Morador de quilombo insuflou traficantes a matarem Mãe Bernadete, diz polícia

Cinco pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público pelo assassinato da ialorixá em agosto

 

Bernadete Pacífico era líder quilombola na Bahia e coordenadora da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos) - Conaq/Divulgação

 

João Pedro Pitombo

SALVADOR

assassinato da líder quilombola e ialorixá Bernadete Pacífico, 72, a Mãe Bernadete, teria sido motivado pelo enfrentamento a interesses de uma facção do tráfico de drogas e teria sido insuflado por um morador da comunidade quilombola Pitanga dos Palmares envolvido com extração ilegal de madeira.

Essa é a conclusão das investigações conduzidas pela Polícia Civil da Bahia sobre a morte da líder quilombola, assassinada em 17 de agosto com 25 tiros na casa que funcionava como sede da associação do quilombo, em Simões Filho, cidade da Grande Salvador.

O Ministério Público da Bahia ofereceu denúncia contra cinco pessoas supostamente envolvidas no crime. Elas foram denunciados por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, com uso de arma de fogo e sem chance de defesa da vítima.

Suspeitos de integrarem a facção criminosa Bonde do Maluco, uma das mais violentas da Bahia, Marílio dos Santos e Ydney Carlos dos Santos de Jesus são apontados como mandantes do assassinato da ialorixá.

Arielson da Conceição Santos e Josevan Dionísio dos Santo, que seriam ligados à mesma facção, são suspeitos de executar o crime. Sérgio Ferreira de Jesus, morador do quilombo, teria incentivado o grupo e atuado para facilitar a ação dos criminosos após uma querela com a ialorixá.

As investigações apontam ainda que Sérgio Ferreira explorava ilegalmente madeira dentro da comunidade quilombola Pitanga dos Palmares e, dias antes do crime, havia sido repreendido por Mãe Bernadete, com quem teve uma discussão. Ele era padrasto de Marílio, apontado como um dos mandantes do crime,

"Mãe Bernadete tinha uma preocupação e um cuidado com o quilombo, ela não aceitava nada que fosse ilegal, nada que fosse indevido", afirma a delegada geral da Polícia Civil da Bahia, Heloísa Brito. Ela diz que a postura Mãe Bernadete na defesa do território fez com que o suspeito incitasse os traficantes locais a matarem a ialorixá.

A líder quilombola também lutava contra a instalação de um bar chamado Pitanga Point City, que estava sendo erguido por traficantes para a realização de festas. A barraca foi erguida nas margens de uma represa em uma área de preservação permanente.

A investigação apontou que, após a discussão com Mãe Bernadete, Sérgio Ferreira enviou áudios aos líderes do tráfico dizendo que a líder quilombola teria acionado a polícia para impedir instalação do bar dentro da área de preservação.

Depois disso, apontam os investigadores, a morte da líder quilombola teria sido ordenada por Marílio dos Santos e Ydney Carlos dos Santos de Jesus.

Sérgio e Arielson foram presos em setembro por suspeita de participação no crime. Josevan e Marílio estão foragidos, sendo que o último tem quatro mandados de prisão em aberto. Já Ydney teve o pedido de prisão preventiva deferido pela Justiça.

Um sexto suspeito de envolvimento, que teria guardado as armas usadas no crime e dado apoio à fuga de um dos atiradores, foi indiciado em outro inquérito.

A líder quilombola já havia recebido ameaças e fazia parte de um programa de proteção a defensores de direitos humanos do Governo na Bahia. Câmeras foram instaladas na sua casa e no entorno, e policiais faziam visitas periódicas ao local, mas não havia vigilância constante.

Advogados e familiares de Mãe Bernardete tiveram uma reunião na tarde desta quinta-feira (16) com a equipe da Polícia Civil responsável pelas investigações. A família questiona a possível participação de mais pessoas da facção criminosa como mandantes do crime.

O advogado David Mendez afirma que a defesa da família deve mover uma ação indenizatória contra o estado da Bahia e a União contra o que chamou de "falhas grotescas" do programa de proteção a defensores de direitos humanos ao qual a líder quilombola estava submetida.

"Frustradas as tratativas administrativas, resta à família apenas a via judicial, o que representa um verdadeiro absurdo em se tratando de dois governos [federal e estadual] sob comando do Partido dos Trabalhadores, dito companheiro das comunidades tradicionais brasileiras", afirma Mendez.

Bernadete Pacífico era coordenadora nacional da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos) e liderava o Quilombo Pitanga dos Palmares. Trabalhava havia anos denunciando a violência contra a população quilombola e as tentativas de tomada das terras.

Após o assassinato de seu filho Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, em 2017, a luta contra ataques a terreiros e assassinatos de lideranças religiosas de matriz africana se intensificou. Conhecido como Binho do Quilombo, ele era um dos líderes quilombolas mais respeitados da Bahia.

Filho de Mãe Bernadete, Jurandir Wellington Pacífico afirmou, após a morte, que a mãe recebia ameaças havia pelo menos seis anos.

A líder quilombola estava com os netos quando dois homens chegaram usando capacetes e abordaram a família. Os netos foram trancados em um quarto, e Mãe Bernadete foi morta.

Bernadete foi secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho na gestão do então prefeito Eduardo Alencar (PSD), irmão do senador Otto Alencar (PSD).

Em julho, ao lado de outras líderes quilombolas, ela participou de um encontro com a então presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Rosa Weber, na comunidade Quingoma, na cidade de Lauro de Freitas. Na ocasião, Mãe Bernadete afirmou que era ameaçada por fazendeiros.

"É o que nós recebemos, ameaças. Principalmente de fazendeiros, de pessoas da região. Minha casa é toda cercada de câmeras, eu me sinto até mal com um negócio desse", afirmou.

Desde o início das investigações, cerca de 80 pessoas prestaram depoimento e foram cumpridas 20 medidas cautelares deferidas pelo Poder Judiciário. Também foram analisados 14 laudos periciais, entre os quais os que confirmaram que as armas apreendidas foram de fato usadas no crime.

Além de reconhecimento dos autores por parte das testemunhas, a autoria também foi confirmada por meio da confissão de um dos executores. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Travas portáteis, calços de portas e tábuas de passar roupas são opções que podem reforçar a segurança em estadias

 

Cunha com alarme dispara com sensor de movimento ou pressão - Reprodução

 

Gabriele Koga

SÃO PAULO

Em Porto Alegre, uma família acordou durante a madrugada com um desconhecido invadindo seu quarto de hotel. O homem vestia camisa branca e calça preta e mexia nas bagagens do casal e das crianças. Questionado, ele afirmou ter se enganado e, em seguida, saiu correndo do local. Os hóspedes também mencionaram que o invasor tentou abrir outros quartos.

Parece uma história de filme de terror, mas não é. O caso aconteceu com um inglês, sua esposa brasileira, e os dois filhos do casal, um de 3 e outro de 6 anos de idade. A família retornava de uma viagem ao interior do Rio Grande do Sul e embarcaria no dia seguinte para a Colômbia. O hotel foi condenado a pagar R$ 20 mil em indenização.

Nas redes sociais, vídeos que mostram invasões e abertura de portas em quartos de hotéis viralizaram com milhões de acessos. As tentativas incluem arames, ferramentas improvisadas e elásticos de dinheiro. Com algumas estratégias para reforçar a segurança, é possível se proteger e evitar situações desagradáveis durante a estadia. Confira dicas a seguir:

 

1- TRAVA PORTÁTIL

Há diversos modelos de fechaduras manuais que trazem segurança e privacidade adicionais. O material consiste em uma barra de metal ajustável que pode ser colocada no interior da porta para impedir sua abertura, mesmo com a violação da fechadura, ou pode possuir uma fixação com haste longa e rosca para trava. Cria-se uma resistência física extra para dificultar a entrada não autorizada. As travas portáteis podem ser levadas em bolsas ou malas para reforçar trincos de portas e são instaladas sem uso de outras ferramentas.

 

2 - CALÇO DE PORTA

O calço de porta é um item utilizado para manter uma porta aberta ou impedir que ela se feche completamente. Ele pode ser feito de borracha ou outro material resistente e possui uma forma triangular ou em cunha. O calço deve ser colocado no chão, próximo à base da porta, para impedir que ela se mova.

 

3 - CUNHA COM ALARME

A cunha com alarme se assemelha ao calço de porta, mas tem um interruptor que dispara com sensores. Existem dois modos de funcionamento: o equipamento pode ser disposto atrás da porta e, quando alguém empurrar, o alarme emite um som alto e luz vermelha; já o modo sensor pode ser fixado em janelas e, se ela for tocada, o alarme também dispara.

 

4- TÁBUA DE PASSAR ROUPAS

A tábua de passar roupas, geralmente guardada dentro de um armário, pode funcionar como um recurso sonoro. Se o hóspede não tiver travas extras em sua porta, pode usar a tábua como uma medida de segurança ao colocá-la contra a porta. Caso algum invasor tente entrar, o objeto cairá e fará barulho.

 

5 - FIQUE ATENTO AO OLHO MÁGICO

Cobrir o olho mágico em portas de hotel com fitas ou pedaços de papel pode ser mais uma medida de segurança para garantir a privacidade e evitar invasões indesejadas. Alguns observadores indesejados tentam espiar ou monitorar atividades que acontecem dentro do quarto. Se for necessário abrir a porta, antes deve-se verificar quem está do lado de fora.

 

6 - TENHA CUIDADO COM AS CHAVES

Evite deixar as chaves expostas e acessíveis a outras pessoas. Guarde-as em um local seguro, como um bolso interno da bolsa ou da mochila, longe de objetos que possam danificá-las. Em caso de chaves eletrônicas, como cartões, lembre-se que elas são pessoais e intransferíveis. Não empreste ou compartilhe-as com outras pessoas, mesmo que sejam conhecidas. Se o hotel utiliza chaves físicas, não as deixes à vista ou as entregue a desconhecidos. Isso evita o risco de perda ou uso indevido.

 

7 - ESCOLHA HOTÉIS CONFIÁVEIS

Pesquise o histórico de outros clientes nos hotéis e reserve locais bem avaliados e conhecidos pela sua segurança. Sites de avaliação podem ser úteis para encontrar informações sobre a reputação e a localização do estabelecimento antes de fazer a reserva. Ao sair do hotel, fique atento ao ambiente ao seu redor e evite áreas perigosas ou mal iluminadas. Caso receba visitas não solicitadas, ligue imediatamente para a recepção e comunique a gerência do estabelecimento. Se for necessário, acione as autoridades locais. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

 

Texto proposto por Malta sobre guerra entre Israel e Hamas foi votado nesta quarta-feira (15) pelo Conselho de Segurança. Veja detalhes da proposta.

 

ONU aprova resolução que prevê pausa humanitária e proteção de crianças — Foto: Reprodução

 

Por g1

Conselho de Segurança da ONU aprova resolução que prevê proteção de crianças em Gaza

A resolução proposta por Malta ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) com relação à guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas foi aprovada nesta quarta-feira (15).

 

O texto prevê:

Ênfase na proteção de crianças na Faixa de Gaza.

Uma pausa nos ataques, que deverá permanecer em vigor por um número de dias suficiente para a chegada de ajuda humanitária à população civil do território palestino.

Garantia de "fornecimento contínuo, suficiente e sem entraves de bens e serviços essenciais — incluindo água, eletricidade, combustível, alimentos e suprimentos médicos".

Liberação — imediata e incondicional — de todos os reféns israelenses tomados pelo Hamas no ataque que deu início ao conflito, em 7 de outubro.

Depois da votação, o Ministério das Relações Exteriores de Israel informou que o país rejeita a proposta, até que sejam libertados os reféns feitos pelo Hamas.

O plano aprovado nesta quarta não condena Israel nem classifica nominalmente de "atos terroristas" as ações cometidas pelo grupo terrorista no mês passado.

 

A resolução também determina os seguintes pontos:

▶️ Todas as partes envolvidas na guerra entre Israel e o Hamas devem evitar privar a população de Gaza de serviços básicos e da "assistência humanitária indispensáveis à sua sobrevivência".

▶️ Reparações de emergência em infraestruturas essenciais em Gaza; evacuação de crianças doentes ou feridas, bem como de seus cuidadores; e esforço nas ações de resgate de pessoas que desapareceram após edifícios do território palestino terem sido danificados e destruídos.

▶️ Reafirma que "todas as partes do conflito devem cumprir com suas obrigações" perante as leis internacionais, reiterando que essas regras garantem a proteção total a crianças.

▶️ E pede acesso total das agências da ONU e de seus parceiros, como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e outras organizações humanitárias imparciais.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil publicou um comunicado no qual comemorou a aprovação do documento.

"O governo brasileiro recebe, com satisfação, a notícia da aprovação pelo Conselho de Segurança da ONU, na tarde de hoje, da primeira resolução relativa à atual crise humanitária e de reféns na Faixa de Gaza, resultante do conflito entre Israel e o Hamas", diz a nota.

"A resolução, com foco na proteção de crianças, proposta por Malta e apoiada pelo Brasil e pelos demais membros não permanentes (E-10), foi aprovada com 12 votos a favor. Estados Unidos, Reino Unido e Rússia optaram pela abstenção."

Embaixadora de Malta na ONU defende projeto que foca na proteção de crianças em Gaza

Antes do início da votação deta quarta, Vanessa Frazier, representante permanente de Malta junto da ONU, afirmou: “Inúmeros civis estão agora sofrendo as consequências devastadoras que o conflito armado traz consigo”.

 

Veja como se distribuíram os votos:

A favor da resolução – 12 votos (Albânia, Brasil, China, Emirados Árabes Unidos, Equador, França, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique e Suíça).

Contra a resolução – 0 voto.

Abstenções – 3 votos (Estados Unidos, Reino Unido e Rússia).

Essa foi a primeira proposta a obter consenso no Conselho de Segurança. Desta vez, EUA e Rússia não usaram poder de veto.

"[Esta resolução] salvará vidas. Precisamos de um esforço coletivo para conseguir ajuda o mais rápido possível através de tantas rotas quanto possível", disse Barbara Woodward, representante permanente do Reino Unido na ONU, após a votação.

A votação foi marcada no mesmo dia em que forças israelenses realizaram uma operação militar no maior hospital de Gaza, com a justificativa de que membros do grupo terrorista Hamas estavam no local.

 

Emenda russa

Antes da votação, a Rússia foi o único país do Conselho de Segurança da ONU que chegou a se pronunciar sobre a resolução, chamando o texto de "desequilibrado" (leia mais abaixo).

A Rússia falhou numa tentativa de última hora de alterar a resolução para incluir um apelo a uma trégua humanitária imediata que conduzisse à cessação das hostilidades.

“Gostaria de perguntar aos nossos colegas norte-americanos: vocês eliminaram tudo [no texto] o que pudesse de alguma forma indicar a necessidade de cessar as hostilidades. Isso significa que são a favor de que a guerra no Oriente Médio continue indefinidamente?", disse Vassily A. Nebenzia, embaixador da Rússia na ONU, antes da votação... Fonte: https://g1.globo.com

Flagrante aconteceu no domingo (12), em frente à estação Carandiru do Metrô. SSP afirma que 'houve uma conduta omissa considerada grave'.

 

Abordagem contra adolescente negro é assistido por PM de folga em São Paulo no último domingo (12). — Foto: Reprodução

 

Por Julia Fabri, Rodrigo Rodrigues, g1 SP e TV Globo

Homem armado ameaça jovem negro em SP; PM de folga testemunha ação, mas pede para ligar no 190

A policial de folga que presenciou uma ameaça armada contra um adolescente negro no último domingo (12) e não interveio na ação foi identificada e irá responder ao caso de forma criminal e disciplinarmente, segundo a Secretaria da Segurança Pública.

O caso aconteceu em frente à estação Carandiru do Metrô, na Zona Norte de São Paulo, e foi divulgado, inicialmente, pela Ponte Jornalismo.

De acordo com a SSP, houve uma conduta omissa considerada grave "uma vez que não condiz com as expectativas da sociedade e muito menos com as responsabilidades do profissional de segurança pública".

"Deve agir prontamente sempre que presenciar um crime, estando ou não em serviço. A SSP esclarece ainda que todos os policiais militares passam por treinamentos, independentemente da área em que atua", completa a nota.

No vídeo, é possível ver um homem — identificado apenas como Paulo — que aponta uma arma para um adolescente negro, enquanto uma mulher entra na frente do homem para impedir que ele atire no jovem.

Um repórter fotográfico que passava pelo local registrou a briga e foi até a policial uniformizada pedir intervenção, para que o menino não fosse morto.

A policial afirmou que estava de folga e que, portanto, era necessário ligar na Central 190 da Polícia Militar. A PM de folga assistiu toda a cena imóvel, de braços cruzados, e parecia também estar armarda.

Em determinado momento, o jovem ameaçado foi para perto dela e foi rechaçado com um chute. Graças à intervenção de pessoas que passavam pelo local e às súplicas da mulher que pedia para que o homem "guardasse a arma", o adolescente conseguiu sair do local.

O fotógrafo que pediu ajuda e estava gravando a ação diz para a policial de folga: “Pra que vocês servem?”. Ela se ofende e ameaça prender o rapaz que gravou a ação.

“Se o senhor falar comigo desse jeito, eu vou te prender. Tá ouvindo? Você não me desrespeita não. Tá gravado que você me desrespeitou. Se você é da imprensa, eu sou da polícia. Você me respeita”, afirmou.

Ao ser questionada sobre o motivo de não agir, a PM disse que “está de folga e o procedimento é ligar 190 e pedir viatura”. Fonte: https://g1.globo.com

Embora fazer exercício seja sempre benéfico, estudos têm buscado entender os benefícios dos períodos em que a atividade física é feita

 

Rafael A. Casuso

THE CONVERSATION* | BBC NEWS BRASIL

Para controlar o açúcar e melhorar a saúde cardiovascular, estudos recomendam exercício à tarde

O estilo de vida atual nos levou a eliminar atividades físicas que habitualmente nossos avós faziam, como trabalhar no campo. Para piorar a situação, nós as substituímos por atividades sedentárias como ver televisão no sofá.

Isso gerou um problema preocupante na Espanha: nos últimos 30 anos, a incidência de doenças como diabetes e colesterol duplicou, segundo os dados revelados pela Encuesta Europea de Salud 2020.

Esse aumento alarmante nos obriga a repensar nossos estilos de vida e a explorar soluções que melhorem nosso bem-estar. Uma delas, que está ao alcance de todos, é tão simples quanto eficaz: fazer exercício físico.

Hoje, o exercício é considerado como um remédio, pois ele é capaz de trazer melhoras relativas a um amplo espectro de doenças, incluindo diabetes, doenças cardiovasculares ou câncer. No entanto, nem todas as pessoas têm a mesma energia ao longo do dia.

Alguns têm um pico de energia durante a manhã, o que os faz se sentir mais dispostos a se exercitar nas primeiras horas do dia. Outros preferem aproveitar a tarde ou a noite para dar tudo em suas rotinas de exercício.

Então, surge uma pergunta natural: o exercício feito pela manhã é tão benéfico quanto o feito à tarde? Essa pergunta tornou-se um tema de grande interesse na comunidade científica.

 

PARA CONTROLAR O AÇÚCAR E MELHORAR A SAÚDE CARDIOVASCULAR, EXERCÍCIO À TARDE

Nos últimos anos, houve um acúmulo de evidências científicas comparando os efeitos do exercício matutino versus o vespertino. Uma metanálise recente avaliou o efeito conjunto de nove estudos nos quais participaram um total de 450 pessoas. Os resultados revelam que o exercício tardio é mais benéfico para a saúde cardiovascular.

A conclusão foi obtida após observar uma grande redução dos níveis de triglicérides no sangue após o exercício vespertino. A atividade física nesse horário também é a melhor opção para diminuir a tensão em pessoas com hipertensão arterial.

Como se não bastasse, em pessoas com diabetes tipo 2, o exercício tardio é mais eficaz para controlar os níveis de açúcar no sangue.

É importante sinalizar que essa linha de estudos é muito recente e que o exercício é sempre benéfico, independentemente do momento em que ele é feito.

Quem não tem flexibilidade de horário para escolher quando fazer exercício pode continuar fazendo isso pela manhã. E, nesse caso, obterá como benefícios extra a melhora na capacidade de atenção, na memória e na tomada de decisões.

 

DICAS PARA ESCOLHER A MELHOR HORA PARA TREINAR

Também existem estudos que sugerem que o exercício à tarde pode ter um efeito um pouco mais acentuado na perda de peso. Isso porque, ao que parece, a atividade física no final do dia parece diminuir o apetite.

No entanto, é crucial entender que o exercício por si só não é a melhor estratégia para a perda de peso. Por isso, se o objetivo principal é emagrecer, o exercício deve ser acompanhado de um plano nutricional, independentemente da hora em que ele será praticado.

Quando nos exercitamos à tarde, a escolha do tipo de exercício é relevante. Convém evitar atividades vigorosas e treinamento pesado nas horas anteriores ao sono porque isso poderia afetar a qualidade e a duração dele.

Para garantir um sono reparador, é recomendável deixar um intervalo de pelo menos duas horas entre o exercício e a hora de dormir. Isso contribui para um descanso noturno mais eficaz e saudável, algo muito relevante para as pessoas que têm problemas com sono.

* Professor e pesquisador em ciências da saúde na Universidade Loyola Andaluzia

**Este artigo foi publicado no The Conversation e reproduzido aqui sob a licença Creative Commons. Clique aqui para ler a versão original em espanhol. Fonte: www1.folha.uol.com.br

O Estado do Rio de Janeiro prepara e entrega, com baixíssima resistência, mão de obra especializada — de armeiros meticulosos a assassinos profissionais — a toda modalidade de organização criminosa.

 

Por Carlos Andreazza

Jornalista, colunista do GLOBO e apresentador da rádio CBN

 

Já está na praça “Milicianos”, o livro-reportagem de Rafael Soares, repórter especial do GLOBO. Vai à categoria do “tem de ler”, prateleira Malu Gaspar, ademais editado em altíssimo nível. Demonstração vigorosa-corajosa-rigorosa das possibilidades do jornalismo quando investido de fôlego. Lembrança também de quanto é decisivo valorizar e proteger o arriscado jornalismo dedicado às cidades — ao local. (Lembrança inútil, para a festa no palácio.)

E então me recordo de “Os porões da contravenção”, de Chico Otavio e Aloy Jupiara, volume cuja leitura combinada à da obra de Soares explica — fundamenta — por que não haverá mais meios estaduais, com polícias Militar e Civil, para sequer enxugar o gelo da segurança pública no Rio de Janeiro. (Está no ar, no Globoplay, a série “Vale o escrito”; sobre a guerra contínua — guerra miliciana — entre bicheiros no estado. Capitão Guimarães, o que decerto tomou Niterói com versos, citando Shakespeare.)

Já era, o Rio tocado por claudios-castros e sob o signo de um sergio-cabral permanente. Agora — faz tempo — é narcomilícia, o efeito Ecko; o problema posto, imposto, como questão nacional, de fronteira, matéria suprapartidária, para 30 anos de gestão contínua de inteligência. A outra questão sendo se temos estadistas à altura do desafio. Não temos, dino-propaganda à parte.

“Milicianos” é aula de Rio de Janeiro, de como se decompõem — dissolvida a Liga da Justiça, fluente o intercâmbio entre práticas milicianas e traficantes, esmagados os comandos vermelhos — os limites entre zonas Oeste e Norte quando o assunto é progresso do corpo miliciano. Aula de Brasil — já que o armamento infinito não é produzido dentro das divisas fluminenses. Sem exagero: a obra jornalística deste 2023, desde já peça de referência a quem queira estudar “como agentes formados para combater o crime passaram a matar a serviço dele”.

Como? As respostas estão todas nas 317 páginas. Tudo a começar sob lógica patrimonialista derivada da compreensão de que batalhões e delegacias, cuidando de áreas disputadas por grupos traficantes e milicianos, seriam também plataformas oportunistas — estratégicas — para exercício pervertido de poder.

É o caso da Patamo 500, entre 1997 e 2003; que, a partir do 9º Batalhão de Polícia Militar (Rocha Miranda, Zona Norte), ofereceu patrulha — carta branca — a que Ronnie Lessa pudesse desenvolver Ronnie Lessa. Sob o comando de Cláudio Luiz Silva de Oliveira. Não reconheceu? O caveira preso por ordenar a execução, em 2011, da juíza Patrícia Acioli. Evoluções.

O subtítulo é preciso: “Como agentes formados para combater o crime passaram a matar a serviço dele”. E o produto entrega o que apregoa. Prova que o Estado do Rio de Janeiro, para muito além da histórica corrupção nos poderes eleitos, prepara e entrega, com baixíssima resistência, mão de obra especializada — de armeiros meticulosos a assassinos profissionais — a toda modalidade de organização criminosa, inclusive internacional.

Faz toda a diferença — algo já desenvolvido no podcast “Pistoleiros” — o autor haver se dedicado ao percurso dos indivíduos. É o pulo do gato. Em vez de mais um estudo panorâmico sobre a constituição das milícias, uma investigação original pormenorizada acerca de personagens cujas dinâmicas, para além de encarnar a evolução das organizações criminosas, evidenciam padrões.

O matador de aluguel Adriano da Nóbrega, criador do Escritório do Crime, nunca foi caso isolado. Trajetórias como a dele, ex-policial raramente incomodado, exigiam o trabalho de formiguinha, perfeccionista, que Soares empreendeu. Um olhar sobre a multiplicação de policiais, a multiplicação de batorés, que foram promovidos, condecorados e bonificados — pelo Estado — enquanto, sob o Estado, faziam segurança de criminosos, traficavam armas e matavam a mando.

Outro padrão. Agentes de segurança estatais que, de colaboradores de traficantes, bicheiros e grupos paramilitares, avançam para se tornar sócios das organizações criminosas — e finalmente chefes milicianos, donos de territórios eles mesmos, não raro assassinos daqueles que os haviam arregimentando em busca de proteção. Capitão Adriano de novo. Corrompido para proteger o filho de bicheirão, afinal senhor do grupo de extermínio que mataria o antigo patrão.

Padrões desafiadores à ideia de República. Nenhum maior que o da demora, para não escrever negação, do Estado em punir os seus — até que não sejam mais seus. Até que matem uma juíza, uma vereadora. Fica ruim para Ministério Público e Judiciário também. Ronnie Lessa, acusado de ser o assassino de Marielle Franco, tendo contra si denúncias que iam de torturas a homicídios, passou anos e anos sem ser investigado a valer. Até se tornar sócio de Rogério de Andrade. Evoluções. Fonte: https://oglobo.globo.com

Indígena escoltado por ameaças é encontrado morto no Pará duas semanas após ter feito denúncia na ONU; PF apura caso

Tymbektodem Arara discursou na ONU em 28 de setembro apontando invasão da Terra Indígena Cachoeira Seca, a 250 km de Altamira; em 14 de outubro, morreu —supostamente por afogamento. Segundo uma pessoa que esteve com ele, o indígena recebeu áudios com ameaças de fazendeiros locais.

 

 

Tymbek Arara durante viagem à ONU, na Suíça — Foto: Reprodução

 

Por Arthur Stabile, g1

A Polícia Federal no Pará investiga as circunstâncias da morte do líder indígena Tymbektodem Arara, na Terra Indígena Cachoeira Seca, a 250 km de Altamira.

Tymbek, como era conhecido, foi encontrado morto em um rio em 14 de outubro, supostamente por afogamento, 16 dias depois de ter ido à Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça, denunciar invasão de terras na TI Cachoeira Seca, onde vive a etnia Arara.

Na ocasião, ele discursou durante a sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Tymbek era o linguista dos Arara, etnia de contato recente com não-indígenas.

"Somos um povo de contato inicial, viemos aqui para exigir que se respeite nossa vida e nosso território. Sofremos muitas invasões. A demarcação só ocorreu 30 anos depois do contato com os não indígenas, em 2016", discursou o indígena.

A terra em que vivem os Arara é alvo de ação predatória para a obtenção de madeira. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram desmatados 697 km² de floresta na TI Cachoeira Seca entre 2007 e 2022.

Enquanto esteve em Genebra, na ONU, Tymbek recebeu áudios atribuídos a fazendeiros locais, segundo uma pessoa que o acompanhou.

"Tanto ele quanto o cacique receberam áudios, nenhum dizendo 'Vou te matar', mas 'Ah, você está aí? Que bom que está defendendo sua terra'. 'Vocês não têm medo?', 'O que estão fazendo aí?' E eles ficavam dando perdido, dizendo que era para apresentar a cultura Arara", relata ao g1 uma pessoa que esteve com Tymbek na ONU.

Ao voltar ao Brasil, a Força Nacional fez a escolta de Tymbek e do cacique Arara desde o desembarque no Pará até a chegada na aldeia. Depois, os agentes foram embora. A liderança morreu cerca de dois dias depois. O g1 procurou o Ministério da Justiça, responsável pela Força Nacional, que não respondeu até a última atualização desta reportagem.

A assessoria de imprensa da Polícia Federal do Pará confirmou que a investigação está em andamento, mas que a corporação "não comenta investigações em andamento".

 

Versões diferentes para o afogamento

Tymbek estava acompanhado de dois ribeirinhos locais em um barco no Rio Iriri. Eles haviam bebido cachaça e voltavam para a aldeia indígena, que fica próxima a uma vila de não-indígenas dentro da TI.

O abuso do álcool é uma das questões apontadas por indigenistas como problema levado pelos não-indígenas às aldeias, em especial às de contato recente. Os Arara passaram a conviver fora da aldeia em 1987, enquanto a homologação da TI Cachoeira Seca ocorreu apenas em 2016.

Há duas versões para a morte: uma diz que Tymbek estava em um barco se jogou por conta própria no rio para nadar e não saiu mais da água, com os ribeirinhos tentando salvá-lo. Outra aponta que o indígena foi jogado do barco por eles e, por estar bêbado, não conseguiu nadar e se afogou.

Relatos documentos pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), vinculado ao SUS e ao Ministério da Saúde, detalham que houve procura à noite no local em que Tymbek caiu. Porém, o corpo só foi encontrado na manhã do dia seguinte.

"O corpo estava no exato local onde ele pulou da rabeta (um tipo de embarcação que se assemelha a uma canoa motorizada), a uns 800 metros da margem, em posição vertical (em pé)", detalha o relato do DSEI.

Após ser retirado do rio, o corpo da liderança Arara foi levado à Comunidade Maribel, dos não-indígenas e local onde os barcos maiores e veículos conseguem chegar.

Lá, permaneceu por cinco horas sob o sol à espera do Instituto Médico Legal antes de ser colocado em um saco e transportado na caçamba de uma caminhonete da Polícia Civil do Pará até a cidade de Altamira.

Segundo profissionais que atuam com a proteção dos indígenas Arara, a Polícia Federal de Altamira, responsável pela investigação, não esteve no local da morte mesmo passadas duas semanas da morte de Tymbek.

 

Povo Arara sob risco

A estimativa das lideranças Arara é de que há em torno de 2 mil invasores na região. Em comparação, os indígenas que convivem no local não passam de 200. Eles alegam que um dos motivos para a permanência de não-indígenas no local foi a instalação da hidrelétrica de Belo Monte.

Ao g1, um indigenista que atuam junto ao povo Arara indica que há desmatamento no local para obter madeira do tipo ipê.

Tymbek era o linguista oficial da etnia e costumava representá-la em eventos em Brasília, como contra o marco temporal para demarcação de terras indígenas, e denúncias, como a feita na ONU.

"Os Arara não têm muito idosos, eram alguns mais velhos e logo vinha o cacique e o Tymbek, também quem se comunicava com o mundo de fora. Histórias vão se perder e quem vai defendê-los?", disse um indigenista. "Eles [indígenas Arara] são coagidos de alguma maneira: perdem a terra e o invasor oferece gado, carne, whisky... É uma violência permeada por esse jeito sujo de relação". Fonte: https://www.globo.com

Caso ‘Duarte Agostinho’ pode produzir um efeito cascata em que sejam exigidas dos Estados ações eficazes para a proteção dos direitos das futuras gerações

 

Por Lucas Carlos Lima

Na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), um coro de países reconheceu que as mudanças climáticas são “o maior desafio de nosso tempo”. Não faltam evidências científicas ou empíricas para provar que estão corretos. O problema real reside nas tentativas de resposta eficaz a esse desafio. Certamente, o tema será objeto de pauta no G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), cuja reunião ocorrerá no Brasil em 2024.

Nesse sentido, parece particularmente alvissareira a iniciativa de seis jovens portugueses que decidiram processar Portugal e 32 Estados na Corte Europeia de Direitos Humanos, com sede em Estrasburgo.

No dia 27 de setembro, em audiência perante a Corte, os jovens expuseram suas razões jurídicas para demonstrar que seus direitos como futuras gerações, protegidos pela Convenção Europeia de Direitos Humanos, estão sob ameaça em razão das mudanças climáticas. O propósito dos jovens é claro: alertar os Estados acusados sobre a insuficiência de suas medidas para reduzir as emissões de carbono e mitigar os efeitos da catástrofe climática. Segundo os peticionários, mais deve ser feito – e com razão.

Já em 1992 a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento anunciava em seu princípio 7 a noção jurídica de equidade intergeracional: o direito ao desenvolvimento deve ser exercido de tal forma que responda equitativamente às necessidades de desenvolvimento e ambientais das gerações presente e futuras. O caso Duarte Agostinho e outros vs Portugal e 32 outros Estados parece buscar concretizar esse princípio na medida em que são as gerações futuras a encampar a causa jurídica em relação às ações atualmente conduzidas pelos governos e sua exiguidade diante da envergadura do desafio que buscam combater.

Intitulado pela professora Laurence Burgorgue-Larsen, da Faculdade de Direito da Sorbonne, como um potencial “big-bang climático”, o caso pode alterar as percepções da litigância climática por meio da proteção de direitos humanos, na medida em que pode reconhecer importantes obrigações internacionais. Existe uma chance real de reconhecer o dever de proteção de direitos fundamentais em razão da degradação do meio ambiente em virtude de alterações no sistema do clima.

Levar casos envolvendo as obrigações climáticas dos Estados perante tribunais não é uma tática inédita. Desde o célebre caso Urgenda vs Países Baixos, de 2019, no qual a Suprema Corte Neerlandesa reconheceu que o Estado não estava fazendo o suficiente para atingir suas metas de contenção das mudanças do clima, a assim chamada litigância climática expandiu-se pelo mundo e alcançou diferentes sistemas jurídicos. Inclusive, o Brasil teve sua contribuição com a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o Fundo Clima na ADPF 708, que reconheceu a omissão do Executivo na adequada distribuição dos valores voltados às ações climáticas.

Contudo, o caso Duarte Agostinho é particularmente promissor porque demonstra o potencial contencioso da Corte Europeia para decidir sobre questões climáticas. Em termos simples, pode-se afirmar que, em virtude das obrigações que Estados assumiram internacionalmente de proteger direitos humanos (como a vida, a privacidade e a saúde), existe um dever de realizar ações eficazes para diminuir as emissões de carbono e responder aos efeitos da crise climática que se alastram nos países. Em Portugal, em particular, são lugubremente célebres os incêndios que se propalam durante o verão no país ibérico.

O que pode surgir de uma eventual condenação, após naturalmente um amplo processo e contraditório, é um efeito cascata em que sejam exigidas dos Estados ações eficazes para a proteção dos direitos das futuras gerações. Dessa primeira condenação, uma pronúncia da Corte Europeia pode se irradiar e dialogar com as cortes supremas de todos os Estados europeus e influenciar até mesmo outros sistemas similares – como o Interamericano e o Africano. Além disso, as pronúncias mais amplas da Corte poderão oferecer sustentáculo a futuros casos similares em que indivíduos empregam a via judicial para obter dos governos uma maior ação na proteção do meio ambiente (como, por exemplo, na diminuição do desflorestamento) e, por consequência, do clima.

É verdade que o mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) descreve um cenário tragicamente desanimador sobre a possibilidade de diminuição da temperatura da Terra em relação às emissões de gases de efeito estufa. É, também, verdade que uma pronúncia de uma corte internacional levará algum tempo para gerar efeitos reais no interior dos Estados. Contudo, este caso – somado a outras iniciativas, como as opiniões consultivas perante a Corte Interamericana, a Corte Internacional de Justiça e o Tribunal Internacional do Direito do Mar sobre o mesmo tema – pode ser uma sedimentação real de um movimento maior, que liga a necessidade de proteger direitos fundamentais protegidos nas Constituições do mundo à crise do sistema climático global. A depender do resultado, ganham o meio ambiente, o sistema climático e as futuras gerações.

*PROFESSOR DE DIREITO INTERNACIONAL AMBIENTAL NA FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, É ORGANIZADOR DO COMENTÁRIO BRASILEIRO À DECLARAÇÃO DO RIO SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO

Familiares dizem que vítima foi um 'baita herói'. Caso aconteceu em Witmarsum, no Vale do Itajaí. A identidade foi confirmada pelo município no domingo.

 

Motorista que morreu ao ter carro arrastado por correnteza tinha 24 anos e era filho de funcionário de prefeitura em SC — Foto: Reprodução/Redes Sociais

 

Por Sofia Mayer e Caroline Borges, g1 SC

O motorista que morreu ao tentar atravessar com o carro uma rua alagada pelas chuvas em Witmarsum, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, abriu a porta e empurrou a filha e a namoradora para que conseguissem se salvar, relatou a madrinha da criança, Carol Stinghen. A mulher ficou com a menina de 5 anos no hospital após o acidente.

Ela narrou, nesta segunda-feira (30), que as duas chegaram a ser levadas ao hospital no sábado (28), mas foram liberadas horas depois.

A vítima é Eliton Selinger Rodrigues, de 24 anos. A identidade foi confirmada pelo município, já que ele era filho de um servidor municipal.

"A filhinha do Eliton lembra de todos os detalhes do acidente. Ela está bem assustada. Os bombeiros falaram que, na hora do atendimento, quem passou os relatos de como aconteceu foi a própria filha, pois a namorada estava em choque", conta.

"Quando ele abriu a porta e empurrou o carro, encheu de água rapidamente e acabou afundando. Ele não conseguiu mais sair do veículo, porque ele sabe nadar, mas ficou preso dentro do carro", relata Stinghen.

Em seguida, enquanto a namorada erguia a criança, um popular ajudou as duas a saírem do rio.

O relato foi confirmado pelo tio da vítima, Deivid Luiz Ferrari, que conversou com a namorada de Eliton nesta segunda-feira, no enterrno do sobrinho.

Ferrari diz que o jovem foi "um baita herói".

 

Ocorrência

Segundo os bombeiros de Presidente Getúlio, na mesma região, a namorada conseguiu sair do veículo com bastante dificuldade pois a água estava até a cintura. Foi ela quem conseguiu tirar a criança.

Em nota, a prefeitura de Witmarsum se solidarizou com a família de Rodrigues: "Amante do futebol, Eliton Selinger Rodrigues, tinha 24 anos e sua morte deixou o Esporte em luto".

"Nesse momento de dor e saudade, unimo-nos aos demais servidores e colegas de trabalho do nosso amigo, aos amantes do futebol, para prestar nossa solidariedade a todos os familiares, rogando a Deus que conforte seus corações", escreveu o município.

O g1 procurou a Defesa Civil do Estado para confirmar se a morte iria ser incluída nos dados de vítimas das chuvas no estado em outubro. Até a última atualização, a vítima estava listada como desaparecida.

O velório do jovem ocorre na manhã desta segunda-feira (30) na casa Mortuária Municipal da cidade. O sepultamento ocorre no cemitério Católico do Centro. Fonte: https://g1.globo.com

Na maior ação de sua Força Aérea desde que declarou guerra ao Hamas na Faixa de Gaza, Israel afirmou ter atingido 600 alvos de domingo (29) para segunda (30) no território controlado pelo grupo terrorista que promoveu um mega-ataque contra o país no dia 7.

Segundo o porta-voz militar Daniel Hagari, as ações terrestres também seguem no norte de Gaza, "de acordo com o plano", e que o Exército está mobilizado para "qualquer situação" no norte do país.

No domingo, caças israelenses atingiram pontos de lançamento de foguetes no Líbano e na Síria, atribuídos tanto ao próprio Hamas quanto ao libanês Hezbollah, seu aliado, mantendo aceso o temor de uma conflagração regional com o Irã, fiador dos grupos. (Igor Gielow). Fonte: https://aovivo.folha.uol.com.br

O bom combate do jornalismo

A instantaneidade online exige redobrar o cuidado com as notícias. Quando elas podem ser armas de guerra, é preciso triplicá-lo, e quando podem ser armas de terroristas, quadruplicá-lo

 

No dia 17 passado, uma notícia atingiu a opinião pública global como uma bomba: “Ao menos 500 pessoas foram mortas por um bombardeio israelense em um hospital de Gaza, dizem os palestinos”. A atrocidade anunciada nesta manchete do New York Times foi reportada por diversos veículos de imprensa – como Reuters, Associated Press e MSNBC – e correu o mundo como fogo em mato seco, deixando um rastro de ódio.

Massas enfurecidas tomaram as ruas de países islâmicos. Nas 24 horas subsequentes, diplomatas árabes mobilizaram protestos na ONU; manifestantes anti-Israel cercaram o Capitólio nos EUA; uma sinagoga na Alemanha foi atingida por coquetéis molotov; uma turba tentou invadir a embaixada de Israel na Jordânia. O impacto geopolítico foi devastador: o rei da Jordânia e o presidente da Autoridade Palestina cancelaram uma reunião com os presidentes do Egito e dos EUA e o Oriente Médio esteve a um passo de uma guerra regional mais ampla.

Mas imediatamente após as primeiras notícias, as autoridades israelenses as contestaram. Um grão de hesitação entrou nas redações. A BBC explicou que os israelenses “disseram que estão investigando, mas, na verdade, é difícil ver como não poderia ser, dado o tamanho da explosão, um ataque israelense, ou vários”. Questionamentos começaram a pipocar nas redes sociais. Em um par de horas, a manchete do New York Times foi alterada duas vezes: primeiro, removendo a menção ao autor do “bombardeio”; depois, reduzindo-o a uma mais neutra “explosão”.

Hoje, ainda não há certeza sobre os fatos. Já antes da guerra, agências independentes não podiam operar livremente em Gaza como fazem em Israel e em outras democracias do mundo. O Hamas controla quem pode investigar e o que pode ser investigado. Mas as evidências apontam para um disparo malogrado de um foguete da Jihad Islâmica, outra organização terrorista de Gaza. Uma tragédia, ainda assim, mas, ao que tudo indica, não resultante da intenção de Israel de dizimar palestinos, e sim do descaso de terroristas com o povo que alegam defender e libertar.

No caso, a notícia foi reportada pelo “Ministério da Saúde de Gaza”, que todos deveriam saber que se trata de um dos pseudônimos do Hamas. Por óbvio, sua confiabilidade é tão grande quanto a do “Ministério da Verdade” do “Grande Irmão” de George Orwell. Mas, no afã das redações de reportar um furo espetacular – ou, plausivelmente, de alguns dos jornalistas de confirmar seu viés de Israel “opressor” – várias esqueceram essa obviedade.

Quando se lembraram ou foram lembradas, o estrago já estava feito. “Múltiplos estudos descobriram que a desinformação ainda pode influenciar nosso pensamento mesmo quando recebemos a correção e acreditamos ser verdadeira”, explicou o neurocientista Richard Sima no Washington Post, “um fenômeno conhecido como ‘efeito contínuo da influência’.” Tanto pior quando esse efeito tem origem não em algum blog obscuro, mas em mídias tradicionais.

Pesquisas indicam que há anos essas mídias vêm perdendo credibilidade – e reproduzir informações disparadas por terroristas só acelerou o processo –, mas a guerra ainda pode ser uma oportunidade de resgatá-la.

Em um mea culpa, o próprio editor do New York Times admitiu que o jornal “confiou demais em alegações do Hamas, e não esclareceu que elas não podiam ser imediatamente verificadas” e que “a reportagem deixou aos leitores uma impressão incorreta sobre o que era conhecido e o quão crível era o relato”.

As redes digitais estão infestadas de erros e mentiras, que, como se viu, podem ser disseminados até por grandes veículos, com consequências desastrosas. A instantaneidade da internet só amplifica o dever do jornalismo profissional de rever continuamente seus procedimentos para determinar “salvaguardas adicionais” à publicação de notícias de impacto, como disse o New York Times. Ainda assim, é impossível eliminar o risco de erros. Reconhecê-los e corrigi-los o mais rápida e honestamente possível é o caminho mais seguro para resgatar a confiança do público. Em uma palavra, a credibilidade do jornalismo será tanto maior quanto maior for a sua humildade. Fonte: https://www.estadao.com.br

Não foi da noite pra o dia que as milícias acumularam o poder de parar a cidade quando lhes dá na veneta. Isso é decorrência de anos de promiscuidade entre criminosos e agentes do Estado

 

A morte do miliciano Matheus da Silva Resende, vulgo “Teteus”, parou o Rio de Janeiro no fim da tarde de segunda-feira passada. Como isso foi possível, é dever do governador Cláudio Castro explicar. Em represália à operação da Polícia Civil que culminou na morte do criminoso, o segundo na hierarquia de uma das milícias mais poderosas do Estado, seus comparsas atearam fogo a ao menos 35 ônibus, deixando milhares de cariocas a pé e em pânico na volta do trabalho. Ademais, o bloqueio de vias públicas deu um nó no trânsito da capital fluminense, violando o direito de ir e vir inclusive de quem estava a quilômetros da zona oeste da cidade, epicentro dos atos que Castro classificou como “terroristas”.

Se essa desabrida afronta ao poder estatal e a violência praticada contra gente inocente a bordo dos ônibus ou não podem ser classificadas como terrorismo, o Ministério Público e o Poder Judiciário vão dizer. O fato é que, seja qual for a tipificação dos crimes, os cariocas vivem aterrorizados com essa guerra por domínio territorial que há décadas tem formado zonas de exclusão no Rio, como se fossem enclaves dos quais não se entra ou sai sem a anuência dos barões do crime organizado – sejam eles das milícias ou do tráfico de drogas, quando não das “narcomilícias”.

Não poderia haver evidência mais cabal de que o Rio está de joelhos diante do crime organizado do que o inferno em que se transformou a vida dos cariocas naquele dia, e simplesmente porque um bandido morreu em confronto com a polícia. A declaração de Cláudio Castro, à guisa de justificativa, de que o serviço de inteligência da polícia não anteviu os ataques dos milicianos porque “não foram ações coordenadas” só ilumina esse quadro lamentável de absoluta falência do Estado para exercer uma de suas atribuições fundamentais, detentor que é do monopólio da violência.

Um dos sinais mais fortes da falência do poder público é o fato de que menos de 2% do território da cidade do Rio está fora do domínio do tráfico ou das milícias, segundo o Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (UFF). Isso não apenas coloca em risco a vida dos cidadãos, mas também macula a imagem do Brasil no cenário internacional, minando a percepção de segurança e comprometendo investimentos.

A bem da verdade, em se tratando do Rio, é pertinente refletir: está-se diante de incompetência propriamente dita, isto é, de incapacidade do Estado para agir, ou, é forçoso dizer, de leniência, quando não cumplicidade entre setores do Estado e as organizações criminosas? Afinal, reação de bandidos a investidas da polícia contra seus negócios sempre houve. O que parece ser novo, no caso em tela, é a escala inaudita dessa resposta da milícia à operação da Polícia Civil que acabou por eliminar um dos seus.

Não é desarrazoado pensar que houve algum ruído nessa espécie de pacto de convivência entre alguns agentes do Estado e a milícia a que pertencia o tal de “Teteus”. Pois é disso que se trata, de um mutualismo pernicioso que faz dos cariocas reféns da promiscuidade entre criminosos e agentes públicos que, em tese, deveriam combatê-los. Não é por acaso que, na origem da formação das milícias, estão justamente servidores do Estado – policiais e bombeiros – que, exatamente como faz a Cosa Nostra siciliana, se organizaram para “proteger” a população contra traficantes e outros tipos de delinquentes – e cobrando caro pelo “serviço”.

Ora, um bando com o poder de parar uma das capitais mais importantes do País, cuja paisagem é a imagem mais representativa do Brasil no exterior, não nasce da noite para o dia nem tampouco prospera nos negócios ilegais sem contar com a cumplicidade de agentes públicos. Esse acúmulo de poder do crime organizado – seja o tráfico de drogas, sejam as milícias – decorre de um processo de degradação do poder estatal que vem de décadas. Esse problema não será superado até que, entre outras medidas, policiais voltem a ser policiais, e bandidos voltem a ser bandidos. Hoje, os cariocas são incapazes de fazer essa necessária distinção. Fonte: https://www.estadao.com.br 

A reportagem da CBN confirmou que, em abril, a mãe do adolescente o acompanhou até a delegacia de Sapopemba para registrar queixa de agressão. Eles informaram aos policiais que o menino tinha desentendimentos com um grupo de meninas.

 

 

Escola Estadual Sapopemba, localizada na Zona Leste de São Paulo (SP), foi alvo de ataque a tiros. (Foto: Peter Leone/Ofotográfico/Agência O Globo)

 

POR GABRIELA RANGEL (Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.)

A família do atirador que matou uma estudante e feriu outras duas já tinha feito um boletim de ocorrência neste ano por causa das constantes agressões e bullying que ele sofria na Escola Estadual de Sapopemba.

A reportagem da CBN confirmou que, em abril, a mãe do adolescente o acompanhou até a delegacia de Sapopemba para registrar queixa de agressão. Eles informaram aos policiais que o menino tinha desentendimentos com um grupo de meninas.

Estudantes, ainda em choque após o ataque, confirmaram que as redes sociais foram citadas além da homofobia como motivos da perseguição na escola e confirmaram os ataques.
'Ele era muito zoado por causa da sua conta no Instagram, mas as pessoas não davam ouvido e continuavam zoando. Como ele era homossexual, era zoado por isso também. Ele não gostava', disse a menor de idade.

De acordo com a defesa do adolescente, Ele já sofria bullying há mais de 2 anos. A polícia agora investiga se o adolescente agiu sozinho, se teve ajuda de alguém próximo ou incentivo em redes sociais. A arma utilizada no ataque pertence ao pai do atirador, que tem o posse há mais de 20 anos de forma regularizada. Fonte: https://cbn.globoradio.globo.com

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 12, 35-38)

35Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas. 36Sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, ao voltar de uma festa, para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram. 37Bem-aventurados os servos a quem o senhor achar vigiando, quando vier! Em verdade vos digo: cingir-se-á, fá-los-á sentar à mesa e servi-los-á. 38Se vier na segunda ou se vier na terceira vigília e os achar vigilantes, felizes daqueles servos!

 

3) Reflexão

Por meio da parábola o evangelho de hoje traz uma exortação à vigilância.

Lucas 12,35: Exortação à vigilância

"Estejam com os rins cingidos e com as lâmpadas acesas”. Cingir-se significava amarrar um pano ou uma corda ao redor da veste talar, para que ela não atrapalhasse os movimentos do corpo. Estar cingido significava estar preparado, pronto para ação imediata. Na véspera da saída do Egito, na hora de celebrar a páscoa, os israelitas deviam estar cingidos, isto é, preparados, prontos para poder partir imediatamente (Ex 12,11). Quando alguém ia trabalhar, lutar ou executar uma tarefa ele se cingia (Ct 3,8). Na carta aos Efésios, Paulo descreve a armadura de Deus e diz que os rins devem estar cingidos com o cíngulo da verdade (Ef 6,14). As lâmpadas deviam estar acesas, pois a vigilância é tarefa tanto para o dia como para a noite. Sem luz não se anda na escuridão da noite.

Lucas 12,36: A parábola

Para explicar o que significa de estar cingido, Jesus conta uma pequena parábola. “Sejam como homens que estão esperando o seu senhor voltar da festa de casamento: tão logo ele chega e bate, eles imediatamente vão abrir a porta”.  A tarefa de aguardar a chegada do patrão exige uma vigilância constante e permanente, sobretudo quando é de noite, pois, o patrão não tem hora marcada. Ele pode voltar a qualquer momento. O empregado deve estar atento, vigilante sempre!

Lucas 12,37: Promessa de felicidade

“Felizes dos empregados que o senhor encontra acordados quando chega. Eu garanto a vocês: ele mesmo se cingirá, os fará sentar à mesa, e, passando, os servirá”. Aqui, nesta promessa de felicidade, os papeis se invertem. O patrão se torna empregado e começa a servir ao empregado que virou patrão. Evoca Jesus na última ceia que, mesmo sendo senhor e mestre, se fez servidor e empregado de todos (Jo 13,4-17). A felicidade prometida tem a ver com o futuro, com a felicidade no fim dos tempos, e é o oposto daquilo que Jesus prometeu numa outra parábola que dizia: “Se alguém de vocês tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: Venha depressa para a mesa?  Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: 'Prepare-me o jantar, cinja-se e sirva-me, enquanto eu como e bebo; depois disso você vai comer e beber'? Será que vai agradecer ao empregado, porque este fez o que lhe havia mandado? Assim também vocês: quando tiverem cumprido tudo o que lhes mandarem fazer, digam: Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer" (Lc 17,7-10).  .

Lucas 12,38: Repete a promessa de felicidade

“E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão se assim os encontra!”  Repete a promessa de felicidade que exige vigilância total. O patrão pode voltar meia noite, três da madrugada, ou qualquer outra hora. O empregado deve estar acordado, cingido, pronto para poder entrar em ação.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Somos empregados de Deus. Devemos estar cingidos, de prontidão, atentos e vigilantes, vinte e quatro horas por dia. Você está conseguindo? Como faz?

2) A promessa de felicidade futura é a inversão do presente. O que isto nos revela sobre a bondade de Deus para conosco, para comigo?

 

5) Oração final

Escutarei o que diz o Senhor Deus, porque ele diz palavras de paz ao seu povo,para seus fiéis, e àqueles cujos corações se voltam para ele. Sim, sua salvação está bem perto dos que o temem, de sorte que sua glória retornará à nossa terra. (Sl 84, 9-10)

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo grupo terrorista Hamas, afirmou nesta segunda-feira (23) que mais de 400 pessoas morreram nas últimas 24 horas, elevando o número de mortos para 5.087, incluindo 2.055 crianças e 1.119 mulheres. Segundo o jornal The Times of Israel, os números provavelmente incluem as pessoas que morreram na explosão de um hospital em Gaza na semana passada.

Na ocasião, as autoridades palestinas acusaram Israel pelo ataque, enquanto as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) atribuíram o incidente ao disparo fracassado de um foguete da facção Jihad Islâmico e afirmaram que hospitais não são seus alvos.

Ainda segundo o Ministério da Saúde, 15 mil pessoas ficaram feridas desde que Israel passou a bombardear o território palestino, no dia 7 de outubro. Os bombardeios começaram depois que o Hamas atacou Israel, matando centenas de pessoas, inclusive brasileiros. Fonte: https://aovivo.folha.uol.com.br

 

Matheus Rezende, o Faustão, foi baleado na comunidade Três Pontes. Ele era apontado como o número 2 na hierarquia da milícia comandada pelo tio, e o terceiro da família morto pela Polícia Civil. Avenida Brasil chegou a ser fechada por bandidos.

 

Por Leslie Leitão, Henrique CoelhoRaoni Alves, TV Globo e g1 Rio

A morte de um chefe da milícia provocou um caos na Zona Oeste do Rio na tarde desta segunda-feira (23). Ao menos 27 ônibus foram queimados a mando de criminosos na região. Outros veículos e pneus também foram incendiados, fechando diversas vias.

Às 16h50, o município entrou em estágio de mobilização, o segundo nível em uma escala de cinco e significa que há riscos de ocorrências de alto impacto na cidade.

Os ataques são em represália à morte do sobrinho do chefe da milícia Zinho, na comunidade Três Pontes. Matheus da Silva Rezende, conhecido como Teteu e Faustão, era apontado como o número 2 na hierarquia da milícia comandada pelo tio, e foi morto durante uma troca de tiros com a Polícia Civil.

No mesmo tiroteio, um menino de 10 anos foi atingido de raspão, segundo familiares. Ele foi levado para a UPA de Paciência, e liberado após atendimento.

egundo a MobiRio, empresa pública que opera o sistema BRT, no corredor Transoeste estavam circulando, por volta das 16h, apenas as linhas 13 (Alvorada x Mato Alto - Expressso), 25 (Alvorada x Mato Alto - Parador) e 22 (Jd. Oceânico x Alvorada - Parador).

O Centro de Operações Rio (COR-Rio) informou que o primeiro ônibus que pegou fogo estava na Rua Felipe Cardoso, na altura do BRT Cajueiros, em Santa Cruz.

Até a última atualização desta reportagem, o COR confirmou incêndios nos seguintes endereços:

-Av. Dom João VI, na altura do BRT Magarça, em Guaratiba. (Via interditada em ambos os sentidos);

-Av. Cesário de Melo, na altura do BRT Santa Eugênia, em Paciência (Via interditada);

-Rua Guarujá, na altura do Viaduto de Cosmos;

-Rua Felipe Cardoso, na altura do BRT Cajueiros, em Santa Cruz;

-Estrada do Campinho, na altura da Rua Perico, em Inhoaíba

Segundo o órgão da Prefeitura do Rio, a atuação criminosa provoca reflexos nos bairros: Guaratiba, Inhoaíba, Paciência, Cosmos, Santa Cruz e Magarça.

No fim da tarde, um ônibus foi cruzado na Avenida Brasil, no sentido Santa Cruz, provocando um longo congestionamento.

As secretarias estadual e municipal de Educação deteminaram a suspensão das aulas nas regiões afetadas.

Um criminoso foi flagrado ateando fogo a um ônibus BRT na Magarça, em Guaratiba (veja acima).

Pelas imagens é possível ver o momento em que o homem dá início ao incêndio pela porta da frente do veículo.

 

 

Matheus Rezende, sobrinho de Zinho — Foto: Divulgação

 

Terceiro da família morto pela Polícia Civil

Faustão morreu após ser baleado em uma troca de tiros com agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE) e da Polinter.

O miliciano é o terceiro da família a morrer em confrontos com a Polícia Civil do Rio.

Em 2017, outro tio dele, Carlos Alexandre da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes, morreu em operação da Delegacia de Homicídios da Capital.

Em 2021, mais um tio, Wellington da Silva Braga, o Ecko, morreu depois de reagir à prisão em uma casa em Paciência, na Zona Oeste do Rio.

Depois disso, seu irmão, Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, assumiu a maior milícia do Rio. Fonte: https://g1.globo.com

Aluno de 15 anos entrou armado e disparou contra estudantes na Escola Estadual Sapopemba. Uma das vítimas sofreu ferimento na cabeça e não resistiu.

 

Por g1 SP e TV Globo

Uma aluna morreu e outros três ficaram feridos após um ataque a tiros dentro da Escola Estadual Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo, na manhã desta segunda-feira (23). A informação foi confirmada pelo governo de São Paulo.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, um adolescente de 15 anos, também aluno, entrou armado no colégio e efetuou os disparos. Ele foi apreendido junto com a arma. Até a última atualização desta reportagem, a polícia não havia divulgado a motivação do ataque e nem a origem da arma.

Ao todo, três estudantes foram atingidos pelos tiros. A vítima que não resistiu aos ferimentos tinha sido baleada na cabeça. Outras duas foram feridas no tórax e na clavícula. Um quarto aluno se machucou ao tentar fugir durante o ataque, de acordo com nota divulgada pelo governo estadual.

Os feridos foram levados para o pronto-socorro do Hospital Geral de Sapopemba. Não foram divulgados detalhes sobre o estado de saúde deles.

Ainda por meio de nota, a gestão estadual lamentou o ocorrido e disse que a prioridade é prestar atendimento aos familiares das vítimas.

"O governo de SP lamenta profundamente e se solidariza com as famílias das vítimas do ataque ocorrido na manhã desta segunda-feira (23) na Escola Estadual Sapopemba. Nesse momento, a prioridade é o atendimento às vítimas e apoio psicológico aos alunos, profissionais da educação e familiares."

 

Tiros e desespero

A Polícia Militar foi chamada por volta das 7h30 para atender a ocorrência na Rua Senador Lino Coelho. O ataque teria ocorrido às 7h20. O helicóptero da corporação e 20 viaturas da PM foram enviados ao local.

Pais de alunos foram até a unidade após serem informados do ataque. Ao g1, moradores do bairro relataram o desespero ao ouvir os tiros.

"Eu moro na mesma rua da escola. Eu estava tomando café para ir trabalhar, e eu e meu irmão ouvimos em torno de três tiros. Meu irmão ouviu gritos, eu subi para o quarto e abri a janela. E vi o pessoal saindo correndo da escola. Fui em frente à escola para saber o que houve, aí soube da notícia. Foi muito rápido", contou uma testemunha.

 

Segundo ataque em 7 meses

O ataque desta segunda (23) é o segundo caso registrado na capital paulista somente neste ano.

No dia 27 de março deste ano, uma professora de 71 anos morreu e quatro pessoas ficaram feridas após serem atacadas com faca por um aluno do oitavo ano da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Zona Oeste de São Paulo. O agressor, de 13 anos, foi desarmado e levado para uma unidade da Fundação Casa.

Elisabete Tenreiro era professora desde 2015 e havia começado na escola Thomazia Montoro neste ano. A educadora tinha se aposentado como técnica do Instituto Adolfo Lutz em 2020, mas continuou dando aulas de ciências.

Em agosto, a reportagem do g1 esteve na escola estadual e constatou que, cinco meses depois do atentado, ainda não havia psicólogos disponíveis para o atendimento de professores e alunos na unidade escolar. A medida tinha sido uma promessa do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

À época, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) chegou a afirmar que quadruplicou o orçamento inicial destinado a políticas públicas de garantia da segurança e proteção de convivência no ambiente escolar, passando para R$ 100 milhões.

Contudo, duas das professoras que foram vítimas do ataque na Escola Estadual Thomazia Montoro, disseram ao g1 que a escola só recebeu visitas de um grupo de estudos em psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e que o corpo docente e discente foram orientados a procurar atendimento psicológico no Sistema Único de Saúde (SUS).

Ainda segundo as professoras, a comunidade escolar está "pagando" pelos dias de recesso pós-ataque com reposições de aulas em período de férias, e o programa Conviva, do governo, não funciona na unidade escolar. Fonte: https://g1.globo.com

 

DE QUEM É A IMAGEM? 

Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)

“Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Esta é a resposta que Jesus dá aos fariseus que enviaram seus discípulos e partidários de Herodes com a intenção de “apanhar Jesus em alguma palavra”. A sentença de Jesus é o centro dos ensinamentos da liturgia dominical (Isaías 45,1.4-6; Salmo95, 1 Tessalonicenses 1,1-5 e Mateus 22,15-21). No passar dos anos ela recebeu várias interpretações. O texto bíblico mostra que resposta de Jesus indica duas realidades distintas, mas não distantes. 

Os enviados dos fariseus, ao se dirigirem a Jesus reconhecem: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus”. É uma afirmação preciosa e verdadeira. Jesus é sincero e ensina o caminho de Deus segundo a verdade. Ele mesmo é o caminho que somos chamados a percorrer. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, assim Jesus se apresenta (João 14,6). Neste domingo celebramos o Dia Mundial das Missões e os evangelizadores são os primeiros a percorrerem este Caminho, que é Cristo. Também anunciam e convidam para percorrerem o caminho de Deus.  

Os enviados perguntam: “É lícito ou não pagar imposto a César?” Jesus responde com realismo e deixou bem claro que seus seguidores viveriam no mundo. Reconhece o poder de César e a sua autonomia. Nesta condição são cidadãos corresponsáveis pela construção da sociedade fundada no bem comum. São cidadãos de direitos e deveres, também naquilo que se refere ao pagamento de impostos. É legítima a organização das pessoas em países, como são legítimas as autoridades que as governam. O rosto do imperador na moeda indica o contexto, a localização temporal e o poder da autoridade civil. 

Na resposta, Jesus afirma que deve ser dado a “Deus o que é de Deus”. Um autor anônimo do começo do cristianismo escreve: “A imagem de Deus não está gravada no ouro, mas no gênero humano. A moeda de César é ouro, a de Deus é a humanidade … Portanto, concede a tua riqueza material a César, mas conserva para Deus a inocência singular da tua consciência, onde Deus é contemplado… Com efeito, César pediu que a sua imagem fosse gravada em cada moeda, mas Deus escolheu o homem, que Ele criou, para refletir a sua Glória”.  

A moeda apresentada a Jesus, com o rosto de César, indica que oficialmente ela pertence ao imperador. O homem, no qual está gravada a imagem de Deus, é devedor de Deus. O poder do Estado tem limites invioláveis, mas Jesus não apoio teocracias. Jesus afirma o senhorio de Deus explicitado nas parábolas sobre o Reino de Deus. O cristão vivendo no mundo deve alertar para todos os regimes ou pessoas ou estruturas que impeçam ao homem viverem dignamente, serem “imagem de Deus” na liberdade e na justiça. Portanto, “dar a Deus o que é Deus e a César o que é César” aponta duas realidades distintas, mas não distantes. 

Na esteira do mês missionário o exemplo de São Paulo precisa ser recordado. Depois de anunciar o Evangelho aos Tessalonicenses lhes escreve uma carta. Ele diz que não se evangeliza sozinho, de maneira isolada. Ele cita Silvano e Timóteo como colaboradores diretos, além de outros. Logo a seguir acrescenta que o anúncio deve ser precedido e acompanhado com muita oração. “Damos graças a Deus por todos vós, lembrando-vos sempre em nossas orações”. O apóstolo está ciente que os membros da comunidade não foram escolhidos por ele, mas por Deus: “sois do número dos escolhidos”. Paulo conclui com um ensinamento muito precioso: “O nosso evangelho não chegou até vós somente por meio de palavras, mas também mediante a força que é o Espírito Santo; e isso, com toda a abundância”. Fonte: https://www.cnbb.org.br

O ataque do Hamas a Israel, ainda que precedido por uma longa série de ‘avisos’, desde 1948, combinou os ingredientes essenciais de ambas

 

Bolívar Lamounier

Cientista político, sócio-diretor da Augurium Consultoria e membro das Academias Paulista de Letras e

O adjetivo político(a) pode ser aplicado com propriedade a uma infinidade de situações, ações e fatos.

Podemos caracterizar como político desde a eleição de um prefeito nos cafundós de algum país a um embate eleitoral e, até mesmo, com limites, a atos de guerra. Se perguntarmos o que é política a uma pessoa que não nutra interesse algum pela vida pública, as respostas mais prováveis serão “não sei” ou “as falcatruas daquela corriola de Brasília”.

A linha divisória entre determinado fato político e a antipolítica – e aqui me refiro ao terrorismo e ao genocídio – nem sempre é nítida. A desproporção entre o fato que possa ter sido a causa de uma resposta terrorista é uma aproximação, mas não é uma resposta satisfatória. Considere-se, por exemplo, o ataque japonês à base americana de Pearl Harbor, em 1941. A situação mundial era de guerra, o Japão já estava na guerra, e tratava-se de uma base militar. Mas os Estados Unidos não haviam ainda entrado na guerra. O que faz pensar em terrorismo, no caso, é seu caráter traiçoeiro, a surpresa, a calada da noite, mas não seu objetivo, que foi claramente bélico, ou seja, ligado à guerra. Um tiro no pé, pois forçou a entrada dos Estados Unidos na guerra, alterando o equilíbrio de forças e decretando a derrota, em 1945, tanto do Japão quanto da Alemanha.

A ação tipicamente terrorista é encetada de surpresa, é traiçoeira, é portadora de uma extrema crueldade, é desproporcional e, mais importante, não é motivada por um motivo racional. É praticamente desprovida de objetivos. Violência niilista. Pretende-se aniquilar o adversário não pelo que ele haja feito, mas pelo que ele é. Esta é a conexão com o genocídio: o que se pretende é dizimar um povo, uma etnia, os devotos de uma religião, só por serem uma dessas três coisas, ou coisa análoga. Isso posto, parece-me incontrovertível que as 2.200 bombas lançadas pelo Hamas sobre Israel na madrugada de 7 de outubro, fazendo milhares de mortos, militares e civis, e na plena consciência de que a retaliação seria da mesma ordem, foi claramente um ato de terrorismo com fortes implicações genocidas.

Até aqui, esforcei-me apenas por traçar a anatomia do terrorismo e do genocídio tal como se têm manifestado no século 21. Mas nem precisava ter ido tão longe. Em seu documento de fundação, o Hamas repete ad nauseam que seus objetivos são obliterar o Estado de Israel, fundar um império que se estenda do Mediterrâneo ao Iraque, e liquidar até o último judeu que exista na face da Terra. Nada fica a dever à “solução final” alvitrada pelo nacional-socialismo alemão, ponto de partida para o Holocausto. Coloca o Hamas (e seu coirmão libanês, o Hezbollah) na condição de alucinações que nada têm que ver com a política em qualquer acepção aceitável deste termo.

À abominável estirpe dos genocídios pertence, sem sombra de dúvida, a guerra da Vendeia, deflagrada em 1793, durante a Revolução Francesa, pelo Comitê de Salvação Pública, com o objetivo de acabar com toda a população daquela província. A Revolução, segundo Robespierre e os outros 11 integrantes do comitê entenderam, não podia conviver com uma população católica e monarquista, enfurecida pela decapitação do rei Luís 16. Um século depois, Stalin, a fim de confiscar todos os alimentos da Ucrânia, submeteu-a ao holodomor (literalmente, “deixar morrer de fome”). Em 1994, em Ruanda, leste da África, a maioria étnica hutu praticamente dizimou a minoria tútsi, na base do facão e da foice, deixando um legado de 1 milhão de mortos.

Fiz referência acima à dificuldade de estabelecer tais distinções com base tão somente na desproporção da violência empregada contra um presuntivo adversário. Um exemplo clássico de tal dificuldade foi a destruição de Cartago (cidade situada na atual Tunísia) pela República Romana, no ano de 146 a.C. Diga-se o que se disser da extensão da violência, tratava-se claramente de um enfrentamento bélico (o longo século das chamadas guerras “púnicas”) entre duas grandes potências, ambas empenhadas em assumir a hegemonia no Mediterrâneo. Décadas antes, o general cartaginês Aníbal havia conduzido um formidável exército sobre os Alpes até chegar às portas de Roma. Rechaçado, foi obrigado a fazer o caminho de volta, mas o destino estava traçado. O contra-ataque romano destruiu Cartago – ou, para ser mais exato – reduziu-a a cinzas.

Terrorismo é óbvio que não foi, pelas razões acima expostas. Os cartagineses não foram aniquilados por serem cartagineses, mas por integrarem uma potência rival. No entanto, podemos, sim, dizer que houve desproporção, mas isso não aproxima tal desfecho do perpetrado por Hitler em Auschwitz.

O ataque do Hamas a Israel, ainda que precedido por uma longa série de avisos, desde 1948, este sim combinou os ingredientes essenciais do terrorismo e do genocídio: a surpresa traiçoeira, a extrema crueldade, o completo despropósito e a intenção de destruir o adversário em razão de sua própria existência, não pelo que ele haja feito ou deixado de fazer.

*SÓCIO-DIRETOR DA AUGURIUM CONSULTORIA, É MEMBRO DAS ACADEMIAS PAULISTA DE LETRAS E BRASILEIRA DE CIÊNCIAS Fonte: https://www.estadao.com.br

 

Eugênio Bucci

Jornalista e professor da ECA-USP, Eugênio Bucci escreve quinzenalmente na seção Espaço

 

À medida que a tragédia se adensa no Oriente Médio, o destampatório performático triunfa e cega. A cada lance obscuro e trágico, mais se excitam os espectadores, em sua superficialidade chapada e esfuziante. As redes sociais entram em alvoroço, as plateias repetem palavras de ordem lacrimosas e a carnificina se converte em melodrama pungente e barulhento. Essa gritaria feita de platitudes altissonantes e insensíveis é a prova definitiva de que “não há limites para a insânia”, como dizia um velho jornalista. A opinião pública entra em demência.

Um ser racional – esse tipo em extinção – pode até vislumbrar, por teimosia, uma esperança tímida num acordo de paz para a Faixa de Gaza e suas redondezas, mas não terá nenhuma ilusão de que o bom senso terá vez sobre a face da Terra. A guerra avança como um estranho e mórbido entretenimento participativo. Essa é a nossa maior danação.

As sandices não se resumem às manifestações de rua que celebram chacinas; também aparecem nos grupos de WhatsApp e nas conversas fortuitas. Atravessam a rua na sua frente, estão no ponto de ônibus, na fila do supermercado – são campeãs de audiência. Ativistas de sofá consomem as mortes estampadas no noticiário como quem saboreia um gênero quente de realidades ampliadas. Sentem a imaginação salivar. Viciam-se nas sensações do terror e pedem bis.

Não, as plateias não se informam sobre os acontecimentos – elas se empanturram e se dopam, insaciáveis. Como se fosse um estimulante químico, a guerra lhes oferece doses potentes de emoção fácil. E lá vêm os memes e as lacrações. Os adictos acreditam que têm um lado e se envaidecem de sua bravura imaginária, em exibicionismos narcísicos. São guerreiros de fim de semana. Sua essência está na aparência. Mastigam imagens de assassinatos ou de bombardeios para anestesiar a carência de que mais se ressentem: carência de afeto, de sentido e de relevância.

O que existe no mercado para deliciar essas multidões de ninguéns? Poderia ser uma final de campeonato de futebol, talvez. Poderia ser uma briga de torcida embaixo de um semáforo. Poderia ser um reality show na TV. Agora, porém, o prato do dia é o morticínio. O sujeito se serve e se “engaja”, para usar a expressão em voga. Em suas fantasias íntimas, é o herói de uma causa sacrossanta. Ele consome. Ele brada. Ele e seus homólogos estão em pleno gozo.

Ainda no século 17, Espinosa advertiu: “Os homens são comovidos mais pela opinião do que pela verdadeira razão”. Pouco depois disso, as chamadas “massas urbanas” entraram em cena como um subproduto das cidades que respiravam a fuligem das chaminés industriais. Nascidas para ser a cara-metade (bastarda) do capital (selvagem), elas nunca formulam ideias, nem poderiam; apenas se arrastam, gelatinosamente pegajosas, em ondas pulsionais, ao sabor de “opiniões”, não da razão. O seu pão é o seu circo.

Hoje, o nosso problema é que as massas do século 21 são ainda mais rudimentares que seus pares de 200 ou 300 anos atrás. Sim, o que lhes acende a libido é a opinião, mas, agora, uma opinião numa forma rebaixada. Sem qualquer base nos fatos, na razão e no argumento, como preconizava Hannah Arendt, a opinião que comove os homens não passa de uma grife ideológica, um slogan prêt-à-porter, um bem de consumo não durável, como um refrão de música que ganha o Grammy.

Foi mais ou menos assim que chegamos a esta babel de frivolidades perversas e opacas, repleta de oradores que não entendem uma letra do que pronunciam. Nunca se viram tantos influencers pontificando sobre Israel e o Hamas. Nos tempos da pandemia, essas mesmas figuras atuavam como epidemiologistas, imunologistas ou infectologistas de ponta. Todas discorriam sobre RNA mensageiro, ivermectina e máscaras cirúrgicas. Em seguida, assumiram o papel de especialistas em Ucrânia, alfabeto cirílico. Davam aulas de 30 segundos sobre a Grande Rússia. Agora, tagarelam sobre as cosmogonias que se enfeixam em Jerusalém. Não compreendem o que falam.

Às vezes surgem notícias de crianças que, brincando de super-heróis, pulam da janela para sair voando e se esborracham no chão. São vítimas da incapacidade, tipicamente infantil, de dissociar o mundo real do universo dos desenhos animados. Pois os adultos de hoje, em sua maioria, padecem da mesma incapacidade. Não percebem a diferença entre o juízo de valor e o juízo de fato, não desconfiam da fronteira entre a verdade factual e a criação ficcional e não distinguem o princípio de prazer do princípio de realidade. Acreditam que toda disputa de poder se reduz a uma disputa de narrativas. Ato contínuo, embarcam numa narrativa pré-fabricada e, a bordo dela, saem voando nas telas para vencer a batalha contra os “do mal”.

Ao consumir a guerra como um espetáculo interativo, a cultura do entretenimento sepulta a razão, normaliza a selva e a ela se rende. Somos um mundo de crianças crescidas que se divertem com brinquedos letais. Alguém aí ainda vai se esborrachar de novo contra o chão da realidade.

* JORNALISTA, É PROFESSOR DA ECA-USP

Fonte: https://www.estadao.com.br