súditos não valia nada. Dispunha deles como dispunha da posição das cadeiras na sala. Marcos conta o fato tal qual e deixa às comunidades e a nós a tarefa de tirarmos as conclusões.

Nas entrelinhas, o evangelho de hoje traz muitas informações sobre o tempo em que Jesus vivia e sobre a maneira como era exercido o poder pelos poderosos da época. Galiléia, terra de Jesus, era governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, desde 4 antes de Cristo até 39 depois de Cristo. Ao todo, 43 anos! Durante todo o tempo que Jesus viveu, não houve mudança de governo na Galiléia! Herodes era dono absoluto de tudo, não prestava conta a ninguém, fazia o que bem entendia. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle por parte do povo!

Herodes construiu uma nova capital, chamada Tiberíades. Sefforis, a antiga capital, tinha sido destruída pelos romanos em represália contra um levante popular. Isto aconteceu quando Jesus tinha em torno de sete anos de idade. Tiberíades, a nova capital, foi inaugurada treze anos mais tarde, quando Jesus tinha seus 20 anos. Era chamada assim para agradar a Tibério, o imperador de Roma. Tiberíades era um quisto estranho na Galiléia. Era lá que viviam o rei, “os magnatas, os generais e os grandes da Galiléia” (Mc 6,21). Era lá que moravam os donos das terras, os soldados, a polícia, os juizes muitas vezes insensíveis (Lc 18,1-4). Para lá eram levados os impostos e o produto do povo. Era lá que Herodes fazia suas orgias de morte (Mc 6,21-29). Não consta nos evangelhos que Jesus tenha entrado nessa cidade.

Ao longo daqueles 43 anos do governo de Herodes, criou-se toda uma classe de funcionários fieis ao projeto do rei: escribas, comerciantes, donos de terras, fiscais do mercado, publicanos ou coletores de impostos, militares, policiais, juizes, promotores, chefes locais. A maior parte deste pessoal morava na capital, gozando dos privilégios que Herodes oferecia, por exemplo, isenção de impostos. Outra parte vivia nas aldeias. Em cada aldeia ou cidade havia um grupo de pessoas que apoiavam o governo. Vários escribas e fariseus estavam ligados ao sistema e à política do governo. Nos evangelhos, os fariseus aparecem junto com os herodianos (Mc 3,6; 8,15; 12,13), o que reflete a aliança que existia entre o poder religioso e poder civil. A vida do povo nas aldeias da Galiléia era muito controlada, tanto pelo governo como pela religião. Era necessário ter muita coragem para começar algo novo, como fizeram João e Jesus! Era o mesmo que atrair sobre si a raiva dos privilegiados, tanto do poder religioso como do poder civil, tanto em nível local como estadual.

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Conhece casos de pessoas que morreram vítimas da corrupção e da dominação dos poderosos? E aqui entre nós, na nossa comunidade e na igreja, há vítimas de desmando e de autoritarismo? Dê um exemplo.
  2. Superstição, covardia e corrupção marcavam o exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e civil hoje nos vários níveis tanto da sociedade como da Igreja.

 

5) Oração final

É em vós, Senhor, que procuro meu refúgio; que minha esperança não seja para sempre confundida. Por vossa justiça, livrai-me, libertai-me; inclinai para mim vossos ouvidos e salvai-me. (Sl 70, 1-2)

 

1) Oração

Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho  (Mateus 23, 13-22)

13Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Vós fechais aos homens o Reino dos céus. Vós mesmos não entrais e nem deixais que entrem os que querem entrar. 14[Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Devorais as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Por isso, sereis castigados com muito maior rigor.] 15Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Percorreis mares e terras para fazer um prosélito e, quando o conseguis, fazeis dele um filho do inferno duas vezes pior que vós mesmos. 16Ai de vós, guias cegos! Vós dizeis: Se alguém jura pelo templo, isto não é nada; mas se jura pelo tesouro do templo, é obrigado pelo seu juramento. 17Insensatos, cegos! Qual é o maior: o ouro ou o templo que santifica o ouro? 18E dizeis ainda: Se alguém jura pelo altar, não é nada; mas se jura pela oferta que está sobre ele, é obrigado. 19Cegos! Qual é o maior: a oferta ou o altar que santifica a oferta? 20Aquele que jura pelo altar, jura ao mesmo tempo por tudo o que está sobre ele. 21Aquele que jura pelo templo, jura ao mesmo tempo por aquele que nele habita. 22E aquele que jura pelo céu, jura ao mesmo tempo pelo trono de Deus, e por aquele que nele está sentado.

 

3) Reflexão  Mateus 23,13-22

Nestes próximos três dias vamos meditar o discurso que Jesus pronunciou criticando os doutores da lei e os fariseus, chamando-os de hipócritas. No evangelho de hoje (Mt 23,13-22), Jesus pronuncia contra eles quatro Ais ou pragas. No de amanhã, mais duas pragas (Mt 23,23-26), e no evangelho de depois de amanhã, outras duas pragas(Mt 23,27-32). Ao todo oito Ais ou pragas contra os líderes religiosos da época. São palavras muito duras. Ao meditá-las, devo pensar não só nos doutores e fariseus do tempo de Jesus, mas também e sobretudo no hipócrita que existe em mim, em nós, na nossa família, na comunidade, na nossa igreja, na sociedade de hoje. Vamos olhar no espelho do texto para descobrir o que existe de errado em nós mesmos.

Mateus 23,13: O primeiro Ai contra os que fecham a porta do Reino 

“Vocês fecham o Reino do Céu para os homens. Nem vocês entram, nem deixam entrar aqueles que desejam”. Fecham o Reino como? Apresentando Deus apenas como juiz severo, deixando pouco espaço para a misericórdia. Impondo em nome de Deus leis e normas que não têm nada a ver com os mandamentos de Deus, falsificam a imagem do Reino e matam nos outros o desejo de servir a Deus e ao Reino. Uma comunidade que se organiza ao redor deste falso deus “não entra no Reino”, nem é expressão do Reino, e impede que seus membros entrem no Reino.

Mateus 23,14: O segundo Ai contra os que usam a religião para se enriquecer 

“Vocês exploram as viúvas, e roubam suas casas e, para disfarçar, fazem longas orações! Por isso, vocês vão receber uma condenação mais severa”. Jesus permite aos discípulos viver do evangelho, pois diz que o operário digno do seu salário (Lc 10,7; cf. 1Cor 9,13-14), mas usar a oração e a religião como meio para enriquecer-se, isto é hipocrisia e não revela a Boa Nova de Deus. Transforma a religião num mercado. Jesus expulsou os comerciantes do Templo (Mc 11,15-19) citando os profetas Isaías e Jeremias: “Minha casa é casa de oração para todos os povos e vocês a transformaram num covil de ladrões” (Mc 11,17; cf Is 56,7; Jr 7,11)). Quando o mago Simão quis comprar o dom do Espírito Santo, Pedro o amaldiçoou (At 8,18-24). Simão recebeu a “condenação mais severa” de que Jesus fala no evangelho de hoje.

Mateus 23,15: O terceiro  Ai contra os que fazem proselitismo 

“Vocês percorrem o mar e a terra para converter alguém, e quando conseguem, o tornam merecedor do inferno duas vezes mais do que vocês”.  Há pessoas que se fazem missionários e anunciam o evangelho não para irradiar a Boa Nova do amor de Deus, mas para atrair as pessoas para o seu grupo ou sua igreja. Certa vez, João proibiu uma pessoa de usar o nome de Jesus porque ela não fazia parte do grupo dele. Jesus respondeu: “Não proíba, pois quem não é contra, é a favor” (Mc 9,39). O documento da Assembléia Plenária dos bispos da América Latina, realizada no mês de maio de 2008, em Aparecida, Brasil, tem como título: “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida!” Ou seja, o objetivo da missão não é para que os povos se tornem católicos, nem para fazer proselitismo, mas sim para que os povos tenham vida, e vida em abundância.

Mateus 23,16-22: O quarto Ai contra os que vivem fazendo juramento 

“Vocês dizem: 'Se alguém jura pelo Templo, não fica obrigado, mas se alguém jura pelo ouro do Templo, fica obrigado'”.  Jesus faz um longo raciocínio para mostrar a incoerência de tantos juramentos que o povo fazia ou que a religião oficial mandava fazer: juramentos pelo ouro do templo ou pela oferenda que está no altar. O ensinamento de Jesus, dado no Sermão da Montanha, é o melhor comentário da mensagem do evangelho de hoje: “Eu, porém, lhes digo: não jurem de modo algum: nem pelo Céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o suporte onde ele apóia os pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. Não jure nem mesmo pela sua própria cabeça, porque você não pode fazer um só fio de cabelo ficar branco ou preto. Diga apenas 'sim', quando é 'sim'; e 'não', quando é 'não'. O que você disser além disso, vem do Maligno." (Mt 5,34-37)  

 

4) Para um confronto pessoal

1) São quatro Ais ou quatro pragas, quatro motivos para receber uma crítica severa da parte de Jesus. Qual das quatro críticas cabe em mim?

2) Nossa Igreja hoje merece estes Ais da parte de Jesus?

 

5) Oração final

Cantai ao Senhor um cântico novo. Cantai ao Senhor, terra inteira. Cantai ao Senhor e bendizei o seu nome, anunciai cada dia a salvação que ele nos trouxe. (Sl 95, 1-2)

Padre Júlio Lancelotti denuncia ameaças de morte e recebe apoio da base de Lula: 'Revoltante'

'Petista vagabundo', dizia o bilhete deixado na porta da igreja do religioso; nomes como Alexandre Padilha e Randolfe Rodrigues repudiaram os ataques

 

Padre Júlio Lancelotti recebe apoio de parlamentares após denunciar ameaças de morte — Foto: Reprodução

 

Por Luísa Marzullo

Conhecido nacionalmente por seu trabalho filantrópico com moradores de rua, o padre Júlio Lancelotti recebeu neste domingo um bilhete com ameaças de morte. No pedaço de papel foi deixado na porta de sua igreja, o o autor lhe chama de "petista vagabundo" e afirma que os dias dele de "reinado" irão acabar.

"Padreco de merda, pensa que aqui é partido político. Defensor dos direitos dos bandidos. Usa o povo para te favorecer. Seus dias de reinado vão acabar. Pode esperar", diz a nota. No ano passado, padre Júlio Lancelotti declarou apoio à eleição de Lula e deu declarações favoráveis ao então candidato.

—Lula não fecha igrejas, ele abre corações — disse o religioso em encontro com o então candidato um mês antes do primeiro turno das eleições.

Diante da grande repercussão das ameaças, políticos da base de apoio do presidente saíram em repúdio ao ocorrido. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que Lancelotti "não está sozinho".

Já o líder do governo no Senado, Randolfe Rodrigues (Sem Partido-AP), desejou solidariedade ao padre e disse ser "revoltante" que casos como este ainda ocorram: "É inacreditável que alguém sofra ameaças por praticar o bem e fazer a diferença na vida de tantas pessoas! Hoje nosso querido Padre Júlio Lancelotti sofreu grave ameaça à vida. O ódio e o fascismo não passarão", disse o senador.

Já a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) afirmou que a violência sofrida pelo padre revela uma "inversão de valores" que ocorreu no país: "O ódio contra ele se dá, justamente, pelo seu acolhimento e cuidado com o próximo, premissas do cristianismo e motivos pelos quais o próprio Cristo foi perseguido.

O movimento foi acompanhado por outros deputados do PT como Luizianne Lins (CE) que aproveitou a ocasião para eleger Lancelotti: "um humanista incansável".

Esta não é a primeira vez que o padre relata ameaças. Em 2020, prestou queixa à Polícia Civil após ter sido xingado por um homem enquanto atendia moradores de rua no Centro da cidade de São Paulo.

‘Estava aqui na praça com os irmãos de rua e passou uma moto por aqui e o cara falou: ‘padre filho da puta que defende noia [usuários de droga]’. Depois dos ataques de alguns candidatos à prefeitura contra mim, eu estou cada vez mais em risco. Então quero deixar claro, se me acontecer alguma coisa, se eu for atingido por alguém vocês sabem de quem é a culpa, de quem cobrar’, relatou à época. Fonte: https://oglobo.globo.com

O difícil problema da manipulação religiosa

Liberdade religiosa é um enorme bem para a sociedade. Mas não se pode ignorar que, no Brasil, vem crescendo a manipulação religiosa, com nefastas consequências sociais e

 

O levantamento segundo o qual 17 templos são abertos por dia em média no País traz à tona um tema difícil de ser tratado, mas nem por isso menos real ou menos daninho: a manipulação religiosa, isto é, o uso da religião para fins políticos ou financeiros e a utilização da vulnerabilidade social e econômica para dominação social e política. É uma modalidade de coronelismo, profundamente perversa, que subjuga parcelas crescentes da população à condição de subcidadania.

O tema exige muito cuidado. A liberdade religiosa é um enorme bem para a sociedade, parte essencial dos direitos fundamentais. Sem liberdade religiosa, não há cidadania. Além disso, grandes conquistas civilizatórias foram motivadas por ideais religiosos, como o movimento abolicionista no século 19.

O Estado laico não tem uma religião oficial. Ele é absolutamente incompetente para fazer qualquer afirmação em matéria teológica. Consequentemente, ele também não vê as religiões – nenhuma delas – como inimigas. Ao contrário, reconhecendo a profunda atuação social e humanitária de tantos credos, o poder público trabalha em parceria com muitas igrejas em várias áreas, como saúde e educação. Mais do que uma relação de oposição ou de conflito, o Estado Democrático de Direito – mantendo-se rigorosamente isento nas questões especificamente religiosas – vislumbra nas igrejas uma realidade humana e social que merece ser preservada e respeitada.

Esse é o espírito consagrado na Constituição de 1988, que reconheceu e protegeu a liberdade religiosa. Vendo nas diversas manifestações religiosas um importante bem social, o legislador constituinte estabeleceu a imunidade tributária das igrejas. “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre templos de qualquer culto”, diz o art. 150, VI, b. Ver no fenômeno religioso, seja qual for sua matriz espiritual ou filosófica, uma oposição ao Estado Democrático de Direito é manifestamente inconstitucional: é reconhecer que não se entendeu nada sobre a liberdade própria de uma democracia. O Estado contemporâneo não vem dizer como os cidadãos devem viver – em que devem acreditar ou como devem amar –, e sim assegurar o espaço de liberdade para que cada um, respeitando a lei e os direitos dos outros, viva como bem entender.

As religiões fazem parte do passado, do presente e do futuro do País, de modo que integram nosso patrimônio histórico, arquitetônico, social e cultural, mas todo esse panorama formidável não esconde o fato de que, sob aparência de fenômeno religioso, há muita gente aproveitando-se da condição de vulnerabilidade de outros cidadãos para fins políticos e financeiros. No Brasil, fundar uma igreja virou, muitas vezes, um lucrativo negócio. A imunidade tributária, cujo objetivo é assegurar a liberdade religiosa da população, transformou-se em ocasião de enriquecimento. Não é nenhum exagero: ao longo das últimas décadas, lideranças religiosas acumularam milhões.

No ano passado, criticou-se, neste espaço, “o uso abusivo do estatuto especial das igrejas para fazer proselitismo eleitoral” (ver o editorial Púlpito não é palanque eleitoral, do dia 13/8/2022). Além de constituir uma manipulação de liberdades fundamentais, a prática é vedada pela legislação eleitoral. O problema já foi tratado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), algum limite às atividades eclesiásticas é “medida necessária à proteção da liberdade de voto e da própria legitimidade do processo eleitoral, dada a ascendência incorporada pelos expoentes das igrejas em setores específicos da comunidade”.

O País não pode fingir que o problema da manipulação religiosa não existe, sob pena de permitir a exploração de cidadãos por seus iguais. Não é fácil estabelecer critérios para a distinção entre o que é religião e o que é instrumentalização da religião. Mas não cabe abdicar dessa tarefa. Só será possível defender efetivamente a liberdade religiosa se, enquanto sociedade, soubermos o que não é liberdade religiosa. Fonte: https://www.estadao.com.br

O coordenador da Pastoral do Povo da Rua de São Paulo disse que acionou a Secretaria de Segurança Pública e vai fornecer imagens de câmera de segurança à polícia para identificar suspeito.

 

Padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, recebeu bilhete com ameaça deixado na porta da paróquia. — Foto: Reprodução/EPTV e Instagram

 

Por g1 SP — São Paulo

O Padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, recebeu neste sábado (26) um bilhete com ameaças (veja imagem acima).

A mensagem, deixada na porta da Paróquia São Miguel Arcanjo, na Zona Leste da capital, diz que "seu dia de reinado aqui vai acabar". O religioso também é xingado e chamado de "defensor dos direitos de bandidos".

Ao g1, o Padre Júlio afirmou que entrou em contato com o secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública, Osvaldo Nico Gonçalves, para informar sobre o caso.

Segundo Lancellotti, câmeras de segurança registraram o momento em que o suspeito deixa o bilhete no final da tarde de sábado. Ele diz que não conseguiu identificar a pessoa, mas as imagens serão entregues à polícia.

Júlio Lancellotti é conhecido por seu trabalho de assistência a pessoas em situação de rua. Em suas redes sociais, ele denuncia com frequência casos de violência policial e de construções com arquitetura hostil, que restringem o uso do espaço público.

Esta não é a primeira vez que o padre é ameaçado. Em 2018, entidades de diretos humanos entraram com uma representação no Ministério Público após o coordenador da pastoral receber ameaças de morte. Fonte: https://g1.globo.com

A saúde de dom Geraldo se agravou em dezembro do ano passado, quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC)

 

O cardeal Geraldo Majella Agnelo, arcebispo emérito de São Salvador, morreu aos 89 anos. — Foto: Reprodução/Instagram CNBB

 

Por O GLOBO — São Paulo

O cardeal Geraldo Majella Agnelo, arcebispo emérito de São Salvador e ex-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) morreu neste sábado (26), aos 89 anos. A notícia foi comunicada pela arquidiocese de Londrina (PR), onde o cardeal residia desde 2014.

De acordo com informações da CNBB, a saúde de dom Geraldo se agravou em dezembro do ano passado, quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). Ele estava em internamento domiciliar e teve uma piora nos últimos dias.

Dom Geraldo Majella Agnelo nasceu no dia 19 de outubro de 1933, em Juiz de Fora (MG). Aos 12 anos ingressou no Seminário Menor Diocesano Santo Antônio, também em Juiz de Fora.

Dom Geraldo, cujo lema episcopal é “Caridade com fé”, foi bispo de Toledo (PR), de 5 de maio a 27 outubro de 1982, arcebispo de Londrina (PR) de 1982 a janeiro de 1999, quando foi nomeado como arcebispo Primaz do Brasil e assumiu o governo pastoral da arquidiocese de São Salvador da Bahia.

Ele presidiu a Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB, de 1983-1987, foi vice-presidente do Regional Sul 2 da CNBB e 2º Vice-presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), em 1999. Dom Geraldo presidiu a CNBB de 2003 a 2007.

No Vaticano, foi membro do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes e da Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja. Participou de dois conclaves, um, em 2005, que elegeu o Papa Bento XVI, e outro, em 2013, no qual foi escolhido o Papa Francisco. Ele foi um dos três presidentes da Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe realizada em Aparecida (SP), em maio de 2007.

Dom Geraldo também era formado em Filosofia e em Teologia e foi professor na Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Fonte: https://oglobo.globo.com

PROFESSAR A FÉ COM SÃO PEDRO E O PAPA

Dom Alberto Taveira Corrêa 
Arcebispo de Belém do Pará (PA)

Mais uma vez a Liturgia nos apresenta as figuras de São Pedro e da Casa, a grande casa da Igreja, em cuja edificação todos nós entramos. A imagem da construção ocorre muitas vezes na Sagrada Escritura, apontando, ora para a dignidade dos edifícios, ora para o material utilizado ou as pessoas envolvidas nas edificações. São comparações nas quais podem ser como que dependuradas as várias atitudes diante do mistério de Deus e a aventura da fé, a que todos são chamados. São Pedro absorveu de forma interessante esta imagem: “Como pedras vivas, formai um edifício espiritual, um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo. Com efeito, nas Escrituras se lê: ‘Eis que ponho em Sião uma pedra angular, escolhida, honrosa; quem nela confiar, não será confundido’. De vós, que credes, ela é a honra! Mas para os que não creem, ‘a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular’ (Sl 117, 22-23), pedra que faz cair’: nela tropeçam os que não acolhem a Palavra; esse é o destino deles. Mas vós sois a gente escolhida, o sacerdócio régio, a nação santa, o povo que ele adquiriu, a fim de que proclameis os grandes feitos daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa.” (Cf. 1 Pd 2, 5-10). 

Ele mesmo teve que se confrontar com aquela pedra angular da construção, sem a qual tudo vem abaixo. E Jesus Cristo, que é a porta necessária (Cf. Jo 10, 7-9), veio ao seu encontro, talhando pouco a pouco aquele que veio a ser também chamado com o nome Pedro, que vem de Pedra. Na região de Cesareia de Filipe, como nos narra o Evangelista São Mateus (Cf. Mt 6, 13-20), aconteceu um diálogo fundamental na compreensão da vocação de Pedro. Até àquela altura da narrativa evangélica, eram muitas as multidões que se acercavam de Jesus. Delas emerge, pouco a pouco, o grupo dos discípulos e entre eles os doze, que foram depois chamados apóstolos. É um processo de formação, com o qual o Senhor prepara aqueles que deveriam continuar o anúncio do Reino de Deus e a constituição da Igreja. Chega um momento decisivo, os discípulos próximos de Jesus, uma pergunta sobre a opinião corrente a seu respeito, seguida da mais importante questão para qualquer discípulo de todos os tempos: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16, 15). É a virada radical para aqueles homens simples! O dono da resposta e da responsabilidade se chama Simão: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16, 16). 

Simão era pescador, homem de um temperamento rico de defeitos e qualidades, generosidade e insegurança. Tudo o que era humano nele estava presente. Veio do mundo do trabalho, tinha família e sogra, barco e rede. Certamente não lhe faltava nada no horizonte que se abria em torno do Lago de Nazaré, Mar da Galileia.  Foi cultivado pelo Senhor Jesus com a paciência que só Deus tem, e Ele é Deus! Agora, aquele que humanamente talvez não fosse o melhor de todos, dá a resposta da fé, conduzido interiormente pelo Pai que está no Céu. E o Senhor muda seu nome. Simão se torna Pedro, o pescador de Peixes se transforma em Pescador de Homens (Cf. Lc 5, 1-11). Sobre a sua profissão de fé há de se edificar a Igreja. Ao Pescador são entregues as chaves do Reino, donde a devoção cultivada àquele que sempre é visto de plantão à porta do Céu! 

São atribuições desproporcionais à pequenez do homem simples da Galileia: “Tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16, 19). O Céu se compromete com a Terra, para agradável surpresa da humanidade ansiosa pela eternidade! O nó que ata os homens e mulheres aos seus próprios defeitos e pecados pode ser desfeito pelo ministério do perdão e da misericórdia, à disposição de quem se abre à graça! Generosidade eterna que se põe à disposição no dia a dia dos cristãos. 

Após a confissão de fé proferida por Pedro, em nome de todo o grupo de discípulos, o processo formativo continua. Simão Pedro deverá entender, a duras penas, a realidade da Cruz, cujo anúncio escandaliza! “Jesus começou a mostrar aos discípulos que era necessário ele ir a Jerusalém, sofrer muito da parte dos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, no terceiro dia, ressuscitar. Então Pedro o chamou de lado e começou a censurá-lo: ‘Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te aconteça!’ Jesus, porém, voltou-se para Pedro e disse: ‘Vai para trás de mim, satanás! Tu estás sendo para mim uma pedra de tropeço, pois não tens em mente as coisas de Deus, e sim, as dos homens!’” precisou ouvir do Senhor palavras exigentes, marcadas com o timbre da verdade, que o conduziu ao cumprimento da exigente missão de ser “Pedra”: ‘“Simão, Simão! Satanás pediu permissão para peneirar-vos, como se faz com o trigo. Eu, porém, orei por ti, para que tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos’. Simão disse: ‘Senhor, eu estou pronto para ir contigo até mesmo à prisão e à morte!’ Jesus, porém, respondeu: ‘Pedro, eu te digo que hoje, antes que o galo cante, três vezes negarás que me conheces’” (Lc 22, 31-34). 

Passados os anos, veio efetivamente a confirmar os irmãos com o derramamento de seu sangue, na cidade de Roma. Seu ministério permanece nos sucessores que vieram. O ofício pastoral de Pedro se realiza no Papa, Bispo de Roma, princípio e fundamento da unidade da Igreja (Cf. Catecismo da Igreja Católica, 880-882). Por um costume secular, que liga nome e missão, hoje o sucessor de Pedro se chama Francisco, um nome escolhido para não se esquecer dos pobres, onde encontrou o eixo de seu ministério. Realiza-se nele o que um apóstolo, antes chamado Saulo e que veio a ser Paulo, afirmou de forma tão bonita: “O que nos recomendaram foi somente que nos lembrássemos dos pobres. E isso procurei fazer sempre, com toda a solicitude” (Gl 2, 10). 

O pontificado do Papa Francisco, homem chamado a ser “ponte” para unir as pessoas, tem se caracterizado pela clareza de rumos, tão necessária a nossos tempos. Gestos surpreendentes, atenção aos mais sofredores, palavras fortes e cheias de ternura, com as quais a Igreja é impulsionada a sair de si mesma, com um olhar missionário e evangelizador, aliado a uma notável firmeza doutrinal. Não há situações humanas em qualquer parte do mundo que fiquem sem um sinal de presença da Igreja, a partir de iniciativa sua. A cada momento as pessoas se encantam com suas atitudes. Sabe ser profundamente humano, diz claramente ser homem limitado como todos os outros, pergunta, escuta com atenção, quer ajuda, olha nos olhos das pessoas, é gente!  

Há poucos dias, teve a delicadeza de enviar-me uma encorajadora mensagem autografa: “Ao celebrar o teu jubileu de ouro de ordenação sacerdotal, expressamos nosso apoio espiritual e, levando em conta teu trabalho pastoral de longo prazo exercido para a vida do mundo, em várias comunidades eclesiais, pedimos a Deus para ti as forças necessárias ao ministério, solicitando para tanto a intercessão da bem-aventurada Virgem Maria, Assunta ao Céu. De bom grado concedemos a bênção para teu clero, os fiéis e teus familiares, pedindo orações pelo nosso Ministério Petrino”. 

Acompanhamos recentemente sua presença carismática impressionante na Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa. Agora, vai à distante Mongólia, visitando as periferias geográficas e existenciais. Este é o Sucessor de Pedro que a Providência nos deu. Longa vida, saúde e força ao Papa! Fonte: https://www.cnbb.org.br

 

1) Oração

Ó Deus, que preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas que superam todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 23,1-12)

1Depois, Jesus falou às multidões e aos discípulos: 2“Os escribas e os fariseus sentaram-se no lugar de Moisés para ensinar. 3Portanto, tudo o que eles vos disserem, fazei e observai, mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. 4Amarram fardos pesados e insuportáveis e os põem nos ombros dos outros, mas eles mesmos não querem movê-los, nem sequer com um dedo. 5Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros, usam faixas bem largas com trechos da Lei e põem no manto franjas bem longas. 6Gostam do lugar de honra nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, 7de serem cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de ‘rabi’. 8Quanto a vós, não vos façais chamar de ‘rabi’, pois um só é vosso Mestre e todos vós sóis irmãos. 9Não chameis a ninguém na terra de ‘pai’, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 10Não deixeis que vos chamem de ‘guia’, pois um só é o vosso Guia, o Cristo. 11Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. 12Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado.

 

3) Reflexão   Mateus 23,1-12

(Na América Latina, hoje, 23 de agosto, celebra-se a festa de Santa Rosa de Lima que tem um evangelho próprio: Mateus 13,44-46, cujo comentário se encontra no dia 30 de julho).

O evangelho de hoje faz parte da longa crítica de Jesus contra os escribas e fariseus (Mt 23,1-39). Lucas e Marcos têm apenas alguns trechos desta crítica contra as lideranças religiosas da época. Só o evangelho de Mateus traz o discurso por inteiro. Este texto tão severo deixa entrever com era grande a polêmica das comunidades de Mateus com as comunidades dos judeus daquela época na Galiléia e Síria. 

Ao ler estes textos fortemente contrários aos fariseus devemos tomar muito cuidado para não sermos injustos com o povo judeu. Nós cristãos, durante séculos, tivemos atitudes anti-judaicas e, por isso mesmo, anti-cristãs. O que importa ao meditar estes textos é descobrir o seu objetivo: Jesus condena a incoerência e a falta de sinceridade no relacionamento com Deus e com o próximo. Ele está falando contra a hipocrisia tanto a deles de ontem, como a nossa de hoje!

Mateus 23,1-3: O erro básico: dizem mas não fazem

Jesus se dirige à multidão e aos discípulos e faz uma crítica aos escribas e fariseus. O motivo do ataque é a incoerência entre a palavra e a prática. Falam e não praticam. Jesus reconhece a autoridade e o conhecimento dos escribas. “Estão sentados na cátedra de Moisés. Por isso, observai o que eles mandam! Mas não imitai suas ações, pois dizem mas não fazem!” 

Mateus 23,4-7: O erro básico se manifesta de várias maneiras.

O erro básico é a incoerência: “Dizem mas não fazem”.  Jesus enumera vários pontos que revelam a incoerência. Alguns escribas e fariseus impunham leis pesadas ao povo. Eles conheciam bem as leis mas não as praticavam, nem usavam o seu conhecimento para aliviar a carga nos ombros do povo. Faziam tudo para serem vistos e elogiados, usavam roupas especiais de oração, gostavam dos lugares de honra e das saudações em praça pública. Queriam ser chamados de “Mestre!” Eles representavam um tipo de comunidade que mantinha, legitimava e alimentava as diferenças de classe e de posição social. Legitimava os privilégios dos grandes e a posição inferior dos pequenos. Ora, se há uma coisa de que Jesus não gostava é de aparências que enganam.

Mateus 23,8-12: Como combater o erro básico.

Como deve ser uma comunidade cristã? Todas as funções comunitárias devem ser assumidas como um serviço: “O maior entre você será aquele que serve!” A ninguém devem chamar de Mestre (Rabino), nem de Pai, nem de Guia. Pois a comunidade de Jesus deve manter, legitimar e alimentar não as diferenças, mas sim a fraternidade. Esta é a lei básica: “Vocês todos são irmãos e irmãs!” A fraternidade nasce da experiência de que Deus é Pai, o que faz de todos nós irmãos e irmãs. “Aquele que se exaltar será humilhado, e aquele que se humilhar será exaltado!”

O grupo dos Fariseus. O grupo dos fariseus nasceu no século II antes de Cristo com a proposta de uma observância mais perfeita da Lei de Deus, sobretudo das prescrições da pureza. Eles eram mais abertos às novidades do que os saduceus. Por exemplo, aceitavam a fé na ressurreição e a fé nos anjos, coisa que os saduceus não aceitavam. A vida dos fariseus era um testemunho exemplar: rezavam e estudavam a lei durante oito horas por dia; trabalhavam durante oito horas para poder sobreviver; faziam descanso e lazer durante oito horas. Por isso, tinham grande liderança junto do povo. Deste modo, eles ajudaram o povo a conservar sua identidade e a não se perder, ao longo dos séculos.

A mentalidade chamada farisaica.  Com o tempo, porém, os fariseus se agarraram ao poder e já não escutavam os apelos do povo nem deixavam o povo falar. A palavra “fariseu” significa “separado”. A observância deles era tão estrita e rigorosa, que eles se distanciavam do comum do povo. Por isso, eram chamados de “separados”. Daí nasce a expressão "mentalidade farisaica" É de pessoas que pensam poder conquistar a justiça através de uma observância estrita e rigorosa da Lei de Deus. Geralmente, são pessoas medrosas, que não têm coragem de assumir o risco da liberdade e da responsabilidade. Elas se escondem atrás das leis e das autoridades. Quando estas pessoas alcançam uma função de mando, tornam-se duras e insensíveis para esconder a sua imperfeição.

Rabino, Guia, Mestre, Pai. São os quatro títulos que Jesus proíbe a gente de usar. Hoje, na igreja, os sacerdotes são chamados de “pai” (padre). Muitos estudam nas universidades da igreja e conquistam o título de “Doutor” (mestre). Muita gente faz direção espiritual e se aconselha com pessoas que são chamadas “Diretor espiritual” (guia). O que importa é que se tenha em conta o motivo que levou Jesus a proibir o uso destes títulos. Se forem usados para a pessoa se firmar numa posição de autoridade e de poder, ela estará errada e cai debaixo da crítica de Jesus. Se forem usados para alimentar e aprofundar a fraternidade e o serviço, não caem debaixo da crítica de Jesus.

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Quais as motivações que eu tenho para viver e trabalhar na comunidade?
  2. Como a comunidade vem me ajudando a corrigir e melhorar minhas motivações?

 

5) Oração final

Ouvirei o que diz o Senhor Deus: ele anuncia paz para seu povo, para seus fiéis, para quem volta para ele de todo coração. Sua salvação está próxima de quem o teme e sua glória habitará em nossa terra. (Sl 84, 9-10)

 

A Conferência mundial sobre o clima vai se realizar em Belém, no Pará, em plena Amazônia, em novembro de 2025. O religioso dominicano convidou o Papa a participar da Cop30 sobre o clima, afirmando que Francisco disse estar pensando sobre isso. Em entrevista concedida à Rádio Vaticano – Vatican News, ele tratou de vários temas destacando, entre outros, o "Grito dos Excluídos" para 7 de setembro deste ano, com a demanda de aprimorar nossa democracia e aumentar a distribuição de renda no Brasil

 

Raimundo de Lima – Vatican News

De passagem por Roma estes dias, o teólogo e escritor Frei Betto participou da audiência geral desta quarta (23/08) na Sala Paulo VI, no Vaticano, na qual encontrou o Papa Francisco.

Na oportunidade, o religioso dominicano convidou-o a participar da Cop30 sobre o clima, afirmando que o Pontífice disse estar pensando sobre isso. A esse propósito, ele acrescentou que também o Presidente Lula já havia insistido nesse convite ao Santo Padre. A Conferência mundial sobre o clima vai se realizar em Belém, no Pará, em plena Amazônia, em novembro de 2025.

 

Dez anos de Pontificado do primeiro Papa Latino-americano

Em visita à Rádio Vaticano – Vatican News, Frei Betto concedeu-nos uma longa entrevista na qual também nos falou, entre outras coisas, sobre os dez anos de Pontificado de Jorge Mario Bergoglio - primeiro Papa latino-americano -; sobre a Laudato si’ de Francisco e a preservação do meio ambiente em nossa realidade diante do que se promete e do que realmente se faz; agosto, mês vocacional e a crise de vocações para a vida consagrada e religiosa, representando um desafio para a Igreja a abrir-se a novas experiências; setembro, mês da Bíblia, a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja; e o Grito dos Excluídos para 7 de setembro deste ano, com a demanda de aprimorar nossa democracia, aumentar a distribuição de renda no Brasil, fazer com que os direitos dos mais pobres sejam assegurados, principalmente dos povos indígenas, como a melhor maneira de celebrar nossa Independência (Ouça a entrevista na íntegra clicando acima). Fonte: https://www.vaticannews.va

 

Dom Carmo José Rhoden

Bispo Emérito de Taubaté (SP) 

Textos inspirantes: “Ai de mim se não anunciar o Evangelho” (1Cor 9, 16) 

E disse-lhes: Ide pelo mundo inteiro proclamar o Evangelho a todas as criaturas. “Quem crer e for batizado será salvo, quem não crer será condenado” (Mt 16,15) 

A situação atual, religiosamente falando, é preocupante. Por que? A ignorância religiosa é grande. Nossos cristãos não conhecem, suficientemente, Jesus Cristo, a Igreja, a Palavra de Deus. Os sacramentos não são devidamente valorizados. Ademais, há muita confusão religiosa; surgem, constantemente, novas denominações. Muitas, até agressivas e outras parecem mais supermercados da fé…  

A escola, muito pouco favorece a evangelização. As famílias -patrimônio da humanidade – (Bento XVI), está em processo de esfacelamento. A mídia repassa conteúdos questionáveis, quando não preocupantes ou até nocivas. A igreja, através da pastoral de suas dioceses e paróquias, deixa a desejar. Faltam autênticos catequistas e formação para eles. Não basta ter boa vontade. Ademais, os pais que deveriam ser os primeiros catequistas, são omissos. Falta investimento na formação de catequistas. A frequência aos sacramentos e a participação ao culto, após a COVID, como será? Boa pergunta… 

O testemunho dos cristãos está comprometido: o domingo se tornou o dia do futebol, da praia ou de outros entretenimentos. Muitas famílias nem participam mais da comunidade. São omissos. Não assumem sua função catequética: sua missão. Quem sofre mais com isso? As crianças, ou seja, os filhos. O índice de agressividade é alto entre os jovens e, até, entre casais. O “DA” (Documento de Aparecida) recorda, até, o direito das crianças sobre a formação (DA 286-326). Adiantou? 

Qual o futuro das crianças e jovens não evangelizados? Como transformar esse quadro? Não são poucas as advertências da Igreja para a renovação pastoral: Roma, CNBB, Dioceses, etc, etc… 

Aos catequistas, hoje e sempre, nossa admiração, incentivo e felicitações. Possa Maria, a catequista por excelência, ser referência e modelo para todos ou todas. Parabéns e gratidão. E a todos que te admiram e incentivam. Fonte: https://www.cnbb.org.br

 

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! A Igreja no Brasil celebra com seus filhos e filhas, neste Domingo, a Assunção de Nossa Senhora. É uma Solenidade litúrgica, na qual somos envolvidos pela ação de Deus que toca a realidade humana, através da sua palavra, e faz o homem perceber que o seu destino final não é habitar na terra entre os mortos, mas no céu, para participar da glória do Pai, na eternidade, através da ressurreição. 

Dentro das celebrações do Mês Vocacional, com gratidão, alegria e esperança, rezamos por todos os religiosos e religiosas, que se consagraram a Cristo, vivendo a vocação, dom de Deus, e servindo a Igreja, Povo de Deus, através dos carismas das Ordens e Congregações Religiosas. A consagração da vida a Cristo, pelos votos de pobreza, obediência e castidade, é uma das mais belas formas do seguimento de Jesus. A pessoa se consagra para viver a sua consagração no seio de uma comunidade, em profunda comunhão com o Senhor, mas sem deixar de anunciar e testemunhar os valores do Reino de Deus, através da missão no mundo. Nestes dois mil anos de cristianismo, a vida consagrada é um sinal visível da ação do Espírito Santo na vida da Igreja. Podemos dizer que, ao longo dos séculos, passou por muitas dificuldades, mas graças a ação do Espírito Santo, soube responder sempre com uma nova primavera aos desafios advindos das mudanças de época, e dar uma resposta criativa, missionária, profética e evangelizadora, para a missão da Igreja, inserida na realidade histórica do Povo de Deus a caminho da casa do Pai. Podemos dizer que os vários carismas da vida consagrada tiveram e têm na Igreja a força para fazer florescer uma nova primavera na evangelização, através da participação ativa no processo sinodal, de uma Igreja em saída, missionária e profética.  

Ao longo da história da Igreja, a Vida Consagrada teve um papel profético e ajudou a própria Igreja a fazer um caminho de conversão. A vida religiosa nasce e se desenvolve como uma forma original de seguir Jesus; não é um estado de perfeição, mas um estado de peregrinação. A Igreja reconhece e expressa gratidão aos religiosos e religiosas pelo empenho na ação evangelizadora, nas frentes missionárias e na implantação da Igreja em muitos lugares. Não esquecendo todo o trabalho feito na catequese, na educação, na saúde e nos seminários.  

O carisma de cada uma das Ordens e Congregações é dom de Deus, não só para a vida dos membros dos Institutos, mas também para a Igreja e o povo de Deus. Todo carisma só tem sentido quando vivido nesta dimensão. No aspecto vocacional, a Vida Consagrada é um chamado; em modo simbólico, ela manifesta o absoluto de Deus na nossa vida e um modo de ser segundo o Evangelho. Foi no amor a Cristo e por amor a Ele, que os fundadores iniciaram os Institutos de vida consagrada na Igreja, para dar uma resposta de humanização e evangelização, diante de realidades bem concretas, que tocavam a vida da sociedade. Se a vida consagrada, viesse a faltar, seria uma perda enorme para a Igreja. Mas de modo especial, do amor de Cristo, vivido de forma profética, na proximidade, na alegria e na esperança. Fonte: https://www.cnbb.org.br

'O Estado brasileiro é laico e garante a pluralidade de crenças', disse o procurador

 

O procurador-geral Mario Luiz Sarrubbo - Karime Xavier - 20.mar.20/ Folhapress

 

O Tribunal de Justiça de São Paulo proibiu a realização da leitura de trechos da Bíblia durante sessões em Câmaras Municipais.

A decisão foi tomada em quatro julgamentos recentes realizados pelos desembargadores paulistas em razão de ações de inconstitucionalidade abertas pelo Ministério Público contra as Câmaras Municipais de Artur Nogueira, São Carlos, Araçatuba e Engenheiro Coelho.

Nas ações, Mário Luiz Sarrubbo, procurador-geral de Justiça, disse que são ilegais as normas aprovadas nos Legislativos que determinam a leitura da Bíblia no início das sessões.

"O Estado brasileiro é laico e garante a pluralidade de crenças", afirmou o procurador nas ações. "O ato normativo em análise tem nítido caráter religioso, instituindo preferência por determinadas religiões, deixando de contemplar as que não se orientam pela Bíblia."

A mais recente decisão foi tomada no dia 9 de agosto contra a Câmara de Artur Nogueira. O desembargador Evaristo dos Santos, relator do processo, afirmou que a imposição da leitura da Bíblia é uma "afronta ao princípio da laicidade do Estado".

Mesmo entendimento foi adotado pelo desembargador Jarbas Gomes ao analisar resolução da Câmara Municipal de São Carlos, que, além de estabelecer a leitura de trechos da Bíblia, determina a manutenção de um exemplar do livro religioso sobre a Mesa Diretora do Legislativo.

"Essa predileção pela Bíblia Sagrada contrasta com os princípios da igualdade e interesse público", afirmou na decisão.

 

As Câmaras ainda podem recorrer.

A de São Carlos, por exemplo, afirmou à Justiça que a pura e simples manutenção de um exemplar da Bíblia, bem como a leitura de um pequeno trecho, não podem ser consideradas como uma violação à liberdade de crença.

"A laicidade estatal não significa aversão à fé, pois o texto constitucional não impede a colaboração com confissões religiosas", declarou no processo.

Já a Câmara de Artur Nogueira declarou no processo que, pela lei, tem autonomia para disciplinar seus trabalhos. "Não cabe ao Ministério Público a tentativa de interferência nos seus ritos e procedimentos, sendo assunto eminentemente local, ou seja, que apenas e tão somente cabe à população de Artur Nogueira e seus representantes."

Argumentos semelhantes foram apresentados pelas Câmaras de Engenheiro Coelho e de Araçatuba. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br 

 

1) Oração

 Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 18,21-19,1)

18:21Então Pedro se aproximou dele e disse: Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? 22Respondeu Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Por isso, o Reino dos céus é comparado a um rei que quis ajustar contas com seus servos. 24Quando começou a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. 25Como ele não tinha com que pagar, seu senhor ordenou que fosse vendido, ele, sua mulher, seus filhos e todos os seus bens para pagar a dívida. 26Este servo, então, prostrou-se por terra diante dele e suplicava-lhe: Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo! 27Cheio de compaixão, o senhor o deixou ir embora e perdoou-lhe a dívida. 28Apenas saiu dali, encontrou um de seus companheiros de serviço que lhe devia cem denários. Agarrou-o na garganta e quase o estrangulou, dizendo: Paga o que me deves! 29O outro caiu-lhe aos pés e pediu-lhe: Dá-me um prazo e eu te pagarei! 30Mas, sem nada querer ouvir, este homem o fez lançar na prisão, até que tivesse pago sua dívida. 31Vendo isto, os outros servos, profundamente tristes, vieram contar a seu senhor o que se tinha passado. 32Então o senhor o chamou e lhe disse: Servo mau, eu te perdoei toda a dívida porque me suplicaste. 33Não devias também tu compadecer-te de teu companheiro de serviço, como eu tive piedade de ti? 34E o senhor, encolerizado, entregou-o aos algozes, até que pagasse toda a sua dívida. 35Assim vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo seu coração. 19:1Após esses discursos, Jesus deixou a Galiléia e veio para a Judéia, além do Jordão.

 

 

3) Reflexão   Mateus 18,21-19,1

No evangelho de ontem ouvimos as palavras de Jesus sobre a correção fraterna (Mt 18,15-20). No evangelho de hoje (Mt 18,21-39) o assunto central é o perdão e a reconciliação.

Mateus 18,21-22: Perdoar setenta vezes sete!.

Diante das palavras de Jesus sobre a correção fraterna e a reconciliação, Pedro pergunta: “Quantas vezes devo perdoar? Sete vezes?” Sete é um número que indica uma perfeição e, no caso da proposta de Pedro, sete é sinônimo de sempre. Mas Jesus vai mais longe. Ele elimina todo e qualquer possível limite para o perdão: "Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete!” É como se dissesse: “Sempre, não! Pedro, mas setenta vezes sempre!” Pois não há proporção entre o amor de Deus para conosco e o nosso amor para com o irmão. Aqui se evoca o episódio de Lamec do AT. “Lamec disse para as suas mulheres: da e Sela, ouçam minha voz; mulheres de Lamec, escutem minha palavra: Por uma ferida, eu matarei um homem, e por uma cicatriz matarei um jovem. Se a vingança de Caim valia por sete, a de Lamec valerá por setenta e sete" (Gn 4,23-24). A tarefa das comunidades é a de reverter o processo da espiral da violência. Para esclarecer a sua resposta a Pedro Jesus conta a parábola do perdão sem limite.

Mateus 18,23-27: A atitude do patrão

Esta parábola é uma alegoria, isto é, Jesus fala de um patrão, mas pensa em Deus. Isto explica os contrastes enormes desta parábola. Como veremos, apesar de se tratar de coisas normais diários, existe algo nesta história que não acontece nunca na vida diária. Na história que Jesus conta, o patrão segue as normas do direito da época. Era um direito dele de prender o empregado com toda a sua família e mantê-lo na prisão até que tivesse pago pelo trabalho escravo a sua dívida. Mas diante do pedido do empregado endividado, o patrão perdoa a dívida. O que chama a atenção é o tamanho da dívida: dez mil talentos. Um talento equivale a 35 kg. Segundo os cálculos feitos, dez mil talentos equivalem a 350 toneladas de ouro. Mesmo que o devedor junto com mulher e filhos fossem trabalhar a vida inteira, jamais seriam capazes de juntar 350 toneladas de ouro. O cálculo extremo é proposital. Nossa dívida frente a Deus é incalculável e impagável.

Mateus 18,28-31: A atitude do empregado

Ao sair daí, esse empregado perdoado encontrou um de seus companheiros que lhe devia cem moedas de prata. Ele o agarrou, e começou a sufocá-lo, dizendo: 'Pague logo o que me deve'. Dívida de cem denários é o salário de cem dias de trabalho. Alguns calculam que era de 30 gramas de ouro. Não existe meio de comparação entre os dois! Nem dá para entender a atitude do empregado: Deus lhe perdoou 350 toneladas de outro e ele não quer perdoas 30 gramas de ouro. Em vez de perdoar, ele faz com o companheiro aquilo que o patrão ia fazer, mas não fez. Mandou prender o companheiro de acordo com as normas da lei, até que fosse paga a dívida. Atitude chocante para qualquer ser humano. Chocou os outros companheiros. Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão, e lhe contaram tudo. Qualquer um de nós teria tido a mesma atitude de desaprovação.

Mateus 18,32-35: A atitude de Deus

“O patrão mandou chamar o empregado, e lhe disse: 'Empregado miserável! Eu lhe perdoei toda a sua dívida, porque você me suplicou. E você, não devia também ter compaixão do seu companheiro, como eu tive de você?' O patrão indignou-se, e mandou entregar esse empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida”. Diante do amor de Deus que perdoa gratuitamente nossa dívida de 350 toneladas de ouro, é nada mais que justo que nós perdoemos ao irmão a pequena dívida de 30 gramas de ouro. O perdão de Deus é sem limites. O único limite para a gratuidade da misericórdia de Deus vem de nós mesmos, da nossa incapacidade de perdoar o irmão! (Mt 18,34). É o que dizemos e pedimos no Pai Nosso: “Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (Mt 6,12-15).

A comunidade como espaço alternativo de solidariedade e fraternidade

A sociedade do Império Romano era dura e sem coração, sem espaço para os pequenos. Estes buscavam um abrigo para o coração e não o encontravam. As sinagogas também eram exigentes e não ofereciam um lugar para eles. Nas comunidades cristãs, o rigor de alguns na observância da Lei levava para dentro da convivência os mesmos critérios da sociedade e da sinagoga. Assim, nas comunidades começavam a aparecer as mesmas divisões que existiam na sociedade e na sinagoga entre rico e pobre, dominação e submissão, homem e mulher, raça e religião. Em vez da comunidade ser um espaço de acolhimento, tornava-se um lugar de condenação. Juntando palavras de Jesus, Mateus quer iluminar a caminhada dos seguidores e das seguidoras de Jesus, para que as comunidades sejam um espaço alternativo de solidariedade e de fraternidade. Devem ser uma Boa Notícia para os pobres.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Perdoar. Tem gente que diz: “Perdôo, mas não esqueço!” E eu? Sou capaz de imitar a Deus?

2) Jesus deu o exemplo. Na hora de ser morto pediu perdão para os seus assassinos (Lc 23,34). Será que sou capaz de imitar Jesus?

 

5) Oração final

Desde o nascer ao pôr-do-sol, seja louvado o nome do Senhor. O Senhor é excelso sobre todos os povos, sua glória ultrapassa a altura dos céus. (Sl 112, 3-4)

 

1) Oração

 

Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 18,15-20)

Naquele tempo, disse Jesus: 15Se teu irmão tiver pecado contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente; se te ouvir, terás ganho teu irmão. 16Se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. 17Se recusa ouvi-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano. 18Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu. 19Digo-vos ainda isto: se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai que está nos céus. 20Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.

 

3) Reflexão   Mateus 18,15-20

No evangelho de hoje e de amanhã vamos ler e meditar a segunda parte do Sermão da Comunidade. O evangelho de hoje fala da correção fraterna (Mt 18,15-18) e da oração em comum (Mt 18,19-20). O de amanhã fala do perdão (Mt 18,21-22) e traz a parábola do perdão sem limites (Mt 18,23-35). A palavra chave desta segunda parte é “perdoar”. O acento cai na reconciliação. Para que possa haver reconciliação que permita o retorno dos pequenos, é importante saber dialogar e perdoar. pois o fundamento da fraternidade é o amor gratuito de Deus. Só assim a comunidade será um sinal do Reino. Não é fácil perdoar. Certas mágoas continuam machucando o coração. Há pessoas que dizem: "Eu perdôo, mas não esqueço!" Rancor, tensões, brigas, opiniões diferentes, ofensas, provocações dificultam o perdão e a reconciliação.

A organização das palavras de Jesus nos cinco grandes Sermões do evangelho de Mateus mostra que, já no fim do primeiro século, as comunidades tinham formas bem concretas de catequese. O Sermão da Comunidade (Mt 18,1-35), por exemplo, traz instruções atualizadas de como proceder em caso de algum conflito entre os membros da comunidade e como encontrar critérios para solucionar os conflitos. Mateus reuniu aquelas frases de Jesus que pudessem ajudar as comunidades do fim do primeiro século a superar os dois problemas agudos que elas enfrentavam naquele momento, a saber, a saída dos pequenos por causa do escândalo de alguns e a necessidade de diálogo para superar o rigorismo de outros e acolher os pequenos, os pobres, na comunidade. 

Mateus 18,15-18: A correção fraterna e o poder de perdoar.

Estes versículos trazem normas simples de como proceder no caso de algum conflito na comunidade. Se um irmão ou uma irmã pecar, isto é, se tiver um comportamento não de acordo com a vida da comunidade, não se deve logo denunciá-los. Primeiro, procure conversar a sós. Procure saber os motivos do outro. Se não der resultado, leve mais duas ou três pessoas da comunidade para ver se consegue algum resultado. Só em caso extremo, deve levar o problema para a comunidade toda. E se a pessoa não quiser escutar a comunidade, que ela seja para você “como um publicano ou pagão”, isto é, como alguém que já não faz parte da comunidade. Não é você que está excluindo, mas é a pessoa, ela mesma, que se exclui a si mesma. A comunidade reunida apenas constata e ratifica a exclusão. A graça de poder perdoar e reconciliar em nome de Deus foi dada a Pedro (Mt 16,19), aos apóstolos (Jo 20,23) e, aqui no Sermão da Comunidade, à própria comunidade (Mt 18,18). Isto revela a importância das decisões que a comunidade toma com relação a seus membros.

Mateus 18,19: A oração em comum 

A exclusão não significa que a pessoa seja abandonada à sua própria sorte. Não! Ela pode estar separada da comunidade, mas nunca estará separada de Deus. Caso a conversa na comunidade não der resultado e a pessoa não quiser integrar-se na vida da comunidade, resta o último recurso de rezar juntos ao Pai para conseguir a reconciliação. E Jesus garante que o Pai vai atender: “Se dois de vocês na terra estiverem de acordo sobre qualquer coisa que queiram pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está no céu”.

Mateus 18,20: A presença de Jesus na comunidade.

O motivo da certeza de ser ouvido pelo Pai é a promessa de Jesus: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, estarei no meio deles!” Jesus é o centro, o eixo, da comunidade e, como tal, junto com a Comunidade ele estará rezando conosco ao Pai, para que conceda o dom do retorno ao irmão ou à irmã que se excluiu.

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Por que será que é tão difícil perdoar? Na nossa comunidade existe espaço para a reconciliação? De que maneira?
  2. Jesus disse: "Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, estarei no meio deles". O que significa isto para nós hoje?

 

5) Oração final

 Louvai, ó servos do Senhor, louvai o nome do Senhor. Bendito seja o nome do Senhor, agora e para sempre. (Sl 112, 1-2)

 

Celebração religiosa em Cachoeira (BA) une catolicismo ao candomblé e é organizada por irmandade bicentenária

 

Mulheres da Irmandade da Boa Morte dentro da casa da Irmandade, em Cachoeira, no Recôncavo da Bahia- Rafaela Araújo/Folhapress

 

João Pedro Pitombo- CACHOEIRA (BA)

As roupas de gala são bordadas com renda branca pelas próprias irmãs, assim como os turbantes amarrados nas cabeças. Completam a indumentária um pano da costa vermelho, além de anéis, pulseiras, balagandãs, colares e os chamados correntões cachoeiranos.

Era por volta de 9h da manhã de terça-feira (15) e, enquanto o país se via às voltas com um apagão que atingia 25 estados, o grupo com cerca de 40 mulheres negras tomou as ruas de pedra de Cachoeira (120 quilômetros de Salvador) para celebrar a Festa de Nossa Senhora da Boa Morte.

As protagonistas do dia formam a Irmandade da Boa Morte, confraria religiosa afro-católica de tradição secular, formada apenas por mulheres negras e que se mantém viva há mais de 200 anos.

A associação, que une o culto católico ao candomblé, foi criada na primeira metade do século 18 para celebrar a Nossa Senhora da Boa Morte. A irmandade foi formada em Salvador, mas acabou migrando para Cachoeira em meio a um cenário de revoltas e rebeliões que marcaram a capital baiana.

Em seus dois séculos de história, a entidade atuou na assistência social aos mais necessitados e deu apoio à organização de funerais dignos para suas associadas. Também teve perfil antiescravista, trabalhando para conseguir alforria de negros escravizados e apoio aos recém-libertos.

A irmandade é atualmente considerada um ícone do feminismo negro no Brasil.

"Eu, como mulher negra, por respeito aos meus ancestrais, não posso deixar que essa memória se perca. É um pedaço de mim zelar, crer, respeitar e amar o nosso passado e a Nossa Senhora da Boa Morte", afirma Edite Marques de Souza, 77, escolhida como provedora da irmandade para a festa deste ano.

Ela conta que tem origem religiosa dentro do candomblé, sempre acompanhou de perto a irmandade em Cachoeira até se tornar uma das irmãs, há cerca de 30 anos: "Me sinto plena porque tenho a felicidade de servir à Nossa Senhora".

A festa acontece entre 13 e 17 de agosto. Todos os anos, quatro irmãs são escolhidas para ocupar os cargos de provedora, procuradora, tesoureira e escrivã, atuando na organização dos festejos.

A celebração é patrimônio imaterial do estado desde 2010, ano em que foi reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia.

Nesta terça-feira, os festejos começaram por volta das 6h, com uma alvorada de fogos de artifício na cidade. Na sede da irmandade, as associadas se preparavam desde cedo para ganhar as ruas da cidade e receberam a visita do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e da prefeita Eliana Gonzaga (Republicanos).

Por volta das 9h, as irmãs caminharam pelas ruas e ladeiras da cidade até na Igreja Matriz do Rosário, templo católico erguido no final do século 17. A falta de energia elétrica não impediu a realização da missa e da solenidade da Assunção de Nossa Senhora. Rezaram dentro do templo escuro.

Após a cerimônia na igreja, as irmãs saíram em procissão acompanhadas por moradores e turistas. Filarmônicas e bandas se apresentaram pelas ruas da cidade. A programação religiosa foi encerrada com um samba de roda e o Almoço das Irmãs, na sede da irmandade.

Os festejos tiveram início no domingo (13), com a procissão com a imagem de Nossa Senhora da Boa Morte, a Missa de Réquiem pelas irmãs falecidas e a Ceia Branca.

No dia seguinte, as irmãs participaram da Missa da Dormição de Nossa Senhora, na Capela de Nossa Senhora da Boa Morte. Com trajes brancos, cabeças cobertas e velas nas mãos, participam de uma nova procissão e da cerimônia que marca o enterro simbólico da santa.

A festa ainda prossegue nesta quarta-feira (16) e quinta-feira (17), com mais samba de roda nas praças da cidade e almoços nos quais serão servidos um cozido (prato a base de carnes e verduras, acompanhado de pirão) e o caruru, prato típico da culinária baiana.

Durante os cinco dias de festejos, também estão sendo realizadas atividades culturais, exposição de fotografias, uma feira do empreendedorismo negro e uma feira de artesanato.

Aos 85 anos, Lindaura Paz dos Santos, que ocupou o posto de procuradora da Festa da Boa Morte, celebra a festa da qual faz parte há 43 anos. "Se não tivesse fé, não estaria na irmandade até hoje. É a fé que nos faz manter a tradição." Fonte: https://www1.folha.uol.com.br