No Dia de Finados, o pedreiro Natalino Copette, que trabalha há 60 anos no cemitério Nossa Senhora do Carmo, contou sobre as histórias que cercam os jazigos mais visitados.

 Por G1 São Carlos e Araraquara

Trabalhando há 6 décadas dentro do Cemitério Nossa Senhora do Carmo, em São Carlos (SP), o pedreiro Natalino Copette, de 71 anos, conhece com detalhes a história dos três túmulos mais visitados pelos moradores no Dia de Finados, celebrado nesta quinta-feira (2). O local deve receber até 50 mil pessoas durante o dia.

A jovem que supostamente morreu grávida após ser trancada em um porão pelo pai, a aspirante a professora que sofreu um infarto antes de realizar o sonho de lecionar e um padre que morreu há 98 anos são os mais procurados, segundo ele.

Trajetória no cemitério

Ainda criança, Copette foi levado pelo pai pela primeira vez ao cemitério no dia 4 de junho de 1956 e, desde então, nunca mais parou de trabalhar em meio aos mais de 40 mil jazigos. Ele presta serviços no cemitério municipal restaurando túmulos, confeccionando lápides e abrindo carneiras. A rotina, segundo ele, é sempre a mesma. “Todo dia cedo eu acordo, acendo uma vela para eles [mortos], rezo e venho trabalhar”, contou. Questionado se não sente medo de conviver todos os dias com mortos, o idoso foi direto. “Medo de quê? O que eles podem me fazer? Não podem me fazer nada”, argumentou.

Túmulos mais visitados

O idoso contou ao G1 que três deles são os mais visitados pelo público. “O túmulo da professora Elza Rollemberg, o do Padre José Teixeira Silva e o da Maria Olympia Ferraz, sendo que nesse último, é muita gente, ganha disparado dos outros”, revelou.

De acordo com o pedreiro, muitas vão pela curiosidade, mas outras pedem graças, como ele mesmo tem devoção por um em especial.

“Tenho muita fé na Maria Olympia, já consegui várias graças pela intercessão dela e tenho certeza que outras pessoas também conseguiram”, declarou.

Copette contou que Maria Olympia Ferraz (fotro), falecida em 31 de maio de 1899, era filha de um fazendeiro muito rico. O homem soube que a moça havia engravidado antes do casamento e a trancou no porão da casa como castigo. “Naquele tempo não era como é hoje. O pai dela era carrasco trancou a filha e ela morreu dentro do porão”, disse. “O túmulo dela está assim porque eu reformei, o povo acaba destruindo, escrevendo na sepultura e eu reformei para não deixar abandonado”, revelou.

Sobre Elza Rollemberg (foto), o idoso disse se tratar de uma jovem que estudava para ser professora, mas faleceu antes de conseguir realizar o sonho de concluir o curso. “Essa estátua, em cima do túmulo, é a pose como ela morreu. Estava em um trem, no dia 24 de dezembro de 1921, e teve um infarto fulminante. Hoje, os estudantes vêm aqui, e pedem para ser aprovados na escola ou nos vestibulares pela intercessão dela”, contou.

Ainda de acordo com o pedreiro, o túmulo do Padre José Teixeira da Silva (foto), que morreu em 14 de junho de 1919, também é um dos mais visitados pelo público, já que era um religioso conhecido pela população da cidade.

Serviço

De acordo com a chefe de seção Elisangela Alves Duarte, o Cemitério Nossa Senhora do Carmo deve receber no Dia de Finados até 50 mil pessoas. Para ajudar a manter a segurança do local, a administração irá contar com o apoio da Guarda Municipal e da Polícia Militar.

Para melhorar o fluxo de pessoas, todos os portões do cemitério estarão abertos das 8h às 18h e haverá atendimento ao público que necessitar de informações no local, que fica na Rua Abrão Simão, 192. Fonte: https://g1.globo.com