O caso, que ocorreu em Guarulhos, entra para a série de polêmicas envolvendo viagens de avião com animais

 

O garçom Reinaldo Junior e a cadela Pandora (Foto: @reinaldojuniorpandora/ Instagram/ Reprodução)

 

POR YARA GUERRA

No dia 15 de dezembro de 2021, o garçom Reinaldo Junior, de 39 anos, viajava com a sua cadela Pandora à cidade de Navegantes (SC), quando um pesadelo se iniciou. Durante uma conexão do voo da Gol no aeroporto de Guarulhos (SP), o animal fugiu da caixa de transporte e desapareceu.

Desde então, o tutor – que havia embarcado em Recife (PE) – distribui panfletos pelos bairros da cidade e pede ajuda através das redes sociais em busca de sua “filha”, como a chama.

Para embarcar Pandora, Reinaldo pagou uma passagem de R$ 850, além dos R$ 650 obrigatórios pela caixa de transporte. Apesar de afirmar que este não era o perfil de sua cadela, Reinaldo foi informado que ela corroeu a caixa e, em seguida, fugiu.

Em nota, a Gol anunciou: "Na manhã da quarta-feira (15/12), a cadela Pandora, animal de estimação de Cliente proveniente de Recife (REC), que faria conexão em Guarulhos (GRU) com destino a Navegantes (NVT) escapou da caixa de transporte durante processo de conexão em GRU. Pelas câmeras de segurança, foi possível apurar que ela fugiu pelo pátio, invadiu o Terminal de Cargas do aeroporto, seguiu sentido a rodovia Hélio Smidt, mas depois não foi mais vista.

A Companhia lamenta muito o incidente e está agindo de todas as formas para encontrar Pandora e devolvê-la ao dono. Para isso, contratou a “Busca Pet”, empresa especializada que conta com cães farejadores. Os trabalhos foram feitos ao longo da quarta, quinta e sexta-feira, mas devido às chuvas, as pistas sensoriais que poderiam ser usadas pelos cães da empresa foram perdidas. A empresa segue apoiando nas buscas neste final de semana.

No entanto, a companhia aérea encerrou o pagamento do hotel onde Reinaldo estava hospedado nesta segunda-feira, dia 3 de janeiro.

Desde o início das buscas, o garçom solicitou à Gol e ao GRU Airport as imagens das câmeras de segurança para conferir se encontrava o animal. No dia 3, o tutor obteve as filmagens através da polícia, que mostram Pandora perdida no aeroporto de Guarulhos.

São as mesmas imagens às quais a Gol se refere na nota publicada. Nelas, funcionários do aeroporto percebem a presença da cadela correndo pelo terminal de cargas, mas nada fazem para resgatá-la. Às 9h59, a câmera registra Pandora passando pelo gramado perto de uma das guaritas. É o último registro que se tem do animal.

Reinaldo continua panfletando em busca de Pandora e diz descartar a apresentação no trabalho em um restaurante na Suíça, com salário de quase R$ 5 mil, no próximo dia 25, se ela não for encontrada até a data.

Desde o dia 4 de janeiro de 2022, o garçom conta com o auxílio da advogada Antilia Reis para a defesa do caso. Em publicação no Instagram, Reinaldo escreveu:

"A advogada ativista Antilia Reis está defendendo Pandora e minha família desde ontem e está tomando todas as medidas cabíveis judiciais, cíveis e criminal contra a Gol e os responsáveis pelo desaparecimento da Pandora".

No vídeo, Reinaldo diz que, devido à cessão do pagamento do hotel pela Gol, está indo dormir no guichê da companhia aérea, no aeroporto de Guarulhos, junto à sua mãe. Ele também mostra a suposta caixa de transporte utilizada por Pandora durante o voo, intacta.

Hoje, dia 6 de janeiro de 2022, Reinaldo compartilhou em suas redes que os advogados de sua defesa conseguiram uma liminar que obriga a Gol a não apenas custear a sua hospedagem e alimentação, como também empreender esforços para procurar a cadela. 

 

Abaixo assinado e outros casos

Reinaldo também organizou um abaixo-assinado para pedir condições mais dignas de transporte para os animais. Afinal, não é a primeira vez que polêmicas sobre o tema surgem.

Em setembro de 2021, um filhote da raça Golden Retriever chamado Zion morreu após um voo da Latam entre São Paulo e Rio de Janeiro.

De acordo com a sua tutora, o voo em que o cachorro foi transportado chegou no Aeroporto do Galeão, no Rio, às 13h50. Mas o cão só foi lhe entregue às 15h30 e estava quase morto. Ela diz que o Zion ficou muito tempo no calor e, poucas horas depois, morreu.
Na ocasião, a Latam informou que seguiu todos os procedimentos de aceitação e transporte, e que atende rigorosamente aos regulamentos das autoridades nacionais e internacionais.
Já em outubro, o cachorro Weiser, da raça American Bully, embarcou em Guarulhos, também num voo da Latam, com destino a Aracajú (SE). Ao chegar à capital sergipana, o animal, com pouco mais de quatro anos, estava morto.

Segundo a Latam, o laudo veterinário apontou que cachorro morreu por asfixia depois de roer parte da caixa de madeira em que era transportado. A companhia reforçou que seguiu todos os procedimentos requeridos no transporte de animais. Fonte: https://oglobo.globo.com