Frei Petrônio de Miranda, O. Carm, Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ.

Segunda-feira, 7 de junho-2021.

 

Qual foi a motivação de Moisés- o profeta da torá- para seguir em frente no projeto salvífico do nosso Bom Deus? A resposta é muito simples- Os pobres, o clamor de um povo sofrido, massacrado e oprimido no Egito.

Qual foi a maior revolta de Jesus diante dos líderes religiosos do seu tempo? A resposta também é muito simples- a exploração em nome de Deus dos pobres- que aliás continua até hoje.

Qual foi o grito interno que Madre Tereza de Calcutá, santa e prêmio Nobel da Paz sentiu naquelas ruas miseráveis da Índia? A resposta continua a mesma- a miserabilidade de um povo esquecido- o mesmo povo da época de Moisés e de Jesus- com outro rosto, claro, mas o grito, a angústia e o sofrimento é o mesmo.

Tais exemplos- que poderia ser diversos- é para ilustrar o verdadeiro sentido de uma vocação autêntica em diferentes épocas. É de se questionar quando jovens pobres- seja da cidade ou da área rural- ingressam para conventos, seminários e comunidades de vida com motivações baseadas em rendas, incenso, ritos ou tradições- que aliás não passa de nuvens levadas pelo vento.

Infelizmente vivemos em uma época conturbada no que se refere ao processo vocacional dos nossos jovens. Alguns chegam a negar a sua história fingidos pertencer a famílias tradicionais e ricas. Outros, quando ordenados sacerdotes ou religiosas, esquecem a sua origem pobre e, fingindo não ver o sofrimento dos pobres, só pensam em vestimentas, ritos e tradições ultrapassadas que não dizem e não ajuda em nada em nosso contexto atual.

É lamentável que, mesmo com os constantes apelos do santo padre, o Papa Francisco no que se refere a uma igreja povo de Deus, muitos seminaristas, religiosos e religiosas estão com a cabeça na idade média e no mundo da lua. Alguns chegam a negar a própria autoridade do Papa, cometendo assim um grave erro eclesiológico, teológico e pastoral. Aqui lembro-me de um caso de um determinado sacerdote que, depois de visitar Roma por 4 vezes, só na quinta vez foi na audiência do Sumo Pontífice. “Aquele Papa com suas ideias”, afirmou o dito cujo sacerdote em tom de revolta diante da mensagem de Francisco.

Se abrirmos o horizonte para o campo social e político aí fica mais grave. Aqui lembro de um outro sacerdote que, para comemorar o seu aniversário, postou fotos do atual presidente do Brasil fazendo gesto com referência ao uso de armas. Ele mesmo- nas mídias sociais- postou fotos imitando o genocida presidente propagando a violência e o porte de armas. Tal exemplo nos deixa perplexo e assustado. Será que tal sacerdote está seguindo mesmo Jesus Cristo? É assustador!

Enfim, vivemos não apenas em tempos sombrios da pandemia, mas do fanatismo religioso e político, e porque não dizer, vocacional! Que Deus nos livre destes homens e mulheres fanáticos e descompromissados com a Boa Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo. E tenho dito!