Que a Igreja e seu povo estejam em caminho no espaço e no tempo, em direção a novas fronteiras de cooperação entre consagrados e laicos, homens e mulheres, de acordo com a psicóloga e psicoterapeuta Chiara D'Urbano, é inegável, também por causa da redução do número de sacerdotes e religiosos que favoreceu o movimento de abertura, por parte de muitas realidades carismáticas, da suas próprias casas. O comentário é de Giacomo Galeazzi, jornalista, publicado por Vatican Insider, 04-08-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.

As histórias de vocações ficaram sobrecarregadas por um longo tempo, na opinião de Chiara D'Urbano, por uma linguagem e um estilo de acompanhamento que as distanciou dos dinamismos humanos e, especialmente, do bem-estar da pessoa, como se a "chamada" de Deus estivesse em competição com seus desejos mais profundos.

Se Deus e o homem desejam a mesma coisa é possível considerar uma vocação como um processo espiritual e psicológico juntos, que exige pressupostos de um e do outro "lado". As duas dimensões, de fato, embora sejam autônomas, têm correspondências entre si e não há realização de fé onde faltam os pressupostos psicológicos para a vida que está começando a ser realizada.

A intuição espiritual deve ser sustentada, adverte Chiara D'Urbano, por uma estrutura psicológica adequada e uma não pode existir sem a outra.

A análise dos processos psicológicos que sustentam uma escolha sacerdotal ou de vida em comum - como nasce, como se desenvolve, como amadurece ou como trava - tem vários objetivos: reduzir os mitos que cercam a vocação, refletir sobre a vida em comum no terceiro milênio (ainda faz sentido?) e finalmente reunir vocação e felicidade.

Os argumentos que Chiara D'Urbano selecionou no livro "Per sempre o finchè dura(Para sempre ou enquanto dura)", são o resultado, explica Antonio Panfili no prefácio da obra, "de uma sólida experiência, adquirida através de seus estudos na Pontifícia Universidade Gregoriana, da considerável experiência adquirida ao longo do tempo, através do ensino e de encontros de formação em vários seminários e congregações religiosas, e principalmente da extensa atividade clínica que transparece na forma intensa com que enfrenta as diversas temáticas."

Panfili compartilha a "perspectiva calma e encorajadora com que Chiara D'Urbanoescreve sobre o caminho que, como ela esboçou, não reduz a vocação apenas a dinâmicas psicológicas ou apresentação de pessoas sem defeitos; ao contrário, o ser humano é visto como uma unidade, por isso pensar que seja possível cuidar apenas do aspecto mais específico da fé, como se o resto viesse como consequência, significaria não olhar forma completa e realista o ser humano”.

A autora há muitos anos aproxima na formação e no acompanhamento psicoterapêutico, os percursos individuais daqueles que escolhem dedicar-se a Deus pelo ministério, pastoral, vida comunitária, o compromisso com o apostolado ou com a missão, e aqueles de sua realidade de pertencimento.

Chiara D'Urbano é perita dos Tribunais do Vicariato de Roma, colabora na pesquisa e no ensino com o instituto de ensino superior sobre a mulher da Universidade Pontifícia Regina Apostolorum. Para o site da editora Città Nuovaassina uma coluna on-line sobre a vida em comum e cuida de um blog sobre a vida consagrada. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br