REALIDADE QUE ASSUSTA: Cada morto importa
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Por Merval Pereira
Não é apenas um número chocante. Não é apenas uma barreira tristemente quebrada. São mais de cem mil pessoas mortas, exatas 100.240 até ontem, na maior tragédia da história brasileira. Para casos como esse, não é possível fazer-se o uso frio dos números, cada morto importa.
Dizer que o país está bem nas estatísticas, porque temos 471 mortes por milhão de habitantes, enquanto países como a Espanha têm 610, ou Reino Unido tem 623, é somente a demonstração de que com estatísticas é possível fazer qualquer coisa, torturando os números. Se fosse esse o caso de comparação, a Argentina tem 98 mortes por milhão de habitantes. A Rússia tem 102, e a China apenas 3 mortes por milhão de habitantes.
A triste realidade é que o Brasil é o segundo país que tem mais mortos em números absolutos, atrás apenas dos Estados Unidos, com 164.577.
Essa triste competição que estamos ganhando tem na raiz a mesma razão da crise dos Estados Unidos, governos negacionistas que se empenharam em vender a cloroquina como remédio milagroso contra a Covid-19, quando deveriam ter liderado um movimento a favor do distanciamento social, do uso de máscaras, da quarentena e, nos casos mais graves, do lockdown.
Donald Trump, com uma possível derrota nas eleições se aproximando, tenta se recuperar usando máscara, depois de meses preciosos sem usá-la, e já cunhou um bordão patético a essa altura: “Patriota usa máscara”. Bolsonaro, nem depois de pegar a Covid-19, se anima a fazer uma campanha nesse sentido.
O máximo de empatia que conseguiu exprimir foi uma frase abominável: “A gente lamenta todas as mortes, está chegando ao número 100 mil… mas vamos tocar a vida e buscar uma maneira de se safar desse problema”. Para quem tem a culpa maior por essa tragédia brasileira, dizer isso ao lado de um ministro interino da Saúde há mais de dois meses, enquanto a mortandade só fez crescer, é sinal de sociopatia, que, aliás, vem demonstrando em vários momentos.
Sua empatia é seletiva, foi ao Rio para o velório de um paraquedista que morreu, mas fez um passeio de jetski quando o número de mortos chegou a 10 mil. A disputa que o presidente Bolsonaro estimulou com os governadores foi uma das principais causas do desacerto do combate à Covid-19.
Essa briga de poder aconteceu porque Bolsonaro queria impor suas idéias, como o uso de cloroquina e a abertura das cidades para não prejudicar a economia. O mais inacreditável foi a briga de Bolsonaro com os ministros da Saúde, Luiz Mandetta e Nelson Teich, querendo impor suas vontades contra a orientação cientifica internacional.
A crise pessoal de Bolsonaro só acabou quando resolveu colocar o General da ativa Eduardo Pazuello na interinidade permanente à frente da Saúde. Como cultor da hierarquia e jejuno em medicina, o General aceitou tornar a cloroquina um medicamente oficial do SUS para combater a Covid-19, o que nenhum dos antecessores, médicos que tinham uma reputação a zelar, aceitou.
O Brasil passou vários dias com uma média de mil mortes, já temos proporcionalmente mais mortos que os Estados Unidos, e não é improvável que em algum momento passemos a ser o país com mais mortes do mundo, em números absolutos. Se é que já não passamos. A estimativa de vários estudos é de que a subnotificação dos infectados por Covid-19, hoje perto de 3 milhões de pessoas, pode chegar a 14 vezes mais.
O número de mortes que hoje nos assombra pode ser 27% maior que os 100.240 oficiais, isso porque as mortes por síndrome respiratória aguda grave (Srag) não apenas aumentaram muito em relação à média, como muitos casos não tiveram o agente causador identificado, o que leva as autoridades médicas a crerem que teriam sido provocadas pela Covid-19.
Sem falar nas periferias e favelas das grandes cidades, e no Brasil profundo, que não têm atendimento médico devido. Um dos maiores problemas brasileiros no combate à Covid-19 foi a falta de testagem, sem o que não se pode ter uma idéia exata de como está a evolução da doença. Este é um problema que a maioria dos países europeus e os Estados Unidos não têm. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com
Quem influencia quem?
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NELSON MOTTA
Inglês de Felipe Neto fez babar de inveja o ex-futuro embaixador
Ele tem mais leitores do que todos os grandes jornais brasileiros juntos. E todos os blogueiros políticos. E quase todas as televisões. Um espetacular poder de fogo de 39 milhões de seguidores fiéis, sonho impossível de qualquer político. Deixa na poeira os que seguem o 01, 02 e 03, juntos. Com 32 anos, o ex-palhaço infantil e ex-blogueiro de adolescentes Felipe Neto se mostrou adulto e maduro com o vídeo de sua excelente entrevista ao “New York Times”, expondo, com clareza e objetividade, em inglês perfeito, o desastre do governo Bolsonaro.
O gabinete do ódio espumou. Seu inglês fez babar de inveja o ex-futuro embaixador em Washington. No Twitter, Felipe só fala de política, mas não tem partido, e tem 12 milhões de seguidores, seis vezes mais que Carluxo. No YouTube, onde começou há dez anos, ficou milionário fazendo palhaçadas para crianças e adolescentes, que cresceram com ele e hoje são eleitores. São 39 milhões, e Bolsonaro mal chega a cinco. Felipe nasceu na Zona Norte do Rio, em família paupérrima, mas estudou em bons colégios e, com o tempo, se interessou por filosofia, sociologia e política. Amadureceu sem perder a juventude e o humor. É um fenômeno que muita gente está acompanhando com interesse e simpatia. Como eu e meu neto.
Felipe virou alvo preferencial das milícias virtuais e seus robôs com a mais abjeta e tosca das acusações: um tuíte falso que o ligava a pedofilia. Não colou. Ganhou mais meio milhão de seguidores. O ódio emburrece as pessoas. Quanto mais baterem, mais ele vai crescer e se tornar influente para uma massa colossal de seguidores, e suas opiniões vão reverberar em outras mídias. O gabinete aprendeu a máxima digital “quem com as redes fere, pelas redes será ferido”.
Entrevistado por Pedro Bial, Leandro Karnal e no “Roda Viva”, Felipe foi apertado, mas se saiu muito bem, ganhou respeito por sua inteligência, clareza e independência. Mostrou ter consciência da responsabilidade de seu papel. Um influenciador, querendo ou não, é um líder. Fonte: https://oglobo.globo.com
#Tempodecuidar-AO VIVO- Quinta-feira 6: Frades Carmelitas de Angra
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# Tempodecuidar
Cáritas Brasileira/ CNBB- Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Angra dos Reis/RJ-Diocese de Itaguaí.
No mês vocacional continuamos com a nossa campanha #tempodecuidar. Todos os dias, entre 20 e 30 famílias batem à porta do Convento do Carmo com a esperança de ganhar um pouco de alimento. Infelizmente nem sempre podemos ajudar diante da grande demanda neste tempo de pandemia.
Até o momento já doamos mais de 1700 cestas básicas graças ao apoio da comunidade paroquial e amigos e amigas até mesmo de outros estados e países.
Nós Frades Carmelitas; Petrônio e Marcelo, agradecemos a caridade de todos e todas.
#Tempo de cuidar: Ajude os pobres de Angra dos Reis em tempos de pandemia (Contatos para doação: Convento do Carmo; 3367-3412 (Frei Petrônio). Meu Whatsapp- (21) 982917139. Whatsapp da Conceição Fonseca: 97404-1826)
Secretário do Ministério da Saúde detalha como será a vacinação contra Covid-19
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Idosos e pessoas com comorbidades serão os primeiros a receber as 100 milhões de doses
Somente a vacina pode garantir a volta à normalidade (AFP)
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia, adiantou nesta quarta-feira (5) a preparação está sendo feita para a estratégia nacional de imunização de brasileiros quando a vacina contra a Covid-19 estiver disponível no país. O assunto foi discutido na Comissão Externa da Câmara dos Deputados destinada a acompanhar o enfrentamento à pandemia.
Segundo Correia, está sendo feito o mesmo cálculo usado para a vacina contra influenza, cerca de 100 milhões de doses no país. O secretário disse que, tendo em vista as taxas de letalidade desse grupo, idosos e pessoas com comorbidades, como cardiopatia e obesidade, estarão entre os primeiros a receber a vacina. Também estarão no grupo prioritário os profissionais de saúde.
As primeiras 30,4 milhões de doses vão chegar em dois lotes: metade, 15,2 milhões, em dezembro e a mesma quantidade em janeiro. “Com o avanço da ciência, acreditamos que, em dezembro, talvez, já passemos o ano novo de 2021 com pelo menos 15,2 milhões brasileiros vacinados para Covid-19 e possamos juntos construir essa nova história da saúde pública do nosso país”, disse Arnaldo Correia.
Além desses dois lotes, mais 70 milhões de unidades da vacina serão disponibilizadas gradativamente, a partir de março de 2021. O medicamento está sendo desenvolvido pela farmacêutica britânica AstraZeneca, em conjunto com a Universidade de Oxford, e já se encontra em fase de testes clínicos em vários países, incluindo o Brasil.
Um acordo entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a biofarmacêutica prevê que, antes do término dos ensaios clínicos, o que representaria 15% do quantitativo necessário para a população brasileira, ao custo de US$ 127 milhões. A negociação garante total domínio tecnológico para que Bio-Manguinhos, unidade da Fiocruz produtora de imunobiológicos, tenha condições de produzir a vacina de forma independente.
Estrutura
Para acelerar a produção, será utilizada a estrutura de envasamento e rotulagem já disponível na produção da vacina contra a febre amarela no país. Cada frasco terá cinco doses, segundo representes da Fiocruz.
Pelo acordo, a vacina de Oxford produzida no Brasil será distribuída apenas ao Sistema Único de Saúde (SUS) e para agências das Nações Unidas. Está em discussão a possibilidade de distribuição para outros países da América Latina.
Compras
Ainda segundo o secretário de Vigilância em Saúde, neste momento, priorizando fornecedores nacionais, o Ministério da Saúde já está preparando a aquisição de seringas, agulhas e o planejamento para a distribuição da vacina no país. Também está em levantamento do pessoal disponível para aplicar a vacina e a capacidade da chamada “rede de frios”, que são os equipamentos de estados e municípios em condições de estocar as doses nos 37 mil postos de vacinação do país.
Questionado sobre a logística de distribuição de doses, Arnaldo Correia disse que, depois da liberação, leva entre 15 e 20 dias. Ele lembrou que cabe ao Ministério da Saúde distribuir para os estados e a estes aos municípios.
Sobre um cronograma de liberação da vacina, o diretor do Instituto Bio-Manguinhos da Fiocruz, Maurício Zuma, preferiu a cautela. “Tem um grau de incerteza em relação a isso, por isso, a gente está sendo bastante cauteloso. Nosso compromisso é buscar a confirmação desses cronogramas para poder passar para o Ministério da Saúde a para Comissão [externa da Câmara que acompanha ações contra a pandemia do novo coronavírus] qual é nossa expectativa concreta de produzir e liberar as doses da vacina”, ponderou.
Agência Brasil
Fonte: https://domtotal.com
Protesto é lembrete da ameaça de extrema direita na Alemanha, dizem analistas
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Pesquisadores afirmam que manifestação em Berlim no sábado era fragmentada, mas radicalização é real e instituições precisam ser protegidas
BRUXELAS
Fragmentado entre mais de 80 grupos de interesses bastantes diversos —de neonazismo a antivacina—, o protesto que reuniu cerca de 20 mil pessoas neste sábado em Berlim não foi necessariamente uma manifestação de força da extrema direita, mas há nele sinais de alerta que devem ser levados a sério, dizem analistas políticos alemães.
“O extremismo de direita é a principal ameaça à segurança interna da Alemanha hoje”, diz o professor da Universidade de Würzburg Hans Joachim Lauth, que estuda a direita europeia. Segundo relatório de 2019 do Ministério do Interior, o país registrou cerca de 1.000 atos de violência de extrema direita no ano passado, quase 3 por dia, e número de ativistas de grupos violentos de direita subiu de 24 mil para 32 mil.
Boa parte desse aumento, segundo Lauth, se deve ao crescimento da facção Flügel (asa), uma divisão interna do partido populista Alternativa para a Alemanha (AfD). O grupo, que alcança 7.500 apoiadores, é hoje considerado de extrema direita violenta.
Embora o professor de Würzuburg considere que o número de manifestantes no sábado não seja significativo para os padrões alemães e que a grande fragmentação de pautas mostre que não há um direcionamento central, há também aí um sinal importante, diz Paulina Fröhlich, chefe do programa Futuro da Democracia do centro de estudos Progressive, sediado na capital alemã.
“Justamente porque o protesto juntou pessoas tão heterogêneas, sobressai o que as une, que é o populismo”, afirma a pesquisadora, que considera os movimentos de extrema direita “uma grande ameaça à democracia e à sociedade alemãs”.
Os radicais são uma fração pequena da sociedade alemã, observa o cientista político Michael Jankowski, da Universidade de Oldenburg. Pesquisa divulgada pela Fundação Friedrich-Ebert no ano passado mostrou que apenas de 2% a 3% dos entrevistados expressam clara opinião de extrema direita.
Mas a manifestação do sábado mostra que essa diminuta minoria é capaz de se mobilizar, juntar forças e fazer suas vozes serem ouvidas, diz ele. Mais que isso, afirma o cientista político, seu discurso está se tornando cada vez mais extremista: “Como a crise dos refugiados deixou de ter a força que tinha em 2015, radicalizar pode ser a estratégia encontrada para serem ouvidos”.
O engajamento de extrema direita também tem se tornado mais visível em público, seja no sentido cultural (música, moda), seja na mídia (editoras, blogs) ou no poder de influenciar a atmosfera e a narrativa, afirma Fröhlich, o que traz o risco da chamada “normalização”.
Quando linguagem e opiniões extremas escandalizam cada vez menos, cresce o perigo, diz ela: “É muito importante traçar uma linha vermelha clara sobre ações como xenofobia ou discriminação”.
Uma das preocupações principais é com o avanço dos extremistas em instituições alemãs. O sinal recente mais grave foi a desativação de uma das principais forças militares de elite, a KFK, por causa da infiltração de um grupo de extrema direita que chegou a planejar atentados.
“Dizer que essas facções são uma ameaça crescente está longe de ser um exagero”, afirma Jankowski, citando denúncias de envolvimento de oficiais das forças militares e desvio de armas e munições.
Os atentados recentes, provocados por direitistas, também mostram que não são os radicais islâmicos a principal preocupação de segurança, afirma o pesquisador: “O extremismo de direita é hoje um problema gigante na Alemanha.”
Ele ressalva, porém, que embora esteja manifesto um grande potencial para conflito na sociedade alemã, esses grupos não necessariamente ampliarão sua presença no Parlamento. Fröhlich e Jankowski observam que, durante a pandemia de coronavírus, o AfD —maior agremiação de oposição (com 12,6%)— perdeu popularidade. Nas pesquisas nacionais, ele varia hoje em torno de 9%.
“Mas, se os movimentos continuarem se radicalizando cada vez mais, pode haver um impacto na sociedade e na cultura política alemã”, afirma Jankowski.
Contra isso, duas estratégias de resistência têm ficado mais evidentes, segundo Hans Joachim Lauth: “De um lado, o Estado intensifica medidas de proibição, observação e treinamento político e democrático. De outro, a sociedade civil também eleva o tom de repúdio ao extremismo de direita, o que tem se refletido em várias contra-manifestações e debates públicos”.
No longo prazo, também é preciso “ter consciência de que os movimentos de direita radical e conspiratórios estão aqui para ficar” e tomar decisões para proteger as instituições, segundo Jankowski.
“A infiltração nas Forças Armadas nos obriga a repensar o treinamento de nossos soldados, e é preciso comunicação e educação para que a sociedade esteja mais consciente”, diz.
Cofundadora e porta-voz de uma iniciativa para combater o populismo por meio da “cordialidade radical”, a Kleiner Fünf, Fröhlich defende “olhar mais de perto e ouvir um pouco mais antes de tirar conclusões”.
Segundo ela, atitudes como a de recusar o uso de máscaras e promover aglomerações provam que muitos não entenderam de fato decisões fundamentais do governo: “Isso precisa ser registrado e resolvido”.
Para a pesquisadora, “nem todos podem ser conquistados de volta ao lado democrático, mas não se deve desistir de conversar, ouvir, explicar e aprender, mesmo que a contraparte nos pareça totalmente ignorante, como a maioria no sábado”.
Analistas têm mostrado que a segurança econômica (real ou percebida) é fundamental para os eleitores de direita, e atender a essa preocupação pode ser uma forma de evitar que eles sejam capturados por extremistas, diz Fröhlich: “Políticas socialmente responsáveis, investimentos orientados para o futuro, aliados a uma proibição clara de qualquer discriminação são estratégias viáveis”.
Segundo ela, boas políticas poderiam reconstruir a confiança na democracia de muitos dos que aderiram aos protestos ou votaram no AfD, “desde que eles também se abram à discussão e à perspectiva de avanços progressistas”. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
ANGRA-AO VIVO: 1° de agosto-2020.
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Por que o chinês TikTok bombou e incomoda Trump e Zuckerberg
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Como surgiu o aplicativo que virou fenômeno e entrou no radar da guerra fria EUA x China
Mateus Luiz Camillo de Souza
Jornalista pela USP, é editor-assistente de Mídias Sociais da Folha
[RESUMO] Fenômeno emergente da internet, que permite a criação de vídeos curtos com vastos recursos e difusão em larga escala com uso de inteligência artificial, o aplicativo chinês ganha o mundo, incomoda gigantes como Facebook, irrita Donald Trump e acirra disputa geopolítica entre EUA e China.
Com mais de 800 milhões de usuários ativos, o TikTok é o grande fenômeno emergente da internet. O número de adeptos leva o aplicativo chinês —com seus vídeos divertidos e bizarros, em que qualquer um pode ser a estrela— ao seleto time de gigantes, atrás do Instagram (mais de 1 bilhão) e Facebook (2,6 bilhões), os quais já ameaça.
A história do TikTok começou em Pequim, em 2012, quando o engenheiro de software chinês Zhang Yiming, da empresa ByteDance, à época com 29 anos, percebeu que era complicado encontrar uma informação na internet de seu país, não só pela censura do regime, mas também porque os meios de busca disponíveis, como o Baidu (o “Google chinês”), eram ruins. Mesmo o conteúdo liberado não circulava de forma eficiente.
O primeiro passo de Zhang foi adquirir uma plataforma agregadora de notícias, a Jinri Toutiao (manchetes de hoje), e depois desenvolver um algoritmo movido a inteligência artificial para recomendar conteúdo customizado aos usuários de acordo com seus interesses, mantendo também a busca por um termo específico, o que fazia do Toutiao um híbrido entre Google e Facebook. Foi um sucesso.
No mesmo ano, a ByteDance lançou o Neihan Duanzi, uma plataforma de piadas, vídeos engraçados e memes, cujo DNA também estava na recomendação por inteligência artificial. Foi outro êxito, que chegou a acumular 30 milhões de usuários ativos até ser banido pelo governo chinês em 2018, sob a alegação de divulgar conteúdo vulgar.
Zhang percebeu que muita gente gostava de passar o tempo se entretendo com conteúdos que iam do sensacionalismo à diversão pura. Em setembro de 2016, a empresa criou o Douyin, aplicativo de vídeos curtos, para concorrer com a Musical.ly, basicamente um app de lip-sync (sincronia labial) lançado em 2014, que permitia ao usuário dublar a voz de seus artistas preferidos. Em menos de um ano, o Douyin já contava com mais de 100 milhões de usuários ativos e 1 bilhão de visualizações diárias de vídeos.
Foi então que a história começou a se ocidentalizar. Em setembro de 2017, a ByteDance fez um “rebranding” internacional e disponibilizou o Douyin para mercados fora da China, com o nome de TikTok (no país asiático o título original permanece).
Havia, no entanto, dois poréns. O concorrente Musical.ly já tinha alcance global e um público fiel em diversos mercados em que o TikTok queria entrar, entre eles Estados Unidos, Europa e Brasil. Como os serviços de ambos eram parecidos, não haveria estímulo para um usuário trocar de aplicativo.
A solução para Zhang, hoje uma das dez pessoas mais ricas da China, foi comprar, em novembro de 2017, o Musical.ly por um valor estimado em US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões), com participação de investidores, depois de o Facebook ter feito uma investida fracassada.
Conhecida na China como “fábrica de apps”, a ByteDance, especializada em plataformas móveis com recursos de inteligência artificial, é hoje a startup mais valiosa do mundo, avaliada em US$ 100 bilhões (R$ 500 bilhões) —e está se preparando, segundo especialistas, para uma futura oferta pública de ações em bolsa.
Se hoje o TikTok é o fenômeno que é, um dos méritos se deve à decisão de encerrar o Musical.ly de forma gradual. Apenas em agosto de 2018 seus usuários foram avisados que o serviço havia sido descontinuado, porém bastaria baixar o TikTok para que todo o conteúdo armazenado no antigo dispositivo fosse recuperado.
A história é importante, mas não explica tudo. Afinal, por que algumas redes explodem e outras não? Uma mistura de elementos aleatórios contribuiu para fazer do TikTok uma sensação, uma espécie de sopa primordial adaptada ao ambiente digital.
O Vine foi um serviço de vídeos de até seis segundos fundado em junho de 2012, comprado pelo Twitter em outubro do mesmo ano. Era preciso ser criativo para criar vídeos virais tão rápidos, princípio fundamental do TikTok.
Em 2013, o Vine era o aplicativo que mais crescia no mundo, segundo o GlobalWebIndex. No entanto, na mesma época o Snapchat, cujo conteúdo desaparecia depois de publicado, despontava como fonte de inovações, ao trazer o formato vertical para o smartphone.
Mark Zuckerberg, dono do Facebook, tentou comprar o Snapchat em 2013, mas ouviu um não do fundador Evan Spiegel, então com 23 anos.
Em agosto de 2016, Zuckerberg revidou. Lançou o Instagram Stories, ferramenta de fotos e vídeos na vertical que aparecem em forma de carrossel, clone do Snapchat. O tiro foi certeiro: em janeiro de 2019 o Instagram tinha 500 milhões de usuários ativos no Stories. Com isso, veio a consolidação da produção e consumo de conteúdo em redes sociais no formato vertical. Hoje, é quase obrigatório uma rede social possuir o formato Stories.
Já o Snapchat perdeu US$ 1,3 bilhão em valor de mercado quando a celebridade digital Kylie Jenner tuitou, em fevereiro de 2018: “Sooo does anyone else not open Snapchat anymore? Or is it just me... ugh this is so sad” (então, ninguém mais abre o Snapchat? Ou sou só eu… ugh, isso é tão triste).
Naquele mesmo momento, o YouTube atraía cada vez mais usuários influentes, muitos deles ex-viners, em busca de crescimento e monetização. Em outubro de 2016, o Twitter anunciou o fim do Vine, cuja vida foi quase tão curta quanto a de seus vídeos.
Toda rede social que cresce acumula usuários e definha deixa uma legião de órfãos pelo caminho. Em pouco tempo, contudo, os usuários encontram outra rede. Para o lugar do Vine, havia um app de vídeos curtos e criativos à disposição, o Musical.ly, cuja possibilidade de dublar um pedaço da música em 15 segundos era o principal atrativo.
Alex Zhu, um dos fundadores do Musical.ly e hoje designer de produtos no TikTok, afirmou em 2016 que o aplicativo permitia a qualquer um ser parte do entretenimento. Quando houve a fusão, ele afirmou que “combinar o Musical.ly com o TikTok é um passo natural em direção a nossa grande missão de permitir que todos possam ser um criador”.
A geração Z (nascida de meados de 1990 até 2010) estava à procura de uma nova rede social, da qual seus parentes não fizessem parte, em um momento em que o Facebook estava sob pressão após escândalos políticos de proliferação de fake news.
Os mais jovens costumam ser os “early adopters” (primeiros usuários) de uma nova rede social. Zhu compara a criação de uma rede com a fundação de um país, em um processo em que os adolescentes seriam migrantes em busca de um sonho na nova nação.
O influenciador brasileiro Kaique Brito, 15, é um desses desbravadores. “O TikTok já existe há tanto tempo, eu me pergunto: ‘Por que as pessoas só estão vendo agora?’ É estranho para a gente”. O jovem tem feito sucesso com vídeos em que esbanja consciência política ao ironizar, por exemplo, o racismo reverso. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Alguns benefícios da nota de R$ 200
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Lobo-Guará no Parque Nacional de Ibitipoca | Fernando Quevedo/4-8-2004
Por Bernardo Mello Franco
O governo anunciou mais uma medida inadiável. Vai lançar uma nota de R$ 200 em plena pandemia do coronavírus. Até o fim de agosto, a nova cédula deve começar a chegar às mãos dos brasileiros. Ou de alguns deles, é claro.
A diretora de administração do Banco Central, Carolina de Assis Barros, atribuiu a novidade ao entesouramento. O fenômeno ocorre quando a população passa a guardar mais dinheiro em casa.
Com a quebradeira e a redução de salários, milhões de famílias limitaram o consumo a itens essenciais. Quem não perdeu o emprego tenta cortar despesas e seguir adiante. Ainda que a luz no fim do túnel pareça vir de um trem na contramão.
O auxílio emergencial também aumentou a demanda por papel moeda. Isso elevou o gasto federal com impressão e transporte de valores. Até aqui, o governo precisava de ao menos seis notas para pagar os R$ 600. Agora só precisará de três — e os beneficiários que se virem para arrumar troco na quitanda.
Os economistas explicaram que o lançamento da cédula de R$ 200 não significa a volta da inflação. Mesmo assim, quem viveu no Brasil antes do Plano Real pode ter sentido um frio na espinha. Em 1993, o país chegou a rodar uma nota de meio milhão de cruzeiros. Ela estampava o rosto do poeta Mário de Andrade, que nada tinha a ver com aquela desordem monetária.
Ontem o BC anunciou que a nova cédula vai trazer a imagem do lobo-guará. A escolha decepcionou quem preferia homenagear o vira-lata caramelo ou a ema que bicou o presidente Jair Bolsonaro.
Para alguns setores da classe política, a novidade chega com atraso. Se a nota de R$ 200 já existisse em 2017, o ex-deputado Rocha Loures não precisaria ter corrido com uma ostensiva mala de rodinhas. Bastaria uma discreta mochila para transportar a propina até o táxi.
O assessor que abastecia a conta do senador Flávio Bolsonaro também teria poupado tempo diante do caixa eletrônico. A cada depósito de R$ 2.000 em espécie, ele era obrigado a contar e separar 20 cédulas. Agora só precisaria de dez. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com
Brasil bate recorde de casos de Covid-19 em 24 horas e supera marca de 90 mil mortes
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Foram 1.595 mortes e mais de 69 mil casos foram registrados em 24 horas com a inclusão dos dados atrasados de São Paulo; o total de óbitos provocados pelo novo coronavírus está em 90.134
Por Jovem Pan
O Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira (29) que o Brasil ultrapassou a marca de 90 mil mortes por Covid-19. Com 1.595 mortos nas últimas 24 horas, o número também inclui o acumulado do estado de São Paulo, o Brasil atinge 90.134 mortes em decorrência da doença provocada pelo novo coronavírus. A soma das pessoas infectadas desde o início da contagem atingiu 2.552.265. Nas últimas 24 horas, foram 69.074 novas notificações incorporadas no sistema do Ministério da Saúde. Nesta terça, o total era de 2.483.191.
Há 675.712 pacientes em acompanhamento e 1.787.419 pessoas já se recuperaram da Covid-19. O alto número de mortes nas últimas 24 horas se deu devido à inclusão dos dados de São Paulo desta terça. No balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta terça, o painel marcava 88.539 falecimentos.
Coronavírus nos estados
Os estados com mais mortes são São Paulo (22.389), Rio de Janeiro (13.198), Ceará (7.643), Pernambuco (6.484) e Pará (5.694). Fonte: https://jovempan.com.br
ANGRA DOS REIS-AO VIVO: Quarta 29
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Homem compra Lamborghini de R$ 1,6 milhão com verba de ajuda contra o coronavírus, diz justiça americana
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David T. Hines, de 29 anos, obteve empréstimos fraudulentos de US$ 3,9 milhões, segundo as autoridades. US$ 318 mil foram utilizados na compra de esportivo de luxo.
Um homem usou fundos destinados a ajudar empresas durante a crise de coronavírus para comprar uma Lamborghini Huracán de US$ 318 mil, afirmou o Departamento de Justiça dos Estados Unidos nesta segunda-feira (27). O valor do modelo é equivalente a R$ 1,6 milhão na conversão atual.
David T. Hines, de 29 anos, foi preso na Flórida e enfrentará processo por ter recebido US$ 3,9 milhões em empréstimos de forma fraudulenta; a quantia, em conversão para a moeda brasileira, é de mais de R$ 20 milhões.
Inicialmente, Hines teria pedido US$ 13,5 milhões para que seus negócios pudessem continuar durante a pandemia, utilizando comprovantes falsos sobre pagamentos de funcionários e despesas de empresas.
Ele acabou conseguindo o financiamento de US$ 3,9 milhões e utilizou parte do montante para comprar um Lamborghini Huracán ano 2020, que ele registrou em seu nome e no nome das empresas.
A denúncia também alega que Hines não pagou os salários de seus funcionários, mas fez compras em resorts e lojas de luxo em Miami, disseram as autoridades. Fonte: https://g1.globo.com
Aqueles que perdemos: Domingos Venite
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Era líder da maior tribo indígena do estado do Rio
O cacique Domingos Venite, 68, líder da tribo guarani Sapukai, em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro, morreu com coronavírus na madrugada desta terça-feira (21). Ele estava internado no Centro de Referência para Tratamento da Covid-19, na Santa Casa, desde o dia 23 de junho. Domingos era líder da maior tribo indígena do estado do Rio. É a primeira morte de um indígena no estado do Rio pela doença, segundo o governo estadual.
A Prefeitura de Angra dos Reis decretou luto oficial de três dias pela morte do cacique. O governo municipal informou que o indígena "recebeu todos os cuidados necessários". De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do município, desde o início da pandemia, a aldeia foi isolada e tomadas medidas de prevenção e orientação aos indígenas. Conforme a prefeitura, há 340 indígenas da tribo guarani na Aldeia Sapukai. A tribo teve 85 casos de coronavírus, sendo 84 recuperados. Há no momento, 15 casos suspeitos sendo acompanhados. "O cacique Domingos era um homem muito gentil. Quero dizer às aldeias, às famílias dos indígenas, à família dele que nosso coração está muito consternado com essa grande perda sofrida por vocês", lamentou Célia Jordão, secretária de Desenvolvido Social e Promoção da Cidadania. O prefeito de Angra, Fernando Jordão, disse que o município perdeu uma referência no trabalho com os indígenas: "A cidade está de luto e nós estamos tristes pela morte do cacique Domingos". O ecologista Sérgio Ricardo Verde Potiguara, membro do Conselho Estadual dos Direitos Indígenas (CEDIND-RJ), lamentou a morte do cacique. Segundo ele, o estado do Rio tem oito aldeias em três municípios (Maricá, Angra e Paraty). Censo do IBGE de 2010 apontou que existem 15.865 indígenas no estado.
Ainda de acordo com Sérgio Ricardo, as aldeias do Rio sofrem com a ausência de saneamento básico e acesso à água potável: "Algumas aldeias sequer têm banheiros. Há muitos casos de doenças de veiculação hídrica, como diarreias. Isso já antes da pandemia. A Covid-19 só ampliou a grave crise ambiental e sanitária nas aldeias indígenas fluminenses", avaliou o ecologista. A Secretaria de Estado de Saúde informa que, desde o início da pandemia, foram notificados 147 casos de Covid em índios aldeados no estado do Rio de Janeiro, sendo 88 em Angra dos Reis e 59 em Paraty. Foi registrado um óbito, em Angra dos Reis.
Em maio, a pasta divulgou guia digital com orientações específicas sobre o coronavírus para quilombolas, indígenas, pescadores, ribeirinhos e demais povos e comunidades tradicionais do estado. O informativo reforça que o atendimento é gratuito e universal no Brasil, independente da condição de permanência no país ou da falta de documento de identificação.
O material ainda traz informações sobre os sintomas da doença, como sinais de agravamento e quando é necessário buscar atendimento.
A Secretaria de Estado de Saúde informa que, desde o início da pandemia, foram notificados 147 casos de Covid em índios aldeados no estado do Rio de Janeiro, sendo 88 em Angra dos Reis e 59 em Paraty. Foi registrado um óbito, em Angra dos Reis.
Em maio, a pasta divulgou guia digital com orientações específicas sobre o coronavírus para quilombolas, indígenas, pescadores, ribeirinhos e demais povos e comunidades tradicionais do estado. O informativo reforça que o atendimento é gratuito e universal no Brasil, independente da condição de permanência no país ou da falta de documento de identificação.
O material ainda traz informações sobre os sintomas da doença, como sinais de agravamento e quando é necessário buscar atendimento. Fonte: https://arte.folha.uol.com.br
AO VIVO-ANGRA: Segunda-feira, 27.
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Live de grupo de pagode é interrompida por operação da Polícia Civil em Angra dos Reis
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Um show transmitido ao vivo por redes sociais do grupo de pagode "Aglomerou" foi interrompido por uma operação da Polícia Civil em Angra dos Reis neste domingo. Enquanto a banda tocava "Compasso do Amor", do grupo "Revelação", os agentes entraram no local acreditando que ocorria uma festa clandestina.
Pelas imagens é possível ver que antes da música ser interrompida algumas pessoas da produção foram abordadas pelos policiais e levantaram as camisas para mostrar que não estavam armados. Quando a banda percebeu a presença dos agentes, o show foi interrompido e os músicos saíram agachados pela frente das câmeras a banda parou e os integrantes saíram agachados para atrás das câmeras.
Um agente correndo com um fuzil empunhado chegou a passar em meio aos integrantes. Ao fundo também é possível ver a presença de um helicóptero da corporação que dava apoio aos policiais.
Em um outro vídeo gravado dentro da casa durante a operação, além de som de tiros, algumas pessoas diziam que os policiais erraram a casa. Ao EXTRA João Victor Costa, vocalista da banda, relatou os momentos de tensão durante a abordagem. Ele acredita que o som da música ao vivo atrapalhou os policiais:
— Tudo ocorreu em menos de um minuto. Eles ouviram a música ao vivo, viram a porta aberta e acharam que estavam na casa certa porque estavam procurando um local com uma festa. Durou tudo menos de um minuto e assim que eles perceberam o erro foram pela orla em direção a casa certa — narra.
O local em que a apresentação era uma casa de festas da cidade a beira-mar no bairro Ribeira:
— Não entendemos nada na hora. Percebi o helicóptero voando baixo, e logo depois apareceram os policiais. Depois, quando eles já estavam dentro da casa ouvimos alguns tiros, mas eram um pouco longe. No sábado quando vimos montar o equipamento a gente percebeu que estava rolando uma festa aqui perto que continuou até hoje — completa o vocalista. Fonte: https://extra.globo.com
Mortes negras importam?
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Construção imagética da violência produz narrativas que podem reduzir povo preto às violências sofridas
Por Marcelo Rocha e Matheus Alves
Por que os corpos negros só se tornam relevantes quando alguma tragédia acontece?
A imagem consegue por si só contar inúmeras histórias, que nos ensinam e nos forjam dentro de uma estrutura social. Pensar o modo que temos vivido se dá em uma busca constante por conteúdos visuais, somados a uma defasagem educacional gigante e proposital em nosso país. Desde o fim de maio, circulam por todo o mundo imagens do assassinato de George Floyd, causando uma grande onda de denúncias de violência policial e ações de promoção de causas ligadas ao assunto. A questão que se levanta com tal movimento é o que de fato importa: as vidas ou as mortes negras?
Durante os meses de junho e julho, vários veículos de mídia expandiram os debates sobre as questões raciais em seus editoriais, capas e artigos, na busca de suprir violências de mais de 400 anos de extermínio. Fato que tem sua importância no contexto histórico, porém se dá mais uma vez após momentos de violência, repetindo uma estrutura de banalização do mal, pois os casos seguintes se tornaram apenas virais na internet —como, na cidade de São Paulo, a comerciante de 51 anos que teve seu pescoço pisoteado pelo soldado da Polícia Militar João Paulo Servato durante uma abordagem.
Sabemos que a base da nossa educação é a imagem. Partindo disso, essa construção imagética da violência produz narrativas que por muitas vezes reduz as ações do povo preto às violências sofridas, enquanto processo de documentação. A pesquisadora norte-americana bell hooks, em seu livro “Olhares Negros, Raça e Representação”, faz uma síntese de como essas imagens reforçam a violência, pois não criam outras possibilidades concretas para esse povo e o condiciona a violência, fato que a repercussão da imagem no Brasil, causa um efeito reverso, reproduzindo as ações praticadas. Pensar que a imagem de um policial sufocando um homem negro nos EUA fora reproduzida quase que integralmente por um outro policial no Brasil nos deixa com a reflexão de que isso pode ser uma demonstração de identidade com a violência praticada contra corpos negros.
Compreender a importância da valorização das vidas negras se faz necessário não apenas quando uma delas é perdida ou colocada em situação de vulnerabilidade. É algo que precisa ser construído cotidianamente através da promoção da cultura e da diversidade do povo, da inserção destes em espaços de criação de narrativas e decisão política e editorial. A construção da documentação do povo preto precisa considerar os mais diversos pontos de vista, inclusive sua própria história, como nos provoca a filósofa Sueli Carneiro sobre essa urgente tarefa de manter o pensamento negro vivo.
Há de lembrar que as imagens desde o período colonial têm um papel de manutenção da supremacia branca no Brasil, que, apesar de sempre ter existido, agora demonstra sua faceta de forma mais explícita através de ações de extermínio. Ao olharmos toda a história brasileira nos museus e galerias, as únicas formas de representação negra ainda reproduzem essas violências estruturais. Se fazem necessárias alternativas que ultrapassem este lugar de denúncia, mas que construa também narrativas de futuro para as pessoas pretas —vide o trabalho e esforço que tem sido levantado pelos movimentos negros, como o MNU e o Ilê Aiyê, nos anos 70, com a apropriação e ressignificação de termos e figuras para a promoção da autoestima negra nos mais diversos segmentos da sociedade, como na arte e na política.
Façamos memória das potências negras que já nos deixaram, e que seguem construindo narrativas de transformação, como a própria vereadora Marielle Franco nos alertou pouco antes de ser assassinada: “Quantos mais têm que morrer pra essa guerra acabar?”. Esta frase não fala apenas sobre contar corpos, mas sobre a construção de um projeto de manutenção das vidas negras, em que a necropolítica que a supremacia branca nos determina não seja condicionante da forma que vivemos.
É necessário um processo de ruptura com a normalização dessas mortes que não parta apenas do lugar momentâneo, mas da construção efetiva de processos de reestruturação social, que sejam interseccionais, como tem sido a lei federal de nº 10.639/2003 para a educação brasileira, em todos os outros espaços de poder, uma derrubada das estruturas coloniais que ainda se mantém de pé.
A falácia da democracia racial é grande responsável por promover este sentimento de cooperação e exclui a necessidade de entender a importância de os olhares pretos estamparem de forma positiva os espaços de mídia e os imaginários da sociedade. Por isso, é essencial que haja investimento e reconhecimento, para que seja efetivado os esforços promovidos por artistas, ativistas e tantas outras figuras negras. Onde possam ocupar espaços na sociedade durante suas vidas. Aqui podemos citar trabalhos como do jovem fotógrafo alagoano Marcelino Melo “Nenê”, 25, que tem documentado de outra forma territórios marcados pela violência na região do Campo Limpo, ou mesmo o do antropólogo Hélio Menezes, 34, através de suas curadorias em espaços das artes, buscando ressignificar as identidades negras em exposições de obras produzidas por artistas negros. Ou, como os dois jovens negros que assinam este artigo —que facilmente poderiam ser manchetes sobre mais um extermínio do estado.
Marcelo Rocha, 22, é fotógrafo, ativista em educação, negritude e mudanças climáticas, graduando em Ciências Sociais, foi curador das mostras “Humano Cidade: Olhares além da medida” e “QUEBRADA: São Paulo, na visão dos cria”. Cria da cidade de Mauá, São Paulo.
Matheus Alves, 22, é fotojornalista freelance baseado em Brasília (DF). Tem seu trabalho dedicado a documentar Movimentos Populares de luta pela terra e direito à cidade. Premiado pelo concurso fotográfico “Combater os Retrocessos: Existir e Resistir à Retirada de Direitos”, promovido pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos em 2019.
#Tempodecuidar- ANGRA AO VIVO. Segunda 20.
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Imagens – AO VIVO- da cidade de Angra dos Reis/RJ, a partir do Convento do Carmo. Reportagem e Câmera: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Padre Carmelita e Jornalista. Angra, 21 de julho-2020. www.olharjornalistico.com.br
NOTA: No mês de Nossa Senhora do Carmo- 16 de julho- e do Profeta Elias, - 20 de julho-continuamos com a nossa campanha #tempodecuidar. Todos os dias, entre 20 e 30 famílias batem à porta do Convento do Carmo com a esperança de ganhar um pouco de alimento, infelizmente nem sempre podemos ajudar diante da grande demanda neste tempo de pandemia.
Até o momento já doamos mais de 1000 cestas básicas graças ao apoio da comunidade paroquial e amigos e amigas até mesmo de outros estados.
Nós Frades Carmelitas; Petrônio e Marcelo, agradecemos a caridade de todos e todas. (Contatos para doação: Convento do Carmo; 3367-3412 (Frei Petrônio). Meu Whatsapp- (21) 982917139. Whatsapp da Conceição Fonseca: 97404-1826)
Cacique da aldeia Sapukai morre vítima do coronavírus em Angra dos Reis
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Domingos Venite, de 68 anos, estava internado no Centro de Referência para tratamento de Covid-19.
Por G1 Sul do Rio e Costa Verde
O cacique de uma aldeia indígena de Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro, morreu com coronavírus na madrugada desta terça-feira (21). Ele era líder da tribo guarani Sapukai, a maior tribo indígena do estado do Rio.
Domingos Venite, de 68 anos, estava internado no Centro de Referência para Tratamento de Covid-19 desde o dia 26 de junho.
A Secretaria Municipal de Saúde orientou a tribo a não realizar o ritual de falecimento, seguindo as normas da Anvisa para a pandemia. O corpo será sepultado no cemitério da aldeia, respeitando as normas estabelecidas.
Segundo o governo municipal, 88 indígenas estão infectados pelo coronavírus. Eles estão sendo acompanhados por uma equipe médica que atua em na Unidade de Saúde da Família da aldeia.
Atualmente, cerca de 350 indígenas da tribo guarani vivem na aldeia Sapukai, que fica localizada a cerca de 6 km da BR-101 (Rodovia Rio-Santos), na região de Bracuí. A comunidade vive em uma área montanhosa cercada por Mata Atlântica.
Em nota, a prefeitura de Angra dos Reis lamentou a morte do cacique e disse que ele recebeu todos os cuidados necessários para o tratamento da doença. Fonte: https://g1.globo.com
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