Ingrid Soares

O bispo dom José Francisco Falcão, envolvido em uma polêmica após dizer que queria "dar veneno de rato" ao autor da música É proibido proibir, de Caetano Veloso, se manifestou nesta sexta-feira (5/4) e diz que está sendo coagido. O religioso nega, porém, que esteja pensando em ir embora do Brasil. Segundo pessoas próximas ao padre, ele foi ameaçado, após a má repercussão da homilia presidida pelo pároco da Paróquia Militar de São Miguel Arcanjo, no último domingo (31/3). 

Durante a celebração na capela militar, o bispo teria dito que "gostaria de dar um veneno de rato" para o "imbecil que nos anos 1970 cantou que é proibido proibir". A declaração caiu feito uma bomba na internet, principalmente devido aos tempos atuais, onde consevadores e liberais vivem em duelo constante, principalmente nas redes sociais. Até o próprio Caetano Veloso, ao ficar sabendo do teor da pregação do religioso, disse que entraria com um processo contra o padre

Em carta divulgada nesta sexta-feira (5/4), tendo como destinatário o cantor e compositor baiano e todos os veículos de imprensa do país, José Francisco alegou que a missa foi celebrada em ação de graças pela promoção dos oficiais generais do Exército Brasileiro e ocorre desde a década de 1960 em capelanias e paróquias militares católicas.

O bispo ressaltou, ainda, que em nenhum momento da homilia fez alusão ao nome de qualquer cantor ou música, tampouco utilizou a palavra "imbecil" e que realizou exclusivamente leituras litúrgicas ao falar da passagem do filho pródigo que abandona a casa do pai em busca da liberdade sem proibição, o que prega, inclusive, a música.

 "Noticiaram que eu tinha dito aquelas coisas, mas o que tenho a dizer é que minha função é prestar auxílio onde for preciso. Tenho viagens programadas até o fim do ano, mas pelo meu dever. Não guardo mágoa de quem veicula notícias erradas sem ao menos ouvir o que o outro lado tem a dizer, mas é necessário ter ética no jornalismo. Seguramente, em tempos difíceis, de fake news, precisamos do jornalismo. E que ele escute as partes interessadas. Como cristão, o que tenho a dizer é que perdoo", disse ao Correio.

"Na homilia, afirmei: 'na década de 1970, alguém fez uma música É proibido proibir. Referi-me ao refrão cunhado no final da década de 1950 e transformado em música nos anos que se seguiram ao espírito de maio de 1968, em Paris, e que se espalhou em seguida pelo mundo, notadamente na década de 1970", dizia o trecho da carta.

Caetano Veloso afirmou, na quarta-feira (3/4), que interpelaria judicialmente o bispo auxiliar do Oridinariado Militar do Brasil. A fala do bispo repercutiu nas redes sociais após a revelação feita pela revista Veja na segunda-feira (1º/4). De acordo com a publicação, também estaria na missa a viúva do coronel Brilhante Ustra, considerado o maior torturador da ditadura militar brasileira. 

Em nota oficial, a Arquidiocese Militar do Brasil disse que, em nenhum momento do transcurso da missa falou-se de "ditadura" ou "golpe" ou se agradeceu a Deus por outro motivo. Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br