Para que os discípulos de Elias estabelecessem de maneira permanente a residência no monte Carmelo, procurou fazer deste monte um lugar muito devoto, não só com sua vida exemplar vivendo ali o resto de seus dias que foi de dezesseis anos, mas destacando-o sobre todas as outras solidões, onde havia vivido, com alguns milagres portentosos realizados para provar claramente aos idólatras que o Deus de Israel era o Deus único e verdadeiro.

Havendo os Sacerdotes de Jerusalém dito a seus pais, antes do nascimento de Elias que este seu filho julgaria Israel com a espada e o fogo, a Escritura Sagrada nos asseguras no Livro dos Reis que os portentos realizados no monte Carmelo comprovaram bem ser verdadeiro este vaticínio.

O povo de Israel juntamente com seu rei Acab deram culto a Baal e desprezaram o culto de adoração ao Deus verdadeiro seduzidos pelos sacerdotes daquele falso deus. Abrasada a alma de Elias pelo zelo da glória de Deus e sofrido pela transgressão idolátrica do povo reuniu neste monte Carmelo toda a nação com seu rei e lhe propôs este julgamento: se Baal, ouvindo as petições e súplicas de seus sacerdotes enviasse do céu fogo que queimasse o sacrifício que neste monte lhe iam oferecer, fosse proclamado deus de Israel, porém se Baal não tivesse poder para enviar fogo do céu nem para ouvir as súplicas de seus sacerdotes, e lhe enviava o Deus de Israel a petição de Elias para queimar o sacrifício que lhe ia oferecer neste monte, que a nação abandonasse para sempre o Baal e acreditasse com firmíssima fé que o único e verdadeiro deus era o de Israel.

O povo acolheu benignamente esta proposta de Elias; porém Baal não pode enviar fogo do céu para queimar o sacrifício que seus sacerdotes lhe ofereceram; então Elias construiu neste monte Carmelo um altar onde ofereceu o sacrifício e na presença de todos e suplicou ao Deus de Israel que mandasse descer do céu o fogo para queimar seu holocausto e Deus assim fez.

Deste modo o povo de Israel, induzido até então à idolatria pelos sacerdotes de Baal voltou, ensinado por Elias a dar culto ao único Deus verdadeiro no monte Carmelo e Elias passou ao fio da espada na torrente do Cedron a todos os profetas de Baal que haviam seduzido o povo, para que não voltassem a enganá-lo.

Ainda fez mais: enganados pelos profetas de Baal, o rei e o povo invocavam e suplicavam constantemente a Baal durante três anos e seis meses que lhes mandasse chuva porém o ídolo não pudera enviar-lhes a chuva nem impedir, durante este tempo, que se cumprisse a palavra anunciada por Elias: “Não há de cair nem orvalho nem chuva durante estes anos até que eu o ordene” (III Rs 17, 1).

Evidenciada deste modo a impotência de Baal durante tanto tempo; se manifestou mais patente o poder de Deus; porque, pondo-se Elias em humilde oração diante de Deus neste monte Carmelo, alcançou logo que lhe mandasse abundante chuva para a nação.

Além disto, Elias mandou emissários a Ocozias, rei de Israel que estava doente, para que lhe comunicasse que, certamente, morreria, porque se cuidava consultando a Belzebu, deus de Acaron, o resultado de sua doença, menosprezando o Deus de Israel. Fortemente é impressionado o rei com esta notícia, se enfureceu contra Elias e, desejando matá-lo, enviou um capitão com cinqüenta soldados para que fossem ao monte Carmelo e lhe levassem Elias. Se Elias não quisesse ir voluntariamente, o levassem à força.

Este capitão, cooperador voluntário do rei no crime, marchou irritado e orgulhoso com seus cinqüenta soldados em busca de Elias e o encontrou sentado no alto do monte Carmelo, com desprezo o chamou homem de Deus e com imponência lhe mandou que descesse do monte e fosse com ele à presença do rei.

Vendo Elias que aqueles soldados desprezavam o Deus verdadeiro em sua pessoa, fez baixar fogo do céu sobre o monte Carmelo, o qual abrasou o Capitão e seus cinqüenta soldados.

Com isto, o rei se irritou muito mais ainda e mandou pela segunda vez outro Capitão com seus cinqüenta soldados. De novo Elias fez baixar do céu fogo que, como da vez anterior, abrasou o Capitão com seus cinqüenta soldados no monte Carmelo.

Com estes evidentíssimos julgamentos da espada e do fogo, Elias mostrou aos incrédulos que o Deus verdadeiro era o que ele adorava no monte Carmelo e não Baal, a quem o pérfido Acab dava culto com o povo de Israel, nem Belzebu a quem o sacrílego rei. Ocozias mandou consultar, desprezando o verdadeiro Deus.

*Livro da Instituição dos Primeiros Monges Fundados no Antigo Testamento e que  perseveram no Novo por Juan Nepote Silvano, Bispo XLIV de Jerusalém. Traduzido do latim por Aymerico, Patriarca de Antioquia e do latim para o castelhano por um Carmelita Descalço e Carta de São Cirilo Constantinopolitano Traduzida para o castelhano. (Ávila Imprensa e Livraria Vida de Sigirano-1959. Censura da Ordem Imprima-se. Madrid, 6 - XII - 1958.