A liturgia do 15º Domingo do Tempo Comum recorda-nos que Deus atua no mundo através dos homens e mulheres que Ele chama e envia como testemunhas do seu projeto de salvação. Esses “enviados” devem ter como grande prioridade a fidelidade ao projeto de Deus e não a defesa dos seus próprios interesses ou privilégios.

A primeira leitura apresenta-nos o exemplo do profeta Amós. Escolhido, chamado e enviado por Deus, o profeta vive para propor aos homens – com verdade e coerência – os projetos e os sonhos de Deus para o mundo. Atuando com total liberdade, o profeta não se deixa manipular pelos poderosos nem amordaçar pelos seus próprios interesses pessoais.
A segunda leitura garante-nos que Deus tem um projeto de vida plena, verdadeira e total para cada homem e para cada mulher – um projeto que desde sempre esteve na mente do próprio Deus. Esse projeto, apresentado aos homens através de Jesus Cristo, exige de cada um de nós uma resposta decidida, total e sem subterfúgios.

No Evangelho, Jesus envia os discípulos em missão. Essa missão – que está no prolongamento da própria missão de Jesus – consiste em anunciar o Reino e em lutar objetivamente contra tudo aquilo que escraviza o homem e que o impede de ser feliz. Antes da partida dos discípulos, Jesus dá-lhes algumas instruções acerca da forma de realizar a missão… Convida-os especialmente à pobreza, à simplicidade, ao despojamento dos bens materiais.

EVANGELHO: (Mc 6,7-13) ATUALIZAÇÃO

  • Como é que Deus age, hoje, no mundo? A resposta que o Evangelho deste domingo dá é: através desses discípulos que aceitaram responder positivamente ao chamamento de Jesus e embarcaram na aventura do “Reino”. Eles continuam hoje no mundo a obra de Jesus e anunciam – com palavras e com gestos – esse mundo novo de felicidade sem fim que Deus quer oferecer aos homens.
  • Atenção: Jesus não chama apenas um grupo de “especialistas” para o seguir e para dar testemunho do “Reino”. Os “doze” representam a totalidade do Povo de Deus. É a totalidade do Povo de Deus (os “doze”) que é enviada, a fim de continuar a obra de Jesus no meio dos homens e anunciar-lhes o “Reino”. Tenho consciência de que isto me diz respeito e que eu pertenço à comunidade que Jesus envia em missão?
  • Qual é a missão dos discípulos de Jesus? É lutar objetivamente contra tudo aquilo que escraviza o homem e que o impede de ser feliz. Hoje há estruturas que geram guerra, violência, terror, morte: a missão dos discípulos de Jesus é contestá-las e desmontá-las; hoje há “valores” (apresentados como o “último grito” da moda, do avanço cultural ou científico) que geram escravidão, opressão, sofrimento: a missão dos discípulos de Jesus é recusá-los e denunciá-los; hoje há esquemas de exploração (disfarçados de sistemas econômicos geradores de bem estar) que geram miséria, marginalização, debilidade, exclusão: a missão dos discípulos de Jesus é combatê-los. A proposta libertadora de Jesus tem de estar presente (através dos discípulos) em qualquer lado onde houver um irmão vítima da escravidão e da injustiça. É isso que eu procuro fazer?
  • As advertências de Jesus para que os discípulos se apresentem sempre numa atitude de sobriedade e de despojamento significam, em primeiro lugar, que o discípulo nunca deve fazer dos bens materiais a sua prioridade fundamental. Se o discípulo estiver obcecado pelo “ter”, tornar-se-á escravo dos bens, acomodar-se-á e não terá espaço nem disponibilidade para se lançar na aventura do anúncio do Reino. Por outro lado, o discípulo que erige os bens materiais como a prioridade da sua vida sentirá sempre a tentação de se calar, de não incomodar os poderosos, a fim de preservar os seus interesses econômicos e os seus benefícios particulares.
  • As advertências de Jesus para que os discípulos se apresentem sempre numa atitude de sobriedade e de despojamento significam também o desapego das ideias e preconceitos, dos hábitos e costumes, das paixões e afetos que podem constituir um obstáculo para a missão de anunciar o Reino.
  • As palavras de Jesus recomendam ainda aos discípulos que atuam por um tempo prolongado num determinado lugar, a moderação e o agradecimento para com aqueles que os acolhem. Quem é recebido numa casa ou num lugar como hóspede, deve converter-se numa bênção para essa casa e comportar-se com sobriedade, equilíbrio e maturidade.
  • Com frequência os discípulos de Jesus têm de lidar com a oposição e a recusa da proposta que eles testemunham. É um facto que deve ser visto com normalidade e compreensão. No entanto, quando isto suceder, é missão dos discípulos alertar os implicados para a gravidade da recusa. Quem recusa as propostas de Deus, deve estar plenamente consciente de que está a perder oportunidades únicas e a afastar-se da sua realização plena, da vida verdadeira.

*LEIA AO LADO A REFLEXÃO NA ÍNTEGRA. CLIQUE NA PALAVRA- EVANGELHO DO DIA.