O fim da emergência sanitária
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Próximos passos para a superação da pandemia dependerão de orientação do Ministério da Saúde, mas ainda não há nenhuma
Após mais de dois anos e 660 mil mortes, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou em cadeia nacional o fim da Emergência em Saúde Pública Nacional da covid-19. O anúncio condiz com as taxas de vacinação e as quedas de casos e internações. Mas, como sempre ao longo desta crise, as autoridades e a sociedade precisarão seguir duplamente vigilantes: com o vírus e com seu presidente.
A Organização Mundial da Saúde apresentou alguns cenários para a pandemia. O mais provável é que variantes do vírus sigam circulando em ondas intermitentes, mas sua gravidade diminua por causa da imunização vacinal ou natural. Na pior das hipóteses, uma nova variante altamente virulenta e transmissível pode exigir o retorno das medidas emergenciais.
Aconselhado por técnicos da pasta e da Anvisa, o ministro iniciará um período de transição. Isso é importante, porque o fim da emergência impacta 172 regras do Ministério, como a aplicação de vacinas em caráter emergencial, as compras de medicamentos e insumos ou os repasses aos governos subnacionais.
Nos próximos dias, a pasta editará um ato regulamentando a transição. Normalmente, o seu acompanhamento seria uma mera rotina técnica. Mas será preciso redobrar a atenção. A depender do presidente Jair Bolsonaro, o governo tentará fazer o País esquecer a pandemia por decreto.
A julgar pelo seu desempenho durante a crise, não se pode contar com o Planalto, por exemplo, para as campanhas de conscientização. O ministro falou que a população continuará a “conviver com o vírus”, mas não deu qualquer instrução sobre como será essa convivência. Quais cuidados serão necessários com os grupos de risco? Quais as medidas de contingência ante eventuais reveses? Quais os detalhes sobre a compra de vacinas?
É sintomático que o presidente tenha se furtado a fazer pessoalmente um anúncio tão significativo. Para qualquer liderança no mundo, seria uma oportunidade de confraternizar com a população, adverti-la sobre os desafios, relembrá-la das medidas do governo e, naturalmente, capitalizar apoio. Mas a pandemia é um passivo do qual Bolsonaro quer se livrar.
Desde o início, ele fez de tudo para minimizar a gravidade do vírus, sabotar as estratégias apontadas por especialistas e adotadas pelos Estados para contê-lo e colocar em xeque a segurança e a eficácia das vacinas. Dois ministros caíram por se recusar a endossar medidas anticientíficas. O vácuo de comunicação, que obrigou a imprensa a mobilizar um consórcio para disponibilizar informações confiáveis, foi acompanhado de uma torrente de desinformações saídas diretamente do Planalto.
A CPI da Pandemia evidenciou condutas potencialmente criminosas, como a recusa do governo em firmar contratos para aquisição de vacinas, a propaganda de medicamentos comprovadamente ineficazes e a ofensiva para obliterar medidas sanitárias dos governadores e prefeitos. Os indícios de improbidade e corrupção na compra de vacinas foram tantos que o próprio Bolsonaro se viu obrigado a rifar seu leal sabujo no Ministério da Saúde, o intendente Eduardo Pazuello.
Mais do que os desmandos administrativos e jurídicos, a atuação de Bolsonaro ficará indelevelmente gravada na história da infâmia nacional – e internacional – pela sua indigência moral. À população aflita, seu presidente reservou inúmeras falas de escárnio (“gripezinha”, “e daí?”, “não sou coveiro”) e nenhuma de compaixão.
A omissão envergonhada do presidente no anúncio do fim da emergência é só mais uma que contrasta com a atuação dos demais Poderes da República, autoridades regionais e, sobretudo, da população. Se ela não tivesse aderido diligentemente aos protocolos sanitários e à imunização, o desastre seria muito pior. Enquanto se aguarda a responsabilização de Bolsonaro, espera-se que o País seja igualmente diligente na transição para o pós-pandemia. Acima de tudo, espera-se que a memória do eleitorado não tenha pernas tão curtas quanto as mentiras de Bolsonaro na hora de retribuir nas urnas tantas mortes desnecessárias e tanto opróbrio para a Nação. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
Centro Dom Bosco sofre nova derrota na Justiça e Porta dos Fundos segue invicto na Justiça
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Por Ana Cláudia Guimarães
Centro Dom Bosco sofre nova derrota e Porta dos Fundos segue invicto na Justiça | Reprodução
A 6ª Câmara Cível do Rio, por três votos contra um, negou a apelação do Centro Dom Bosco de Fé e Cultura que seguia tentando uma decisão contra o Porta dos Fundos e a Netflix em razão da veiculação do Especial de Natal, "A primeira Tentação de Cristo", lançado em 2019.
A decisão confirmou o entendimento de que “não compete ao Estado laico intervir em prol de determinados grupos” privilegiando, portanto, a liberdade de expressão.
O Porta dos Fundos segue invicto na Justiça, vencendo até hoje todos os processos que sofreu na tentativa de censura de seus conteúdos. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com
Sobe para 10 número de mortos em deslizamento de terra em Angra dos Reis; RJ tem 18 óbitos
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Dois corpos foram encontrados pela equipe de resgate no bairro Monsuaba na madrugada desta segunda-feira. Uma pessoa ainda é procurada no local e até quatro na Ilha Grande, diz Defesa Civil.
Por g1 Sul do Rio e Costa Verde
Mais dois corpos foram encontrados na madrugada desta segunda-feira (4) por equipes de resgate que trabalham nas buscas por desaparecidos no deslizamento de terra em Angra dos Reis (RJ). Com estas novas vítimas, a cidade já registra 10 mortes na queda de barreira no bairro Monsuaba. As informações são da Defesa Civil.
No local, uma pessoa ainda é considerada desaparecida. Também estão sendo procuradas até quatro pessoas que poderiam estar soterradas, segundo relatos da comunidade local, em um deslizamento de terra que destruiu a Praia de Itaguaçu, na Ilha Grande. As buscas seguem na manhã desta segunda-feira.
Desde sábado (2), o estado do RJ já soma 18 óbitos provocados pela chuva. Além das 10 mortes confirmadas em Angra dos Reis, também ocorreram sete óbitos em Paraty, onde uma mulher foi soterrada junto com seis filhos. Em Mesquita, um advogado morreu eletrocutado ao tentar ajudar uma pessoa.
Os corpos encontrados em Angra dos Reis foram levados para o Instituto Médico Legal da cidade, que pede para que os familiares compareçam à unidade para fazer o reconhecimento.
Ainda não há informações sobre as duas últimas vítimas. As demais foram identificadas como:
1-Samuel Cardoso dos Santos, de 3 anos
2-Laura, de 7 anos
3-Rafael Cardoso de Carvalho, de 11 anos
4-Miguel Bernardo Magalhães Lopes, de 11 anos
5-Rodrigo Teotônio, de 31 anos
6-Francisca de Sena Cardoso, de 46 anos
7-Antônio Cândido Cardoso, de 68 anos
8-Maria Gesilia de Sena Cardoso, de 70 anos
Pior chuva da história, diz prefeitura
Esta foi a pior chuva da história de Angra dos Reis, segundo a prefeitura. Diante dos transtornos, foi decretada situação de emergência no município.
Na Rio-Santos, a segunda-feira começou ainda com, pelo menos, quatro pontos de interdição total entre Angra dos Reis e Paraty.
O prefeito chegou a pedir o desligamento das usinas nucleares por receio de que não seria possível colocar em prática o plano de emergência enquanto vias de acesso ao município estiverem interditadas, mas a Eletronuclear garantiu que uma eventual evacuação não está comprometida.
Na cidade, são aproximadamente 314 moradores em pontos de apoio disponibilizados pela prefeitura. As aulas foram suspensas nesta segunda-feira, já que muitas unidades cederam espaço a família desabrigadas. Fonte: https://g1.globo.com
Chuvas no Rio: Prefeito de Angra dos Reis avalia risco e pede desligamento de usinas nucleares: 'Estamos ilhados aqui'
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Fernando Jordão (à direita), prefeito de Angra dos Reis, acompanha os trabalhos de resgate no município. Foto: Reprodução Instagram
Segundo Fernando Jordão, bloqueio nas estradas dificultaria plano de emergência
Ricardo Ferreira
O prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão, disse que pediu ao ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, o desligamento das usinas nucleares instaladas na cidade. O motivo são as fortes chuvas que caem desde quinta-feira (31) e que interditaram pontos das principais estradas de acesso ao município, como a RJ-155 e a Rio-Santos.
— Estamos com as estradas fechadas, estamos ilhados. Sou um defensor da matriz nuclear e temos plano de emergência, mas como a gente faz o plano sem estrada? Não dá. Por isso estou pedindo o desligamento das usinas nucleares. Já me comuniquei com o ministro Marcelo Sampaio — afirmou Jordão, que está na companhia do governador Cláudio Castro na manhã deste domingo: — O governador acaba de chegar aqui, vamos sobrevoar as regiões de Monsuaba e Ilha Grande, onde ainda há desaparecidos.
Ainda no sábado (2), a estatal Eletronuclear havia informado que as usinas nucleares Angra 1 e 2 seguiam operando normalmente, com capacidade total, não tendo sido afetadas pelas fortes chuvas que caem na Costa Verde desde quinta-feira.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, há pelo menos dez pontos de interdição, total ou parcial, na Rio-Santos, por causa de deslizamentos de terra e alagamentos. Sete máquinas retroescavadeiras fazem trabalhos de desobstrução na altura dos quilômetros 447 e 466. Na RJ-155, a interdição é no túnel, com passagem liberada na Serra que liga Paraty a Cunha e na Serra do Piloto.
Número de mortos vai a 16
Subiu para 16 o número de mortes no Rio por conta das chuvas que atige o estado desde sexta-feira (1). Segundo a Defesa Civil de Angra dos Reis, foi encontrado o corpo de uma criança na manhã deste domingo. Ao todo, já são oito óbitos em Angra, sete em Paraty e um em Mesquita.
"Nós continuamos em estágio de alerta máximo no município, continuamos com as sirenes ligadas mesmo com a diminuição das chuvas, devido a alta saturação do solo. Pedimos à população de areas de risco que só retornem para suas residências após receberem as mensagens de desmobilização", disse um agente da Defesa Civil de Angra, em informe publicado nas redes sociais na manhã deste domingo.
O alerta é de mais chuva durante o domingo, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia(Inmet). Na Costa Verde e na Baixada, prevalece o aviso vermelho, que representa acumulado de mais de 100mm de chuva. Fonte: https://oglobo.globo.com
Criança de 4 anos morre em deslizamento de terra em Angra dos Reis; 10 pessoas estão desaparecidas.
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Cidade registrou nas últimas 24 horas o maior volume de chuva da história. Cinco pessoas foram resgatadas com vida e levadas para um hospital. Corpo de Bombeiros e Defesa Civil trabalham nas buscas.
Por g1 Sul do Rio e Costa Verde
Uma criança morreu e pelo menos 10 pessoas estão desaparecidas depois que um deslizamento de terra atingiu quatro casas em Angra dos Reis (RJ) na madrugada deste sábado (2). O corpo encontrado soterrado é de uma menina, de aproximadamente quatro anos. Os imóveis atingidos ficam na Rua Francisco Cesário Alvim, no bairro Monsuaba. As informações são da Defesa Civil.
Segundo o Corpo de Bombeiros, cinco pessoas foram resgatadas com vida e levadas para o Hospital da Japuíba. Seis grupamentos da corporação e agentes da Defesa Civil da cidade trabalham nas buscas pelos desaparecidos.
O deslizamento foi provocado por um grande volume de chuva registrado na cidade nas últimas 24 horas. De acordo com a Defesa Civil, nas últimas 48 horas, foram registrados 655 mm de chuva no continente e 592 mm na Ilha Grande. Essa é a maior chuva da história de Angra dos Reis.
Equipes da Defesa Civil, com a ajuda de profissionais de diferentes áreas da prefeitura, estão nas ruas prestando apoio à população. Todas as 28 sirenes do sistema de alerta da cidade para deslizamentos e alagamentos soaram durante esta madrugada. "Estamos em alerta máximo. Pedimos aos moradores das áreas de risco que sigam para os pontos de apoio. O risco de deslizamento é iminente" , disse a Defesa Civil.
Abrigos
A prefeitura de Angra dos Reis está disponibilizando abrigos para as pessoas que precisam deixar suas casas. No momento, 19 pessoas encontram-se em abrigos, localizados em unidades da rede municipal, recebendo apoio da secretaria de Educação e da Assistência Social. Todas as escolas da rede estão mobilizadas e prontas para atender à população, de acordo com as necessidades indicadas pela Defesa Civil.
Estradas
Deslizamentos de terra provocaram a obstrução da BR-101 (Rodovia Rio-Santos) no sentido Rio de Janeiro. A RJ-155 (Saturnino Braga) também está fechada à circulação de veículos na altura dos túneis.
Transporte público
O transporte público está operando com intervalos maiores nas seguintes linhas: 207 (Japuíba), T20 (Parque Mambucaba), T21 (Frade), 203 (Serra d´Água), 206 (Banqueta), 208 (Belém), 221 (Nova Angra), 403 (Camorim), 224 (Vila Nova), 225 (Campo Belo) e CO1 (Circular) estão em operação, porém com horário reduzidos. Fonte: https://g1.globo.com
Hey, Jovem! Você não é o futuro!
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Joyce Luz
Esse texto vai soar brega, meio piegas e com certeza vai ter alguém em algum lugar falando: “Lá vem! Lá vem a tia chata falar do rolê das eleições e da importância do título de eleitor!”. Pois é, hoje vou correr o risco de ser a tia chata e de soar meio piegas para falar com vocês, jovens!
Sabe aquela história que contaram para vocês ou que vocês ouviram em algum momento da vida de que: “vocês jovens são o futuro da nação”? Essa história não é verdade. Peço desculpas por desapontá-los, mas vocês não são os heróis do futuro que vão salvar todos os brasileiros e brasileiras dos males que nos consomem atualmente.
Vou aqui colocar algumas situações do nosso dia a dia na esperança de que muitos de vocês se identifiquem com algumas delas.
1-Se quebramos o braço ou a perna ou se precisamos tomar a vacina contra a covid-19 e não temos convênio médico, nós vamos até onde? Até algum hospital público ou UBS que faz parte do SUS – nosso sistema de Saúde Pública no Brasil. Pode ser que a fila de espera seja quilométrica e que o atendimento não tão bom, mas, no fim, você será atendido, será curado e não pagará nada por isso.
2-Para conseguirmos empregos melhores e melhorarmos, consequentemente, nossa condição financeira, nós sabemos que precisamos frequentar escolas. Pesquisas apontam que quanto maior nossa escolaridade, maior serão nossos salários e melhor será nossa condição de vida. Mas se eu sou jovem e não tenho como pagar uma escola particular, para onde eu recorro? Para a escola pública. Financiada pelo governo municipal, estadual ou federal. Ah! Mas aqui eu poderia reclamar da escola pública e falar que as condições de ensino e infraestrutura das escolas são péssimas. Ótimo! Você pode reclamar, mas você já pensou que alguém, que não é Deus, pode mudar essa situação?
3-Não temos carro, mas queremos nos deslocar pela cidade e também não temos dinheiro para pagar o Uber ou táxi . O que nós usamos? O transporte público. E se você é jovem e estudante você ainda tem o direito de pagar meia pela passagem. Aqui também é possível reclamar que o ônibus, o metrô e até mesmo o trem estão cheios e que o intervalo de espera é enorme. Mas, ainda assim, pagamos bem menos para nos deslocar, caso escolhêssemos um meio particular.
Eu poderia ficar aqui descrevendo inúmeras situações do dia a dia em que eu, vocês jovens e a maioria dos brasileiros e brasileiras vivenciam. No entanto eu prefiro falar para vocês sobre o que todas essas situações têm em comum. Todas elas respiram e falam sobre a nossa e sua Política.
Não se enganem, se hoje temos um sistema público de saúde que nos oferece um serviço gratuito é porque representantes políticos lutaram para que tivéssemos esse direito. Se hoje toda criança e todo jovem têm acesso à educação pública e gratuita é porque alguém tomou essa decisão por nós. Se hoje podemos andar pelas cidades através de transporte público e ainda pagando meia passagem é porque, novamente, alguém garantiu essa política pública de locomoção.
E se queremos continuar a usufruir desses benefícios, se desejamos que esses serviços melhorem, adivinhem? Isso depende de quem nós escolhemos, em quem cada um de nós deposita nossos votos. Nossos representantes políticos, seja ele o presidente, o governador, o prefeito, o senador, o deputado federal, o deputado estadual e até mesmo o vereador têm muito poder de decidir sobre os nossos direitos, sobre o nosso acesso à serviços básicos, sobre a qualidade das nossas vidas e das vidas daqueles que nos cercam.
Escolhemos nossos representantes no presente, para que no amanhã eles façam o melhor pela gente. Para que eles olhem para as necessidades do nosso cotidiano e decidam fazer algo para melhorar nossas vidas. Quando deixamos de escolher, infelizmente alguém que muitas vezes não sabe nada sobre as nossas necessidades e sobre o que precisamos para melhorar as nossas vidas é quem escolhe por nós. Se permitimos esse cenário, não podemos reclamar. Na política a não escolha também é uma decisão e tem suas consequências.
Jovens, se vocês querem melhorar algo na vida de vocês e na vida daqueles que estão próximos a vocês a hora é agora! Se vocês têm entre 16 e 18 anos , vocês podem tirar o título eleitoral até o dia 04 de maio. De forma totalmente online e pelo seguinte endereço eletrônico: https://www.tse.jus.br/eleitor/titulo-de-eleitor/pre-atendimento-eleitoral-titulo-net/pre-atendimento-eleitoral-titulo-net/
Vamos lá, galera, é hora de colocar um cropped e reagir! Vamos para as eleições de 2022! Coloquem a cara a tapa e mostrem para o tio do pavê que vocês são o presente e que vocês, ao contrário do rótulo que a sociedade coloca, se interessam por política porque sabem que ela afeta (e muito!) a vida de vocês! O seu voto, o meu voto e o voto de todos os brasileiros e brasileiras importam igualmente. Não deixem que outros falem por vocês! Fonte: https://politica.estadao.com.br
A ousadia da suavidade
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O ambiente de agressividade é uma construção humana, não um dado inexorável da natureza.
Nicolau da Rocha Cavalcanti, O Estado de S.Paulo
No quinto episódio da série documental O canto livre de Nara Leão, Isabel Diegues recorda uma característica de sua mãe. “Quando ela queria ser ouvida, ela falava mais baixo. Tem essa coisa do show que ela fazia. Ela cantava, aí quando começavam um ti-ti-ti, um não sei o quê, ela ia cantando cada vez mais baixo, mais baixo. Até que as pessoas percebiam que (...) não dava para ouvir o que ela estava cantando. E começava a fazer silêncio, aí ela voltava”, conta.
Esse trecho do documentário remeteu-me, por contraste, à agressividade que vemos, nos dias de hoje, no debate público, nas redes sociais, nas conversas no trabalho e até mesmo em reuniões familiares. Para atender ao desejo de sermos ouvidos, para expressar nossas convicções e argumentos, muitas vezes, nossa reação é aumentar a voz, intensificar a incisividade e endurecer o ataque contra o que entendemos ser os pontos frágeis da posição contrária.
Falar mais baixo “não só é o oposto do que se espera – continua Isabel Diegues no documentário –, mas também é muito revolucionário a partir do momento em que você tem um risco enorme de não ser ouvido, porque você está falando baixo, e uma segurança muito grande da importância daquilo que você está cantando. É importante o que eu estou falando (...). Então, se quiserem ouvir, vocês vão ter de fazer silêncio”.
Naturalmente, um show de música é diferente de uma discussão pública ou de um debate na internet. Mas a reação contraintuitiva da suavidade – a liberdade de não responder na mesma moeda – pode ser muito útil se queremos ser ouvidos e, principalmente, se queremos dialogar.
Num mundo de sons estridentes e debates acalorados, o tom suave é, certamente, um diferencial. Mas não é apenas uma questão circunstancial. A suavidade tem uma profunda ligação com as condições do diálogo genuíno: o respeito aos fatos e o respeito ao interlocutor.
Bons argumentos respeitam os fatos. Respeitam principalmente as nossas limitações cognitivas sobre os fatos. Não sabemos tudo sobre os fatos. Muitas vezes, chamamos de “fatos” o que são meras impressões parciais, apreciações provisórias ou hipóteses possíveis.
Reconhecer essas nossas limitações não significa relativizar tudo. O relativismo forte, que postula a incapacidade de alcançar um conhecimento verdadeiro sobre a realidade, é contraditório e irrazoável, como tão bem ilustra, por absurdo, o terraplanismo. Sem negar a possibilidade de um conhecimento seguro, ainda que limitado, postula-se aqui que a realidade humana, social e política é sempre mais complexa do que aquilo que a perspectiva pessoal nos apresenta como certo e verdadeiro.
E essa complexidade da realidade não é abarcada e, muito menos, compreendida pelo tom agressivo, que sempre traz consigo a limitação da binariedade: do zero ou um, do tudo ou nada. Os fenômenos têm matizes e tons intermediários, com plurais camadas de percepção e compreensão. O berro – ou a lacração – elimina tudo isso.
A moderação no tratamento dos fatos conduz, também, ao respeito com quem tem percepções diferentes. De novo, não é diminuir nossas convicções ou negar os fatos, mas fundamentar o que defendemos em argumentos, nunca na desqualificação do lado contrário. Há situações que exigem combatividade, com a exposição dos argumentos em sua máxima força, mas isso nada tem que ver com ridicularizar o interlocutor.
Num debate, o respeito ao lado contrário significa fundamentação sólida e rigorosa, compreensível também a partir da perspectiva do interlocutor. Por isso, a suavidade é mais do que simples polidez. Exige estudar mais, conhecer mais, escutar mais. O cuidado com o interlocutor leva a uma maior aderência à realidade e a uma saudável dose de desapego da nossa perspectiva pessoal.
Talvez tudo isso possa parecer utópico. O exagero, a incisividade e a própria agressividade são vistos, muitas vezes, como condições para ter audiência nos dias de hoje. Pouco importariam os fatos ou os argumentos, tampouco haveria espaço para o diálogo. Tornou-se habitual que cada fala seja uma tomada de posição: o hasteamento de uma bandeira sem ânimo de retroceder. Há prevalência do tom de imposição, como se a posição defendida fosse de apreensão evidente e imediata.
Diante disso, lembremo-nos do canto livre de Nara Leão. O ambiente de agressividade é uma construção humana, não um dado inexorável da natureza. Trata-se de um modo, entre tantos outros, de (não) conviver e de (não) dialogar. É, em último termo, uma escolha. O que queremos escolher? O que queremos construir?
Talvez a grande carência dos tempos atuais seja a comunicação serena de ideias, feita por quem sabe que o que tem a dizer é importante, tão importante que não precisa das muletas da agressividade. A realidade é uma paisagem que se descobre e se contempla conjuntamente, não um campo de batalha onde ferimos uns aos outros. E nunca é demais lembrar que as ideias mais frutíferas, de maior transcendência, nasceram pequenas e desamparadas, muitas vezes desprezadas. O tempo é, também, um excelente ouvinte.
*ADVOGADO E JORNALISTA
Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
Mansão de Eike Batista em Angra vai a leilão. Saiba por quanto
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A mansão de Eike Batista que vai à leilão: heliponto, cais e hangar para embarcações | Zanone Fraissat / Folhapress
Por Malu Gaspar
Vai a leilão no próximo dia 05 de maio uma das últimas jóias da coroa de Eike Batista: a mansão de 16 500 metros quadrados do ex-bilionário em Angra dos Reis.
O imóvel, que já recebeu de Madonna a Sérgio Cabral, faz parte dos bens arrecadados pela Justiça de Minas Gerais no processo de falência da MMX Sudeste Mineração, decretado em maio de 2021.
Com cozinha industrial, heliponto, um cais privado para atracamento de iates, sauna e piscina, a propriedade fica na praia de Vila Velha. Foi avaliada em R$ 10 milhões e tem um valor simbólico para o ex-bilionário.
Foi lá que Eike convenceu a presidente mundial da Anglo American, Cynthia Carrol, a comprar seus ativos de mineração por US$ 5,5 bilhões.
Em 2013, quando as empresas X foram à bancarrota, Eike chegou a doar a mansão aos filhos, entre outros bens, mas os credores da s empresas X conseguiram incluí-los na lista de bens que serão vendidos para pagar as dívidas.
Esse leilão não tem relação com a dívida que Eike tem com a Procuradoria-Geral da República em razão da multa a ser paga pelo acordo de delação premiada.
Mas embora seja a atração mais glamurosa do leilão, a mansão de Angra não é a mais cara. Na lista de bens a serem liquidados está um edifício de cinco andares na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde Eike já teve um centro médico, o MDX. O valor atribuído ao prédio pelo leiloeiro Alexandre Pedrosa é de R$ 81 milhões.
A intenção da massa falida é arrecadar ao todo R$ 100 milhões, mas há um risco de o valor acabar sendo bem menor.
Isso porque, pelas novas regras para leilões em processos de falência, bens que não forem vendidos na primeira rodada de ofertas podem ser arrematados por metade do preço na segunda, ou por qualquer valor na terceira.
No caso da mansão de Angra, por exemplo, se ninguém fizer lances até o dia 11 de maio, a casa pode ser vendida por R$ 5 milhões. E se mesmo assim não for vendida, na terceira etapa do leilão, marcada para 18 de maio, a maior oferta leva, mesmo que seja menos de R$ 5 milhões. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com
Como argumentar com as pessoas que depressão não é ‘frescura’?
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Apesar de ainda carregar estigma social, quadro clínico tem alterações específicas no cérebro
CAMILA TUCHLINSKI - O ESTADO DE S. PAULO
Você tem uma sensação de 'vazio', uma tristeza sem motivo, não tem vontade de fazer as atividades que antes eram divertidas. Se sente cansado, sem energia. Fica sem dormir por dias, não consegue tomar banho ou adotar as mais básicas práticas de higiene, como tomar banho, escovar os dentes ou pentear o cabelo.
É muito difícil para quem tem depressão explicar para os outros esses sintomas que não são aparentes. Essa é uma das situações que levam grande parte da população ainda a imaginar que o estado de humor é 'frescura'.
Mas o estigma é algo que tem raízes mais profundas, como explica a neuropsicóloga Gisele Calia: "Na nossa cultura pela busca da felicidade, como será que são vistas as pessoas que não conseguem encontrá-la? Que não conseguem sozinhas, pela sua doença, encontrar o prazer de viver? Elas são vistas estigmatizadas, não são valorizadas. A cultura da busca pela felicidade faz com que essas pessoas sejam mal vistas”.
Para o médico neurocirurgião do Hospital das Clínicas Fernando Gomes, dois termos ainda se misturam em saúde mental: tristeza é confundida com depressão e expectativa com ansiedade.
“A depressão nem sempre se manifesta em tristeza, pode aparecer em alteração na motivação, apetite alimentar, no sono, entre outros. A sociedade ainda vê uma pessoa que teoricamente ‘tem tudo’ e não entende o por quê de ficar triste ou com depressão. Depressão não é tristeza, é muito mais do que isso. Depressão não é ‘psicológica’, existem alterações fisiopatológicas que ocorrem na intimidade microscópica do órgão que são impossíveis de serem vistas em exames de neuroimagem, por exemplo. Mas de fato acontece. Prova disso é que quando entramos com medicação tudo melhora”, explica Gomes.
Existe uma questão química por trás da depressão
A depressão é uma doença que interfere no funcionamento neuroquímico adequado do cérebro de modo que alguns circuitos funcionem de forma alterada.
Há uma correlação com neurotransmissores como, por exemplo, a serotonina, a dopamina e a noradrenalina que repercute no equilíbrio do sistema límbico, onde fica a parte emocional do cérebro, e no córtex frontal, onde está a parte racional e crítica da consciência.
“Não existe ‘auto diagnóstico’. Quem vai dizer é o médico, que vai utilizar os critérios para então chegar a tal resultado. O diagnóstico prova que há um funcionamento inadequado da parte neuroquímica do cérebro e o tratamento envolve remédio e terapia atrelada à mudança no estilo de vida”, ressalta o neurocirurgião Fernando Gomes.
A neuropsicóloga Gisele Calia acrescenta que a depressão é uma doença psiquiátrica crônica. “Envolve a mente e o corpo. Não são só problemas mentais e ponto. São problemas mentais que trazem bastante prejuízos para o organismo, desde problemas de estômago, coração, etc. A doença é crônica porque, diferente de um resfriado que pode passar e não ter mais, ela permanece. E, quando se manifesta, não é só ‘vou tomar um antidepressivo e acabou’. Não passa como um resfriado, ela fica sob controle”, diz.
Como argumentar com as pessoas que depressão não é ‘frescura’?
Muitas pessoas têm dificuldade em entender o que está acontecendo com alguém que tem sintomas chamados ‘não aparentes’, ou seja, que não estão tão evidentes.
O que é intrigante, pois doenças como diabete e pressão alta também não são visíveis mas, em tese, são mais consideradas socialmente.
Para ajudar pacientes, amigos e familiares, preparamos algumas argumentações para provar que depressão ‘não é frescura':
- A depressão é um desequilíbrio químico no cérebro, em que neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina não estão em pleno funcionamento;
- É uma doença que está associada a questões biológicas e ambienais;
- O tratamento medicamentoso na depressão pretende regular o nível dos neurotransmissores para tornar efetiva a comunicação entre eles e o nosso corpo;
- Sintomas como oscilação do sono, apetite, irritabilidade, estresse, desânimo e falta de esperança causam prejuízos no cotidiano do paciente;
- Casos graves, em que a pessoa com depressão não é devidamente assistida, podem levar ao suicídio.
Lembrando que, além do tratamento medicamentoso, o paciente deve passar em psicoterapia para entender como lidar com a doença crônica ao longo da vida, saber se relacionar melhor consigo e com os outros. Fonte: https://emais.estadao.com.br
Grupo de refugiados da Ucrânia resgatados por rede de igrejas chega ao Brasil
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Doze adultos e 17 crianças serão acolhidos no Paraná; pastor diz que trará 300 no total
Grupo de 29 ucranianos refugiados da guerra contra a Rússia chega ao aeroporto de Guarulhos - Bruno Santos/Folhapress
Um grupo de 29 refugiados ucranianos chegou ao Brasil nesta sexta-feira (18), em busca de um recomeço forçado pela guerra iniciada pela Rússia. Eles foram resgatados por uma rede internacional de missionários cristãos, e igrejas brasileiras se dispuseram a mantê-los por ao menos um ano.
Ao todo, dez mulheres, dois homens e 17 crianças desembarcaram por volta das 6h30 no aeroporto de Guarulhos. Apesar de homens com idades entre 18 e 60 anos estarem proibidos de deixar a Ucrânia, aqueles que têm três filhos ou mais são autorizados a sair —caso dos dois que integram o grupo.
Eles vieram de várias cidades da Ucrânia, inclusive Mariupol e Kharkiv, duas das mais atingidas pela Rússia. "São pessoas com uma história de muita dor. A gente tem que ajudar", disse o pastor presbiteriano brasileiro Elias Dantas, fundador da GKPN (Global Kingdom Partnership Network), que lidera a ação.
Dantas, que mora nos EUA, esteve na Ucrânia e nos países fronteiriços na última semana, organizando a operação. A embaixada brasileira, que atualmente funciona na cidade de Lviv, no oeste ucraniano, emitiu vistos humanitários para o grupo. Fiéis de igrejas evangélicas de Guarulhos e de São José dos Campos os esperavam com uma bandeira ucraniana e um cartaz de boas-vindas em inglês.
De São Paulo, os refugiados serão levados em um ônibus para Curitiba, onde passarão alguns dias e, depois, vão para Prudentópolis e Guarapuava, cidades paranaenses que concentram uma grande comunidade de imigrantes ucranianos e que se dispuseram a acolher quem escapou desta guerra.
Eles receberão aulas de português e terão moradia e outros gastos bancados pelas igrejas. Dantas afirma que trará, no total, ao menos 300 refugiados da Ucrânia para o Brasil, 50 dos quais no próximo dia 26.
No dia 3 de março, o governo brasileiro publicou uma portaria interministerial que concede o visto de acolhida humanitária aos ucranianos e apátridas (pessoas sem nacionalidade reconhecida) afetados ou deslocados pela situação de conflito armado.
O Brasil possui essa modalidade de visto para sírios, haitianos e, mais recentemente, concedeu-o também aos afegãos que fogem do Talibã. Mais de 3 milhões de ucranianos deixaram o país desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, no êxodo mais veloz vivido pela Europa desde a Segunda Guerra.
A maioria está ficando nos países vizinhos do Leste Europeu, como Polônia, Hungria e Romênia. Segundo o pastor Dantas, 10 mil refugiados serão acolhidos nos próximos 15 dias por 2.000 igrejas ligadas à GKPN, 90% deles em países próximos à Ucrânia. "A gente sempre se pergunta o que Jesus faria em nosso lugar. Certamente estaria abrindo os braços e recebendo-os", afirmou.
O projeto prevê a reunião familiar dos refugiados após o fim da guerra, com a repatriação daqueles que quiserem voltar ou a viagem dos familiares para o país de acolhimento, no caso dos que decidirem ficar. Fonte: www1.folha.uol.com.br
Como seria nossa vida sem as redes sociais.
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Paulo Silvestre
Não é exagero afirmar que as redes sociais estão entre os produtos de maior sucesso da história. Poucas criações foram usadas por tanta gente, ocupando um espaço tão relevante em suas vidas. O que aconteceria então se, de repente, essas plataformas digitais fossem sumariamente tiradas de nós?
De certa forma, é o que os russos estão descobrindo agora. A combinação da censura imposta por Vladimir Putin com o posicionamento das próprias empresas contra a guerra na Ucrânia está bloqueando parcial ou completamente o acesso a redes no país. Por exemplo, desde esta segunda, a Rússia restringe o acesso ao Instagram, como já vem fazendo com o Facebook e com o Twitter há dez dias.
A guerra não acontece apenas no campo de batalha. Mas agora, os mecanismos para o domínio da narrativa, que sempre foram importantes em qualquer conflito, afetam diretamente o cotidiano digital de pessoas e empresas.
Uma polêmica decisão da Meta, empresa dona do Facebook, jogou lenha nessa fogueira: e-mails internos vazados na semana passada indicavam que a companhia decidiu permitir que usuários em alguns países, incluindo Ucrânia e a própria Rússia, defendam atos de violência contra russos no contexto da guerra. Contrariando suas próprias políticas também aceitará temporariamente publicações que defendam a morte do presidente da Rússia, Vladimir Putin, ou de Belarus, Alexander Lukashenko.
A Meta não comentou o assunto até o momento.
Isso fez o Kremlin classificar a empresa como uma “organização extremista”, bloqueando o Instagram. Facebook e Twitter já vinham sendo restritos desde o dia 4, por estarem limitando o acesso a veículos de comunicação governamentais russos, além de marcar alguns de seus conteúdos como “fake news”.
Outras redes digitais, como o YouTube, estão impedindo que canais que apoiem Putin possam ganhar dinheiro com suas publicações nessas plataformas. O TikTok, por sua vez, está proibindo que usuários na Rússia façam publicações, pois o governo ameaça com prisões de até 15 anos a quem publicar conteúdo que o Kremlin considere como falsas. Ainda assim, YouTube e TikTok continuam acessíveis na Rússia até agora.
É incrível ver como o poder dessas empresas chega a rivalizar com o de governos, inclusive o da maior nação do mundo, dono do principal arsenal nuclear do planeta. E quem lhes garante isso somos nós mesmos, com nosso uso incessante de seus produtos, que supostamente deixam nossas vidas mais divertidas e mais fáceis. De fato, muitos profissionais e empresas dependem hoje umbilicalmente desses recursos para a manutenção de seus negócios.
Não é pouca coisa: segundo o relatório Digital 2022 Global Overview, publicada pelas consultorias Hootsuite e We Are Social, o mundo terminou 2021 com 4,62 bilhões de usuários de redes sociais, que ficam, em média, 2 horas e 27 minutos nessas plataformas todos os dias. No Brasil, usamos ainda mais: 3 horas e 41 minutos em média!
Vale notar que a Internet russa sempre foi bastante livre, apesar do caráter autoritário de Putin. Isso é muito diferente do que se vê em uma de suas principais aliadas: a China. Lá o governo sempre controlou a rede com mão de ferro. Tanto que as grandes plataformas digitais sempre foram restritas no país. Os chineses têm que se contentar com produtos locais, que são censurados e adaptados à sua cultura.
Portanto, cabe uma pergunta: e se o Brasil, de repente, banisse o Facebook, o Instagram, o WhatsApp, o Twitter, o YouTube e o Google, como ficaria sua vida?
Censura ou proteção?
O WhatsApp já foi bloqueado quatro vezes no Brasil, por determinação da Justiça: duas em 2015 e duas em 2016. De lá para cá, o relacionamento da Meta com a Justiça brasileira melhorou. Hoje ela faz parte de um acordo contra a desinformação, especialmente em um cenário eleitoral, uma iniciativa que também conta com outras empresas, como Google, Twitter e TikTok.
Desde o ano passado, o Telegram está sob os holofotes por se recusar a colaborar nesse sentido, o que o deixa em risco de ser bloqueado no Brasil. Com sua política de não interferir nas publicações de seus usuários, tornou-se a principal ferramenta de desinformação no mundo. Assim muita gente ficou surpresa quando a plataforma suspendeu a conta do blogueiro Allan dos Santos no último dia 26, atendendo a pedido do STF (Supremo Tribunal Federal) no seu combate às fake news.
Muitos questionam qual a diferença de um eventual bloqueio do Telegram no Brasil do que se pratica agora na Rússia. Afinal, os mecanismos pareceriam os mesmos, executados pelos poderes centrais de cada país. Mas existe uma diferença essencial: na Rússia, o bloqueio está sendo feito para permitir que o governo continue disseminando sua desinformação; aqui, o bloqueio aconteceria para justamente evitar a desinformação.
A legislação brasileira oferece bons recursos para esse combate: precisam apenas ser aplicados. O Marco Civil da Internet é um ótimo exemplo: equilibrado e construído a partir de um debate amplo com a sociedade. Por outro lado, vemos iniciativas para novas leis, que, apesar de bem intencionadas, estão sendo feitas sem o devido debate, deixando brechas que podem levar a censura de conteúdos legítimos que desagradem o governo e à liberação do que lhe interesse, mesmo que ruim. É o caso do Projeto de Lei 2630/2020, conhecido como o “Projeto de Lei das Fake News”.
A “virtualização” de nossas vidas acontece com força desde que a Internet comercial foi lançada, em 1994. A popularização dos smartphones, há uma década, acelerou muito esse processo e a pandemia reforçou isso ainda mais.
No momento de distanciamento social mais severo, no primeiro semestre de 2020, muitas pessoas e muitas empresas só conseguiram continuar operando graças às redes sociais. Apesar da grande dor que isso causou inicialmente, muitas desenvolveram novos e poderosos recursos de relacionamento com seu público. Tanto que hoje, com tudo já reaberto, continuam com essas boas práticas.
Fica difícil imaginar alguém completamente fora do mundo digital hoje. É possível não se gostar de uma ou outra plataforma, mas sempre existe aquela que combina mais com cada um de nós, trazendo benefícios reais a nossas vidas. Por isso, estar completamente off line, faz de alguém quase um “cidadão de segunda categoria”, pelos recursos que deixa de usufruir.
Temos que usar o que essas plataformas nos oferecem, e ficar atentos aos riscos associados a elas. Da mesma forma, temos que cuidar para não abusar dos poderes que elas nos dão, que poderia causar restrições evitáveis por serem transformadas em armas para se atacar os direitos alheios.
As redes sociais são um caminho sem volta! Usemos, então, seus recursos com inteligência. Fonte: https://brasil.estadao.com.br
Convivendo com o vírus
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A pandemia está desaparecendo, mas o vírus não desaparecerá. É preciso criar estratégias para conviver com ele
No auge da pandemia de covid-19, quando a luz no fim do túnel era um ponto fugaz, a consciência pública parecia convencida de que o mundo nunca mais seria o mesmo. Especulações extravagantes sobre o “novo normal” viralizavam. Agora que estamos saindo do túnel, há o risco inverso: que o mundo volte a ser exatamente como era. Mas, se a pandemia está desaparecendo, o vírus não desaparecerá – e sua ameaça é e será real para as pessoas dos grupos de risco.
Pandemias não morrem – se dissipam. Mais cedo ou mais tarde, um número suficiente de pessoas desenvolve a imunidade e os vírus não encontram hospedeiros na velocidade que precisam para sua expansão. A espetacular rapidez com que a comunidade científica desenvolveu as vacinas contra a covid fez com que esse momento chegasse mais cedo. Ainda assim, até hoje só uma doença foi erradicada, a varíola. Outras, como influenza, sarampo ou cólera, tornaram-se lentamente endêmicas.
A transição para a endemia e a sua intensidade dependerá de três fatores: a proporção de imunizados e a qualidade e durabilidade da imunização, os tratamentos e a evolução do vírus.
Na hora mais escura, quando a sociedade, a comunidade científica e o poder público operavam sobre extraordinária pressão, o risco era que a racionalidade dos comportamentos fosse prejudicada pelo excesso e o alarmismo. Agora, o risco é que o seja pela negligência e a omissão.
Segundo o Ministério da Saúde, mais de 54 milhões de brasileiros entre 18 e 59 anos estão com a dose de reforço atrasada. Mais grave são os 10 milhões de idosos. Os números podem ser menores, devido a atrasos nos registros. Ainda assim, sugerem uma desaceleração. O relaxamento da população, se não é justificável, é compreensível. Mas, por isso mesmo, o poder público precisa desenvolver estratégias de mobilização.
O mesmo risco existe em relação a testes e tratamentos. Para controlar surtos anômalos e proteger os grupos de risco, testes rápidos e acessíveis serão essenciais. Ainda mais importantes serão os investimentos em medicamentos mais eficazes e baratos.
Tão logo as vacinas foram integradas no sistema de imunização, a adesão – em que pese o relaxamento recente – foi massiva. Rapidamente o País alcançou e até superou as taxas de países desenvolvidos. Mas, em relação a testes e medicamentos, o Brasil ainda está defasado.
No auge do pesadelo, cerca de 3,6 bilhões de pessoas no mundo viviam sob a obrigatoriedade de alguma forma de distanciamento. À medida que essas restrições e seu maior símbolo, as máscaras, caem por terra, o ano de 2022 oferece uma oportunidade única de celebrar a confraternização. Mais do que retomar mecanicamente o velho normal, todos deveriam reservar espaço em suas rotinas para redescobrir o valor de gestos prosaicos, mas profundamente humanos, como a conversa face a face ou um simples abraço. Mas para que essa convivência seja sadia e racional, é preciso aprender a conviver com o vírus e criar estratégias para proteger as pessoas vulneráveis, para as quais ele ainda será uma ameaça mortal. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
Brownie: conheça o 'primeiro-cão' do Chile, sucesso nas redes sociais.
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Brownie: conheça o 'primeiro-cão' do Chile, sucesso nas redes sociais
Com mais de 406 mil seguidores no Instagram, o vira-lata 'faz comentários' sobre os eventos e bastidores com tutor.
Por g1
"Estou aqui na frente dos senhores, naquela que é uma das grandes surpresas do destino, eu, um cachorrinho vira-lata, me tornei, por eleição popular, o Primeiro-Cão da República do Chile", diz o início o texto nas redes sociais de Brownie, o cachorro Gabriel Boric, presidente do Chile, empossado nesta sexta-feira (11).
Brownie tem chamado atenção nas redes sociais: são mais de 406 mil seguidores no Instagram e 89 mil no Twitter.
Mas seu destaque vai além da fofura. O cãozinho "costuma postar" em seu feed bastidores da vida com Boric e suas percepções caninas dos acontecimentos pelo país e eventos que participa, com muito bom humor.
O cãozinho chegou à família de Boric há seis anos quando o irmão do presidente, Tomás, procurava um cachorro para adotar com a namorada. Brownie era rejeitado no abrigo onde estava porque apresentava um problema em uma das patas traseiras e, por isso, acabou sendo adotado pela família.
Ainda no discurso da posse, Brownie completa: "Prometo dar voz às demandas que me forem enviadas e abanar o rabo para lutar por ideias. Com cérebro de espantalho, coração do homem de lata e coragem do leão, enfrentarei as adversidades, e mesmo que os tempos sejam difíceis, eu prometo aos senhores que não vou desistir, nunca. Eu não vou desistir, não!"
Em publicação recente, ele conta que Boric deve agora assumir a segunda missão mais importante da sua vida (a primeira foi ensiná-lo a fazer xixi) e estará por perto quando precisar. No entanto, não seguiria com o presidente na viagem porque "disseram que a capital não é o lugar ideal para mim, e chegar lá seria uma missão muito difícil para um filhote como eu."
Além do diário, o pet tem a sua própria agenda, com campanhas de adoção de animais e a luta contra os maus tratos. Em um dos posts, ele ensina como denunciar. Brownie até tem um apelido carinhoso para seus seguidores, os Brows.
O cachorro também é presença nas redes sociais de Boric, por onde este costuma se comunicar com o público. Entre fotos de eventos, reuniões e de anúncios de ministérios e integrantes do seu novo governo, Brownie aparece como fiel escudeiro do presidente, seja posando, seja recebendo-o no aeroporto.
"O surgimento de Brownie é muito relevante porque coloca em pauta um assunto que até agora era pouco discutido: os direitos dos animais. O eleitorado de Boric, principalmente os jovens, é muito sensível a isso", explicou Claudia Heiss, de a Universidade do Chile, em entrevista a agência de notícias EFE.
Ainda para a agência , Jaime Abedrapo, da Universidade San Sebastián, Boric procura "ser um presidente que aponta para as emoções" e "mostrar uma nova proximidade com as pessoas." Fonte: https://g1.globo.com
BBB 22: Saiba em quantos posts no Instagram Jade Picon fatura R$ 1,5 milhão
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Influencer enfrentou Arthur Aguiar e Jessi no paredão desta terça-feira (8)
Jade Picon é destaque no BBB 22 Foto: Reprodução
Mari Teixeira
Jade Picon foi eliminada do "BBB 22" nesta terça-feira, mas o prêmio em dinheiro do programa não deve ser uma de suas maiores preocupações. Um mês e meio de parceria paga no Instagram é quanto demora, em média, para ela arrecadar R$ 1,5 milhão, segundo cálculo feito pela agência Brunch, publicado no site "Elas que lucrem".
De acordo com o Editor-chefe internacional da Rock Content e consultor de marketing digital Ivan de Souza, normalmente, os influenciadores se baseiam em dois cálculos para chegar a um valor de post no feed: custo por mil (CPM), valor fixo em cima de cada mil contas alcançadas, ou o valor de 1% por número de seguidores. Nesse último caso, Jade cobraria, atualmente, R$180 mil por publicação — antes do BBB, estaria na faixa dos R$150 mil. Ainda segundo Ivan, no caso de stories é comum que haja um desconto de 10% do valor do feed, logo, Jade cobraria R$162 mil.
Considerando esses valores, a influencer precisaria de dez stories ou de nove publicações na página principal do perfil para atingir o valor disputado no programa.
No entanto, os números especulados na internet são ainda maiores. Logo que foi anunciada como participante do BBB 22, um vídeo em que o irmão de Jade, Leo Picon, filma a influencer trabalhando viralizou. No registro, ela aparece deitada na cama com um produto de cabelo nas mãos fazendo um vídeo, aparentemente no estilo TikTok ou Reels — curto e com corte para transição — e Leo diz em seguida: "E assim Jade Picon fez R$ 250 mil antes de dormir".
A influenciadora digital que acumula 18 milhões de seguidores afirmou na noite da última segunda-feira (7), durante o jogo da discórdia, que adquiriu independência financeira aos 13 anos de idade. Na época, a então adolescente já postava "publis" nas redes, gerando milhares de comentários e curtidas. Aos 14, ela desenvolveu uma collab com a joalheria Ag Guerreiro. Sete anos depois, Jade já foi garota propaganda de marcas como Nina Ricci, Baw Clothing, L'Oreal, MAC, fez collabs com Adidas, além de montar sua própria marca, a JadeJade.
Porém, não é apenas o número de seguidores que influencia na escolha das marcas. Ivan de Souza explica que o engajamento do perfil, a reputação da personalidade e qualidade do conteúdo produzido também são fatores importantes. De nada adianta pagar por uma publicidade em um perfil que não gere comentários, curtidas ou compartilhamentos. No caso de Jade, está valendo a pena pagar caro. De acordo com a plataforma de análise de dados Socialblade, o perfil de Jade é classificado com nota A, e gera, em média, 250 mil curtidas e seis mil comentários por post.
Outro fator que fortalece o perfil é o tipo de conteúdo compartilhado. Um estudo da plataforma Influence mostrou que páginas pessoais focadas em moda e lifestyle, normalmente, por serem mais populares em números de seguidores, acabam cobrando mais caro por post. Fonte: https://oglobo.globo.com
O que acontece com os pets durante a guerra na Ucrânia?
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Refugiado ucraniano leva cachorro em trem na Hungria - Bernadett Szabo-3.mar.22/Reuters
Tutores carregam animais em busca de proteção, mas outros continuam em meio ao conflito
Famílias inteiras, incluindo pets, se refugiam em subsolos contra bombardeios. Em fuga, mulheres levam no colo cães, gatos e até aves enquanto deixam para trás maridos e filhos, impedidos de sair do país. Cenas como essas são parte da guerra na Ucrânia.
Desde a invasão pela Rússia, moradores são obrigados a se abrigar em bunkers ou se separar de familiares. Mas muitos não desistiram de seus animais de estimação, que são carregados para qualquer lado em busca de alguma segurança.
Países vizinhos que recebem refugiados flexibilizaram regras para aceitar também seus pets, como Polônia, Hungria e Eslováquia, segundo a organização Peta.
Na Romênia, a ONG Sava's Safe Haven se mobilizou para oferecer também coleiras, gaiolas e atendimento médico aos que chegam com os refugiados.
No entanto, a luta por sobrevivência também leva muitos tutores a abandonarem seus animais.
Alguns dos que ficaram conseguiram ser resgatados por grupos de defesa animal que atuam no país, apesar do conflito.
A Peta mesmo, por exemplo, informou ter arrecadado ração para levar a abrigos ucranianos. Por outro lado, ajudou a retirar animais do país —alguns com tutores, outros encontrados acorrentados e abandonados.
Protetores se arriscam para retirar animais do país ou se recusam a deixar a área de conflito para não abandonar os animais.
O italiano Andrea Cisternino, que vive em Kiev, publicou no fim de fevereiro vídeo que mostrava helicópteros militares russos sobrevoando a área de seu abrigo, onde estão animais de diversas espécies. Disse que ficaria ali por eles.
Há dias Cisternino não publica nas redes. Uma pessoa que se identifica como sua amiga escreveu que a comunicação é precária, mas que ele está bem.
Já a ativista Anastasiia Yalanskaya, 26, que havia levado suprimentos a um abrigo de cães em Bucha, foi morta a tiros no dia 3.
Segundo reportagem da CBS, os animais estavam sem comida havia três dias devido aos bombardeios. Outros dois voluntários que estavam com a jovem no carro também foram baleados por militares russos.
BRASIL
A situação dos pets também mobilizou a diplomacia brasileira. Isso porque brasileiros interessados em deixar a Ucrânia reivindicaram a companhia dos animais.
Tutora de um buldogue francês, Vanessa Rodrigues precisou fazer um apelo nas redes para conseguir trazer seu cachorro em voo da FAB.
Defensores da causa animal pressionaram, e o Itamaraty anunciou a retirada também dos pets dos brasileiros que estão na área de conflito. A ativista Luisa Mell e o deputado Fred Costa (Patriota-MG), envolvidos nas conversas com Vanessa, comemoraram.
"Thor, o cão refugiado. Com toda a ajuda de vocês ele está aqui comigo e vai comigo até o fim", escreveu a tutora ao agradecer o resgate. Com apoio da Embaixada, um grupo de brasileiros deixou Lviv, na Ucrânia, rumo à Polônia, onde chegou em segurança, no fim de semana.
Agora, a aeronave da FAB transportará seis pets.
"Após contato com os Ministros das Relações Exteriores e da Defesa, dei sinal verde à FAB para o embarque dos cães que acompanham aqueles brasileiros no retorno à Pátria", postou o presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia 4. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Mais de 1,5 milhão de pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da invasão russa, há 11 dias, afirma ONU.
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Quase 60% dos refugiados foi para a Polônia, segundo dados atualizados do Acnur; número pode chegar a 4 milhões
Refugiados ucranianos cruzam a fronteira para a Polônia, em Korczowa Foto: OLIVIER DOULIERY / AFP/05-03-2022
Da AFP
GENEBRA — Mais de 1,5 milhão de pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, de acordo com dados atualizados do Alto Comissariado das Nações Unidos para os Refugiados (Acnur) publicados neste domingo. O fluxo deve aumentar ainda mais nos próximos dias, disseram.
"Mais de 1,5 milhão de refugiados da Ucrânia entraram nos países vizinhos em 10 dias. Esta é a crise de refugiados de crescimento mais rápido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial", tuitou o alto comissário da ONU para os refugiados, Filippo Grandi.
De acordo com o Acnur, já são, ao todo, 1.534.792 refugiados que fugiram da guerra da Ucrânia. Os números incluem o território controlado por Kiev, com mais de 37 milhões de habitantes, mas não a península da Crimeia — anexada pela Rússia em 2014 — nem as duas áreas controladas pelos separatistas pró-russos no Leste do país.
Ainda segundo a ONU, é esperado que até quatro milhões de pessoas possam abandonar o país devido ao conflito nas próximas semanas.
A Polônia é o país que recebeu o maior número de refugiados até o momento, a maioria mulheres e crianças, pois os homens em idade de combater não podem abandonar o país. Segundo guardas fronteiriços poloneses, o número de refugiados que entrou no país desde 24 de fevereiro é de 885.303.
No sábado, a Polônia registrou o recorde de entradas, com 129 mil refugiados em apenas um dia. A maioria deles tem nacionalidade ucraniana, mas também há poloneses, uzbeques, bielorrussos, indianos, nigerianos, marroquinos, afegãos, paquistaneses, americanos e russos.
Na Polônia, onde já viviam 1,5 milhão de ucranianos antes da ofensiva russa, as pessoas se organizam nas redes sociais para arrecadar dinheiro e medicamentos e também oferecem moradia, comida, trabalho e transportes gratuitos aos refugiados.
A Hungria, por sua vez, recebeu 169.053 refugiados, segundo o Acnur, 11% do total. O país possui cinco postos fronteiriços com a Ucrânia e várias cidades limítrofes, como Zahony, disponibilizaram edifícios públicos para alojar ucranianos
Um total de 113.967 moradores da Ucrânia fugiram para a Eslováquia, 84.067 para a Moldávia , 71.640 para a Romênia e 53.300 para a Rússia. Ainda segundo o Acnur, 157.056 pessoas (10% do total) se refugiaram em outros países europeus mais distantes das fronteiras da Ucrânia. Fonte: https://oglobo.globo.com
A inacreditável agressão russa
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A inacreditável agressão russa
Se o mundo não deixar claro que tal comportamento é inaceitável, a soberania das nações deixará de ser um dos pilares da ordem internacional
Notas & Informações, O Estado de S.Paulo
O inacreditável aconteceu. A invasão da Ucrânia pela Rússia, em escandalosa afronta ao direito internacional, abalou a ordem europeia pós-2.ª Guerra, está estremecendo a economia global, que mal se recuperou da pandemia de covid-19, e pôs a Europa à beira de uma conflagração de dimensões e consequências imprevisíveis. Se o mundo não deixar claro que tal comportamento é inaceitável, a soberania das nações deixará de ser um dos pilares da ordem internacional.
Vladimir Putin, o autocrata russo, alega legítima defesa ante a expansão da Otan e as hostilidades às comunidades russas na Ucrânia. Pode-se até debater a legitimidade dessas preocupações. Mas a desproporcionalidade do remédio é indisputável. O ataque em massa não foi provocado e viola qualquer padrão do direito internacional.
A desproporcionalidade escorre das próprias palavras de Putin. Em sua declaração de guerra, ele comparou a Otan à Alemanha nazista e disse que queria “desnazificar” a Ucrânia e impedir o “genocídio” dos russos. Um de seus generais disse que a fronteira com a Ucrânia é uma fronteira “americana”, e que o Ocidente estava “bombeando” a Ucrânia com armas e “arsenais nucleares”.
Mas não havia perspectiva de integração da Ucrânia na Otan – França e Alemanha, por exemplo, já haviam se posicionado abertamente contra –, muito menos de arsenais nucleares. Os direitos dos povos russos na Ucrânia poderiam ser protegidos com um retorno aos acordos de Minsk, de 2015, e a suposta ameaça à sua existência poderia ser neutralizada com forças de paz internacionais. Se os acordos de fato fossem implementados, as comunidades russas teriam inclusive condições para manter a neutralidade da Ucrânia, vetando alianças com a Otan ou a União Europeia.
Em resumo, havia um arsenal diplomático a ser esgotado antes que se justificasse um só batalhão russo na fronteira com a Ucrânia. Mas Putin mandou esse arsenal pelos ares, rasgou os acordos e do dia para a noite sua “força pacificadora” se transformou em um assalto massivo ao território ucraniano. Já não há como disfarçar as ambições de um ditador possuído pelo delírio de que foi escolhido pelo destino para restaurar as glórias do império soviético.
A prioridade é evitar que esse delírio transforme um conflito local em regional e mesmo mundial. A Otan, com razão, descartou um envolvimento direto, que poderia desencadear a guerra entre potências nucleares. Mas já destacou tropas para países fronteiriços. Um grande risco são os ataques cibernéticos. O art. 5.º da Aliança, que prevê que um ataque a um membro é um ataque a todos, foi elaborado com vistas a uma agressão territorial. Mas como compreendê-lo à luz de ataques cibernéticos? Os aliados precisam se preparar para essa hipótese. Com Putin, nada está fora da mesa.
Quando a ordem global é ameaçada, o impacto sobre a economia global é inevitável. Todos estão pagando o preço, mas a comunidade internacional precisará de um concerto capaz de lançar o máximo peso desses custos sobre Putin – que, aparentemente, se fia em sua aliança com a China para sobreviver à esperada reação ocidental.
Nesse contexto, o Brasil não pode se omitir. O Itamaraty soltou uma nota equilibrada, manifestando “grave preocupação”, mas não condenou explicitamente a invasão russa – afinal, há alguns dias, Jair Bolsonaro, que como presidente da República é quem determina a direção da política externa, irresponsavelmente manifestou “solidariedade” à Rússia, e ontem parecia ter optado por um inacreditável silêncio, enquanto grande parte dos líderes mundiais corria a declarar sua repulsa à agressão russa.
O drama das últimas três décadas que conjurou nos horizontes do mundo pós-guerra fria a sombra de uma 3.ª guerra mundial tem muitos protagonistas, muitas cenas, muitos equívocos de parte a parte. Mas, no palco ucraniano de hoje, o sangue russo e ucraniano derramado está nas mãos de Putin. Como sentenciou o embaixador ucraniano no Conselho de Segurança da ONU: “Não há purgatório para criminosos de guerra. Eles vão direto para o inferno”. Enquanto Putin não acerta suas contas com Deus, o mundo deve se unir para que ele e seus próceres sofram as consequências de sua delinquência. O seu isolamento é o melhor caminho para a paz. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
Veja o que se sabe sobre a quarta dose de vacina contra Covid.
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Reforço com terceira injeção mantém alta proteção contra a variante, mas grupos vulneráveis podem precisar de mais uma aplicação, dizem especialistas
SÃO PAULO
O vírus Sars-CoV-2 mudou com a variante ômicron, mais transmissível e capaz de escapar parcialmente dos anticorpos produzidos pela vacinação.
Com isso, muitas pessoas passaram a se infectar mesmo vacinadas. Os chamados escapes vacinais já eram conhecidos para outras cepas do vírus de maneira menos frequente, mas agora aparecem em maior número com a nova onda da Covid em todo o mundo.
Felizmente, as vacinas mantêm sua proteção contra casos graves, internações e mortes, e a maioria dos sintomas em pessoas já vacinadas com reforço é leve, sem necessidade de internação.
Porém, em alguns casos, mesmo indivíduos que receberam as três doses se hospitalizam, e por isso as autoridades de saúde e governos avaliam a aplicação de uma quarta dose dos imunizantes.
O primeiro país a adotar uma quarta dose foi Israel, no dia 3 de janeiro. Nos Estados Unidos, ela já é recomendada para pessoas imunossuprimidas acima de 5 anos de idade.
O Ministério da Saúde brasileiro também aprovou a quarta aplicação para pessoas imunossuprimidas acima de 12 anos, como as transplantadas, vivendo com HIV, em tratamento para câncer, que fazem hemodiálise ou que usam medicamentos imunossupressores.
Em 9 de fevereiro, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fez um anúncio dizendo que toda a população iria receber uma quarta dose no estado, mas voltou atrás e disse que o estado estava, na realidade, avaliando a possibilidade. No mesmo dia, o ministro da Saúde Marcelo Queiroga disse que ainda não há previsão de quarta dose e que a prioridade é o reforço na população.
O que dizem os estudos sobre a necessidade e eficácia de uma quarta dose?
Até agora, não há evidências suficientes que comprovem a necessidade de uma quarta dose das vacinas de maneira irrestrita.
Em Israel, um estudo com reforço da Pfizer mostrou que há um aumento da quantidade de anticorpos no sangue após a quarta dose semelhante ao observado no pico com a terceira dose, mas o mesmo não preveniu infecções. A pesquisa avaliou 274 profissionais da saúde que receberam três doses de imunizantes de mRNA (Pfizer ou Moderna) mais uma dose de Pfizer.
De acordo com um outro estudo de Israel, a quarta dose da Covid não impediu a infecção por ômicron, mas o período curto de reforço (apenas um mês) pode não ter sido o suficiente para impedir a entrada do vírus.
Por outro lado, a ciência já demonstrou que as vacinas induzem um tipo de resposta protetora celular, que é de memória, respondendo rapidamente quando há contato com o vírus verdadeiro.
"Essa proteção celular, embora não seja medida, ela está lá, então mesmo quando há o decaimento de anticorpos neutralizantes, sabemos que o indivíduo vacinado com três doses está protegido", afirma a imunologista e professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Cristina Bonorino. Para ela, a terceira dose é necessária, mas falar sobre uma quarta injeção ainda é muito cedo.
Quais países já adotaram uma quarta dose e para quais pessoas ela é indicada?
Até o momento, poucos países incluíram a quarta dose para a sua população. São eles: Israel, para todos os profissionais de saúde e pessoas acima de 60 anos; Canadá, para a população acima de 18 anos três meses após tomar a última injeção; Dinamarca, para os indivíduos com maior risco e acima de 60 anos; o Chile, que começou a vacinar sua população com 55 anos ou mais em fevereiro; e, mais recentemente, a Suécia, para idosos acima de 80 anos, e a Coreia do Sul, para trabalhadores de saúde e pessoas vulneráveis.
Outros países, como Reino Unido, Estados Unidos e o próprio Brasil recomendam a quarta dose apenas para imunossuprimidos: com mais de 18 anos, no Reino Unido, acima de 5 anos, nos Estados Unidos, e com 12 anos ou mais, no Brasil.
O que sabemos em relação ao perfil de segurança da quarta dose?
De maneira geral, os efeitos adversos que ocorrem com as doses de reforço da vacina são leves, e espera-se que o mesmo seja observado com a aplicação da quarta dose. No estudo de Israel com 274 voluntários, os principais eventos adversos foram locais (80%), desaparecendo em até dois dias.
Estudos mostram também que a frequência de eventos adversos pós-vacinação diminui com os reforços. Isto não significa que eles devam ser negligenciados, avalia o pediatra e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri.
"É importante destacar que com mais de 11 bilhões de doses das vacinas contra Covid aplicadas em todo o mundo, os efeitos colaterais graves são raríssimos. Mas nem por isso devemos deixar de pensar que uma quarta dose deve ser aplicada sem os dados [de segurança], que ainda não conhecemos. Por isso é preciso investigar", afirma.
A eficácia das vacinas diminui com o passar do tempo? O que muda com a variante ômicron?
Os estudos feitos até agora mostram que duas doses das vacinas ou a dose única da Janssen, frente à ômicron, têm eficácia reduzida.
Segundo um levantamento do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, a eficácia da dose de reforço cai após quatro meses. Mesmo com a queda, a proteção continua alta, em torno de 78%, diz o órgão.
Já uma pesquisa nacional feita no Reino Unido apontou que, no contexto da ômicron, a dose de reforço proporciona uma proteção 20 vezes maior para hospitalização e óbito comparado a indivíduos com apenas duas doses. O recorte etário foi acima de 50 anos.
"Isso é um dado que mostra que para as pessoas com mais de 50 anos, imediatamente após um reforço, a proteção das vacinas é recuperada de 59% para 95%, ou seja, é fundamental a terceira dose", explica Julio Croda, pesquisador da Fiocruz.
Porém, Croda avalia que os idosos no Brasil, que receberam o reforço em sua maioria em setembro ou outubro de 2021, precisam de uma quarta dose justamente por essa diminuição da proteção.
Recentemente, uma pesquisa indicou que um reforço da Pfizer seis meses depois em pessoas com duas doses de Coronavac recupera a eficácia de 72,5% para 97,3% contra casos graves. A pesquisa não incluiu o período de circulação da ômicron.
Ainda há idosos, principalmente no estado de SP, que foram vacinados com duas doses de Coronavac e um reforço também de Coronavac, para os quais não há dados de proteção após quatro meses.
"Para esse grupo é urgente uma quarta dose, porque eles já têm maior risco e não receberam a proteção de reforço com a Pfizer", afirma a infectologista Rosana Richtmann, que integra o comitê de assessoramento do governo federal para vacinas. Para ela, a prioridade no momento atual é resgatar as pessoas que já estão aptas para um reforço e não o fizeram.
Croda concorda com a recomendação, mas diz que as campanhas não devem ser excludentes. "Não devemos cair no mesmo erro do passado de achar que é preciso primeiro completar a terceira dose antes de iniciar a quarta, porque os idosos com mais de 80 anos estão em muito alto risco para hospitalizações e óbitos", avalia.
Teremos uma vacinação anual da Covid como é com a gripe ou iremos receber reforços a cada quatro meses?
Ainda não sabemos por quanto tempo a pandemia da Covid irá durar, mas especialistas acreditam que o coronavírus Sars-CoV-2 vai se tornar um vírus endêmico, como o vírus influenza. Cientistas já trabalham, no entanto, para uma vacina combinada da gripe com o coronavírus.
"Precisamos de vacinas melhores e este ano devemos ter novidades, inclusive vacinas que possuem um tempo de duração maior da proteção ou com maior eficácia para neutralização do vírus no nariz, como as vacinas de spray nasal", diz a infectologista e professora da Unicamp Raquel Stucchi.
Até lá, porém, é preciso acelerar a vacinação das pessoas com esquema incompleto, diz Stucchi. "O discurso de muitas pessoas hoje é que não vão tomar o reforço porque a ideia de dar reforços sucessivos causa desconfiança, e precisamos melhorar a comunicação reafirmando a importância das vacinas e, principalmente, da dose de reforço." Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Pais que ficam online demais criam filhos com o mesmo problema.
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Paulo Silvestre
Em nosso mundo hiperconectado, uma queixa comum de muitos pais é que seus filhos ficam tempo demais nos seus celulares e videogames, que estariam “viciados” no digital. Mas pelo menos parte desse problema se deve ao fato de que esses mesmos pais usam a tecnologia de maneira excessiva.
Pesquisa recente da empresa de cibersegurança Kaspersky deixa clara a relação direta entre o tempo de uso de aparelhos digitais pelos pais e por seus filhos. O levantamento ainda aponta que os primeiros têm dificuldade de seguir os limites que eles mesmos determinam aos pequenos.
Mas atire a primeira pedra quem nunca ficou nas redes sociais mais tempo que deveria! O que deve ser entendido é que isso pode causar prejuízos a adultos e crianças, mas que é possível usar o mundo digital sem extrapolar os limites.
A pesquisa foi realizada no segundo semestre do ano passado, com mais de 11 mil adultos que moram com crianças de 7 a 12 anos. Foram entrevistadas pessoas de 19 países, inclusive do Brasil. O objetivo foi verificar como hábitos digitais dos adultos podem influenciar as crianças e vice-versa.
Dos entrevistados, 60% temem que seus filhos fiquem viciados em jogos, mesma porcentagem dos que se preocupam com privacidade e segurança e como esses equipamentos afetarão mental, física e socialmente os pequenos. Mas contraditoriamente 61% das crianças ganham seus primeiros dispositivos digitais entre 8 e 12 anos, sendo que 11% têm acesso antes de completar 5 anos.
“Muitos pais dão esses aparelhos a seus filhos, mesmo em tenra idade, para que eles ‘fiquem quietos’”, explica Katty Zúñiga, psicóloga integrante do Janus, o Laboratório de Estudos de Psicologia e Tecnologias da Informação e Comunicação da PUC-SP, que explica que, mais importante que palavras, são os comportamentos dos próprios pais. “Não adianta os pais reclamarem que as crianças usam aparelhos eletrônicos durante as refeições, se eles mesmos fazem isso.”
De fato, a pesquisa mostra que, nas famílias cujos pais usam seus celulares enquanto estão à mesa, os filhos ficam 39 minutos online a mais que a média. Em nota, Fabiano Tricarico, diretor de consumo da Kaspersky na América Latina, explica que “a educação infantil deve começar com uma autoavaliação e uma reflexão sobre que tipo de ser humano nós, como pais, queremos formar e o que nós mesmos fazemos para sermos desta forma”. Segundo o executivo, os adultos precisam ver o ambiente digital como uma extensão de nossas vidas, e não como um espaço à parte.
Pelo levantamento global, 61% dos pais acham que nem sempre são um bom modelo em hábitos digitais. Entre os brasileiros, 58% acham difícil serem a inspiração para as crianças. Por exemplo, 72% dos pais de todo mundo relatam que enviam mensagens de texto durante as conversas, mas só 10% aceitam isso em seus filhos. Ainda assim, 95% dos pais dizem pelo menos incentivar comportamentos positivos em sua casa, como não permitir que equipamentos digitais sejam levados para a cama, adotado por 55%. Além disso, 54% dizem estabelecer regras que se aplicam não apenas às crianças, mas a toda a família (47% no Brasil).
Uma de suas conclusões mais importantes é a correlação entre o tempo de uso de dispositivos digitais entre pais e filhos. Os 18% dos pais que usam os aparelhos menos de duas horas por dia inspiram 29% dos filhos a fazer o mesmo. O grupo mais numeroso é o das pessoas que os usam de três a cinco horas por dia, respondendo por 48% dos pais e também dos filhos. Entre os que usam entre seis e oito horas diárias, estão 23% dos pais e 17% dos filhos.
Nada disso chega a ser uma surpresa. Crianças aprendem por imitação e os pais são seus principais modelos. Logo, o comportamento online das crianças deriva do dos adultos.
A sedução das redes sociais
Um ponto crucial é, portanto, entender por que os adultos estão ficando tanto online. Mesmo quem trabalha com o meio digital e entende os mecanismos dos algoritmos acaba às vezes “passando do ponto”.
“Quando não controlo racionalmente o que estou fazendo, no impulso eu vou para a rede, e isso me assusta um pouco”, explica Fernanda Nascimento, diretora da agência Stratlab Inteligência Digital. Ela sente que as redes estão ocupando seu tempo livre mais do que gostaria. “Quanto mais a gente consome, mais a gente quer consumir.”
Segundo a edição 2022 da pesquisa Global Digital Report, organizada pelas consultorias Hootsuite e We Are Social, o brasileiro é um dos povos que fica mais tempo em redes sociais no mundo. São 3 horas e 41 minutos todos os dias, contra uma média global de 2 horas e 27 minutos.
Zúñiga explica que a medida do “excesso” se dá quando estar nas redes sociais começa a atrapalhar outras atividades do cotidiano. Segundo ela, a Internet é sedutora. “As redes sociais foram feitas para estimular a produção de dopamina pelas pessoas, para nos dar prazer”, explica. “É por isso que a gente usa cada vez mais, e pode causar uma dependência se a pessoa não se policiar.”
Nascimento concorda: “Ali eu estou dentro de um espaço que eu conheço. Talvez ele faça sentir algum tipo de segurança que eu não reconheça racionalmente, mas que emocionalmente está instalado.”
Se esse uso excessivo pode ser angustiante para um adulto, nas crianças pode até impactar o seu rendimento escolar. Zúñiga diz que elas podem ainda se tornar irritadas, impacientes e até querer sair menos de casa e interagir com outras crianças de maneira presencial, preferindo fazer isso online.
Ela explica que não adianta simplesmente proibir o uso de recursos digitais pelas crianças, pois elas encontrarão uma maneira de burlar restrições muito estritas. Ao invés disso, os pais devem passar mais tempo com os pequenos, também acompanhando o que eles fazem no mundo digital e mostrando que há opções interessantes fora dele. “Eles devem convidar seus filhos a fazer atividades ao ar livre, ler um livro juntos, coisas que os estimulem a perceber que isso também dá prazer”, explica.
Os próprios adultos devem fazer mais atividades concretas para não perder o controle diante das redes digitais. Zúñiga diz que não adianta simplesmente desligar os aparelhos, pois isso pode resultar em uma sensação de se estar deixando de saber “algo importante”, uma síndrome conhecida pela sigla em inglês FOMO (em português, o “medo de estar perdendo algo”).
Contra isso, a pessoa deve resgatar aquilo que gosta, como trabalhos manuais, caminhar, cozinhar ou praticar esportes, “algo que ela goste de fazer e se sinta imersa naquilo”, explica a psicóloga. “Quando a gente está focado no que gosta, deixa de lado outras coisas, até mesmo a necessidade premente de estar nas redes sociais.”
Nessa semana, Nascimento prestou mais atenção para ficar menos nas redes sociais e conseguiu. “E eu fiquei bem melhor, menos estressada, menos nervosa, menos cansada”, conclui. Fonte: https://brasil.estadao.com.br
Mortes em Petrópolis chegam a 176, e catástrofe é a maior da história da cidade
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117 pessoas ainda estão desaparecidas. Buscas entram no 7º dia nesta segunda-feira. Trabalhos chegaram a ser interrompidas no fim da madrugada por causa de ventania, mas foram retomadas por volta das 7h. Há previsão de chuva ao longo do dia.
Por Erick Rianelli, g1 Rio e Bom Dia Rio — Petrópolis
As mortes em decorrência das chuvas que atingiram Petrópolis na semana passada chegaram a 176, informou o Corpo de Bombeiros nesta segunda-feira (21). O número é o maior já registrado na história da cidade – a maior catástrofe até aqui era a de 1988, quando 171 morreram.
Ainda há 117 desparecidos e, nesta segunda-feira (21), as buscas entraram no 7º dia. No fim da madrugada, começou a ventar bastante no Morro da Oficina, obrigando os socorristas a interromper os trabalhos, retomados por volta das 7h. Há previsão de chuva ao longo do dia.
As equipes de busca se dividem em três áreas principais: os setores Alfa, Bravo e Charlie, que abrangem regiões como o Morro da Oficina, a Rua Teresa, o Alto da Serra, a Chácara Flora, a Vila Felipe, Caxambu e localidades vizinhas.
A Polícia Civil, por sua vez, iniciou nesta segunda um mutirão de coleta de DNA para acelerar o trabalho de identificação de vítimas. Até o início da manhã, 143 corpos haviam sido identificados.
Desaparecidos
O cadastro de pessoas desaparecidas está sendo feito pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio. Veja aqui a lista mais atualizada divulgada pelas autoridades.
Pela Polícia Civil, o cadastro é feito pela Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), que faz contato e atendimento especializado aos que buscam informações de desaparecidos e boletins de ocorrência.
O Ministério Público do Rio também tem um cadastro de desaparecidos. No MP, as informações sobre desaparecidos são recebidas pelos canais de comunicação do PLID:
Telefone: (21) 2262-1049
E-mail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Site: www.mprj.mp.br/todos-projetos/plid
"Você vê fragmentos da vida das pessoas"; repórteres do g1 contam a história por trás de imagens da tragédia
Pontos de apoio e acolhimento
A Prefeitura abriu todos os pontos de apoio para o acolhimento da população de área de risco.
Esses locais recebem doações e abrigam desalojados:
Em geral, essas estruturas funcionam em escolas e neste momento, há atendimentos nas localidades do Centro, São Sebastião, Vila Felipe, Alto Independência, Bingen, Dr. Thouzete e Chácara Flora.
Centro de Educação Infantil Chiquinha Rolla
Escola Estadual Augusto Meschick
Escola Municipal Alto Independência
Escola Municipal Ana Mohammad
Escola Municipal Doutor Paula Buarque
Escola Municipal Doutor Rubens de Castro Bomtempo
Escola Municipal Duque de Caxias
Escola Municipal Governador Marcello Alencar
Escola Municipal Odette Fonseca
Escola Municipal Papa João Paulo II
Escola Municipal Rosalina Nicolay
Escola Municipal Stefan Zweig
Escola Paroquial da Igreja Bom Jesus
Quadra do Boa Esperança Futebol Clube
Paróquia São Paulo Apóstolo no bairro de Copacabana
Fonte: https://g1.globo.com/rj
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