Frei Petrônio de Miranda, O. Carm.

Comunidade Capim, Lagoa da Canoa-AL. 30 de dezembro-2017.

1ª História. O “Santo Padre Manoel”,

O Padre Manoel foi um santo padre. A sua vida -27 anos de sacerdócio - foi marcada pela dedicação, honestidade e compromisso com a Boa Nova. Ao longo de seu ministério ajudou os pobres, construiu paróquias, catequizou milhares de almas e marcou a sua missão com o selo da simplicidade, compaixão e misericórdia. 

O seu superior- ou os seus superiores- sempre acreditaram na sua dedicação, e por mais que pensassem em transferir o dedicado religioso de comunidade, foram questionados pelos seus confrades com a famosa máxima: Time que está ganhando, não se mexe.

Para saber o final da história do dedicado pároco não é necessário uma bola de cristal, basta ler os anais paroquiais e ver os vícios, o desânimo e, muitas vezes, os pecados- do Padre e do povo. Digo, na medida em que os anos passaram os grupos, pastorais e movimentos foram apossando-se da Igreja e do padre ao ponto de não aceitarem sob hipótese alguma um vigário que pudesse auxiliar o ancião pastor. Em outras palavras, a falta de decisão dos seus superiores teve como consequência uma comunidade cansada, ultrapassada, arrogante e autossuficiente na Diocese.               

2ª História: A “doença” da irmã Madre Maria do Coração agonizante   

Madre Maria do coração agonizante, é um retrato fiel de amor à vida religiosa. Sua dedicação ao longo dos 60 anos de vida claustral prova e comprova a sua radicalidade e compromisso com Jesus Cristo. Mas... bem, o seu pecado sempre foi o maldito poder. Quando a religiosa não era eleita superiora da comunidade ficava doente, depressiva e insuportável.

Madre Maria, viveu os seus 60 anos de vida religiosa pautada no poder e pelo poder. O seu convento ficou velho, as suas irmãs, por sua vez, não aguentavam mais aquela fome de poder mas, em nome da obediência à vida religiosa sofriam no silêncio. Todos foram vítimas do eterno e famigerado poder conventual.

3ª História. O Pior leigo é um leigo com cabeça de padre.

Carlos Alberto era músico. Nos seus 38 anos de Paróquia evangelizou através da música. Foram anos de dedicação à comunidade paroquial. Seu pecado? Ah meu filho, o velho e sempre poder.

Com o passar dos anos a paróquia foi crescendo e fluindo, atraído assim várias famílias e, por sua vez, diversos jovens, alguns dos quais músicos animados e criativos no modo de evangelizar. O Problema? Bem, o problema continua o dito poder pelo poder. Quem disse que o senhor Carlos Aberto deu espaço para a juventude? “Esta Missa é minha, aqui não entra outro grupo de canto! Eu dei a minha vida nessa igreja e os padres que por aqui passaram reconheceram a minha missão”. Com essa afirmação, ele se auto afirmava soberano e intocável, e com isso a paróquia se fechava na sua caduquice.

Moral das histórias 

O Padre Manoel- O santo padre- se fechando no seu mundinho paroquial conseguiu estacionar a comunidade vitimada pelo poder. Os leigos, por sua vez, em nome da defesa do padre também foram contaminados pelo poder. Culpa do padre? Culpa do povo? Não, não! Culpa dos seus  superiores que, em nome de um respeito e de um trabalho pastoral deixaram aquele “santo homem” por longos e longos anos naquela comunidade transformando-se assim em rei soberano.   

Madre Maria do coração agonizante- a irmã dedicada- conseguiu parar o convento no tempo. Vocações? Não, não! Aquele convento ficou velho, a vida religiosa ficou chata, parada e ultrapassada.

3º- Carlos Alberto- o músico- por mais amor que tivesse pela paróquia foi se tornando em uma espécie de “padre” e, como diz o povo; O pior leigo é aquele que tem a cabeça de padre. Pois é, o senhor Carlos era o próprio! E com isso construiu muros, afastando principalmente os jovens.

A nossa mensagem final não é contra o poder, porque onde existem dois seres humanos ali ele está. A questão central é como administramos a nossa missão e o nosso poder, seja no convento, na paróquia, na família e na sociedade como um todo. E tenho dito!