Ao instituir sua Igreja sobre a profissão de fé do Apóstolo Pedro, Nosso Senhor lhe afirmou: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus. Tudo o que ligares na terra será ligado nos Céus. E tudo o que desligares na terra será desligado nos Céus” (Mt 16,19).

De acordo com São Leão Magno, Pedro tornou-se, então, pela força do próprio ministério que lhe foi conferido pelo Senhor, o guia de todos aqueles que têm a Cristo como chefe supremo.

Deus dignou-se conceder a esse homem uma grande e admirável participação no seu poder (Cf. Leitura patrística de hoje na Liturgia das Horas, pp. 1452-1454). O próprio Jesus nos atesta que, ao professar a fé na sua divindade e messianidade, Pedro não o fez por mero poder humano, mas por revelação do Pai que está nos céus (Cf. Mt 16,16-17).

É esta mesma inspiração e assistência divina que acompanha a Pedro e seus sucessores no múnus de ensinar as coisas da fé a todos os discípulos do Senhor. Assim diz o Catecismo da Igreja Católica (CIC): “Para manter a Igreja na pureza da fé transmitida pelos Apóstolos, Cristo, que é a Verdade, quis tornar a Igreja participante de sua própria infalibilidade. Pelo sentido sobrenatural da fé, o povo de Deus adere infalivelmente à fé, guiado pelo Magistério vivo da Igreja” (CIC 889).

Mais tarde, diz o mesmo Catecismo: “Goza desta infalibilidade o Romano Pontífice, chefe do Colégio dos Bispos, por força de seu cargo, quando, na qualidade de pastor e doutor supremo de todos os fiéis e encarregado de confirmar seus irmãos na fé, proclama, por um ato definitivo, um ponto de doutrina que concerne à fé ou aos costumes (...). Quando a Igreja propõe alguma coisa a crer como sendo revelada por Deus, como ensinamento de Cristo, é preciso aderir na obediência da fé a tais definições, pois a infalibilidade tem a mesma extensão que o próprio depósito da revelação divina” (Cf. CIC 891).

O que nós chamamos de “Cátedra de São Pedro” é este poder concedido ao Apóstolo de confirmar na fé todos os que são de Cristo, como diz hoje a antífona do Cântico Evangélico das Laudes (Cf. Lc 22,32). Cátedra significa literalmente a cadeira na qual se senta aquele que tem a autoridade de Juiz ou de Mestre.

A Igreja de São Pedro, na cidade de Roma, dispõe de uma grande Cátedra, que é símbolo do magistério universal, colocada no coração da grande nave central. Esta foi concebida pelo grande arquiteto Lorenzo Bernini, trabalho que lhe foi confiado pelo Papa Alexandre VII, em 1663. Simboliza o Magistério supremo dos papas, Magistério infalível a partir das palavras do próprio Senhor.

O Papa João Paulo I, que governou a Igreja por apenas 32 dias em 1978, em sua grande simplicidade, deixou-nos uma definição popular desta Cátedra nas suas palavras: “Eu sou pecador, como todos os meus irmãos na fé. Não desejo que me chamem de ‘Sua Santidade’, nem quero que me tenham por infalível. Mas devo ensinar, sem erro, na mais absoluta fidelidade a Cristo, somente aquilo que o próprio Cristo me autoriza. Um dos meus irmãos no episcopado me sussurrou, quando eu tentava esquivar-me do cargo: ‘Coragem, Cardeal Luciani! Quando o Senhor nos dá um fardo, dá-nos também a força de carregá-lo’. Outro me disse: ‘Coragem, pois em todo mundo há tantas pessoas que rezam pelo novo papa’. Por isso, eu aceitei, e espero que todos vocês me ajudem com as suas orações, a fim de que, no meu testemunho da fé, mesmo que eu não tenha a sapientiam cordis (sabedoria de coração) do Papa João, e nem a grande cultura teológica do Papa Paulo, eu possa, assistido pelo Espírito Santo, servir de coração a Igreja” (Alocução do dia da eleição de João Paulo I, na Praça São Pedro).

É o apelo que deixamos a todos nesta festa: oremos sempre pelo Santo Padre. Assim nós o ajudaremos a governar e a servir a Igreja.

*(Reflexão do padre Paulo de Souza OSB, Mosteiro de São Geraldo, São Paulo). Fonte: www.facebook.com/vaticannews.pt