Maria Cristina Giani, Missionária de Cristo Ressuscitado.

Nestas últimas semanas do tempo pascal, a Igreja nos apresenta, no evangelho de João, o discurso da despedida de Jesus, no qual Ele prepara a sua comunidade para um novo tempo que se inicia depois da sua partida. 

Assim como no Antigo Testamento a presença de Deus está expressa num modo cultual na arca da Aliança (Ex 25,8). Agora Deus Trindade habita no êxodo de nossa história na vida de cada crente, “carregado” em nossa fragilidade, Deus caminha conosco!

A segunda orientação é: “Mas o Advogado, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ele ensinará a vocês todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que eu lhes disse”.

O Espírito Santo é o novo mestre da Comunidade, em total sintonia com os ensinamentos de Jesus. Daí a importância de viver uma relação de amizade, ou melhor, de cumplicidade com o Espírito, como o vemos narrado em diferentes textos dos Atos: “O Espírito e eu decidimos”.

A última Exortação do Papa, Amoris Laetitia, é um exemplo desta ação do Espírito que não ensina coisas novas senão que nos faz lembrar “atualizadamente”, isto é o sentido judaico-cristã de fazer memória, a verdade do amor de Jesus para os tempos de hoje. 

E finalmente a terceira orientação, que mais do que isso, se trata do presente que o Ressuscitado dá continuamente à sua comunidade: “Eu deixo para vocês a paz, eu lhes dou a minha paz».

Cabe-nos perguntar: qual é a Paz do Ressuscitado? A oração de Dom Pedro Casaldáliga pode nos ajudar a conhecer esta Paz, estar dispostos a acolhê-la e a nos deixar conduzir por ela:

“Dá-nos, Senhor, aquela Paz inquieta que denuncia a
Paz dos cemitérios e a Paz dos lucros fartos.
Dá-nos a Paz que luta pela Paz!

A Paz que nos sacode com a urgência do Reino.
A Paz que nos invade, com o vento do Espírito,
a rotina do medo, o sossego das praias e a oração
de refúgio.

A Paz das armas rotas na derrota das armas.
A Paz do pão da fome de justiça,
a Paz da liberdade conquistada,
a Paz que se faz “nossa” sem cercas nem fronteiras,
que tanto é “Shalom” como “Salam”, perdão, retorno,
abraço...

Dá-nos a tua Paz, essa Paz marginal que soletra
Em Belém e agoniza na Cruz e triunfa na Páscoa.
Dá-nos, senhor, aquela Paz inquieta, que não
nos deixa em paz”! Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

*Resumo do Artigo.