Muçulmanos, judeus, mulheres, homossexuais, índios, negros, estrangeiros e pobres: em ensaio de 2005, Eduardo Galeano discorre sobre as diferentes faces do Demônio, descritas pela antítese de cada um desses 'anjos do mal'.

O Demônio é judeu

A colossal carnificina organizada por Hitler culminou uma longa história de perseguição e humilhação.

Hitler não inventou nada. Há mil anos, os judeus são os imperdoáveis assassinos de Jesus e os culpados de todas as culpas.

O Demônio é mulher

“Toda a bruxaria provém da luxúria carnal, que nas mulheres é insaciável”.

O livro Malleus Maleficarum, também chamado O martelo das bruxas, recomenda o mais ímpio exorcismo contra o demônio que tem seios e cabelos compridos.

O Demônio é homossexual

Desde 1446, os homossexuais iam para a fogueira em Portugal. Desde 1497 eram queimados vivos na Espanha. O fogo era o destino merecido pelos filhos do inferno, que surgiam do fogo.

O Demônio é índio

Os conquistadores cumpriram a missão de devolver a Deus o ouro, a prata e outras várias riquezas que o Demônio havia usurpado.

O Demônio é negro.

Supunha-se que a leitura da Bíblia podia facilitar a viagem dos africanos do inferno para o paraíso, mas a Europa esqueceu de ensiná-los a ler.

O Demônio é estrangeiro

O imigrante está disponível para ser acusado como responsável pelo desemprego, a queda do salário, a insegurança pública e outras temíveis desgraças.

O Demônio é pobre

Os bens de poucos sofrem a ameaça dos males de muitos. Se lambem enquanto você come, espiam enquanto você dorme: os pobres espreitam...

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