Claudio Considera

A surpreendente onda de frio dos últimos dias – que chegou até a cidades quentes, como Goiânia, Cuiabá e Rio de Janeiro –, demonstrou, mais uma vez, como nossa desigualdade socioeconômica é cruel e crônica.

Multiplicaram-se vídeos de crianças de pés descalços e sem agasalhos, idosos em casas com portas e janelas precárias, grávidas tremendo de frio e fome.

Sem emprego nem salários, não há comida, roupas quentes e muito menos moradias dignas para enfrentar queda de temperaturas. Além disso, o consumo dos pobres e de classe média baixa, a maior parte da população, nunca foi considerado mercado prioritário por aqui. Na maioria das vezes, pagamos caro por produtos de má qualidade.

Se o desequilíbrio ambiental nos obrigar a conviver com extremos de calor e de frio, a desigualdade ficará muito pior. A solidariedade ajuda, é claro, e há muitos bons exemplos disso.
Mas o que resolveria mesmo seria uma mudança estrutural que gerasse trabalho e renda, ainda longe de nosso horizonte como nação. https://oglobo.globo.com