RIO - Um taxista morreu após ser atingido por uma bala perdida, no início da madrugada deste sábado, no bairro de São Francisco, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Carlos Alberto Gomes, de 36 anos, havia estacionado o carro em um posto de gasolina na Avenida Rui Barbosa, próximo aos acessos para o Morro da Grota, e conversava com amigos quando foi atingido pelo disparo no rosto. Bombeiros do quartel de Charitas foram acionados, por volta das 1h30m, para socorrer o taxista, mas ele não resistiu ao ferimento.

Taxistas, que costumam fazer ponto próximo ao posto de gasolina, afirmaram que confrontos na região são recorrentes. No local do crime, amigos lamentaram a morte de Carlos Alberto:

— Era um rapaz muito querido, brincalhão e bastante ligado à família. Era daquele tipo apaziguador — contou, emocionado, o amigo, também taxista, Carlos Henrique Campos Daudt, de 48 anos. — Estamos vivendo a violência em Niterói. A gente tenta trabalhar porque precisa. Não podemos ficar reféns dessa situação.

De acordo com testemunhas, um intenso tiroteio acontecia no Morro da Grota, de onde o disparo que atingiu a vítima teria partido. Segundo a assessoria da corporação, policiais do 12º BPM (Niterói) faziam uma operação na madrugada na comunidade, e criminosos atiraram contra a equipe.

No entanto, o comandante do 12º BPM, coronel Fernando Salema, afirmou que não houve operação na região. De acordo com Salema, policiais faziam apenas ações na região para reprimir bailes funk, sem que acontecesse troca de tiros.

— Não houve confronto na Grota nem em qualquer outra comunidade de Niterói. Transitamos em mais de dez comunidades, sem incursionar e sem confronto. Apenas realizamos ações para reprimir bailes proibidos, que incomodam os moradores da própria comunidade e das localidades próximas — afirmou o comandante.

Marcas de sangue no local onde taxista foi atingido 

O caso está sob a investigação da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí. Durante a madrugada, agentes da especializada estiveram no local onde o taxista foi morto para fazer a perícia.

Pai de dois filhos, Carlos Alberto planejava deixar de trabalhar como taxista, função que exercia há cerca de três anos. Amigos da vítima contaram que ele estava prestes a abrir uma padaria, junto com um sócio.

— Ontem mesmo eu conversei bastante com ele, que vivia mostrando fotos do filhos e da família. Disse que estava largando a praça porque iria montar uma padaria. E, então, acontece essa tragédia. Era um cara que não tinha inimigos. Do jeito que está, a gente sai pra trabalhar e não sabe se volta. — disse o taxista Leandro Correa.

Violência, aliás, é uma reclamação constante de moradores da região. Testemunhas relataram que os tiroteios podem acontecer a qualquer hora. A caminho da Delegacia de Homicídios, a equipe de reportagem do GLOBO ouviu barulho de disparos na região.

— Ontem um blindado subiu no Morro da Grota, por volta das 17h. Esse é um horário que acontece, por exemplo, a saída de crianças da escola. Teve tiroteio. É arriscado, uma dessas crianças poderia ter sido atingida por uma bala — reclamou um morador.

Na madrugada, amigos e parentes do taxista estiveram na delegacia onde o caso foi registrado para prestar depoimento. Fonte: http://oglobo.globo.com