Já em vida do Profeta Elias, de tal maneira chegou a estender-se o instituto dos Filhos dos Profetas, que tanto nos desertos como nos subúrbios das cidades, se constituíram centros ou grupos de monges, sendo necessário que, além de Elias, alguns de seus discípulos mais destacados, estivessem à frente, dirigindo-os e governando-os.

Os monges chamavam a estes que os precediam e dirigiam de Pais e eles eram chamados Filhos dos Profetas.

Parece-me oportuno dizer aqui algo, ainda que brevemente, sobre estes Profetas, discípulos de Elias, não de todos, mas apenas dos quatro principais.

O primeiro de todos que Elias escolheu foi São Jonas. Jonas era natural de Get em Ofir (Galiléia), filho daquela mulher viúva à qual Elias se apresentou em Sarepta dos Sidônios quando recolhia um pouco de lenha e em cuja casa se refugiou durante o tempo em que o rei Acab mandou procurá-lo por todo o reino para matá-lo.

Elias havia ressuscitado este Jonas em sua infância, quando o Profeta se hospedava e comia na casa de sua mãe. A mãe, por gratidão pelo milagre e ao Profeta, lhe entregou o filho para que o instruísse na ciência profética da vida monástica e, feito discípulo de Elias, o servia.

Quando Elias se pôs a orar no monte Carmelo para pedir ao Senhor que enviasse a chuva logo, mandou o jovem Jonas olhar para ver se aparecia algo no mar e, tendo olhado, lhe disse: “não se vê nada”. Replicou-lhe Elias: “volta até sete vezes e em uma das vezes Jonas viu que subia do mar uma pequena nuvenzinha como a pegada de um homem”, (III Rs 18, 43). Quando comunicou isto a Elias, ele compreendeu que ia cair uma grande chuva sobre a terra e mandou que Jonas fosse dizer isto ao Rei que tanto o detestava.

Depois que Elias foi levado ao céu, também Eliseu enviou Jonas para que em Ramot de Galaad ungisse a Jehu rei de Israel e que vingasse a morte dos profetas discípulos de Elias.

Finalmente, por ordem do Senhor, foi a Nínive pregar que, passados quarenta dias, seria destruída; viu, por revelação do Espírito Santo, que, movidos por sua pregação, os ninivitas fariam penitência e alcançariam o perdão de Deus.

E para que não duvidassem do que lhes anunciasse, fugia de Nínive, até que, lançado ao mar, e devorado por um peixe descomunal foi vomitado na praia depois de três dias.

Sabendo também por revelação do Espírito Santo, que os ninivitas, convertidos por sua pregação, arruinaram a sua nação hebraica, tinha preocupação de que se convertessem, porque, com isto, temia a destruição de seu povo de Israel.

Porém, revelando-lhe Deus que ainda não era chegado o tempo da ruína final de Israel, mandou-lhe que voltasse aos israelitas e vaticinasse que Jeroboão, rei de Israel, restabeleceria os limites de sua nação desde a entrada de Emat até o mar Morto.

*Livro da Instituição dos Primeiros Monges Fundados no Antigo Testamento e que perseveram no Novo, por Juan Nepote Silvano, Bispo XLIV de Jerusalém.