Roma, 08 de junho de 2016

 

Caríssimos irmãos e irmãs da Igreja diocesana de Cajazeiras,

Saúdo-vos com a graça, a paz e a misericórdia de Cristo Servo e Pastor!

Dirijo-me a todos vós, caríssimos irmãos e irmãs que formais esta significativa porção do Povo de Deus presente no vasto território da Diocese de Cajazeiras. Chego até vós como um frade Carmelita, irmão vosso na fé e na esperança, que sem mérito algum, foi chamado por Deus para caminhar convosco como bispo e pastor. Peço-vos humildemente para entrar em vossas casas e em vossos corações e começar a fazer parte de vossas vidas e da história centenária desta fecunda Igreja Particular.

O Papa Francisco foi porta-voz deste novo chamado que, como um turbilhão, mudou radicalmente o rumo da minha vida. Procurei responder com humildade e de coração aberto, abandonando-me nas mãos d’Aquele que me escolheu com misericordiosa liberdade, suplicando a assistência de sua graça para me acompanhe nesta nova etapa da minha existência. Tenho consciência de que, como toda vocação, esta, também se funda unicamente na gratuidade e na bondade de Deus que escolhe instrumentos frágeis para continuar realizando na história o seu desígnio de amor e salvação. Somente Ele que nos chamou pode nos capacitar para missão e levar à perfeição em nós a obra por Ele começada (cfr. Fil 1, 6).

Não obstante a minha pequenez e as minhas fragilidades, encontro forças para abraçar sem reservas esta nova missão na certeza de que não estou sozinho e que a Igreja se faz visível e dinâmica na história através da comunhão e complementaridade entre todos os membros do Corpo Místico de Cristo, na variedade dos dons com os quais o Espirito Divino cumula todo o Povo de Deus. Estarei entre vós e convosco como “aquele que serve” (Lc 22, 27), caminhando junto com tantos outros irmãos e irmãs, discípulos e discípulas do Senhor, que fazem de suas vidas um dom a serviço de Cristo e de sua Igreja. Creio firmemente que a fidelidade e a disponibilidade a viver e comunicar com simplicidade a alegria do Evangelho, em espírito de efetiva comunhão, é uma potente força de testemunho que dá credibilidade à ação evangelizadora da comunidade eclesial.

Asseguro-vos que desde o momento da minha escolha, já vos trago em meus pensamentos e nas minhas orações. Meus sentimentos, ainda em tumulto, começam a orientar-se para a nova missão que me foi confiada. Sinto que o meu coração agora vos

pertence e que, de hoje em diante, estarei indissoluvelmente unido a todos vós pelo vínculo da caridade pastoral, para a qual oriento todas as minhas forças.

Um motivo pelo qual tenho a ousadia de afirmar que “já me sinto em casa”, mesmo se ainda não vos conheço face a face, é o fato de compartilharmos a mesma origem: somos filhos e filhas deste vasto sertão sofrido onde homens e mulheres caminham animados e sustentados por uma fé simples e corajosa, testemunham quotidianamente o que significa viver “esperando contra toda a esperança” e escrevem uma história de superação que nos confere uma identidade particular que a todos enche de “santo orgulho”. Nestes rincões do nosso sertão, a semente do Evangelho encontrou terra boa para crescer e frutificar e a Igreja fincou raízes profundas, transformando-se em um componente de nossa identidade cultural que não pode ser ignorado. Este é um dom precioso que faz parte de nossa herança e de nossa missão comum e que deve ser custodiado, renovado e transmitido com a mesma coragem e integridade dos nossos pais na fé.

Em espírito de fraterna comunhão, dirijo a minha afetuosa saudação a todos os responsáveis pelo dinamismo da vida da Igreja Diocesana: sacerdotes, seminaristas, religiosos e religiosas, agentes de pastorais, famílias, crianças e jovens, vocacionados, animadores de comunidades, catequistas, ministros, coordenadores de movimentos e associações, voluntários, missionários e cada cristão batizado membro de nossas paróquias e comunidades que, em razão do seu batismo, foi transformado em pedra viva para a construção da Igreja. Abraço-vos e vos acolho em meu coração, encorajando-vos a prosseguirem íntegros no vosso caminho, radicados no essencial, como servidores e testemunhas do Evangelho, em atitude de fidelidade dinâmica e criativa à missão que cada um recebeu do Senhor.

Cumprimento todas as autoridades constituídas e os responsáveis pela sociedade civil dos vários municípios que integram o vasto território de nossa Igreja diocesana. Asseguro-vos a nossa colaboração para a promoção e defesa da dignidade da vida humana, da solidariedade, da paz, da justiça e da salvaguarda do ambiente, nossa “casa comum”.

Como um “noviço” que começa a dar os primeiros passos para responder com fidelidade ao chamado de Deus, conto com a experiência, o apoio e a fraternidade dos irmãos no episcopado, em particular daqueles que formam a Província Eclesiástica da Paraíba e o Regional Nordeste II da CNBB.

Uno-me à Igreja Diocesana em sua ação de graças pela vida e a missão de Dom José Gonzáles que me precedeu no pastoreio da Diocese. A Mons. Agripino Ferreira que guiou a Igreja em oração durante o período de “sede vacante”, desde já, o nosso sincero agradecimento. A comunhão que nos une como discípulos e ministros do Senhor nos dá a certeza e a garantia da continuidade de uma obra que não é nossa. Nosso

compromisso é de agir sempre como “cooperadores de Deus”, a serviço de sua Igreja, conscientes de que um é o que planta, outro o que rega, porém é Deus quem faz crescer (cfr. 1Cor 3,7).

Saúdo com caridade paterna os membros mais frágeis do Corpo de Cristo: anciãos e enfermos, pobres, aflitos, encarcerados e todos os que sofrem, prediletos ao coração de Jesus Bom Pastor. Agradeço pelo dom e pelo testemunho de vossas vidas, vividas em comunhão com os sofrimentos de Cristo e vos animo a sentirem-se membros ativos na construção da Igreja, sobretudo através da comunhão com todos aqueles que, como vós, participam na paixão redentora de Jesus. Não vos faltará a solidariedade, o acolhimento, a amizade e a assistência dos vossos irmãos e irmãs na fé.

Convido-vos a continuarmos em oração, a exemplo da primeira comunidade cristã reunida à espera do Espírito Santo. Deixemo-nos guiar pelo olhar materno da Virgem Mãe da Piedade, a “serva fiel do Senhor”, em quem contemplamos, como em perfeita imagem, o que desejamos e esperamos ser na Igreja (cfr. SC 103). Que ela nos ensine a discernir os sinais destes nossos tempos e a caminhar juntos, radicados na verdade e na caridade, e nos acompanhe sustentando os nossos esforços, enquanto enfrentamos os desafios e escrevemos mais uma página da história de nossa Diocese.

Com anseio de ver-vos e abraçar-vos em breve, confio-me às vossas orações e me abandono nas mãos d’Aquele que me chamou, suplicando-lhe que, com sua graça santificante, ele me modele dia após dia como pastor segundo o seu coração, para servir-vos com solicitude, integridade, lealdade, paciência e entranhas de misericórdia.

Nas hábeis mãos do operário São José, patrono da Igreja, coloco a minha vida, meu ministério de pastor e toda a Igreja Diocesana, confiando na sua intercessão e guia.

Com paterna afeição, envio a todos a minha bênção.

+ Frei Francisco de Sales Alencar Batista, O. Carm.

Fonte: http://diocajazeiras.com.br