Fraternidade e paz ou desigualdade e tensão?

Impacto da IA sobre a vida das pessoas e do mundo preocupa não só instituições como o FMI e o Fórum Econômico Mundial, mas também o papa Francisco

 

Por Jorge J. Okubaro

Esperança e desorientação, ansiedade e medo, oportunidade e risco. Sentimentos e percepções aparentemente conflitantes têm marcado avaliações sobre a inteligência artificial (IA) e seu impacto sobre a vida das pessoas e sobre o mundo. Ninguém duvida de que, com a IA, as coisas não serão mais como têm sido. Mas em que direção elas mudarão? Esta questão preocupa não apenas instituições de natureza técnica, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Fórum Econômico Mundial, mas também o papa Francisco.

“A inteligência artificial está destinada a modificar profundamente a economia global, a ponto de alguns analistas a compararem a uma nova revolução industrial”, afirma recente estudo do FMI. Trata-se de uma antevisão dos efeitos imensos da IA sobre a forma como as coisas são feitas.

As tarefas desempenhadas por cirurgiões, administradores, advogados e juízes terão grandes ganhos de produtividade, sem que a ocupação dos profissionais seja colocada em risco, lembra o estudo IA Generativa: A Inteligência Artificial e o Futuro do Trabalho, que o FMI publicou em meados de janeiro. Mas, em outros casos, a IA poderá desempenhar tarefas importantes hoje executadas por seres humanos, o que poderá reduzir a procura por mão de obra, afetar salários e até eliminar empregos.

O FMI prevê que o impacto da inteligência artificial sobre o trabalho será mais intenso nos países desenvolvidos, onde 60% dos empregos sentirão algum efeito do avanço tecnológico. Em metade desses casos, o resultado será positivo para os trabalhadores, pois levará ao aumento de sua produtividade, que será acompanhado pela evolução da renda. Em outros casos, a inteligência artificial eliminará postos de trabalho.

Outra consequência será o aprofundamento do fosso entre os países avançados e os de baixa renda. Nestes, apenas 26% dos empregos sofrerão impacto da inteligência artificial. A maioria dos países mais pobres não tem infraestrutura nem mão de obra qualificada para aproveitar os benefícios da IA. Assim, adverte o FMI, cresce o risco de que a tecnologia venha a piorar a desigualdade entre as nações.

Ao mesmo tempo que assusta, a IA representa uma oportunidade, diz a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva. Na maioria dos cenários, diz ela, “a IA piorará a desigualdade geral”. Daí a necessidade de os dirigentes públicos e os políticos em geral tratarem do que Georgieva chama de “tendência preocupante”, de modo “a evitar que a tecnologia alimente mais as tensões sociais”.

Medidas indispensáveis serão o estabelecimento, nos países mais afetados negativamente pelo avanço tecnológico, de redes de segurança social amplas, bem como a criação de programas de reciclagem para trabalhadores vulneráveis. “Ao fazer isso, podemos tornar a transição para a inteligência artificial mais inclusiva, protegendo os meios de subsistência e reduzindo a desigualdade”, diz o FMI.

O Fórum Econômico Mundial, de sua parte, apontou para os riscos que as novas tecnologias trazem para a humanidade no futuro próximo, como o mau uso das tecnologias de informação e da inteligência artificial, que pode afetar não apenas a vida das pessoas, mas até a estabilidade política e a democracia.

Há pouco, em mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o papa Francisco observou que “a rápida difusão de maravilhosas invenções, cujo funcionamento e potencialidades são indecifráveis para a maior parte de nós, suscita um espanto que oscila entre o entusiasmo e a desorientação e põe-nos inevitavelmente diante de questões fundamentais”. Qual será o futuro do homem na era das inteligências artificiais?

O papa observa que “cada coisa nas mãos do homem torna-se oportunidade ou perigo, segundo a orientação do coração”. Assim, os sistemas de IA “podem contribuir para o processo de libertação da ignorância e facilitar a troca de informações entre diferentes povos e gerações”. Mas também podem ser instrumentos para a “poluição cognitiva”, por meio de “alteração da realidade através de narrações parcial ou totalmente falsas, mas acreditadas – e partilhadas – como se fossem verdadeiras”. Eis aí, nas palavras do papa Francisco, o risco das informações falsas disseminadas nas redes sociais e que, como advertiu o Fórum Econômico Mundial, afetam não apenas a vida das pessoas, mas das sociedades, com riscos para as instituições democráticas.

Em outro texto, divulgado em dezembro para o Dia Mundial da Paz, o papa ressaltava que “o progresso da ciência e da técnica (...) leva ao aperfeiçoamento do homem e à transformação do mundo”, mas em seguida observava que “os progressos técnico-científicos, que permitem exercer um controle – até agora inédito – sobre a realidade, colocam nas mãos do homem um vasto leque de possibilidades, algumas das quais podem constituir um risco para a sobrevivência e um perigo para a casa comum (o planeta)”.

São advertências, recomendações, ensinamentos que não podemos ignorar.

*JORNALISTA, É AUTOR, ENTRE OUTROS, DO LIVRO O SÚDITO (BANZAI, MASSATERU!) (EDITORA TERCEIRO NOME) E PRESIDENTE DO CENTRO DE ESTUDOS NIPO-BRASILEIROS (JINMONKEN)

Mensagem do papa sobre IA reforça que a tecnologia não serve bem quando afasta as pessoas de sua humanidade. Ela deve ser um meio para enriquecer as capacidades humanas

 

Por Notas & Informações

O papa Francisco publicou há poucos dias sua mensagem para o 58.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que, neste ano, será celebrado pela Igreja Católica em 12 de maio. A mensagem papal revela desde o título – Inteligência artificial e sabedoria do coração: para uma comunicação plenamente humana – a preocupação do pontífice com o desenvolvimento e o alcance de ferramentas de inteligência artificial (IA) e de que modo isso pode afetar uma das mais humanas das capacidades. Com uma singela pergunta, Francisco sintetiza uma apreensão que não é só dele, mas de boa parte dos líderes mundiais nesta quadra da história: “O que então é o homem, qual é a sua especificidade e qual será o futuro desta nossa espécie chamada homo sapiens na era das inteligências artificiais?”.

A resposta a essa questão, fundamental para o entendimento de como serão as relações entre os indivíduos e as nações no século 21, não é de interesse circunscrito aos muros do Vaticano. Basta lembrar que o Global Risks Report 2024, do Fórum Econômico Mundial, classificou as fake news geradas por IA como “a maior ameaça global a curto prazo”. Por sua vez, o Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou para o possível aprofundamento de desigualdades a partir da disseminação do uso de IA nas mais variadas cadeias produtivas, além, é claro, de mudanças significativas que a IA empreenderá no mundo do trabalho. Essas visões, contudo, embora demonstrem preocupação, passam longe do pessimismo. Como bem resumiu a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, “a IA pode ser assustadora, mas também pode representar uma grande oportunidade para todos. Cabe a nós usá-la da melhor forma possível”.

Eis a chave para a humanidade lidar bem com essa nova etapa do imparável progresso tecnológico. Não foi por acaso que o papa Francisco, com muita sensibilidade, uniu as palavras “inteligência” e “sabedoria” em sua mensagem. O desenvolvimento da IA, não resta dúvida, contribuirá cada vez mais para a resolução de problemas de toda ordem, o que não é outra coisa senão uma das manifestações de inteligência como habilidade analítica, criatividade e exercício lógico. Contudo, todo esse instrumental prático terá serventia limitada ou danosa se for usado sem sabedoria, vale dizer, desacompanhado de uma compreensão ampla da vida e das relações humanas e, não menos importante, de uma consideração ética sobre as implicações futuras de decisões tomadas hoje.

O papa Francisco já demonstrou ser um líder religioso que compreende o mundo de seu tempo. O pontífice sabe que o desenvolvimento científico não só é virtualmente ilimitado, como é inerente à própria natureza humana. E é exatamente com essa visão – atenta, mas não assustada – que Sua Santidade abordou a IA na mensagem preparatória para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, recomendando que, ao lidar com essa tecnologia, os indivíduos devem antes “limpar o terreno das leituras catastróficas e de seus efeitos paralisadores”. Com essas palavras, Francisco convida à reflexão sobre o desenvolvimento tecnológico não como algo que afaste os indivíduos de sua humanidade, mas, ao contrário, sobre como a tecnologia pode ser um meio de aprimorar e enriquecer as capacidades humanas, entre as quais a comunicacional.

“A sabedoria do coração”, concluiu o papa Francisco, “é a virtude que nos permite combinar o todo com as partes, as decisões com suas consequências, as grandezas com suas fragilidades, o passado com o futuro, o eu com o nós.”

A comunicação entre as pessoas é regida por emoções, nuances culturais e contextos históricos e sociais. A IA, por outro lado, opera sob uma lógica binária, buscando padrões orientada por uma programação voltada exclusivamente à eficiência, sem perscrutar, obviamente, as profundezas da experiência humana. A questão levantada pelo papa Francisco, portanto, não é se podemos integrar a IA ao processo comunicacional, mas como podemos fazê-lo de maneira que a ferramenta preserve a essência humana, não fomente a discórdia e assegure a paz. Fonte: https://www.estadao.com.br

 

Padre José Eduardo — Foto: Reprodução/Instagram

 

Por 

Rodrigo Castro

Alvo da operação Tempus Veritatis, deflagrada hoje pela PF, o padre José Eduardo de Oliveira e Silva está fazendo uma “vaquinha” para comprar um celular e um computador. O pároco, da Diocese de Osasco, teve seus equipamentos apreendidos pelos agentes da PF que cumpriam mandado de busca e apreensão a partir de informações da delação de Mauro Cid.

Diz uma mensagem publicada nos stories do seu perfil no Instagram, em que tem quase 300 mil seguidores:

“O padre José Eduardo está incomunicável, pelos motivos evidentes. Retiraram seu celular e seu computador. Se alguém quiser ajudar o padre a adquirir novos equipamentos, segue o pix”.

Segundo a PF, o padre participou de uma reunião em 19 de novembro de 2022 no Palácio do Planalto na qual teria sido discutida uma minuta golpista para impedir a posse de Lula. Sua presença ali indica que, aparentemente, ele abençoava o golpe.

Conforme a representação, o religioso "possui um site com seu nome no qual foi possível verificar diversos vínculos com pessoas e empresas já investigados em inquéritos correlacionados à produção e divulgação de notícias falsas".

Em nota, José Eduardo disse que “não cooperei nem endossei qualquer ato disruptivo da Constituição”. Acrescentou que, “como professor de teologia moral, sempre ensinei que a lei positiva deve ser obedecida pelos fiéis, dentre os quais humildemente me incluo”. Fonte: https://oglobo.globo.com

Segundo as investigações, José Eduardo de Oliveira e Silva fazia parte do núcleo jurídico do esquema que teria atuado para dar um golpe de Estado.

 

Na decisão do ministro Alexandre de Moraes, José Eduardo de Oliveira e Silva citado como integrante do núcleo jurídico do esquema. — Foto: Reprodução

 

Por Isabela LeiteFábio Santos

Um dos alvos da operação deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (8) contra suspeitos de tentar dar um golpe de Estado no país é um padre que atua na diocese de Osasco, na Grande São Paulo.

Na decisão do ministro Alexandre de Moraes, José Eduardo de Oliveira e Silva citado como integrante do núcleo jurídico do esquema, que atuaria no "assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado".

O religioso foi alvo de um mandado de busca e apreensão e terá que cumprir as seguintes medidas cautelares, segundo decisão do STF:

a proibição de manter contato com os demais investigados;

e de se ausentar do país, com determinação para entrega de todos os passaportes (nacionais e estrangeiros) no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.

Procurada pelo g1, a arquidiocese de Osasco informou que vai apurar as notícias antes de se manifestar.

 

Segundo a investigação, fazem parte do núcleo jurídico:

  • Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro;
    • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro;
    • Amauri Feres Saad, advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como "mentor intelectual" da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres;
    • José Eduardo de Oliveira e Silva, padre da diocese de Osasco;
    • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

De acordo com a PF, o padre participou de uma reunião no dia 19 de novembro de 2022, com Filipe Martins e Amauri Feres Saad, como indicam os controles de entrada e saída do Palácio do Planalto.

"Como apontado pela autoridade policial, 'José Eduardo possui um site com seu nome no qual foi possível verificar diversos vínculos com pessoas e empresas já investigados em inquéritos correlacionados à produção e divulgação de notícias falsas'”, diz a decisão. Fonte: https://g1.globo.com

 

1) Oração

Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Marcos 7, 14-33)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 14Jesus chamou a multidão para perto de si e disse: Ouvi-me todos, e entendei. 15Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa manchar; mas o que sai do homem, isso é que mancha o homem. 16[bom entendedor meia palavra basta.] 17Quando deixou o povo e entrou em casa, os seus discípulos perguntaram-lhe acerca da parábola. 18Respondeu-lhes: Sois também vós assim ignorantes? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode tornar impuro, 19porque não lhe entra no coração, mas vai ao ventre e dali segue sua lei natural? Assim ele declarava puros todos os alimentos. E acrescentava: 20Ora, o que sai do homem, isso é que mancha o homem. 21Porque é do interior do coração dos homens que procedem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, 22adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez. 23Todos estes vícios procedem de dentro e tornam impuro o homem. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

O Evangelho de hoje é a continuação do assunto que meditamos ontem. Jesus ajuda o povo e os discípulos a entender melhor o significado da pureza diante de Deus. Desde séculos, os judeus, para não contrair impureza, observavam muitas normas e costumes relacionados com comida, bebida, roupa, higiene do corpo, lavagem de copos, contato com pessoas de outra religião e raça, etc (Mc 7,3-4) Eles eram proibidos de entrar em contato com os pagãos e de comer com eles. Nos anos 70, época de Marcos, alguns judeus convertidos diziam: “Agora que somos cristãos temos que abandonar estes costumes antigos que nos separam dos pagãos convertidos!” Mas outros achavam que deviam continuar na observância destas leis da pureza (cf Col 2,16.20-22). A atitude de Jesus, descrita no evangelho de hoje, ajudava-os a superar o problema.

Marcos 7,14-16: Jesus abre um novo caminho para o povo se aproximar de Deus

Ele diz para a multidão: “Não há nada no exterior do ser humano que, entrando nele, possa torná-lo impuro!” (Mc 7,15). Jesus inverte as coisas: o impuro não vem de fora para dentro, como ensinavam os doutores da lei, mas sim de dentro para fora. Deste modo, ninguém mais precisa se perguntar se esta ou aquela comida ou a bebida é pura ou impura. Jesus coloca o puro e o impuro num outro nível, no nível do comportamento ético. Ele abre um novo caminho para chegar até Deus e, assim, realiza o desejo mais profundo do povo.

Marcos 7,17-23: Em casa, os discípulos pedem explicação

Os discípulos não entenderam bem o que Jesus queria dizer com aquela afirmação. Quando chegaram em casa pediram uma explicação. Jesus estranhou a pergunta dos discípulos. Pensava que eles tivessem entendido a parábola. Na explicação aos discípulos ele vai até ao fundo da questão da pureza. Declara puros todos os alimentos! Ou seja, nenhum alimento que de fora entra no ser humano pode torná-lo impuro, pois não vai até o coração, mas vai para o estômago e acaba na fossa. Mas o que torna impuro, diz Jesus, é aquilo que de dentro do coração sai para envenenar o relacionamento humano. E ele enumera: prostituição, roubo, assassinato, adultério, ambição, etc. Assim, de muitas maneiras, pela palavra, pelo toque e pela convivência, Jesus foi ajudando as pessoas a ver e obter a pureza de outra maneira. Pela palavra, purificava os leprosos (Mc 1,40-44), expulsava os espírito impuros (Mc 1,26.39; 3,15.22 etc), e vencia a morte que era a fonte de toda a impureza. Pelo toque em Jesus, a mulher excluída como impura ficou curada (Mc 5,25-34). Sem medo de contaminação, Jesus comia junto com as pessoas consideradas impuras (Mc 2,15-17).

As leis da pureza no tempo de Jesus

O povo daquela época tinha uma grande preocupação com a pureza. A lei e as normas da pureza indicavam as condições necessárias para alguém poder comparecer diante de Deus e se sentir bem na presença dele. Não se podia comparecer diante de Deus de qualquer jeito. Pois Deus é Santo. A Lei dizia: “Sede santos, porque eu sou santo!” (Lv 19,2). Quem não era puro não podia chegar perto de Deus para receber dele a bênção prometida a Abraão. A lei do puro e do impuro (Lv 11 a 16) foi escrita depois do cativeiro da Babilônia, cerca de 800 anos depois do Êxodo, mas tinha suas raízes na mentalidade e nos costumes antigos do povo da Bíblia. Uma visão religiosa e mítica do mundo levava o povo a apreciar as coisas, as pessoas e os animais, a partir da categoria da pureza (Gn 7,2; Dt 14,13-21; Nm 12,10-15; Dt 24,8-9).

No contexto da dominação persa, séculos V e IV antes de Cristo, diante da dificuldade para reconstruir o templo de Jerusalém e para a própria sobrevivência do clero, os sacerdotes que estavam no governo do povo da Bíblia ampliaram as leis da pureza e a obrigação de oferecer sacrifícios de purificação pelo pecado. Assim, depois do parto (Lv 12,1-8), da menstruação (Lv 15,19-24) ou da cura de uma hemorragia (Lv 15,25-30), as mulheres tinham que oferecer sacrifícios para recuperar a pureza. Pessoas leprosas (Lv 13) ou que entravam em contato com coisas e animais impuros (Lv 5,1-13) também deviam oferecer sacrifícios. Uma parte destas oferendas ficava para os sacerdotes (Lv 5,13).

No tempo de Jesus, tocar em leproso, comer com publicano, comer sem lavar as mãos, e tantas outras atividades, etc.: tudo isso tornava a pessoa impura, e qualquer contato com esta pessoa contaminava os outros. Por isso, as pessoas “impuras” deviam ser evitadas. O povo vivia acuado, sempre ameaçado pelas tantas coisas impuras que ameaçavam sua vida. Era obrigado a viver desconfiado de tudo e de todos. Agora, de repente, tudo mudou! Através da fé em Jesus, era possível conseguir a pureza e sentir-se bem diante de Deus sem que fosse necessário observar todas aquelas leis e normas da “Tradição dos Antigos”. Foi uma libertação! A Boa Nova anunciada por Jesus tirou o povo da defensiva, do medo, e lhe devolveu a vontade de viver, a alegria de ser filho e filha de Deus, sem medo de ser feliz!

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Na sua vida há costumes que você considera sagrados e outros que considera não sagrados? Quais? Por que?
  2. Em nome da Tradição dos Antigos os fariseus esqueciam o Mandamento de Deus. Isto acontece hoje? Onde e quando? Também na minha vida?

 

5) Oração final

Vem do Senhor a salvação dos justos, que é seu refúgio no tempo da provocação. O Senhor os ajuda e liberta; arranca-os dos ímpios e os salva, porque se refugiam nele. (Sl 36)

 

1) Oração

Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Marcos 7, 1-13)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 1Os fariseus e alguns dos escribas vindos de Jerusalém tinham se reunido em torno dele. 2E perceberam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as lavar. 3(Com efeito, os fariseus e todos os judeus, apegando-se à tradição dos antigos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos; 4e, quando voltam do mercado, não comem sem ter feito abluções. E há muitos outros costumes que observam por tradição, como lavar os copos, os jarros e os pratos de metal.) 5Os fariseus e os escribas perguntaram-lhe: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com as mãos impuras? 6Jesus disse-lhes: Isaías com muita razão profetizou de vós, hipócritas, quando escreveu: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. 7Em vão, pois, me cultuam, porque ensinam doutrinas e preceitos humanos (29,13). 8Deixando o mandamento de Deus, vos apegais à tradição dos homens. 9E Jesus acrescentou: Na realidade, invalidais o mandamento de Deus para estabelecer a vossa tradição. 10Pois Moisés disse: Honra teu pai e tua mãe; Todo aquele que amaldiçoar pai ou mãe seja morto. 11Vós, porém, dizeis: Se alguém disser ao pai ou à mãe: Qualquer coisa que de minha parte te pudesse ser útil é corban, isto é, oferta, 12e já não lhe deixais fazer coisa alguma a favor de seu pai ou de sua mãe, 13anulando a palavra de Deus por vossa tradição que vós vos transmitistes. E fazeis ainda muitas coisas semelhantes. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

O Evangelho de hoje fala dos costumes religiosos daquele tempo e dos fariseus que ensinavam tais costumes ao povo. Por exemplo, comer sem lavar as mãos ou, como eles diziam, comer com mãos impuras. Muitos destes costumes estavam desligados da vida e tinham perdido o seu sentido. Mesmo assim, estes costumes eram conservados e ensinados, ou por medo, ou por superstição. O Evangelho traz algumas instruções de Jesus a respeito destes costumes.

Marcos 7,1-2: Controle dos fariseus e liberdade dos discípulos.

Os fariseus e alguns escribas, vindos de Jerusalém, observavam como os discípulos de Jesus comiam pão com mãos impuras. Aqui há três pontos que merecem ser assinalados: 1) Os escribas eram de Jerusalém, da capital! Significa que tinham vindo para observar e controlar os passos de Jesus. 2) Os discípulos não lavavam as mãos para comer! Significa que a convivência com Jesus os levou a criar coragem para transgredir normas que a tradição impunha ao povo, mas que já não tinham sentido para a vida. 3) O costume de lavar as mãos, que, até hoje, continua sendo uma norma importante de higiene, tinha tomado para eles um significado religioso que servia para controlar e discriminar as pessoas.

Marcos 7,3-4: A Tradição dos Antigos

“A Tradição dos Antigos” transmitia as normas que deviam ser observadas pelo povo para conseguir a pureza exigida pela lei. A observância da pureza era um assunto muito sério para o povo daquele tempo. Eles achavam que uma pessoa impura não podia receber a bênção prometida por Deus a Abraão. As normas de pureza eram ensinadas para abrir o caminho até Deus, fonte da paz. Na realidade, porém, em vez de serem uma fonte de paz, as normas eram uma prisão, um cativeiro. Para os pobres, era praticamente impossível observar as centenas de normas, costumes e leis. Por isso, eles eram desprezados como gente ignorante e maldita que não conhece a lei (Jo 7,49).

Marcos 7,5: Escribas e fariseus criticam o comportamento dos discípulos de Jesus

Os escribas e fariseus perguntam a Jesus: Por que os teus discípulos não se comportam conforme a tradição dos antigos e comem o pão com as mãos impuras? Eles fingem estar interessados em conhecer o porquê do comportamento dos discípulos. Na realidade, criticam Jesus por ele permitir que os discípulos transgridam as normas da pureza. Os fariseus formavam uma espécie de irmandade, cuja principal preocupação era observar todas as leis da pureza. Os escribas eram os responsáveis pela doutrina. Ensinavam as leis referentes à observância da pureza.

Marcos 7,6-13 Jesus critica a incoerência dos fariseus

Jesus responde citando Isaías: Este povo me honra só com os lábios, mas o seu coração está longe de mim (cf. Is 29,13). Insistindo nas normas da pureza, os fariseus esvaziavam os mandamentos da lei de Deus. Jesus cita um exemplo concreto. Eles diziam: a pessoa que oferecer ao Templo os seus bens, não pode usar esses bens para ajudar os pais necessitados. Assim, em nome da tradição esvaziavam o quarto mandamento que manda amar pai e mãe. Tais pessoas pareciam muito observantes, mas era só por fora. Por dentro, o coração delas fica longe de Deus! Como diz o canto: “Seu nome é Jesus Cristo e passa fome, e vive à beira das calçadas. E a gente quando vê passa adiante, às vezes, para chegar depressa à igreja!”. No tempo de Jesus, o povo, na sua sabedoria, não concordava com tudo que se ensinava. Esperava que, um dia, o Messias viesse indicar um outro caminho para alcançar a pureza. Em Jesus se realiza esta esperança.

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Conhece algum costume religioso de hoje que já não tem muito sentido, mas que continua sendo ensinado?
  2. Os fariseus eram judeus praticantes mas sua fé estava desligada da vida da vida do povo. Por isso, Jesus os criticou. E hoje, Jesus nos criticaria? Em que?

 

5) Oração final

Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso vosso nome em toda a terra! Vossa majestade se estende, triunfante, por cima de todos os céus. Que é o homem, digo-me então, para pensardes nele? (Sl 8, 2.5a)


Esta festa já era celebrada em Jerusalém, no século IV. Chamava-se festa do encontro, hypapántè , em grego. Em 534, a festa estendeu-se a Constantinopla e, no tempo do Papa Sérgio, chegou a Roma e ao Ocidente. Em Roma, a festa incluía uma procissão até a Basílica de S. Maria Maior. No século X, começaram a benzer-se as velas.

José e Maria levam o Menino Jesus ao templo, oferecendo-o ao Pai. Como toda a oferta implica renúncia, a Apresentação do Senhor é já o começo do mistério do sofrimento redentor de Jesus, que atingirá o seu ponto culminante no Calvário. Maria e José unem-se à oferta do seu divino Filho estando a seu lado e colaborando, cada um a seu modo, na obra da Redenção.

 

Evangelho: Lucas 2, 22-40

 

Meditatio

Os pais de Jesus, de acordo com a lei mosaica, 40 dias depois do nascimento do primeiro filho, foram ao Templo de Jerusalém para oferecer o primogénito ao Senhor e para a mãe ser purificada. Mas este rito não foi exatamente igual aos outros. Nos ritos comuns, eram os pais que apresentavam os filhos a Deus em sinal de oferta e de pertença; neste rito é Deus que apresenta o seu Filho aos homens. Fá-lo pela boca do velho Simeão e da profetisa Ana. Simeão apresenta-O ao mundo como salvação para todos os povos, como luz que iluminará as gentes, mas também como sinal de contradição; como Aquele que revelará os pensamentos dos corações.

O encontro de Jesus com Simeão e Ana no Templo de Jerusalém é símbolo de uma realidade maior e universal: a Humanidade encontra o seu Senhor na Igreja. Malaquias preanunciava este encontro: «Eis que Eu vou enviar o meu mensageiro, a fim de que ele prepare o caminho à minha frente. E imediatamente entrará no seu santuário o Senhor, que vós procurais». No Templo, Simeão reconheceu Jesus como o Messias esperado e proclamou-o salvador e luz do mundo. Compreendeu que, doravante, o destino de cada homem se decidia pela atitude assumida perante Ele; Jesus será ruína ou salvação. Como dirá João Batista: Ele tem na mão a joeira para separar o trigo bom da palha (Mt 3, 12).

É o que acontece, a outra escala, também hoje: no novo templo de Deus que é a Igreja, os homens «encontram» Cristo, aprendem a conhecê-lo, recebem-no na Eucaristia, como Simeão o recebeu nos braços; a sua palavra torna-se, aí, para eles, luz e o seu corpo força e alimento. É a experiência que fazemos, sempre que vamos à missa. A comunhão é um verdadeiro encontro entre Deus e nós. Hoje, essa experiência é acentuada pelo simbolismo da festa: a procissão com que entramos na igreja com o sacerdote, levando a vela acesa e cantando, era, sinal deste ir ao encontro de Jesus que nos chama no interior da sua igreja, na esperança de irmos ao seu encontro um dia no Hypapante eterno, quando formos nós a ser apresentados por Ele ao Pai.

A Candelária é festa de luz. A luz da fé não nos foi dada apenas para iluminar o nosso caminho, desinteressando-nos dos outros... A luz da fé também não é para ter acesa apenas na igreja, ou em certos momentos, mas em todos os momentos e situações da nossa vida... A nossa fé há de ser luz que ilumina, fogo que aquece... É luz e fogo quem é compreensivo e bom com todos... quem sabe apoiar os pequenos esforços... os pequenos progressos... quem tem palavras de amizade, de estímulo, de apoio... quem sabe dizer uma boa palavra, dar uma ajuda... O amor cristão tem a sua origem em Deus que nos amou e nos enviou o seu Filho com quem nos encontramos em vários momentos da nossa vida, particularmente quando celebramos a Eucaristia. Esse é o nosso encontro, enquanto esperamos o encontro definitivo no Céu. Fonte: https://www.dehonianos.org

 

1) Oração

Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todos os homens com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Marcos 6, 7-13)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 7Então chamou os Doze e começou a enviá-los, dois a dois; e deu-lhes poder sobre os espíritos imundos. 8Ordenou-lhes que não levassem coisa alguma para o caminho, senão somente um bordão; nem pão, nem mochila, nem dinheiro no cinto; 9como calçado, unicamente sandálias, e que se não revestissem de duas túnicas. 10E disse-lhes: Em qualquer casa em que entrardes, ficai nela, até vos retirardes dali. 11Se em algum lugar não vos receberem nem vos escutarem, saí dali e sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra ele. 12Eles partiram e pregaram a penitência. 13Expeliam numerosos demônios, ungiam com óleo a muitos enfermos e os curavam. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

O Evangelho de hoje  descreve a continuidade do que vimos no evangelho de ontem. A passagem por Nazaré foi dolorosa para Jesus. Ele foi rejeitado pelo seu povo (Mc 6,1-5). O que antes era a sua comunidade, agora já não é mais. Alguma coisa mudou. A partir deste momento, como informa o Evangelho de hoje, Jesus começou a andar pelos povoados da Galiléia para anunciar a Boa Nova (Mc 6,6) e a enviar os doze em missão. Nos anos 70, época em que Marcos escrevia o seu evangelho, as comunidades cristãs viviam uma situação difícil, sem horizonte. Humanamente falando, não havia futuro para elas. Em 64, Nero começou a perseguir os cristãos. Em 65, estourou a revolta dos judeus da Palestina contra Roma. Em 70, Jerusalém foi totalmente destruída pelos romanos. Por isso, a descrição do envio dos discípulos, após o conflito em Nazaré, era fonte de luz e de ânimo para os cristãos.

Marcos 6,7. O objetivo da Missão  

O conflito cresceu e tocou de perto a pessoa de Jesus. Como ele reage? De duas maneiras. 1) Diante do fechamento do povo da sua comunidade, Jesus deixou Nazaré de lado e começou a percorrer os povoados nas redondezas (Mc 6,6). 2) Ele alargou a missão e intensificou o anúncio da Boa Nova chamando outras pessoas para envolve-las na missão. “Chamou os doze discípulos, começou a enviá-los dois a dois e dava-lhes poder sobre os espíritos maus”. O objetivo da missão é simples e profundo. Os discípulos participam da missão de Jesus. Não podem ir sozinhos, mas devem ir dois a dois, pois duas pessoas representam melhor a comunidade do que uma só e podem ajudar-se mutuamente. Eles recebem poder sobre os espíritos impuros, isto é, devem aliviar o sofrimento do povo e, através da purificação, devem abrir as portas do acesso direto a Deus.

Marcos 6,8-11. As atitudes a serem tomadas na Missão  

As recomendações são simples: “recomendou que não levassem nada pelo caminho, além de um bastão; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas. E Jesus disse ainda: "Quando vocês entrarem numa casa, fiquem aí até partirem. Se vocês forem mal recebidos num lugar e o povo não escutar vocês, quando saírem sacudam a poeira dos pés como protesto contra eles". E eles foram. É o começo de uma nova etapa. Agora já não é só Jesus, mas é todo o grupo que vai anunciar a Boa Nova de Deus ao povo. Se a pregação de Jesus já dava conflito, quanto mais agora, com a pregação de todo o grupo. Se o mistério já era grande, ainda será maior com a missão intensificada.

Marcos 6,12-13. O resultado da missão.

 “Então os discípulos partiram e pregaram para que as pessoas se convertessem. Expulsavam muitos demônios e curavam muitos doentes, ungindo-os com óleo”. Anunciar a Boa Nova, provocar conversão ou mudança nas pessoas e aliviar a dor do povo, curando as doenças e expulsando os males.

O envio dos discípulos em Missão

No tempo de Jesus havia vários outros movimentos de renovação. Por exemplo, os essênios e os fariseus. Também eles procuravam uma nova maneira de conviver em comunidade e tinham os seus missionários (cf. Mt 23,15). Mas estes, quando iam em missão, iam prevenidos. Levavam sacola e dinheiro para cuidar da sua própria comida. Pois não confiavam na comida do povo que nem sempre era ritualmente “pura”. Ao contrário dos outros missionários, os discípulos e as discípulas de Jesus recebem recomendações diferentes que ajudam a entender os pontos fundamentais da missão de anunciar a Boa Nova, que recebem de Jesus e que ainda é a nossa missão:

  1. a) Deviam ir sem nada.

Não podiam levar nada, nem bolsa, nem dinheiro na cintura, nem bastão, nem pão, nem sandálias, nem sequer duas túnicas. Isto significa que Jesus os obriga a confiar na hospitalidade. Pois quem vai sem nada, vai porque confia no povo e acredita que vai ser recebido. Com esta atitude criticavam as leis de exclusão, ensinadas pela religião oficial, e mostravam, pela nova prática, que tinham outros critérios de comunidade. 

  1. b) Deviam comer o que o povo lhes dava.

Não podiam viver separados com sua própria comida mas deviam aceitar a comunhão de mesa (Lc 10,8). Isto significa que, no contato com o povo, não deviam ter medo de perder a pureza tal como era ensinada na época. Com esta atitude criticavam as leis da pureza em vigor e mostravam, pela nova prática, que tinham outro acesso à pureza, isto é, à intimidade com Deus.

  1. c) Deviam ficar hospedados na primeira casa em que fossem acolhidos.

Deviam conviver de maneira estável e não andar de casa em casa. Deviam trabalhar como todo mundo e viver do que recebiam em troca, “pois o operário merece o seu salário” (Lc 10,7). Com outras palavras, eles deviam participar da vida e do trabalho do povo, e o povo os acolheria na sua comunidade e partilharia com eles casa e comida. Significa que deviam confiar na partilha.

  1. d) Deviam tratar dos doentes, curar os leprosos e expulsar os demônios (Lc 10,9; Mc 6,7.13; Mt 10,8).

Deviam exercer a função de “defensor” (goêl) e acolher para dentro do clã, dentro da comunidade, os que viviam excluídos. Com esta atitude criticavam a situação de desintegração da vida comunitária do clã e apontavam saídas concretas.

Estes eram os quatro pontos básicos que deviam animar a atitude dos missionários ou das missionárias que anunciavam a Boa Nova de Deus em nome de Jesus: hospitalidade, comunhão de mesa, partilha e acolhida aos excluídos (defensor, goêl). Caso estas quatro exigências fossem preenchidas, eles podiam e deviam gritar aos quatro ventos: “O Reino chegou!” (cf. Lc 10,1-12; 9,1-6; Mc 6,7-13; Mt 10,6-16). Pois o Reino de Deus que Jesus nos revelou não é uma doutrina, nem um catecismo, nem uma lei. O Reino de Deus acontece e se faz presente quando as pessoas, motivadas pela sua fé em Jesus, decidem conviver em comunidade para, assim, testemunhar e revelar a todos que Deus é Pai e Mãe e que, portanto, nós, seres humanos, somos irmãos e irmãs uns dos outros. Jesus queria que a comunidade local fosse novamente uma expressão da Aliança, do Reino, do amor de Deus como Pai, que faz de todos irmãos e irmãs.

 

4) Para um confronto pessoal

 

  1. Você participa da missão como discípulo ou discípula de Jesus?
  2. Qual o ponto da missão dos apóstolos que tem maior importância para nós hoje? Por que?

 

5) Oração final

Grande é o Senhor e digno de todo louvor, na cidade de nosso Deus. O seu monte santo, colina magnífica, é uma alegria para toda a terra. (Sl 47, 2-3a)

 

1) Oração

Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todos os homens com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Marcos 6, 1-6)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 1Jesus foi a Nazaré, sua terra, seguido de seus discípulos. 2Quando chegou o dia de sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos o ouviam e, tomados de admiração, diziam: Donde lhe vem isso? Que sabedoria é essa que lhe foi dada, e como se operam por suas mãos tão grandes milagres? 3Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs? E ficaram perplexos a seu respeito. 4Mas Jesus disse-lhes: Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e na sua própria casa. 5Não pôde fazer ali milagre algum. Curou apenas alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. 6Admirava-se ele da desconfiança deles. E ensinando, percorria as aldeias circunvizinhas. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão    Marcos 6,1-6

O evangelho de hoje fala da visita de Jesus a Nazaré e descreve como o povo de Nazaré se fechou e não quis aceita-lo (Mc 6,1-6). O evangelho de amanhã descreve como Jesus se abriu para o povo da Galiléia enviando seus discípulos em missão (Mc 6,7-13).

Marcos 6,1-2ªJesus volta para Nazaré

“Jesus foi para Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. Quando chegou o sábado, Jesus começou a ensinar na sinagoga”. Sempre é bom voltar para a terra da gente e reencontrar as pessoas amigas. Após longa ausência, Jesus também voltou e, como de costume, no dia de sábado, foi na sinagoga participar da reunião da comunidade. Jesus não era coordenador da comunidade, mesmo assim ele tomou a palavra e começou a ensinar. Sinal de que as pessoas podiam participar e expressar sua opinião.

Marcos 6,2b-3Reação do povo de Nazaré frente a Jesus.

O povo de Cafarnaum tinha aceitado o ensinamento de Jesus (Mc 1,22), mas o povo de Nazaré não gostou das palavras de Jesus e ficou escandalizado. Motivo? Jesus, o moço que eles conheciam desde criança, como é que ele agora ficou tão diferente? Eles não aceitaram o mistério de Deus presente em Jesus, um ser humano comum como eles, conhecido de todos! Para poder falar de Deus ele teria que ser diferente deles! Como se vê, nem tudo foi bem sucedido para Jesus. As pessoas que deveriam ser as primeiras a aceitar a Boa Nova, estas eram as que mais se recusavam a aceitá-la. O conflito não era só com os de fora de casa, mas também e sobretudo com os próprios parentes e o povo de Nazaré. Eles se recusaram a crer em Jesus, porque não conseguiam entender o mistério de Deus que envolvia a pessoa de Jesus: “De onde lhe vem tudo isso? Onde foi que arranjou tanta sabedoria? Ele não é o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? E suas irmãs não moram aqui conosco?”  Não deram conta de crer em Jesus! 

Os irmãos e as irmãs de Jesus A expressão “irmãos de Jesus” é causa de muita polêmica entre católicos e protestantes. Baseando-se neste e em outros textos, os protestantes dizem que Jesus teve mais irmãos e irmãs e que Maria teve mais filhos! Os católicos dizem que Maria não teve outros filhos. O que pensar disso?  Em primeiro lugar, as duas posições, tanto dos católicos como dos protestantes, ambas têm argumentos tirados da Bíblia e da Tradição das suas respectivas Igrejas. Por isso, não convém brigar nem discutir esta questão com argumentos só de cabeça. Pois trata-se de convicções profundas, que têm a ver com a fé e com o sentimento de ambos. Argumento só de cabeça não consegue desfazer uma convicção do coração! Apenas irrita e afasta! Mesmo quando não concordo com a opinião do outro, devo sempre respeitá-la. Em segundo lugar, em vez de brigar em torno de textos, nós todos, católicos e protestantes, deveríamos unir-nos para lutar em defesa da vida, criada por Deus, vida tão desfigurada pela pobreza, pela injustiça, pela falta de fé. Deveríamos lembrar algumas outras frases de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância”(Jo 10,10). “Que todos sejam um, para que o mundo creia que Tu, Pai, me enviaste”(Jo 17,21). “Quem não é contra nós é a favor”(Mc 10,39.40).

Marcos 6,4-6. Reação de Jesus diante da atitude do povo de Nazaré.

Jesus sabe muito bem que “santo de casa não faz milagre”. Ele diz: “Um profeta só não é estimado em sua própria pátria, entre seus parentes e em sua família!” De fato, onde não existe aceitação nem fé, a gente não pode fazer nada. O preconceito o impede. Jesus, mesmo querendo, não pôde fazer nada e ele ficou admirado da falta de fé deles. Por isso, diante da porta fechada da sua própria comunidade, ele “começou a percorrer as redondezas, ensinando nos povoados”. A experiência de rejeição levou Jesus a mudar sua prática. Ele se dirige aos outros povoados e, como veremos no evangelho de amanhã, ele envolve os discípulos na missão dando instruções de como devem dar continuidade à missão.

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Jesus teve problemas com seus parentes e com a sua comunidade. Desde que você começou a viver melhor o evangelho, alguma coisa mudou no seu relacionamento com a sua família e seus parentes?
  2. Jesus não pôde fazer muitos milagres em Nazaré porque faltou a fé. E hoje, será que ele encontraria fé em nós, em mim?

 

5) Oração final

Feliz aquele cuja iniqüidade foi perdoada, cujo pecado foi absolvido. Feliz o homem a quem o Senhor não arguir de falta, e em cujo coração não há dolo. (Sl 31)

 

Francisco falou sobre a ira na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira. Segundo ele, a "é um pecado terrível que está na origem das guerras e da violência". "Há homens que reprimem a ira no local de trabalho, parecendo calmos e controlados, mas, uma vez em casa, tornam-se insuportáveis para a esposa e os filhos", sublinhou.

 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre "Vícios e Virtudes" na Audiência Geral desta quarta-feira (31/01).

"A ira" foi o tema deste encontro semanal do Pontífice com os fiéis. Segundo o Papa, a ira "é um vício particularmente obscuro e talvez o mais simples de identificar do ponto de vista físico". Segundo ele, "a pessoa dominada pela ira tem dificuldade em esconder esse ímpeto: reconhece-se pelos movimentos do seu corpo, pela agressão, pela respiração difícil, pelo olhar sombrio e carrancudo".

De acordo com o Papa, "na sua manifestação mais aguda, a ira é um pecado que não deixa trégua. Se surge de uma injustiça sofrida ou que se acredita ser tal, muitas vezes não é desencadeada contra o culpado, mas contra o primeiro infeliz que se encontra".

Há homens que reprimem a ira no local de trabalho, parecendo calmos e controlados, porém, uma vez em casa, tornam-se insuportáveis para a esposa e os filhos. A ira é um pecado desenfreado: é capaz de tirar-nos o sono e nos fazer tramar continuamente na nossa mente, sem conseguir encontrar uma barreira aos raciocínios e aos pensamentos.

A seguir, Francisco disse que a ira "é um pecado que destrói as relações humanas. Expressa a incapacidade de aceitar a diversidade dos outros, especialmente quando as suas escolhas de vida divergem das nossas. Não se detém nos comportamentos errados de uma pessoa, mas joga tudo no caldeirão: é o outro, o outro como ele é, o outro como tal que causa a raiva e o ressentimento. Começa-se a odiar o tom da sua voz, os gestos banais do dia a dia, os seus modos de raciocinar e de sentir".

Segundo o Papa, "quando a relação atinge esse nível de degeneração, já se perdeu a clareza. Porque uma das características da ira, às vezes, é que ela não pode ser mitigada com o tempo. É importante que tudo se dissolva imediatamente, antes do pôr do sol. Se durante o dia surgir algum mal-entendido e duas pessoas não conseguem mais se entender, sentindo-se subitamente distantes, a noite não deve ser entregue ao diabo. O pecado nos mantém acordados no escuro a remoer nossas razões e os erros indizíveis, que nunca são nossos e sempre do outro". "É assim: quando uma pessoa está sob a ira, ela sempre, sempre diz que o problema está no outro. Ela nunca é capaz de reconhecer suas próprias falhas, seus próprios defeitos", acrescentou o Papa.

"No “Pai Nosso”, Jesus faz-nos rezar pelas nossas relações humanas que são um campo minado: um plano que nunca está em perfeito equilíbrio. Todos precisamos aprender a perdoar. Os homens não estão juntos se não praticarem também a arte do perdão, tanto quanto isso for humanamente possível. O que neutraliza a ira é a benevolência, a generosidade, a mansidão, a paciência", disse ainda Francisco.

O Pontífice disse outra coisa a propósito da ira: que ela "é um pecado terrível que está na origem das guerras e da violência. Porém, nem tudo que surge da ira está errado. Os antigos sabiam muito bem que existe uma parte irascível dentro de nós que não pode e não deve ser negada".

As paixões são, até certo ponto, inconscientes: acontecem, são experiências da vida. Não somos responsáveis pelo surgimento da ira, mas sempre pelo seu desenvolvimento. E às vezes é bom que a ira seja desabafada da maneira certa. Se uma pessoa nunca se irritasse, se não se indignasse diante de uma injustiça, se diante da opressão de uma pessoa fraca não sentisse algo tremendo nas suas entranhas, então isso significaria que não é humana, e muito menos, cristã.

"Existe uma santa indignação, que não é ira, mas é um movimento interior, uma santa indignação. Jesus a encontrou várias vezes na sua vida: nunca respondeu ao mal com o mal, mas na sua alma sentiu este sentimento e, no caso dos cambistas do Templo, realizou uma ação forte e profética, ditada não pela ira, mas pelo zelo pela casa do Senhor. É preciso distinguir bem, o zelo, a santa indignação, é uma coisa, a ira, que é ruim, é outra coisa. Cabe a nós, com a ajuda do Espírito Santo, encontrar a medida certa das paixões. Educá-las para que se tornem boas", concluiu o Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va

 

1) Oração

Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todos os homens com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Marcos 5, 21-43)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 21Tendo Jesus navegado outra vez para a margem oposta, de novo afluiu a ele uma grande multidão. Ele se achava à beira do mar, quando 22um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, se apresentou e, à sua vista, lançou-se-lhe aos pés, 23rogando-lhe com insistência: Minha filhinha está nas últimas. Vem, impõe-lhe as mãos para que se salve e viva. 24Jesus foi com ele e grande multidão o seguia, comprimindo-o. 25Ora, havia ali uma mulher que já por doze anos padecia de um fluxo de sangue. 26Sofrera muito nas mãos de vários médicos, gastando tudo o que possuía, sem achar nenhum alívio; pelo contrário, piorava cada vez mais. 27Tendo ela ouvido falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe no manto. 28Dizia ela consigo: Se tocar, ainda que seja na orla do seu manto, estarei curada. 29Ora, no mesmo instante se lhe estancou a fonte de sangue, e ela teve a sensação de estar curada. 30Jesus percebeu imediatamente que saíra dele uma força e, voltando-se para o povo, perguntou: Quem tocou minhas vestes? 31Responderam-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te comprime e perguntas: Quem me tocou? 32E ele olhava em derredor para ver quem o fizera. 33Ora, a mulher, atemorizada e trêmula, sabendo o que nela se tinha passado, veio lançar-se-lhe aos pés e contou-lhe toda a verdade. 34Mas ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e sê curada do teu mal. 35Enquanto ainda falava, chegou alguém da casa do chefe da sinagoga, anunciando: Tua filha morreu. Para que ainda incomodas o Mestre? 36Ouvindo Jesus a notícia que era transmitida, dirigiu-se ao chefe da sinagoga: Não temas; crê somente. 37E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. 38Ao chegar à casa do chefe da sinagoga, viu o alvoroço e os que estavam chorando e fazendo grandes lamentações. 39Ele entrou e disse-lhes: Por que todo esse barulho e esses choros? A menina não morreu. Ela está dormindo. 40Mas riam-se dele. Contudo, tendo mandado sair todos, tomou o pai e a mãe da menina e os que levava consigo, e entrou onde a menina estava deitada. 41Segurou a mão da menina e disse-lhe: Talita cumi, que quer dizer: Menina, ordeno-te, levanta-te! 42E imediatamente a menina se levantou e se pôs a caminhar (pois contava doze anos). Eles ficaram assombrados. 43Ordenou-lhes severamente que ninguém o soubesse, e mandou que lhe dessem de comer. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

No evangelho de hoje, vamos meditar sobre dois milagres de Jesus em favor de duas mulheres. O primeiro, em favor de uma senhora, considerada impura por causa de uma hemorragia que já durava doze anos. O outro, em favor de uma menina de doze anos, que acabava de falecer. Conforme a mentalidade da época, qualquer pessoa que tocasse em sangue ou em cadáver era considerada impura. Sangue e morte eram fatores de exclusão! Por isso, aquelas duas mulheres eram pessoas marginalizadas, excluídas da participação na comunidade.

O ponto de partida. Jesus chega de barco. O povo se junta. Jairo, o chefe da sinagoga, pede pela filha que está morrendo. Jesus vai com ele e o povo todo o acompanha, apertando-o de todos os lados. Este é o ponto de partida para as duas curas, que seguem: a cura da mulher e a ressurreição da menina de doze anos.

A situação da mulher. Doze anos de hemorragia! Por isso, ela vivia excluída, pois, naquele tempo, o sangue tornava a pessoa impura, e quem tocasse nela também ficava impura. Marcos informa que a mulher tinha gastado toda a sua economia com os médicos. Em vez de ficar melhor, ficou pior. Situação sem solução!

A atitude da mulher. Ela ouviu falar de Jesus. Nasceu uma nova esperança. Ela disse consigo: “Se ao menos tocar na roupa dele, eu ficarei curada”. O catecismo da época mandava dizer: “Se eu tocar na roupa dele, ele ficará impuro”. A mulher pensa exatamente o contrário! Sinal de que as mulheres não concordavam com tudo o que as autoridades religiosas ensinavam. A mulher meteu-se no meio da multidão e, de maneira desapercebida, tocou em Jesus, pois todo mundo o apertava e tocava nele. No mesmo instante ela sentiu no corpo que estava curada.

A reação de Jesus e dos discípulos. Jesus também sentiu que uma força tinha saído dele e perguntou: “Quem foi que me tocou?” Os discípulos reagem: “O senhor está vendo essa multidão que o aperta de todos os lados e ainda pergunta ‘Quem foi que me tocou?’” Aqui aparece o desencontro entre Jesus e os discípulos. Jesus tinha uma sensibilidade que não era percebida pelos discípulos. Estes reagiram como todo mundo e não entenderam a reação diferente de Jesus. Mas Jesus nem liga, e continua indagando.

A cura pela fé. A mulher percebeu que tinha sido descoberta. Foi um momento difícil e perigoso. Pois, conforme a crença da época, uma pessoa impura que, como aquela senhora, se metia no meio de uma multidão, contaminava todo mundo através do toque. Fazia todos ficar impuro diante de Deus (Lv 15,19-30). Por isso, como castigo, ela poderia ser apedrejada. Mas a mulher teve a coragem de assumir o que fez. “Cheia de medo e tremendo” caiu aos pés de Jesus e contou toda a verdade. Jesus dá a palavra final: “Minha filha, sua fé curou você. Vai em paz e fique curada dessa doença!” (1) “Minha filha”, isto é, Jesus acolhe a mulher na nova família, na comunidade, que se formava ao seu redor. (2) Aquilo que ela acreditava aconteceu de fato. (3) Jesus reconhece que sem a fé daquela mulher ele não poderia ter feito o milagre.

A notícia da morte da menina. Neste momento o pessoal da casa de Jairo informa que a filha tinha morrido. Já não adiantava molestar Jesus. Para eles, a morte era a grande barreira. Jesus não conseguiria ir além da morte! Jesus escuta, olha para Jairo e aplica o que acabava de presenciar, a saber, que a fé é capaz de realizar o que a pessoa acredita. E ele diz: “Não tenha medo! Crê somente!”

Na casa de Jairo. Jesus só permite três discípulos com ele. Vendo o alvoroço dos que fazem luto pela morte da menina, ele diz: “A criança não morreu. Está dormindo!”. O pessoal deu risada. O povo sabe distinguir quando uma pessoa está dormindo ou quando está morta. É a risada de Abraão e de Sara, isto é, dos que não conseguem crer que para Deus nada é impossível (Gn 17,17; 18,12-14; Lc 1,37). Também para eles, a morte era uma barreira que ninguém poderia ultrapassar! As palavras de Jesus têm ainda um significado mais profundo. A situação das comunidades perseguidas do tempo de Marcos parecia uma situação de morte. Elas tinham que ouvir: “Não é morte! Vocês é que estão dormindo! Acordem!” Jesus não dá importância à risada e entra no quarto onde está a menina, só ele, os três discípulos e os pais da menina.

A ressurreição da menina. Jesus toma a criança pela mão e diz: “Talita kúmi!” Ela levantou-se. Grande alvoroço! Jesus conserva a calma e pede que lhe dêem de comer. Duas mulheres são curadas! Uma tem doze anos de vida, a outra tem doze anos de hemorragia, doze anos de exclusão! Aos doze anos começa a exclusão da menina, pois começa a menstruação, começa a morrer! Jesus tem poder maior e ressuscita: “Levante-se!”

 

4) - Para um confronto pessoal

1) Qual o ponto deste texto de que você mais gostou ou que mais chamou a sua atenção? Por que?

2) Uma mulher foi curada e reintegrada na convivência da comunidade. Uma menina foi levantada do seu leito de morte. O que esta ação de Jesus nos ensina para nossa vida em família e na comunidade, hoje?

 

5) Oração final

De vós procede o meu louvor na grande assembleia, cumprirei meus votos na presença dos que vos temem. Os pobres comerão e serão saciados; louvarão o Senhor aqueles que o procuram: Vivam para sempre os nossos corações. (Sl 21, 26-27)

 

1) Oração

Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todos os homens com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Marcos 5, 1-20)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 1Jesus e os discípulos chegaram à outra margem do mar, na região dos gerasenos. 2Logo que Jesus desceu do barco, um homem que tinha um espírito impuro saiu do meio dos túmulos e foi a seu encontro. 3Ele morava nos túmulos, e ninguém conseguia amarrá-lo, nem mesmo com correntes. 4Muitas vezes tinha sido preso com grilhões e com correntes, mas ele arrebentava as correntes e quebrava os grilhões, e ninguém conseguia dominá-lo. 5Dia e noite andava entre os túmulos e pelos morros, gritando e ferindo-se com pedras. 6Ao ver Jesus, de longe, o homem correu, caiu de joelhos diante dele 7e gritou bem alto: “Que queres de mim, Jesus, Filho de Deus Altíssimo? Por Deus, não me atormentes!” 8Jesus, porém, disse-lhe: “Espírito impuro, sai deste homem!” 9E perguntou-lhe: “Qual é o teu nome?” Ele respondeu: “Legião é meu nome, pois somos muitos”. 10E suplicava-lhe para que não o expulsasse daquela região. 11Entretanto estava pastando, no morro, uma grande manada de porcos. 12Os espíritos impuros suplicaram então: “Manda-nos entrar nos porcos”. 13Jesus permitiu. Eles saíram do homem e entraram nos porcos. E os porcos, uns dois mil, se precipitaram pelo despenhadeiro no mar e foram se afogando. 14Os que cuidavam deles fugiram e espalharam a notícia na cidade e no campo. As pessoas saíram para ver o que tinha acontecido. 15Chegaram onde estava Jesus e viram o possesso sentado, vestido e no seu perfeito juízo – aquele que tivera o Legião. E ficaram com medo. 16Os que tinham presenciado o fato explicavam-lhes o que havia acontecido com o possesso e com os porcos. 17Então, suplicaram Jesus para que fosse embora do território deles. 18Enquanto Jesus entrava no barco, o homem que tinha sido possesso pediu para que o deixasse ir com ele. 19Jesus, porém, não permitiu, mas disse-lhe: “Vai para casa, para junto dos teus, e anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti”. 20O homem foi embora e começou a anunciar, na Decápole, tudo quanto Jesus tinha feito por ele. E todos ficavam admirados. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

No Evangelho de hoje, vamos meditar um longo texto sobre a expulsão de um demônio que se chamava Legião e que oprimia e maltratava uma pessoa. Hoje há muita gente que usa os textos do evangelho sobre a expulsão dos demônios para meter medo nos outros. É pena! Marcos faz o contrário. Como veremos, ele associa a ação do poder do mal com quatro coisas: 1) Com o cemitério, o lugar dos mortos. A morte que mata a vida! 2) Com o porco, que era considerado um animal impuro. A impureza que separa de Deus!  3) Com o mar, que era visto como símbolo do caos de antes da criação. O caos que destrói a natureza. 4) Com a palavra Legião, nome dos exércitos do império romano. O império que oprime e explora os povos. Ora, Jesus vence o poder do mal nestes quatro pontos. A vitória de Jesus tinha um alcance enorme para as comunidades dos anos setenta, época em que Marcos escreve o seu evangelho. Elas viviam perseguidas pelas legiões romanas, cuja ideologia manipulava as crenças populares nos demônios para meter medo no povo e conseguir submissão!

O poder do mal oprime, maltrata e aliena as pessoas. Os versículos iniciais descrevem a situação do povo antes da chegada de Jesus. Na maneira de descrever o comportamento do endemoninhado, Marcos associa o poder do mal com cemitério e morte. É um poder sem rumo, ameaçador, descontrolado e destruidor, que mete medo em todos. Priva a pessoa da consciência, do autocontrole e da autonomia.

Diante da simples presença de Jesus o poder do mal desmorona e desintegra. Na maneira de descrever o primeiro contato entre Jesus e o homem possesso, Marcos acentua  a desproporção total! O poder, que antes parecia tão forte, se derrete e se desmancha diante de Jesus. O homem cai de joelhos, pede para não ser expulso da região e entrega até o seu nome Legião. Através deste nome, Marcos associa o poder do mal com o poder político e militar do império romano que dominava o mundo através das suas Legiões.

O poder do mal é impuro e não tem autonomia nem consistência. O demônio não tem poder sobre os seus próprios movimentos. Só consegue ir para dentro dos porcos com a permissão de Jesus! Uma vez dentro dos porcos, estes se precipitam no mar. Eram 2000 porcos! Na opinião do povo, o porco era símbolo da impureza que impedia o ser humano de relacionar-se com Deus e sentir-se acolhido por Ele. O mar era símbolo do caos que existia antes da criação e que, conforme a crença da época, ameaçava a vida. Este episódio dos porcos que se precipitam no mar é estranho e difícil de ser entendido. Mas a mensagem é muito clara: diante de Jesus, o poder do mal não tem autonomia nem consistência. Quem crê em Jesus já venceu o poder do mal e já não precisa ter medo!

A reação do povo do lugar. Alertado pelos empregados que tomavam conta dos porcos, o povo do lugar veio e viu o homem liberto do poder do mal “em perfeito juízo”. Mas eles ficaram sem os porcos! Por isso, pedem a Jesus para ir embora. Para eles, os porcos eram mais importantes que o ser humano que acabava de ser devolvido a si mesmo. Assim é hoje:  o sistema neoliberal pouco se importa com as pessoas. O que importa é o lucro!

Anunciar a Boa Nova é anunciar “o que o Senhor fez por você!”  O homem liberto quer “seguir Jesus”, mas Jesus diz: “Vá para casa, para junto dos seus, e anuncia a eles o que o Senhor fez por você!”. Esta frase de Jesus, Marcos a dirige às comunidades e a todos nós. Para a maioria de nós “seguir Jesus” significa: “Vá para sua casa e anuncia aos seus o que o Senhor te fez!”

 

4) Para um confronto pessoal

1) Qual o ponto deste texto de que você mais gostou ou que mais chamou a sua atenção? Por que?

2) O homem curado quer seguir Jesus. Mas ele deve ficar em casa e contar a todo mundo o que Jesus fez por ele. O que Jesus fez por você que pode ser contado para os outros?

 

5) Oração final

Quão grande é, Senhor, vossa bondade, que reservastes para os que vos temem e com que tratais aos que se refugiam em vós, aos olhos de todos. (Sl 30, 20)

 

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Marcos 3,31-35)

Naquele tempo, 31chegaram a mãe de Jesus e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. 32Havia uma multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram: "Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura".

33Ele respondeu: "Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?" 34E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: "Aqui estão minha mãe e meus irmãos. 35Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe".

- Palavra da Salvação.

 

3) Reflexão

A família de Jesus. Os parentes chegam na casa onde Jesus estava. Provavelmente tinham vindo de Nazaré. De lá até Cafarnaum são uns 40 quilômetros. Sua mãe veio junto. Eles não entram, mas mandam recado: Tua mãe, teus irmãos e tuas irmãs estão lá fora e te procuram! A reação de Jesus é firme: Quem é minha mãe, quem são meus irmãos? E ele mesmo responde apontando para a multidão que estava ao redor: Eis aqui minha mãe e meus irmãos! Pois todo aquele que faz a vontade de Deus é meu irmão, minha irmã, minha mãe! Para entender bem o significado desta resposta convém olhar a situação da família no tempo de Jesus.

No antigo Israel, o clã, isto é, a grande família (a comunidade), era a base da convivência social. Era a proteção das famílias e das pessoas, a garantia da posse da terra, o veículo principal da tradição, a defesa da identidade. Era a maneira concreta do povo daquela época encarnar o amor de Deus no amor ao próximo. Defender o clã era o mesmo que defender a Aliança.

Na Galiléia do tempo de Jesus, por causa do sistema implantado durante os longos governos de Herodes Magno (37 a.C. a 4 a.C.) e de seu filho Herodes Antipas (4 a.C. a 39 d.C.), o clã (a comunidade) estava enfraquecendo. Os impostos a serem pagos, tanto ao governo como ao templo, o endividamento crescente, a mentalidade individualista da ideologia helenista, as freqüentes ameaças de repressão violenta por parte dos romanos, a obrigação de acolher os soldados e dar-lhes hospedagem, os problemas cada vez maiores de sobrevivência, tudo isto levava as famílias a se fecharem dentro das suas próprias necessidades. Este fechamento era reforçado pela religião da época. Por exemplo, quem dedicava sua herança ao Templo podia deixar seus pais sem ajuda. Isto enfraquecia o quarto mandamento que era a espinha dorsal do clã (Mc 7,8-13). Além disso, a observância das normas de pureza era fator de marginalização de muita gente: mulheres, crianças, samaritanos, estrangeiros, leprosos, possessos, publicanos, doentes, mutilados, paraplégicos.

Assim, a preocupação com os problemas da própria família impedia as pessoas de se unirem em comunidade. Ora, para que o Reino de Deus pudesse manifestar-se na convivência comunitária do povo, as pessoas tinham de ultrapassar os limites estreitos da pequena família e abrir-se, novamente, para a grande família, para a Comunidade. Jesus deu o exemplo. Quando sua própria família tentou apoderar-se dele, reagiu e alargou a família: “Quem é minha mãe, quem são meus irmãos? E ele mesmo deu a resposta apontando para a multidão que estava ao redor: Eis aqui minha mãe e meus irmãos! Pois todo aquele que faz a vontade de Deus é meu irmão, minha irmã, minha mãe!  (Mc 3,33-35). Criou comunidade.

Jesus pedia o mesmo de todos que queriam segui-lo. As famílias não podiam fechar-se. Os excluídos e os marginalizados deviam ser acolhidos dentro da convivência e, assim, sentir-se acolhidos por Deus (cf Lc 14,12-14). Este era o caminho para realizar o objetivo da Lei que dizia: “Entre vocês não pode haver pobres” (Dt 15,4). Como os grandes profetas do passado, Jesus procura reforçar a vida comunitária nas aldeias da Galiléia. Ele retoma o sentido profundo do clã, da família, da comunidade, como expressão da encarnação do amor de Deus no amor ao próximo.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Viver a fé em comunidade. Qual o lugar e a influência da comunidade na minha maneira de viver a fé?

2) Hoje, na cidade grande, a massificação promove o individualismo que é o contrário da vida em comunidade. O que estou fazendo para combater este mal?

 

5) Oração final

Esperei firmemente no SENHOR e ele se inclinou para mim, atendendo a minha súplica. Fez-me cantar um canto novo, um louvor ao nosso Deus. (Sal 39, 2.4)

 

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Marcos 3,22-30)

Naquele tempo, 22os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Beelzebul, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios. 23Então Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: "Como é que Satanás pode expulsar a Satanás? 24Se um reino se divide contra si mesmo ele não poderá manter-se. 25Se uma família se divide contra si mesma, não poderá manter-se. 26Assim, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído. 27Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens, sem antes o amarrar. Só depois poderá saquear sua casa.

28Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens, tanto nos pecados, como qualquer blasfêmia que tiverem dito. 29Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno". 30Jesus falou isso, porque diziam: 'Ele está possuído por um espírito mau".

- Palavra da Salvação

 

3) Reflexão

O conflito cresce. Existe uma sequência progressiva no evangelho de Marcos. Na medida em que a Boa Nova progride e é aceita pelo povo, nesta mesma medida cresce a resistência por parte das autoridades religiosas. O conflito começa a crescer e envolve vários grupos de pessoas. Por exemplo, os parentes de Jesus acham que ele ficou louco (Mc 3,20-21), e os escribas que tinham vindo de Jerusalém acham que ele é um possesso (Mc 3,22).

Conflito com as autoridades. Os escribas caluniam Jesus. Dizem que ele está possesso e que expulsa os demônios com a ajuda de Belzebu, o príncipe dos demônios. Eles tinham vindo de Jerusalém, a mais de 120 km de distância, para vigiar o comportamento de Jesus. Queriam defender a Tradição contra as novidades que Jesus ensinava ao povo (Mc 7,1). Achavam que o ensino dele era contra a boa doutrina. A resposta de Jesus tem três partes.

Primeira parte: a comparação da família dividida. Jesus usa a comparação da família dividida e do reino dividido para denunciar o absurdo da calúnia. Dizer que Jesus expulsa os demônios com a ajuda do príncipe dos demônios é negar a evidência. É o mesmo que dizer que a água é seca, e que o sol é escuridão. Os doutores de Jerusalém caluniavam, porque não sabiam explicar os benefícios que Jesus realizava para o povo. Estavam com medo de perder a liderança.

Segunda parte: a comparação do homem forte. Jesus compara o demônio com um homem forte. Ninguém, a não ser uma pessoa mais forte, poderá roubar a casa de um homem forte. Jesus é este mais forte que chegou. Por isso, ele consegue entrar na casa e amarrar o homem forte. Consegue expulsar os demônios. Jesus amarrou o homem forte e agora rouba a casa dele, isto é, liberta as pessoas que estavam no poder do mal. O profeta Isaías já tinha usado a mesma comparação para descrever a vinda do messias (Is 49,24-25). Lucas acrescenta que a expulsão do demônio é um sinal evidente de que chegou o Reino de Deus (Lc 11,20).

Terceira parte: o pecado contra o Espírito Santo. Todos os pecados têm perdão, menos o pecado contra o Espírito Santo. O que é o pecado contra o Espírito Santo? É dizer: “O espírito que leva Jesus a expulsar o demônio, vem do próprio demônio!” Quem fala assim torna-se incapaz de receber o perdão. Por quê? Quem tapa os olhos pode enxergar? Não pode! Quem mantém a boca fechada pode comer? Não pode! Quem não fecha o guarda-chuva da calúnia pode receber a chuva do perdão? Não pode! O perdão passaria de lado e não o atingiria! Não é que Deus não quer perdoar. Deus quer perdoar sempre! Mas é o pecador que se recusa a receber o perdão!

 

4) Para um confronto pessoal

1) As autoridades religiosas se fecham e negam a evidência. Já aconteceu comigo eu me fechar contra a evidência dos fatos?

2) Calúnia é a arma dos fracos. Você já teve experiência neste ponto?

 

5) Oração final

Todos os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus. Aclamai ao SENHOR, terra inteira gritai e exultai cantando hinos. (Sal 97, 3b-4)

 

Padre Gleiber Dantas, de Caicó, disse que bolo foi disputado por duas correntes políticas na cidade de São Bento e que nunca tinha visto 'prenda' tão cara.

 

Bolo leiloado pela Paróquia de São Bento, na Paraíba — Foto: Reprodução

 

Por Igor Jácome, g1 RN

Um único bolo foi arrematado por R$ 100 mil durante um leilão realizado na última sexta-feira (19) pela paróquia da cidade de São Bento, na Paraíba, durante a festa de São Sebastião. A iguaria virou alvo de uma disputa política local.

O responsável pelo leilão era o padre potiguar Gleiber Dantas, que é de Caicó, na região Seridó do Rio Grande do Norte. Ele afirma que já realizou mais de 300 leilões, mas nunca tinha visto algo ser vendido por um valor tão alto em uma festa religiosa.

"A prenda mais cara que eu tinha visto na minha vida tinha sido no leilão de madrinha Santa Luzia em Mossoró (RN), que toda vida eu sou chamado para fazer. Um oratório saiu por R$ 34 mil. Foi a prenda mais cara que eu já tinha visto", afirmou.

Segundo o padre Gleiber, tradicionalmente o bolo é o bem mais disputado no leilão da paróquia de São Bento. O primeiro lance, na última sexta (19), foi de R$ 5 mil.

No entanto, o objeto se tornou alvo da disputa de dois grupos políticos, de situação e oposição, no município, ambos liderados por primos do religioso, que tem familiares na Paraíba. A distância entre Caicó (RN) e São Bento (PB) é de cerca de 60 quilômetros.

O valor subiu surpreendentemente, até um lance de R$ 70 mil ser superado por outro de R$ 100 mil. "Teve uma hora que me deu medo, porque eram dois grupos muito fortes, e ali o que mais estava em cena era mostrar que quem tirasse o bolo tinha mais força política", afirmou.

"Obviamente os dois grupos tinham intenção de ajudar a igreja, porque só foi para ali quem queria ajudar a igreja, mas ficou claro que havia uma queda de braço. Parecia que um grupo estava chamando o outro para a briga", disse.

O bolo foi arrematado pelo empresário conhecido como Rafinha Banana e acabou sendo consumido pela população da cidade.

O padre Gleiber se tornou conhecido ao virar um "meme" nas redes sociais, em 2020. Ele fez um leilão por meio de uma live, usando uma rede para se balançar. Entre os produtos arrematados, havia uma lasanha de R$ 140. Desde então, ele sempre usa uma rede durante os leilões que realiza.

Ele afirmou que o leilão rendeu mais de R$ 200 mil da última sexta-feira (19), mas não sabe o valor preciso da arrecadação. Ainda de acordo com o religioso, os valores levantados nos eventos são usados pelas paróquias para manter as despesas rotineiras, além de construção de novas capelas e ajuda social.

"A paróquia deve ser mantida pelos dízimos dos fiéis, mas há casos em que os dízimos mensais não cobrem os custos", explicou. Fonte: https://g1.globo.com

Governo Lula fez bem em rever benefício concedido na gestão de Bolsonaro

 

Celso Rocha de Barros

Servidor federal, é doutor em sociologia pela Universidade de Oxford (Inglaterra) e autor de "PT, uma História".

 

Em 2022, Jair Bolsonaro te fez ajudar a pagar o imposto de todos os líderes religiosos do Brasil, inclusive de quem não é da sua igreja, inclusive se você for ateu. Na semana passada, Lula livrou você dessa obrigação.

Pouco antes da eleição de 2022, Bolsonaro dispensou os líderes religiosos de pagar contribuição previdenciária. Com medo de perder, Jair tentou comprar o apoio de líderes religiosos, na esperança de que fizessem campanha para ele junto a seus fiéis.

Enquanto fazia isso, Jair também gastava uma fortuna em dinheiro público para tentar se reeleger. Isto é, aumentou o rombo que nós, brasileiros, precisamos cobrir com nossos impostos.

Faça a conta comigo: se a conta a ser dividida aumentou, e os líderes religiosos foram dispensados de pagar, quem sobrou vai ter que pagar mais.

Sempre que você ler no jornal "Governo isentou X de pagar impostos", leia: "De agora em diante, todos nós vamos ter que pagar os impostos que X pagava".

Afinal, no dia seguinte do decreto da isenção, o governo continuará com as mesmas obrigações: vai ter que pagar os mesmos salários para os funcionários públicos, as mesmas aposentadorias, os mesmos hospitais, as mesmas estradas, os mesmos quartéis, os mesmos juros da dívida, o mesmo Bolsa Família.

A única diferença é que X não vai mais contribuir com essa vaquinha. Logo, todo mundo vai ter que pagar um pouco mais para que X não pague nada.

Em alguns casos, isenções fiscais podem ser justificáveis. Mas os economistas concordam que elas precisam ser adotadas com muito cuidado, após muitos estudos que comprovem que terão efeitos positivos sobre o crescimento da economia.

Em geral, é mutreta.

Não me entenda mal: todo mundo tem o direito de dar dinheiro para a igreja que frequenta. Eu dou para a minha. Eu quero que ela continue lá, que pague a conta de luz, que alguém faça a limpeza periodicamente, que alguém seja pago para tocar órgão.

Mas cada um tem que sustentar sua própria igreja. Não roube meu imposto para chamar de seu dízimo.

Se você acha que seu pastor deveria ganhar mais, aumente suas oferendas durante o culto. O dinheiro é seu, você faz o que quiser com ele. Se você acha que o Malafaia precisa de um carro novo, dê seu carro para o Malafaia. Se você acha que o Edir Macedo precisa de uma nova casa, dê a ele a sua.

Mas o que Bolsonaro fez foi colocar o resto dos brasileiros para pagar os impostos do Malafaia. Aí não, filho. A maioria dos brasileiros não frequenta a mesma igreja que o Silas. E mesmo as que frequentam provavelmente preferem que o dinheiro do governo vá para o posto médico de seu bairro.

Portanto, Lula fez bem em revogar a isenção para líderes religiosos.

Os bolsonaristas disseram que Lula está perseguindo os cristãos. É mentira.

Só o que aconteceu foi o seguinte: pessoas cuja profissão é propagar a fé cristã e administrar seus rituais –uma profissão belíssima, a propósito– vão ter que contribuir para a construção de escolas e hospitais do mesmo jeito que os outros cidadãos que ganham a mesma coisa que eles.

E, talvez por castigo divino após ter tentado subornar todas as lideranças cristãs brasileiras ao mesmo tempo, Bolsonaro perdeu a eleição. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

 

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, que governais o céu e a terra, escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho  (Marcos 3,7-12)

Naquele tempo, 7Jesus se retirou para a beira do mar, junto com seus discípulos. Muita gente da Galiléia o seguia. 8E também muita gente da Judéia, de Jerusalém, da Iduméia, do outro lado do Jordão, dos territórios de Tiro e Sidônia, foi até Jesus, porque tinham ouvido falar de tudo o que ele fazia. 9Então Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca, por causa da multidão, para que não o comprimisse.

10Com efeito, Jesus tinha curado muitas pessoas, e todos os que sofriam de algum mal jogavam-se sobre ele para tocá-lo. 11Vendo Jesus, os espíritos maus caíam a seus pés, gritando: "Tu és o Filho de Deus!" 12Mas Jesus ordenava severamente para não dizerem quem ele era.

- Palavra da Salvação.

 

3) Reflexão

A conclusão a que se chega, no fim destes cinco conflitos (Mc 2,1 a 3,6), é que a Boa Nova de Deus tal como era anunciada por Jesus dizia exatamente o contrário do ensinamento das autoridades religiosas da época. Por isso, no fim do último conflito, se prevê que Jesus não vai ter vida fácil e será combatido. A morte aparece no horizonte. Decidiram matá-lo (Mc 3,6). Sem uma conversão sincera não é possível as pessoas chegarem a uma compreensão correta da Boa Nova.

Um resumo da ação evangelizadora de Jesus. Os versículos do evangelho de hoje (Mc 3,7-12) são um resumo da atividade de Jesus e acentuam um enorme contraste. Um pouco antes, em Mc 2,1 a 3,6, só se falou em conflitos, inclusive em conflito de vida e morte entre Jesus e as autoridades civis e religiosas da Galiléia (Mc 3,1-6). E aqui no resumo, aparece o contrário: um movimento popular imenso, maior que o movimento de João Batista, pois veio gente não só da Galiléia, mas também da Judéia, de Jerusalém, da Iduméia, da Transjordânia e até da região pagã de Tiro e Sidônia para encontrar-se com Jesus! (Mc 3,7-12). Todos querem vê-lo e tocar nele. É tanta gente, que o próprio Jesus fica preocupado. Ele corre o perigo de ser esmagado pelo povo. Por isso, pediu aos discípulos para manter um barco à disposição a fim de que o povo não o apertasse. E do barco falava à multidão. Eram sobretudo os excluídos e os marginalizados que vinham a ele com seus males: os doentes e os possessos. Estes, que não eram acolhidos na convivência social da sociedade da época, são acolhidos por Jesus. Eis o contraste: de um lado, a liderança religiosa e civil que decide matar Jesus (Mc 3,6); do outro lado, um movimento popular imenso que busca a salvação em Jesus. Quem vai ganhar?

Os espíritos impuros e Jesus. A insistência de Marcos na expulsão dos demônios é muito grande. O primeiro milagre de Jesus é a expulsão de um demônio (Mc 1,25). O primeiro impacto que Jesus causa no povo é por causa da expulsão dos demônios (Mc 1,27). Uma das principais causas da briga de Jesus com os escribas é a expulsão dos demônios (Mc 3,22). O primeiro poder que os apóstolos vão receber quando são enviados em missão é o poder de expulsar os demônios (Mc 6,7). O primeiro sinal que acompanha o anúncio da ressurreição é a expulsão dos demônios (Mc 16,17). O que significa expulsar os demônios no evangelho de Marcos?

No tempo de Marcos, o medo dos demônios estava aumentando. Algumas religiões, em vez de libertar o povo, alimentavam nele o medo e a angústia. Um dos objetivos da Boa Nova de Jesus era ajudar o povo a se libertar deste medo. A chegada do Reino de Deus significou a chegada de um poder mais forte. Jesus é “o homem mais forte” que chegou para amarrar o Satanás, o poder do mal, e roubar dele a humanidade prisioneira do medo (Mc 3,27). Por isso, Marcos insiste tanto, na vitória de Jesus sobre o poder do mal, sobre o demônio, sobre o Satanás, sobre o pecado e sobre a morte. Do começo ao fim, com palavras quase iguais, ele repete a mesma mensagem: “E Jesus expulsava os demônios!” (Mc 1,26.27.34.39; 3,11-12.15.22.30; 5,1-20; 6,7.13; 7,25-29; 9,25-27.38; 16,9.17). Parece até um refrão! Hoje, em vez de usar sempre as mesmas palavras preferimos usar palavras diferentes. Diríamos: “O poder do mal, o Satanás, que mete tanto medo no povo, Jesus o venceu, dominou, amarrou, destronou, derrotou, expulsou, eliminou, exterminou, aniquilou, abateu, destruiu e matou!” O que Marcos nos quer dizer é isto: “Ao cristão é proibido ter medo de Satanás!” Depois que Jesus ressuscitou, já é mania e falta de fé apelar, a toda hora, para Satanás, como se ele ainda tivesse algum poder sobre nós. Insistir no perigo dos demônios para chamar o povo de volta para as igrejas é desconhecer a Boa Nova do Reino. É falta de fé na ressurreição de Jesus!

 

4) Para um confronto pessoal

1) Como você vive a sua fé na ressurreição de Jesus? Contribui para vencer o medo?

2) Expulsão dos demônios. Como você faz para neutralizar esse poder em sua vida?

5) Oração final

Exultem e se alegrem em ti todos os que te buscam; digam sempre: “O SENHOR é grande” os que desejam a tua salvação. (Sal 39, 17)

 

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, que governais o céu e a terra, escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Marcos 3,1-6)

Naquele tempo, 1Jesus entrou de novo na sinagoga. Havia ali um homem com a mão seca. 2Alguns o observavam para ver se haveria de curar em dia de sábado, para poderem acusá-lo. 3Jesus disse ao homem da mão seca: "Levanta-te e fica aqui no meio!" 4E perguntou-lhes: "E permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?" Mas eles nada disseram. 5Jesus, então, olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração; e disse ao homem: "Estende a mão". Ele a estendeu e a mão ficou curada. 6Ao saírem, os fariseus com os partidários de Herodes, imediatamente tramaram, contra Jesus, a maneira como haveriam de matá-lo. - Palavra da Salvação.

 

3) Reflexão

No evangelho de hoje vamos meditar o último dos cinco conflitos que Marcos colecionou no início do seu evangelho (Mc 2,1 a 3,6). Os quatro conflitos anteriores foram provocados pelos adversários de Jesus. Este último é provocado pelo próprio Jesus e revela a gravidade do conflito entre ele e as autoridades religiosas do seu tempo. É um conflito de vida e morte. Importa notar a categoria de adversários que aparece neste último conflito. Trata-se dos fariseus e dos herodianos, ou seja, das autoridades religiosas e civis. Quando Marcos escreve o seu evangelho nos anos 70, muitos traziam na lembrança a terrível perseguição dos anos 60, que Nero moveu contra as comunidades cristãs. Ouvindo agora como o próprio Jesus tinha sido ameaçado de morte e como ele se comportava no meio destes conflitos perigosos, os cristãos encontravam uma fonte de coragem e de orientação para não desanimar na caminhada.

Jesus na sinagoga em dia de sábado. Jesus entra na sinagoga. Ele tinha o costume de participar das celebrações do povo. Havia ali um homem com a mão atrofiada. Um deficiente físico não podia participar plenamente, pois era considerado impuro. Mesmo presente na comunidade, era marginalizado. Devia manter-se afastado.

A preocupação dos adversários de Jesus. Os adversários observam para ver se Jesus faz curas em dia de sábado. Querem acusá-lo. O segundo mandamento da Lei de Deus mandava “santificar o sábado”. Era proibido trabalhar nesse dia (Ex 20,8-11). Os fariseus diziam que curar um doente era o mesmo que trabalhar. Por isso ensinavam: “É proibido curar em dia de sábado!” Colocavam a lei acima do bem-estar das pessoas. Jesus os incomodava, porque ele colocava o bem-estar das pessoas acima das normas e das leis. A preocupação dos fariseus e dos herodianos não era o zelo pela lei, mas sim a vontade de acusar e de eliminar Jesus.

Levanta-te e vem aqui para o meio! Jesus pede duas coisas ao deficiente físico: Levanta-te e vem aqui para o meio! A palavra “levanta-te” é a mesma que as comunidades do tempo de Marcos usavam para dizer “ressuscitar”. O deficiente deve “ressuscitar”, levantar-se, vir para o meio e ocupar o seu lugar no centro da comunidade! Os marginalizados, os excluídos, devem vir para o meio! Não podem ser excluídos. Devem ser incluídos e acolhidos. Devem estar junto com todo mundo! Jesus chamou o excluído para ficar no meio.

A pergunta de Jesus deixa os outros sem resposta. Jesus pergunta: Em dia de sábado é permitido fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou matá-la?  Ele podia ter perguntado: ”Em dia de sábado é permitido curar: sim ou não?” Aí, todos teriam respondido: “Não é permitido!” Mas Jesus mudou a pergunta. Para ele, naquele caso concreto, “curar” era o mesmo que “fazer o bem” ou “salvar uma vida”, e “não curar” era o mesmo que “fazer o mal” ou “matar uma vida”! Com a sua pergunta Jesus colocou o dedo na ferida. Denunciou a proibição de curar em dia de sábado como sendo um sistema de morte. Pergunta sábia! Os adversários ficaram sem resposta.

Jesus fica indignado diante do fechamento dos adversários. Jesus reage com indignação e tristeza diante da atitude dos fariseus e herodianos. Ele manda o homem estender a mão, e ela ficou curada. Curando o deficiente, Jesus mostrou que ele não estava de acordo com o sistema que colocava a lei acima da vida. Em resposta à ação de Jesus, os fariseus e os herodianos decidem matá-lo. Com esta decisão eles confirmam que são, de fato, defensores de um sistema de morte! Eles não têm medo de matar para defender o sistema contra Jesus que os ataca e critica em nome da vida.

 

4) Para um confronto pessoal

1) O deficiente foi chamado para estar no centro da comunidade. Na nossa comunidade, os pobres e os excluídos têm um lugar privilegiado?

2) Você já se confrontou alguma vez com pessoas que, como os herodianos e os fariseus, colocam a lei acima do bem-estar das pessoas? O que você sentiu naquele momento? Deu razão a eles ou os criticou?

 

5) Oração final

De todos tens compaixão porque tudo podes, e fechas os olhos aos pecados os mortais, para que se arrependam. Sim, amas tudo o que existe e não esprezas nada do que fizeste; porque, se odiasses alguma coisa, não a terias criado. (Sab 11,23-24)

 

É com imenso pesar e comiseração que comunico o falecimento do meu irmão de ministério e amigo Padre Leandro Luís Mota Ribeiro, natural de Consolação, MG. Aos familiares e amigos minhas orações.

Meu amigo, eu não consigo expressar em palavras a dor de sua partida. Ainda na última sexta-feira pudemos partilhar da convivência e das angústias que afligiam o seu coração. Suas lágrimas, seu medo, sua angústia estão ainda no meu coração. A misericórdia e justiça devem caminhar juntas, mas a primeira fica muitas das vezes nas páginas mortas de livros e discursos. Misericórdia, misericórdia, misericórdia... grito surdo de uma alma cadávera.

Missa de Exéquias às 15h, nesta segunda-feira dia 15, na Igreja Matriz de N. Sra da Consolação em Consolação (MG). Início do velório dependerá da liberação do corpo. Fonte: https://www.facebook.com/pe.paulogiovanni

 

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, que governais o céu e a terra, escutai com bondade as preces do vosso povo e daí ao nosso tempo a vossa paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Marcos 2, 23-28)

23Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam. 24Então os fariseus disseram a Jesus: "Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?"

25Jesus lhes disse: "Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? 26Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus, e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães". 27E acrescentou: "O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. 28Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado". - Palavra da Salvação.

 

3) Reflexão

A lei existe para o bem das pessoas. Num dia de sábado, os discípulos passam pelas plantações e abrem caminho arrancando espigas. Em Mateus 12,1 se diz que eles estavam com fome. Invocando a Bíblia, os fariseus criticam a atitude dos discípulos. Seria uma transgressão da lei do Sábado (cf Ex 20,8-11). Jesus responde invocando a mesma Bíblia para mostrar que os argumentos dos outros não tinham fundamento. Ele lembra que o próprio Davi também fez coisa proibida, pois tirou os pães sagrados do templo e os deu de comer aos soldados que estavam com fome (1 Sm 21,2-7). E Jesus termina com duas frases importantes: 1) O sábado é para o ser humano, e não o ser humano para o sábado, 2) O Filho do Homem é dono até do sábado!

O sábado é para o ser humano, e não o ser humano para o sábado. Durante mais de quinhentos anos, desde os tempos do cativeiro na Babilônia até a época de Jesus, os judeus tinham observado a lei do sábado. Esta observância secular tornou-se para eles um forte sinal identidade. O sábado era rigorosamente observado. Na época dos Macabeus, meados do século II antes de Cristo, esta observância rígida chegou a um ponto crítico. Atacados pelos gregos em dia de sábado, os rebeldes macabeus preferiram deixar-se matar a transgredir o sábado usando as armas para defender sua vida. Por isso, morreram mil pessoas (1Mac 2,32-38). Refletindo sobre este massacre, os líderes macabeus concluíram que deviam resistir e defender sua vida, mesmo em dia de sábado (1Mac 2,39-41). Jesus teve a mesma atitude de relativizar a lei do sábado em favor da vida, pois a lei existe para o bem da vida humana, e não vice-versa!  

O Filho do Homem é dono até do sábado! A nova experiência de Deus como Pai/Mãe fez com que Jesus, o Filho do Homem, dava a Jesus uma chave para descobrir a intenção de Deus que está na origem das leis do Antigo Testamento. Por isso, o Filho do Homem é dono até do Sábado. Convivendo com o povo da Galiléia durante trinta anos e sentindo na pele a opressão e a exclusão a que tantos irmãos e irmãs eram condenados em nome da Lei de Deus, Jesus percebeu que isto não podia ser o sentido daquelas leis. Se Deus é Pai, então ele acolhe a todos como filhos e filhas. Se Deus é Pai, então nós temos que ser irmão e irmã uns dos outros. Foi o que Jesus viveu e pregou, desde o começo até o fim. A Lei do Sábado deve estar a serviço da vida e da fraternidade. Foi por causa da sua fidelidade a esta mensagem que Jesus foi preso e condenado à morte. Ele incomodou o sistema, e o sistema se defendeu, usando a força contra Jesus, pois ele queria a Lei a serviço da vida, e não vice-versa.

Jesus e a Bíblia. Os fariseus criticavam Jesus em nome de Bíblia. Jesus responde e critica os fariseus usando a Bíblia. Ele conhecia a Bíblia de memória. Naquele tempo, não havia Bíblias impressas como temos hoje em dia. Em cada comunidade só havia uma única Bíblia, escrita a mão, que ficava na sinagoga. Se Jesus conhecia tão bem a Bíblia, é sinal de que ele, durante aqueles 30 anos da sua vida em Nazaré, deve ter participado intensamente da vida da comunidade, onde todo sábado se liam as Escrituras. Ainda falta muito para nós termos a mesma familiaridade com a Bíblia e a mesma participação na comunidade!

 

4)  Para um confronto pessoal

1) O Sábado é para o ser humano, e não vice versa. Quais os pontos em minha vida que devem mudar?

2) Mesmo sem ter Bíblia em casa, Jesus conhecia a Bíblia de memória. E eu?

 

5) Oração final

De todo coração darei graças ao SENHOR, na reunião dos justos e na assembléia. Grandes são as obras do SENHOR, merecem a reflexão dos que as amam. (Sal 110, 1-2)