O Papa Francisco advertiu, na última sexta-feira, os bispos para que consultem o Vaticano antes de aprovar novas ordens religiosas, sob o risco de que a máxima hierarquia católica anule suas decisões. A reportagem é publicada por 20 Minutos, 20-05-2016. A tradução é de André Langer.

De acordo com uma lei publicada na sexta-feira, o objetivo é garantir que os novos institutos religiosos cumpram todos os critérios das ordens religiosas, especialmente que tenham um “carisma” ou um espírito fundacional únicos e que seus membros pratiquem a pobreza, a castidade e a obediência.

Anteriormente, exigia-se dos bispos que consultassem o Vaticano sobre novas solicitações, mas não havia consequências caso não o fizessem. Mas agora, suas decisões podem ser invalidadas.

Em geral, as ordens religiosas começam como pequenos “institutos de vida consagrada” que recebem a aprovação de um bispo local para que operem em sua diocese. Com o tempo, se atraírem mais membros, podem solicitar ao Vaticano que lhe outorgue reconhecimento pontifício, como a Companhia de Jesus ou os Missionários da Caridade.

Kurt Martens, professor de Direito Canônico na Universidade Católica da América, disse que a nova lei pretende evitar que “aconteçam desastres” quando um bispo aprovar um novo instituto religioso sem fazer as comprovações pertinentes.

Embora Francisco tenha muito interesse em descentralizar a tomada de decisões da Igreja aos bispos, Martens sublinhou que a Santa Sé tem muita experiência a oferecer. Disse que a nova lei parece buscar um “equilíbrio saudável”.

A nova lei centra-se nas primeiras etapas da aprovação da Igreja de novas ordens religiosas. Ela foi publicada no momento em que o Vaticano está lidando com um novo escândalo na ordem Sadalitium Christianae Vitae, com sede no Peru, que recebeu a aprovação diocesana em 1994 e o reconhecimento pontifício em 1997.

O Vaticano nomeou recentemente o seu ex-segundo hierarca a cargo das ordens religiosas, o arcebispo Joseph Tobin, para que supervisione reformas na ordem Sodalitium depois que uma comissão de ética interna descobriu que os jovens recém ingressados eram vítimas de abusos físicos, psicológicos e sexuais, segundo a agência de notícias católica.

A agência, cujo diretor executivo é um membro do Sodalitium, disse que a comissão encontrou uma cultura interna de “disciplina e obediência extrema ao fundador”, um eufemismo paralelo a outro escândalo similar, ocorrido nosLegionários de Cristo, com sede na Cidade do México. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br