'As pessoas estão confusas, com raiva ou simplesmente sobrecarregadas. Eu também estou', desabafou Michelle Obama Foto: NYT

 

Em post no Instagram, a ex- primeira-dama dos EUA chama Trump de 'infantil' e diz que reação à invasão ao Congresso americano foi diferente da recebida pelo movimento Black Lives Matter, que foi 'tratado com força bruta'

 

A ex- primeira-dama americana Michelle Obama usou sua conta no Instagram para se manifestar sobre a invasão ao Capitólio, ocorrida na quarta-feira (6), mesmo dia em que o estado da Geórgia elegeu dois democratas para o Senado.

 

Michelle começa falando justamente sobre a eleição na Geórgia:

"Eu acordei ontem feliz com a notícia da vitória do reverendo Raphael Warnock na eleição. Ele será o primeiro senador negro da Geórgia", escreveu Obama para, em seguida, mudar o tom da postagem:

"Em poucas horas, no entanto, o meu coração se entristeceu mais rápido do que posso me lembrar. Como muitos de vocês, eu vi uma gangue — organizada, violenta e louca por ter perdido uma eleição — fazer um cerco ao Capitólio. Eles orgulhosamente portavam a bandeira dos estados confederados" (na Guerra Civil Americana, os estados confederados queriam manter a escravidão de negros. Por isso, sua bandeira é considerada um símbolo racista e incentivador do ódio).

Michelle Obama observa que os invasores saíram livres e que o ataque ao Capitólio foi fruto dos desejos do presidente Donald Trump, a quem chamou de "infantil e "não patriota":

"Quando as autoridades finalmente ganharam o controle da situação, esses desordeiros e membros de gangues foram retirados do prédio sem algemas e livres para seguir. O dia foi o ápice dos desejos de um presidente infantil e não patriota, que não consegue lidar com a verdade de seus fracassos."

Obama segue seu texto questionando o que teria acontecido caso os invasores fossem negros, "como as pessoas que vão todos os domingos à igreja batista Ebenezer". "Teria sido diferente?", questiona.

"Todos sabemos a resposta", afirma ela, que continua:

"As manifestações do movimento Black Lives Matter foram majoritariamente pacíficas — as maiores manifestações já vistas no nosso país, unindo pessoas de todas as classes e raças e encorajando milhões a reexaminarem suas presunções e comportamentos. Apesar disso, cidade após cidade, dia após dia, vimos manifestantes pacíficos serem tratados com força bruta", escreveu a ex primeira-dama.

Para Obama, ver essa diferença de tratamento "machuca". Ela afirma que só será possível virar a página depois de avaliar o que foi visto no Capitólio e depois de lidar com o fato de que milhões de americanos votaram "em quem tão obviamente quer acabar com a nossa democracia."

Michelle Obama defende que chegou o momento de os eleitores de Donald Trump verem a realidade sobre o homem que apoiaram e "publicamente rechaçá-lo e também às ações da turba."

Ela também afirma que as empresas de tecnologia do Vale do Silício, que anunciaram o bloqueio das redes sociais de Trump por tempo indeterminado, o façam permanentemente. "E coloquem em prática políticas para prevenir que sua tecnologia seja usada por líderes de nações como combustível para insurreições."

Michelle Obama encerra seu post afirmando que o trabalho de unificar os Estados Unidos não é de uma pessoa, de um político, de um partido: "Todos temos que fazer a nossa parte." Fonte: https://oglobo.globo.com