Vítimas das chuvas, mãe e filhos precisam tomar remédio controlado e lidar com traumas no RS
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Casos de estresse pós-traumático são diagnosticados em meio à maior tragédia climática do Estado
Jessica com os filhos Maria Eduarda e Henrique em abrigo na Paróquia São Martinho, em Porto Alegre Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO
Por Paula Ferreira
ENVIADA ESPECIAL A PORTO ALEGRE - “Aqui não vai alagar, se Deus quiser!” A exclamação de Maria Eduarda Garcia, de 6 anos, é uma amostra da herança deixada pelas chuvas às mães atingidas pela tragédia: o trauma gerado em milhares de crianças resgatadas das águas que inundaram o Rio Grande do Sul. Na manhã deste domingo, 12, Maria Eduarda dormia nos braços da mãe, Jessica Garcia, de 33 anos, em um abrigo específico para mulheres em Porto Alegre, antes da conversa com a reportagem do Estadão.
Desde a semana passada, quando precisaram pular do segundo andar da casa em um bote de resgate, Jessica e os dois filhos, Maria Eduarda e Henrique, de 12 anos, precisam tomar remédio para dormir. A medicação foi receitada por psiquiatras do abrigo onde estavam, que diagnosticou o estado de estresse pós-traumático em toda família.
“Deram remédio, porque a sensação é que tu fecha o olho e parece que aquela água está vindo para cima de ti, que você vai morrer afogada”, narrou Jessica.
A família morava na Vila dos Farrapos, em Porto Alegre, e perdeu tudo, inclusive a gata de estimação. Mia morreu afogada, o que, segundo Jessica, abalou ainda mais os filhos. No colo da mãe, usando um vestido de princesa, Maria Eduarda observa atenta a conversa sobre o dia que marcou de tristeza sua memória. Ao lado dela, Henrique, com a perna engessada, fruto de uma queda no abrigo em que estavam anteriormente, abraça a mãe.
“A minha filha teve crise epilética e de choro. Ela está bem depressiva”, lamenta.Jessica decidiu mudar de um abrigo misto para um específico para mulheres e crianças após ouvir histórias sobre estupros e violência nesses locais. A prefeitura criou os abrigos femininos após a prisão de seis pessoas suspeitas de cometerem crimes sexuais nesses locais.
No abrigo da Paróquia São Martinho, as famílias ficam em quartos separados e com banheiro próprio. No local, é permitida a presença de meninos de 12 anos acompanhados das mães. No espaço pequeno, com quatro camas e uma janela com vista para a chuva incessante que cai sobre Porto Alegre, Jessica consegue ter alegria na simples constatação de ter seus filhos perto. “Meu presente é esse aí: estar com eles”, diz emocionada, após contar à reportagem que perdeu tudo.
A manicure conta que a população não foi alertada por autoridades a respeito do risco de inundação. De acordo com ela, não houve sirenes nem avisos para que a população do local deixasse suas casas. Na manhã deste domingo, enquanto o prefeito do município, Sebastião Melo (MDB), visitava o abrigo da Paróquia São Martinho, Jessica não quis nem sair do quarto. Ela conta que o bairro onde mora já vinha sofrendo há algum tempo com as chuvas.
“Já estamos acostumados com a perda, infelizmente. Não é bom acostumar. Primeiro, a água chegou na canela, depois, no joelho, e foi subindo. Assim, a gente sofre com enchente há anos. Todo anos a gente perde alguma coisa”, relata.
Após perder tudo na enchente, Jessica agora precisa lidar com o trauma junto com os seus filhos. Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO
A duas portas do quarto de Jessica, a baiana Maria Lídia Oliveira organiza o pequeno espaço que se tornou sua casa e tenta lavar algumas roupas no banheiro. Desempregada, ela se mudou para Porto Alegre há cerca de um ano e recebeu sua filha em casa apenas alguns dias antes da catástrofe. Maria Ísis, de 9 anos, estava com a avó na Bahia até que a mãe conseguisse se estabilizar. O sonho da estabilidade não resistiu às águas do Guaíba, e mãe e filha foram resgatadas por um bote levando consigo apenas a roupa do corpo e a mochila com os materiais escolares da menina, que nem teve a oportunidade de começar a estudar na nova cidade.
Maria conseguiu salvar a família, porque acordou por acaso às 3h da manhã e viu que a água já estava bem alta. Ao seu redor, alguns vizinhos ainda resistiam em deixar suas casa. Ela conta que temeu pela vida da filha e quis sair para garantir que a tragédia não fosse ainda maior. “As pessoas esquecem que o mais precioso é a vida, porque enquanto há vida há esperança”, afirmou.
Ao longo da conversa, a fé de Maria era visível nas palavras. A resignação de quem precisa mais uma vez recomeçar fez com que ela não pensasse duas vezes antes de mudar de abrigo, quando a escola na qual estava alojada começou a desmontar a estrutura. Ainda que para isso tivesse de ficar em um lugar diferente do marido, coisa que tem impedido muitas mulheres de irem para os alojamentos exclusivos, a mulher pegou a mochila da filha e buscou o novo destino. Ao Estadão contou que a filha quer ser médica e, convicta, apesar de todas as dificuldades do caminho, sentenciou: “Não há sonho impossível, se Deus deu poder de a gente sonhar, é porque a gente pode realizar.”
Ao lado da mãe, a serenidade da criança intimida. Na beira da cama, Maria Ísis lia um salmo cujas palavras talvez ainda sejam difíceis demais para sua idade, e a mensagem de gratidão diante das adversidades ainda mais complexa para a compreensão de alguém tão pequena: “Tudo quanto tem fôlego louve ao senhor”. Fonte: https://www.estadao.com.br
Jovem reencontra a mãe e os irmãos após resgate em enchente na Capital
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Isaías conseguiu rever a mãe neste Dia das Mães, depois de quase 9 dias sem notícias da família
Isaías de Brito chorou ao reencontrar a mãe depois de quase 9 dias sem contato.
Vitória Miranda
Neste Dia das Mães, um encontro especial emocionou voluntários e abrigados de um dos 162 abrigos temporários da Capital. Isaías Brito de Lima, de 21 anos, estava há 9 dias sem notícias da família após ter sido resgatado da enchente que tomou a casa onde ele morava, no bairro Humaitá, em Porto Alegre. Isaías, a mãe, o padrasto e os irmãos de 5, 6 e 12 anos pediram socorro no telhado de casa até serem encontrados pelos bombeiros militares. No resgate, porém, eles foram separados. Isaías foi encaminhado para o abrigo temporário na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), na zona sul da Capital, e o restante da família foi levado para um abrigo no CTG Chaleira Preta, em Gravataí.
O jovem chegou no abrigo da AABB no final de semana do dia 4. Desde aquele momento, ficou sem comunicação com a família. Foi então que ele pediu ajuda para a delegada da Polícia Civil, Alice Fernandes, que estava realizando uma visita no abrigo. Segundo Fernandes, a Polícia Civil tem realizado rondas em todos os abrigos para averiguar a situação dos abrigados e tem atendido casos como esse. De acordo com o site da Defesa Civil, já foram 13 reencontros proporcionados pela Polícia Civil até o momento.
“Fiquei agarrada em uma enxada, chorando e pedindo para Deus que não me levasse porque eu tenho meus filhos, tenho filhos pequenos ainda. Tenho o Isaías que mora comigo e meu esposo que depende de mim. Fiquei a noite toda de sábado para domingo na água segurando uma enxada, mas isso me ajudou”, contou Ângela Catarina, 50 anos, sobre os momentos antes do resgate.
O marido de Ângela tem um problema de saúde que afeta as pernas e depende de muletas, o que agravou a preocupação durante o resgate.
O reencontro entre Isaías e a mãe, neste Dia das Mães, foi possível graças a uma pesquisa feita pelos agentes do setor de inteligência do Departamento Estadual de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV), da Polícia Civil, com base nas listas enviadas pelos abrigos. Assim, o sistema da Polícia Civil constatou que um jovem de 21 anos estava em um abrigo na cidade de Porto Alegre, enquanto o restante da família estavam abrigados na cidade de Gravataí.
A família perdeu todos os pertences na enchente. O estabelecimento comercial da mãe e do padrasto, situado no mesmo bairro, também foi completamente alagado. Agora, Ângela Catarina e toda a família vão deixar o abrigo temporário. Eles serão acolhidos na casa do genro, Paulo Antônio Vargas dos Santos, que é representante comercial de calçados e reside no bairro Belém Velho.
Santos relatou que fez uma campanha de arrecadação de roupas para a família de Ângela, com a ajuda de diversos familiares. Segundo o representante comercial, ele mesmo tratou de comprar um colchão e arrecadou doações de roupa de cama e peças de roupas para abrigar as crianças e o casal na casa dele.
“Eu sou forte, tenho que cuidar dos meus filhos. Sempre consegui me levantar e vou conseguir de novo”, relatou Ângela Catarina, que já trabalhou vendendo bala nas ruas para sustentar os filhos e havia construído sua casa e o bar com esforço nos últimos 6 anos.
O abrigo da AABB foi aberto no dia 4 de maio e atualmente tem 91 abrigados, sendo 37 mulheres e 17 crianças, a maioria resgatados do bairro Humaitá. O abrigo temporário foi criado pelo clube privado e possui apoio de voluntários da associação, funcionários e pessoas da comunidade.
No momento, o abrigo está distribuindo excedentes de doações, portanto não há falta de donativos. A AABB também recebe voluntários ou não voluntários da área da saúde, incluindo enfermeiros e psicólogos. “Existe uma equipe de saúde completa de voluntários, médicos, pediatras, psiquiatra, dentista, fisioterapeuta, assistente social, psicóloga, enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionista”, afirmou uma das coordenadoras do abrigo. Fonte: https://www.correiodopovo.com.br
Socorro aos gaúchos é o desafio de uma geração
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Não se trata de prestar assistência aos moradores de um bairro ou de uma cidade. É um Estado praticamente inteiro que precisa que o País lhe estenda as mãos para recobrar o prumo
O Brasil está diante de um desafio inaudito em sua história recente: reconstruir uma unidade inteira da Federação, destruída como se tivesse passado por uma guerra. A tragédia climática e humanitária que se abateu sobre o Rio Grande do Sul paralisou a vida de milhões de nossos concidadãos em nada menos que 428 dos 497 municípios gaúchos. Não se trata, portanto, da prestação de socorro pontual aos moradores de um determinado bairro, região ou mesmo de uma cidade, o que já seria delicado. É um Estado, com seus cerca de 11 milhões de habitantes, que agora depende que o País lhe estenda as mãos para recobrar o prumo.
É fundamental que a sociedade tenha a exata compreensão da faina sem precedentes que se avizinha. Será o desafio de uma geração – não de gaúchos, mas de brasileiros.
Embora ainda não sejam plenamente conhecidos, os sacrifícios e as escolhas que precisarão ser feitos para o sucesso do apoio material de que os gaúchos necessitam não serão triviais. O governo federal, por exemplo, anunciou há poucos dias um pacote de medidas de socorro ao Rio Grande do Sul no valor de R$ 50,9 bilhões. Numa primeira estimativa, o governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB), calculou que R$ 19 bilhões serão necessários para bancar a reconstrução. Por sua vez, especialistas ouvidos pelo Estadão estimam que os trabalhos não custarão menos que R$ 90 bilhões.
Essa expressiva disparidade entre os números retrata muito bem o ineditismo de uma adversidade dessa dimensão. Hoje, com muitas cidades gaúchas ainda debaixo d’água, não é possível nem sequer identificar todos os danos causados pelas enchentes, que dirá quantificar prejuízos e estimar investimentos necessários para que os cidadãos afetados possam voltar a viver, no mínimo, em condições próximas das que viviam antes que a primeira gota de chuva virasse do avesso a realidade conhecida por eles até então. Tamanha incerteza deve ensejar um preparo para que a gravidade do problema seja ainda maior do que agora está circunscrito apenas à imaginação.
Para começar, não se pode perder de vista que se está tratando da reconstrução de um Estado que representa, sozinho, cerca de 6% do PIB nacional, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Portanto, quanto mais coesa for a aliança pela recuperação do Rio Grande do Sul, mais rápida ela será e, consequentemente, menor será o baque econômico para o Brasil como um todo.
O Estado é um dos mais importantes produtores agropecuários do País, contribuindo muitíssimo para o sucesso do segmento mais pujante da economia brasileira. Ajudar o Rio Grande do Sul, que já seria um imperativo moral, ainda se desvela como uma ação estratégica para o Brasil.
Guardadas as devidas proporções, os desdobramentos das enchentes no Rio Grande do Sul representarão para o Brasil, por muitos anos à frente, o que o furacão Katrina representou não só para a Louisiana, mas para todos os Estados Unidos. Até hoje, passados quase 20 anos, os americanos ainda lidam com consequências da tragédia que devastou Nova Orleans e outras cidades de pelo menos três Estados (Louisiana, Alabama e Mississippi).
Muitos americanos que se veem até hoje desabrigados ou desalojados, a ponto de compor uma rota de êxodo interno incessante pelos Estados Unidos, ainda estão tentando reconstruir suas vidas. Não é improvável que no Rio Grande do Sul um fenômeno semelhante venha a ser observado.
A sociedade precisa ter consciência de que anos muito difíceis virão. Reerguer o Rio Grande do Sul e amparar seu povo não será a missão principal e exclusiva dos atuais governos estadual e federal, mas dos próximos dois ou três. Essa perspectiva, antes de assustar, deve servir de estímulo para que a coragem, a tenacidade e a união do País floresçam nesta hora grave. Há motivos para acreditar nisso.
Quando o resgate de um simples cavalo captura os corações e mentes dos brasileiros, tem-se a esperança de que a recuperação do Rio Grande do Sul, que certamente será custosa, lenta e muito trabalhosa, ao fim será bem-sucedida. Fonte: https://www.estadao.com.br
Aumenta para 126 o número de mortes provocadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul
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Mais de 330 mil pessoas estão desalojadas.
Foto: Marinha do Brasil
Por Redação O Sul | 10 de maio de 2024
Aumentou para 126 o número de mortes provocadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, de acordo com balanço divulgado na noite desta sexta-feira (10) pela Defesa Civil Estadual.
Pelo menos 141 pessoas estão desaparecidas e 756 ficaram feridas. Mais de 400 mil encontram-se desalojadas ou desabrigadas.
No total, 441 municípios do Estado registraram danos em razão dos temporais dos últimos dias. Conforme o boletim da Defesa Civil, mais de 1,95 milhão de pessoas foram afetadas pelas cheias que assolam o RS.
Municípios afetados: 441
Pessoas em abrigos: 71.409
Desalojados: 339.928
Afetados: 1.951.402
Feridos: 756
Desaparecidos: 141
Óbitos confirmados: 126
Pessoas resgatadas: 70.863
Animais resgatados: 9.984
Efetivo: 27.218
Viaturas: 3.466
Aeronaves: 41
Embarcações: 340
Rios às 17h
Lago Guaíba – Porto Alegre – 4,71 metros
Rio dos Sinos – São Leopoldo – 5,98 metros
Rio Gravataí – Passo das Canoas – 5,85 metros
Rio Taquari – Muçum – 4,84 metros
Rio Caí – Feliz – 3,39 metros
Rio Uruguai – Uruguaiana – 11,92 metros (nível de inundação 8,50)
Lagoa dos Patos (Laranjal) – 2,48 metros-dados 07h 10/05 (nível de inundação 1,30)
Energia elétrica, água e telefonia
CEEE Equatorial: Não informado;
RGE Sul: 151.700 pontos sem energia elétrica (4,9% do total de clientes);
Corsan: 315.234 clientes sem abastecimento de água (11% do total de clientes);
Tim: 3 municípios sem serviços de telefonia e internet;
Vivo: 20 municípios sem serviços de telefonia e internet;
Claro: serviço normalizado.
Panorama nas escolas estaduais
Dados das escolas afetadas (danificadas, servindo de abrigo, com problemas de transporte, com problema de acesso e outros):
1.024 escolas
242 municípios
29 CREs
354.500 estudantes impactados
526 escolas danificadas com 215.433 estudantes matriculados
84 escolas servindo de abrigo
Retomada das aulas
CREs que já retomaram as aulas: Uruguaiana (10ª); Osório (11ª); Erechim (15ª); Palmeira das Missões (20ª); Três Passos (21ª); São Luiz Gonzaga (32ª); São Borja (35ª) e Ijuí (36ª); Caxias do Sul (4ª), Santa Cruz do Sul (6ª), Passo Fundo (7ª), Santa Maria (8ª), Cruz Alta (9ª), Bagé (13ª), Santo Angelo (14ª), Bento Gonçalves (16ª), Santa Rosa (17ª); Santana do Livramento (19ª); Vacaria (23ª); Soledade (25ª) e Carazinho (39ª).
CREs com aulas suspensas até sexta-feira (10/5): Pelotas (5ª) e Rio Grande (18ª).
CREs sem previsão de retomada: Porto Alegre (1ª ), São Leopoldo (2ª), Estrela (3ª), Guaíba (12ª), Cachoeira do Sul (24ª) e Canoas (27ª) Gravataí (28).
Alertas
Para aumentar o nível de prevenção, as pessoas podem se cadastrar para receberem os alertas meteorológicos da Defesa Civil estadual. Para isso, é necessário enviar o CEP da localidade por SMS para o número 40199. Em seguida, uma confirmação é enviada, tornando o número disponível para receber as informações sempre que elas forem divulgadas.
Também é possível se cadastrar via aplicativo Whatsapp. Para ter acesso ao serviço, é necessário se registrar pelo telefone (61) 2034-4611. Em seguida, é preciso interagir com o robô de atendimento enviando um simples “Oi”. Após a primeira interação, o usuário pode compartilhar sua localização atual ou qualquer outra do seu interesse para, dessa forma, receber as mensagens que serão encaminhadas pela Defesa Civil estadual. Fonte: https://www.osul.com.br
LIÇÕES E SOLIDARIEDADE
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Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
A catástrofe climática no Rio Grande do Sul, assustadoramente triste, tem força de alerta para a sociedade que, mais uma vez, está chocada. Os cenários são impactantes por sua extensão e proporções. As imagens se congelam no horizonte, tal o peso da catástrofe humanitária, motivando solidária reação nacional: um aceno para novas perguntas e oportunidade para nova postura cidadã, que exige um estilo de vida fruto de lições a serem aprendidas e, mais ainda, praticadas.
A solidariedade como mobilização, gerando atitudes de partilhas entre cidadãos, com forte incidência nas responsabilidades da esfera governamental, é a prática que faz sedimentar a aprendizagem destas novas e imprescindíveis lições. Oportuna, pois, é a pergunta sobre o que acontece na Casa Comum. Não é uma simples repetição de interrogações ou narrativas sobre o tema, ou de uma pressuposição que pode levar ao pensamento de que já se sabe o suficiente e, até mesmo, que no âmbito das impostações sobre o meio ambiente, já se esgotou tudo, não sendo mais necessário retornar a estes temas.
Fecundados pela rede de solidariedade é hora de avançar na aprendizagem de lições capazes de amparar o comprometimento cidadão. O que está acontecendo na Casa Comum é uma interrogação com propriedade para alavancar posturas éticas e sustentáveis. É hora de se estabelecer um adequado processo de conscientização, por exemplo, no entendimento sobre o aquecimento global, sua relação com catástrofes ambientais, apontando parâmetros para um novo estilo de vida.
Há de se avançar, ainda mais celeremente, numa crescente sensibilização e conhecimento a respeito das questões ambientais, tratadas conforme os largos e lúcidos parâmetros da ecologia integral. Há de crescer uma sincera sensibilidade sobre a situação do nosso planeta. O passivo das reparações, desenhando cenários de solidariedades, deve instigar o conjunto da sociedade para este compromisso, por meio de legislações e práticas corretivas.
Como afirma o Papa Francisco, no capítulo primeiro de sua Carta Encíclica Laudato Si’: “o objetivo não é recolher informações ou satisfazer a nossa curiosidade, mas tomar dolorosa consciência, ousar transformar em sofrimento pessoal aquilo que acontece no mundo e, assim, reconhecer a contribuição de cada um.” No verso dos cenários catastróficos, há de se reencontrar a lição preciosa pelo reconhecimento da natureza como um livro esplêndido, ensinamento perene de São Francisco de Assis, por meio do qual Deus fala e transmite algo de sua beleza e bondade.
O mundo não é tão somente um problema a resolver, mas uma oportunidade constante de contemplação e de comprometimento com novas ações solidárias assumidas como estilo de vida, proporcionando a urgente conquista de equilíbrio ecológico. A lição da catástrofe do Rio Grande do Sul, sem perder a referência amarga de tantas outras, é um convite urgente a renovar o diálogo, com inteligência e boa vontade para efetivar propostas e compromissos a respeito do modo como se está construindo o futuro do planeta.
A iluminação que vem da solidariedade, da comoção nacional, somada à exigência de comprometida e efetiva ação governamental, célere e menos burocrática, técnica e exemplar, impulsione o debate que diz respeito ao conjunto da sociedade, porque o desafio ambiental e suas raízes humanas afetam a todos. Ainda, lamentavelmente, constata-se desinteresse cidadão pela temática, considerando-a como uma pauta simplesmente de esferas político-partidárias, distanciando o indivíduo comum de sua corresponsabilidade e urgência de fazer sua esta pertinente pauta ambiental.
As catástrofes e tragédias ambientais são um convite, doloroso, sobre o desafio de aprender e exercitar a proteção à Casa Comum, incluindo a busca pelo desenvolvimento sustentável e integral. Volta a ser forte o apelo para que todos se empenhem na colaboração da construção da Casa Comum, inspirados sempre pelo vigor e exemplaridade daqueles que lutam, cotidianamente, para reverter as consequências das dramáticas degradações ambientais, afetados e comprometidos, particularmente com a vida dos mais pobres.
Não se pode pensar o futuro sem enfrentar o sofrimento das pessoas e a atual grave crise do meio ambiente. Não se pode correr o risco de pensar que a pauta ecológica tenha se esgotado para cidadãos comuns e em muitas instâncias e segmentos, especialmente governamentais e educativos. O desinteresse pela pauta da ecologia integral fortalece a recusa dos poderosos na implantação de novas dinâmicas sustentáveis, incidindo sobre legislações e interpretações empobrecidas e incapazes de criar um novo cenário, facilitando possíveis novas tragédias e catástrofes, mesmo aquelas silenciosas, perpetuando cenários vergonhosos de pobreza, fazendo valer a lógica cega e perversa do mercado.
A solidariedade praticada e o exemplo de governanças, para além de interesses político-partidários, é um horizonte que deve impulsionar o interesse de todos por conhecimento técnico e científico, suficientes para fomentar novas posturas. A terra, Casa Comum de todos, tem se transformado em um grande depósito de lixo. Paisagens maravilhosas de outrora são cenários de degradações, que têm produzido efeitos irreversíveis na saúde das pessoas.
É urgente socializar o conhecimento sobre o funcionamento dos ecossistemas naturais, como caminho educativo na superação da biodegradação. Também, aprender e assumir posturas adequadas a respeito do clima como bem comum, essencial à vida humana. A prática da solidariedade na consideração de emergências e urgências, seja agora a convicção de um novo estilo de vida, como combate ao aquecimento climático. A dolorosa catástrofe no Rio Grande do Sul, assim como outras tragédias da história recente, a exemplo de Brumadinho e Mariana, fecundem pela solidariedade a aprendizagem de novas lições e práticas no horizonte do desenvolvimento integral e sustentável. Fonte: https://www.cnbb.org.br
A lição e a dor que vêm do Sul
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O País tem uma chance agora de se adaptar às mudanças climáticas, de trabalhar a resiliência de suas cidades e de considerar que o perigo não vem apenas do céu
Por Fernando Gabeira
Cada vez que enfrentamos eventos extremos como os que atingem o Rio Grande do Sul, sempre nos perguntamos se a mudança não virá agora, se não vamos aprender as lições que as mudanças climáticas nos oferecem ou se não vamos romper os diques do negacionismo que impedem a ação transformadora.
Ninguém pode ter a pretensão de saber todas as respostas para o novo tempo. Mas é preciso começar humildemente por reconhecer que é loucura continuar fazendo a mesma coisa e esperar resultados diferentes.
Passado o momento da emergência e de salvar vidas, proteger as pessoas atingidas e restabelecer serviços essenciais como água e luz, será preciso discutir a reconstrução e, simultaneamente, através dela, inspirar as medidas preventivas em outros pontos do País.
É senso comum afirmar que precisaremos de recursos. Mas antes de pensar nos recursos seria necessário refletir sobre a maneira como os distribuímos.
O Congresso detém grande parte do Orçamento e a distribui em emendas parlamentares. O presidente da Câmara, Arthur Lira, argumenta que esse é o caminho correto pois só parlamentares em contato com suas bases conhecem as necessidades municipais.
Contesto essa tese porque pensar em termos exclusivamente municipais não dá conta da complexidade de muitos problemas, principalmente o de adaptação às mudanças climáticas.
O Lago Guaíba, por exemplo, é alimentado por quatro rios: Gravataí, Jacuí, Caí e Sinos, Não adianta pensar apenas em termos locais. Há alguns anos, criamos um instrumento de gestão para cuidar disso, o Comitê de Bacia. Ele é essencial não só para tratar do abastecimento da água e dirimir conflitos dele decorrentes, mas também para planejar uma defesa adequada às inundações.
Embora os Comitês de Bacia ainda estejam longe de cumprir seu potencial, em alguns lugares o planejamento esbarra sobretudo em planos de desenvolvimento municipal isolados da realidade da bacia hidrográfica.
De nada adianta construir um grande esquema de drenagem rio acima e despejar toda a água em vizinhos despreparados, para dar apenas um exemplo.
Sistemas de diques e drenagem não funcionaram bem em Porto Alegre. Algumas construções em outras cidades metropolitanas datam da década de 1960, quando ainda não se falava muito em aquecimento global.
Segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), o índice de chuvas na Região Sul do Brasil cresce há 60 anos e está sendo impulsionado pelo aquecimento global. Mas isso é difícil de demonstrar, principalmente em áreas tão desconfiadas sobre mudanças climáticas, como alguns setores do agro.
De fato, não se demonstram com facilidade nem o aquecimento nem seus efeitos. Porto Alegre teve uma grande inundação há 83 anos, em 1941. Não seria apenas a repetição daquele desastre?
Acontece que o Rio Grande do Sul foi atingido por grandes chuvas na primeira semana de setembro do ano passado. Tudo indica que estamos diante de outra situação, que alguns chamam de novo normal.
Tudo isso acontece num ano de eleições. As cidades trocarão prefeitos e vereadores. Todos terão de pensar num novo planejamento urbano, todos terão de colocar as preocupações ambientais no topo da agenda, uma vez que tornaram-se uma questão de sobrevivência.
É preciso ressaltar a grande força da inércia, a forte tendência de tudo ficar como está, sobretudo quando passam os momentos mais graves.
Dessa vez, há algo que ficará no horizonte por algum tempo. O processo de reconstrução do Rio Grande do Sul não se fará da noite para o dia. Não são apenas algumas estruturas que precisam ser revistas. Parece que até a localização de algumas
Caiu muita água. Não é possível esquecer rápido nem pura e simplesmente destinar dinheiro para reconstrução sem refletir sobre o novo tempo, sem otimizar com uma análise detalhada o uso desse dinheiro.
Todo o País tem uma chance agora de se adaptar às mudanças climáticas, de trabalhar a resiliência de suas cidades e de considerar também que o perigo não vem apenas do céu e que grande parte de suas regiões litorâneas serão atingidas pelo aumento do nível do mar.
Trabalhei num pequeno documentário intitulado O Avanço do Mar, percorrendo praias já destruídas, como a de Atafona, no Estado do Rio, e outras ameaçadas em Pernambuco e Santa Catarina.
Concluí que o título era inadequado. Ainda não se tratava propriamente do avanço do mar. Passei a chamá-lo de A Resposta do Mar, cujo território foi invadido pela especulação imobiliária.
Mas foi possível imaginar o que nos espera quando o mar avançar de fato e nos colher em nossa indiferença ao derretimento das geleiras, que começou há muito tempo.
Talvez o mundo da política institucional não se dê conta da rapidez necessária de tantas mudanças. Mas a sociedade sim terá um papel essencial, cobrando dos seus governantes e tomando algumas iniciativas que não dependem deles. Meninos e meninas que ainda estão na escola já começam a saber do que se trata, e certamente serão decisivos.
*JORNALISTA Fonte: https://www.estadao.com.br
Defesa Civil divulga relação com os nomes de 89 dos 107 mortos pelas cheias no RS
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Tragédia no Estado também contabiliza 136 desaparecidos e mais de 1,4 milhão de pessoas afetadas no Rio Grande do Sul
Força das águas já deixou 107 mortos e 136 desaparecidos no Estado | Foto: Prefeitura de Caxias do Sul / Divulgação / CP
09/05/2024 | 16:18
Correio do Povo
A Defesa Civil divulgou nessa quinta-feira a lista dos nomes dos mortos nas cheias do RS. De acordo com os números divulgados às 12h13min, são 107 óbitos, além de mais um caso em investigação, ainda sem a confirmação de que esteja relacionado às chuvas no Estado.
A força das águas no Rio Grande do Sul já deixou também 374 feridos e 136 desaparecidos. O número total de desalojados é de 165.112 e o de pessoas afetadas pelos eventos climáticos no Estado é de 1.482.006, com 428 municípios envolvidos. Ainda de acordo com a nota oficial, há 67.563 pessoas em abrigos.
A lista, por nome, dos óbitos até o momento pode ser conferida abaixo – há ainda 18 pessoas não identificadas.
- ADEMIR JAEHN MASCYEJEWSKI
- ADRIANA TRINDADE DE OLIVEIRA
- ALEXSANSER JUNIOR DA SILVA
- ALZEMAR FOSTER
- ANDRIGO OLIVEIRA DE AVILA
- ARIEL SOARES DE OLIVEIRA
- ARTEMIO COBALCHINI
- ATANÁCIO WALMOR FUCHS
- AVELINO MARCHIORI
- BEATRIZ ERTHAL
- BERNADETE MARQUES DA SILVA
- CARLOS GAIESKI DE ARAÚJO MACHADO
- CARLOS WOLFART
- CAROLINA SILVEIRA LOPES
- CATHARINA RIZARDO BELLE
- CELI FUCHS
- CELOMAR AVILA DE OLIVEIRA
- CLECI BERGENTHAL
- DELCIO BERGENTHAL
- DELMAR WALDOMIRO SANDER
- DIRCEU MILANI
- EDNA NEVES FERREIRA
- ELISA BUCCO TOMASI
- ELIZANE MEDIANEIRA MILANI BUSS
- EMILY ULGUIN DA ROCHA
- ENEIDA VARGAS
- ENPIDIO CAPRA
- EVA MARCHIORI
- GLADIS ELISABETH DA SILVA
- HELGA SUSANA HEIN
- HELIO HEIN
- ILO ANTONIO MARIA
- IVONETE MARIA COBALCHINI
- JARVES DA SILVA
- JEISEL LUAN DRANDINE DE MATOS
- JOÃO ARLINDO GREGORY
- JOAO CARLOS ERTHAL
- JOÃO NELIO SILVA BARBOSA
- JOÃO PEDRO DUARTE VIEIRIA
- JOCEMAR ZIMMERMANN BRANCHINE
- JOSÉ ADAIR OLIVEIRA
- JOSE ALZEMIRO DE MORAES
- JOSEMAR EDUARDO LEMOS DIAS
- JOSIANE MACHADO
- JOSIANI CAROLINI DA SILVA
- JUAN FALCON BARRIOS
- JULIA IZÉ
- JULIO ANTONIO MARIA
- KAÍQUE ANDRIEL LUDVIG SANTOS
- KAUANE DE ARAÚJO MACHADO
- LEANDRO FORTES CARVALHO
- LIANE ULGUIN DA ROCHA
- LOTHAR SCHMITT
- LUCIA RAMOS CHRISTILLINO
- LUIZ CARLOS SCHUTKOVSKI
- MARCO ANTONIO PETTER
- MARIA CONCEIÇÃO COELHO
- MARINA DE BRITO DE MORAES
- MÁRIO JOSÉ FORTI
- MARIO RENATO DA SILVA
- MATEUS PEREIRA
- MATEUS TANSANI
- MATILDE VERONICA ZIMMERMANN
- MELÂNIA NEUMANN
- MIGUEL EDUARDO DE OLIVEIRA DIAS
- NELSON SCHAFFER
- NITIELE LUDVIG
- NOELI DA ROSA DUARTE
- OLANDINA ANNA BARTZ
- OLIDE PIERINA BRONDANI
- OLINDO LOPES
- ONÉRCIO GIOVANE SILVEIRA FARIAS
- ONORE SCHEFFER BAUER
- ORLANDO DA SILVA
- PALOMA MELLO DA SILVA
- PRISCILO
- REJANE MARIA VIEIRA
- RODRIGO CAGOL
- RODRIGO DE ÁVILA NUNES
- RODRIGO LUIS PEREIRA
- RUDIMAR BRANCHINE
- SANTINO SILVA DOS SANTOS
- SAYANE ISABELLE DA SILVA
- SÉRGIO AUGUSTO FERNANDES DOS ANJOS
- SILVANE SOARES
- SILVIO ANTÔNIO PELLICIOLI
- VALERIA MARIA GREGORY
- VILMAR ENAR LOZADO
- WAGNER OLIVEIRA. Fonte: www.correiodopovo.com.br
Telejornais querem fazer crer que chuva é única culpada por tragédia no RS
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Cobertura do Jornal Nacional direto de Porto Alegre despolitiza o drama e bajula militares em busca de uma união nacional
William Bonner apresenta o JN de Porto Alegre - Reprodução/Globo
Jornalista e crítico de TV, autor de "Topa Tudo por Dinheiro". É mestre em sociologia pela USP.
Grandes tragédias, como a que está ocorrendo no Rio Grande do Sul, têm o poder de mudar a natureza da cobertura jornalística na televisão e transformá-la em um evento cívico.
São momentos raros em que o esforço de informar se confunde com o desejo de ajudar e a compaixão com as vítimas fala mais alto do que a objetividade esperada do jornalismo.
Coberturas desse tipo também têm o efeito de reforçar a imagem dos canais de TV como solidários com quem está sofrendo com a tragédia, além de angariar audiência, que é uma motivação permanente do negócio.
Lançada em junho de 1965, a Globo considera que a cobertura extensa e dedicada que fez das enchentes que atingiram o Rio em janeiro de 1966 foi fundamental para o seu posicionamento no mercado de televisão.
"Com a cobertura da enchente, a Globo, que desde a estreia apresentava baixos índices de audiência, conquistou o Rio de Janeiro. Ao se transformar na voz que lutava pela recuperação da cidade, a emissora ganhou de vez a simpatia da população carioca, conseguindo um espaço até então dividido pela TV Tupi, a TV Rio e a TV Excelsior", diz o site da emissora.
Esse caso é uma espécie de mito fundador da Globo e explica por que, nesta semana, a emissora se penitenciou em público por demorar a investir pesadamente na cobertura das enchentes no Rio Grande do Sul. Na segunda-feira, o apresentador William Bonner, vestindo uma camiseta preta, em vez do tradicional terno, apresentou o Jornal Nacional de Porto Alegre.
Suas primeiras palavras foram de justificativa. "A partir de hoje, o desastre que os brasileiros viram se avolumando desde a semana passada no Rio Grande do Sul passa a ser apresentado pelo JN aqui, onde os fatos estão se desenrolando. Porque, ao contrário de outras tragédias climáticas que já testemunhamos, essa, ao longo dos dias, foi piorando, em vez de melhorar", disse Bonner.
Ainda no domingo, segundo informações que obtive, o jornalismo da emissora já estava se mobilizando para incrementar a cobertura, mas o espectador não viu esse esforço. O que se assistiu foi uma edição do Fantástico engessada, dominada pela cobertura festiva do show de Madonna, num tom incômodo para quem esperava um olhar mais aprofundado sobre o que ocorria no Sul.
A cobertura da emissora carioca nestes últimos dias tem dado ênfase aos gestos individuais de solidariedade, que sempre produzem forte apelo emocional, e transmitido um olhar bajulador para o papel de forças militares no salvamento de vítimas.
Em nome de algo maior, que é o fator humano da tragédia, a Globo está deixando praticamente submerso o aspecto político dos fatos. A culpa não é só da chuva. Há responsabilidades em muitos níveis pelo que está acontecendo, e apontá-las é papel importante do trabalho jornalístico.
A despolitização do drama parece ter como objetivo colocar a cobertura numa posição de "trabalho de união nacional", o que soa artificial e injusto.
Record, Band e SBT, ainda que com menos recursos, também estão com dedicação total de seus departamentos de jornalismo ao drama no Rio Grande do Sul.
Do que eu fui capaz de assistir nestes últimos dias, lamento a exploração sensacionalista que o programa policial Tá na Hora, do SBT, fez de um caso isolado de autuação de caminhões que traziam doações de Santa Catarina.
Todas as emissoras investiram recursos e deslocaram jornalistas experientes para o centro dos acontecimentos. Alguém poderá dizer que não fizeram mais do que a obrigação. Verdade. Mas, neste momento de crise do setor, reafirmam a importância da TV aberta no país. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Tragédia não pode ensejar irresponsabilidade
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É justo que as dívidas do RS com a União sejam suspensas neste momento, mas o Senado não pode aproveitar a catástrofe para articular moratória dos débitos de outros Estados
Tragédia climática no Rio Grande do Sul
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), afirmou ser impossível exigir do Rio Grande do Sul que mantenha em dia o pagamento de suas dívidas com a União em meio à tragédia que acomete o Estado. Devastado pelas chuvas, o Estado pediu ao governo a suspensão da parcela mensal e dos encargos financeiros da dívida durante a reconstrução – algo que, segundo o governo gaúcho, somaria R$ 3,5 bilhões anuais. Trata-se de um pleito razoável ante o caos que tomou conta do Rio Grande do Sul.
É verdade que o governador Eduardo Leite já pedia condições mais vantajosas para pagar as dívidas antes mesmo do desastre, mas é inegável que o contexto com o qual o Estado trabalhava mudou drasticamente desde a semana passada. Uma demanda que antes soava inoportuna se tornou plenamente justificável agora que mais da metade dos municípios gaúchos foi severamente afetada pelas inundações.
Milhares de pessoas estão desalojadas ou em abrigos, 130 estão desaparecidas e há, pelo menos, 90 mortes confirmadas. À destruição da infraestrutura de serviços públicos essenciais que dificulta a chegada de mantimentos, soma-se o banditismo daqueles que se aproveitam da calamidade para saquear residências e comércios, em um verdadeiro cenário de guerra.
O pior é que a crise, infelizmente, está muito longe do fim. As enchentes que ainda acometem boa parte da região metropolitana de Porto Alegre podem afetar, muito em breve, municípios localizados na região sul do Estado, para onde a água deve fluir nos próximos dias e semanas.
Elaborado muito antes da catástrofe climática, o plano por meio do qual o governo gaúcho aderiu ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) impõe desembolsos mensais pesados, com os quais o Estado não tem a menor condição de arcar neste momento, e muitas restrições à obtenção de financiamentos, contratação de funcionários, realização de obras e autorização para gastos emergenciais.
Não será possível reconstruir o Estado sem que essas vedações sejam temporariamente levantadas, o que não dispensa a necessidade de fiscalização rigorosa da execução dessas despesas para garantir que o dinheiro chegue aonde precisa chegar. Dito isso, a tragédia gaúcha tampouco pode ser usada para articular um descarado perdão – mais um – a Estados que se converteram em devedores contumazes. Há, no entanto, alguns indícios de que essa via infame pode estar em vias de construção.
Ao participar ontem de um seminário sobre o programa Juros por Educação, por meio do qual o governo federal pretende exigir investimentos no ensino público dos Estados beneficiados pela renegociação, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que alguns precisam de um “olhar especial” em razão de fragilidades graves. Além do Rio Grande do Sul, Ceron mencionou os casos de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Ele ponderou, no entanto, que esse processo requer cuidado para “não repetir os erros do passado”.
Coincidências não existem. Também ontem, o senador Rodrigo Pacheco disse ter se reunido com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir o que ele considera ser “o maior problema federativo” do País atualmente. Segundo Pacheco, a Fazenda estaria comprometida com a elaboração de uma solução para o caso específico do Rio Grande do Sul.
Uma proposta “estruturante” para os demais Estados, no entanto, não seria apresentada pelo governo, mas pelo Senado – provavelmente pelo próprio Pacheco. A ideia seria criar um formato que garanta prazos e indexadores mais favoráveis ao pagamento das dívidas dos demais Estados sem que seja preciso aderir ao RRF, que impõe contrapartidas como a limitação de despesas com pessoal e a privatização de estatais.
Não é preciso ser um profeta para imaginar que essa proposta tem tudo para ser uma temeridade que custará caro à União. Pacheco, afinal, é pré-candidato ao governo do Estado em 2026 e parte mais do que interessada no acordo mais vantajoso possível para o encalacrado Estado de Minas Gerais. Não deveria ser necessário dizer que tragédias não podem se converter em oportunidade para perdoar a irresponsabilidade fiscal. Fonte: https://www.estadao.com.br
Aumenta para 95 o número de mortes provocadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul
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Foto: Igreja Matriz de Eldorado do Sul
Por Redação O Sul | 7 de maio de 2024
Aumentou para 95 o número de mortes provocadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, de acordo com balanço divulgado na noite desta terça-feira (7) pela Defesa Civil Estadual.
Pelo menos 131 pessoas estão desaparecidas e 372 ficaram feridas. Mais de 200 mil pessoas encontram-se desalojadas ou desabrigadas.
No total, 401 municípios do Estado registraram danos em razão dos temporais dos últimos dias. Conforme o boletim da Defesa Civil, mais de 1,4 milhão de pessoas foram afetadas pelas cheias que assolam o RS.
Confira o boletim completo
Municípios afetados: 401
Pessoas em abrigos: 48.799
Desalojados: 159.036
Afetados: 1.443.950
Feridos: 372
Desaparecidos: 131
Óbitos: 95
Óbitos em investigação: 4
Relação de óbitos por cidade
Bento Gonçalves (6)
Boa Vista do Sul (2)
Bom Princípio (1)
Canela (2)
Canoas (3)
Capela de Santana (1)
Capitão (2)
Caxias do Sul (5)
Cruzeiro do Sul (8)
Encantado (2)
Esteio (1)
Farroupilha (1)
General Câmara (1)
Forquetinha (2)
Gramado (7)
Itaara (1)
Lajeado (5)
Montenegro (1)
Pantano Grande (1)
Paverama (2)
Pinhal Grande (1)
Porto Alegre (3)
Putinga (1)
Roca Sales (2)
Salvador do Sul (2)
Santa Cruz do Sul (2)
Santa Maria (5)
São João do Polêsine (1)
São Leopoldo (1)
São Vendelino (2)
Segredo (1)
Serafina Corrêa (2)
Silveira Martins (1)
Sinimbu (1)
Sobradinho (1)
Taquara (2)
Três Coroas (3)
Vale do Sol (1)
Venâncio Aires (3)
Vera Cruz (1)
Veranópolis (5)
Óbitos em investigação: 4
Caxias do Sul (1)
Pinhal Grande (1)
Santa Maria (1)
Três Coroas (1)
Energia elétrica, água e telefonia
CEEE Equatorial: 221.326 pontos sem energia elétrica (12,3% do total de clientes);
RGE Sul: 233,6 mil pontos sem energia elétrica (7,6% do total de clientes);
Corsan: 606.744 clientes sem abastecimento de água (21% do total);
Tim: 16 municípios sem serviços de telefonia e internet;
Vivo: 35 municípios sem serviços de telefonia e internet;
Claro: 6 municípios sem serviços de telefonia e internet.
Panorama nas escolas estaduais
Dados das escolas afetadas (danificadas, servindo de abrigo, com problemas de transporte, com problema de acesso e outros):
855 escolas
228 municípios
28 Coordenadorias Regionais de Educação (CRE)
293.594 estudantes impactados
421 escolas danificadas
68 escolas servindo de abrigo
Retomada das aulas
CREs que retomaram as aulas na terça-feira (7): Uruguaiana (10ª); Osório (11ª); Erechim (15ª); Palmeira das Missões (20ª); Três Passos (21ª); São Luiz Gonzaga (32ª); São Borja (35ª) e Ijuí (36ª); Caxias do Sul (4ª), Pelotas (5ª) Santa Cruz do Sul (6ª), Passo Fundo (7ª), Santa Maria (8ª), Cruz Alta (9ª), Bagé (13ª), Santo Ângelo (14ª), Bento Gonçalves (16ª), Santa Rosa (17ª); Rio Grande (18ª); Santana do Livramento (19ª); Vacaria (23ª); Soledade (25ª) e Carazinho (39ª).
CREs sem previsão de retomada: Porto Alegre (1ª ), São Leopoldo (2ª), Estrela (3ª), Guaíba (12ª), Cachoeira do Sul (24ª), Canoas (27ª) e Gravataí (28ª). Alguns municípios da região de Pelotas e de Rio Grande não tiveram aulas hoje e não terão amanhã devido à situação dos dois municípios. Fonte: https://www.osul.com.br
Tragédia no Sul: Mortos sobem para 90; afetados passam de 1 mi
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Tragédia no Sul: Mortos sobem para 90; afetados passam de 1 mi
Chuvas atingiram mais da metade dos municípios do estado e há 132 desaparecidos, segundo governo gaúcho
SÃO PAULO
O Rio Grande do Sul chegou, nesta terça-feira (7), à marca de 90 mortes em decorrência das fortes chuvas que atingiram a região ao longo da última semana. Ao todo, 1,4 milhões de pessoas foram afetadas pela tragédia da região.
O número de mortos pode aumentar ainda mais nos próximos dias, pois há um total de 131 desaparecidos, além de 362 feridos. Também há 4 óbitos em investigação.
De acordo com a Defesa Civil, há 48.297 desabrigados, instalados em alojamentos cedidos pelo poder público, e 156.056 desalojados.
Do total de 497 municípios do estado gaúcho, 388 foram afetados pelas fortes chuvas da região.
As aulas foram suspensas nas 2.338 escolas da rede estadual e mais de 273 mil alunos foram impactados. Um total de 386 escolas tiveram sua estrutura danificada pela chuva. Até o momento, 790 escolas foram afetadas, 388 danificadas e 52 escolas servem de abrigo.
A tragédia tem sido comparada ao furacão Katrina, que em 2005 destruiu a região metropolitana de Nova Orleans, na Lousiana (EUA), atingiu outros quatro estados norte-americanos e causou mais de mil mortes.
Profissionais de saúde apontam semelhanças entre as duas tragédias, como falta de prevenção de desastres naturais e inexistência de uma coordenação centralizada de decisões. Colapso nos hospitais, dificuldade de equipes de saúde chegarem aos locais de trabalho e desabastecimento de medicamentos e outros insumos são outras semelhanças apontadas.
SITUAÇÃO NO RS APÓS AS CHUVAS
90 mortes
131 desaparecidos
362 feridos
1.408.993 pessoas afetadas
48.297 desabrigados (quem teve a casa destruída e precisa de abrigo do poder público) 156.056 desalojados (quem teve que deixar sua casa, temporária ou definitivamente, e não precisa necessariamente de um abrigo público –pode ter ido para casa de parentes, por exemplo)
Na noite desta segunda-feira, o governo do Rio Grande do Sul para o risco de enchentes nos municípios localizados às margens da Lagoa dos Patos.
A água que inundou Porto Alegre e causa transtornos na região metropolitana desce pela lagoa em direção ao mar, o que pode acontecer rapidamente ou de forma mais lenta, dependendo da direção do vento.
O risco é agravado devido à frente fria que chega à região sul do estado e provoca chuva e queda de temperatura nesta semana, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
A previsão é que, nesta semana, a temperatura caia no Rio Grande do Sul. A partir de quarta-feira, a expectativa é da chegada de uma frente fria na região.
Em algumas regiões do estado os termômetro podem marcar mínimas de 10°C, o que pode causar ou agravar a hipotermia das pessoas que ainda não conseguiram ser resgatadas e estão em locais sem acesso a abrigo e alimentos.
A Defesa Civil gaúcha esclarece que está recebendo doações na Central Logística, localizada na avenida Joaquim Porto Villanova, 101, bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre. Entre os itens necessários, estão colchões (novos ou em bom estado), roupa de cama, roupa de banho, cobertores, água potável, ração animal, cestas básicas fechadas e fraldas infantis e geriátricas.
Porém, não estão sendo recebidos roupas e calçados, medicamentos e móveis e utensílios domésticos.
As chuvas que devastaram cidades do Rio Grande do Sul também chegaram a Santa Catarina e ao Paraná, causando outras três mortes. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
A tragédia que comove o País
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Ante o imperativo da solidariedade, brasileiros deixam diferenças de lado e unem esforços para ajudar o Rio Grande do Sul, abatido por uma catástrofe climática e humana sem precedentes
Não há precedentes para a tragédia que se abate sobre o Rio Grande do Sul desde a semana passada. Por esse motivo, também não pode ter precedentes a ajuda que o País deve dar aos gaúchos. Felizmente, a resposta tanto do poder público quanto dos muitos brasileiros anônimos que fizeram doações e se juntaram ao esforço para socorrer os desabrigados mostra que, ante o imperativo da solidariedade, não há diferenças insuperáveis. Ainda somos um único Brasil.
Em dez dias, choveu o equivalente a três meses de precipitações, segundo o governo do Estado. Regiões que nunca haviam sido consideradas áreas de risco rapidamente foram invadidas pela água.
A infraestrutura do Estado foi devastada e deixou várias cidades do interior e da região metropolitana de Porto Alegre completamente ilhadas. Pontes interditadas, estradas bloqueadas e o principal aeroporto fechado por tempo indeterminado dificultam a chegada de ajuda, o trabalho de voluntários e o envio de mantimentos básicos.
Cerca de 885 mil imóveis estão sem abastecimento de água e mais de 443 mil estão sem energia elétrica, a maioria nos arredores de Porto Alegre. Algumas regiões podem permanecer inabitáveis por semanas ou até meses até que seja possível apurar a extensão dos estragos e reconstruir a infraestrutura de serviços públicos essenciais.
Num cenário como esse, seria especialmente cruel atribuir a dimensão da catástrofe a uma suposta má gestão estadual, como alguns oportunistas estão tentando fazer. É evidente que todos os governos são, de um jeito ou de outro, responsáveis pelo que acontece na região que administram, mas claramente estamos diante de um evento climático que surpreenderia até o mais precavido dos gestores. Por isso, não se trata de uma questão meramente orçamentária ou de descaso da Defesa Civil.
As enchentes que ocorreram no ano passado tampouco podem servir de referência. Todo o sistema de proteção foi projetado com base nos estragos causados por uma enchente em 1941, até então a maior da história. Ainda que possa haver problemas de manutenção das comportas, o volume de água que chegou ao Lago Guaíba superou a cota de inundações em mais de dois metros.
A ida do presidente Lula da Silva ao Estado, acompanhado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad; dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas; além do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), demonstra que as autoridades compreenderam a gravidade do quadro, que tende a piorar antes de começar a melhorar.
A situação é absolutamente excepcional e requer, portanto, medidas também excepcionais. O gabinete de crise do governo federal para lidar com a tragédia precisa contar com autonomia para garantir as ações de socorro em uma primeira etapa. A declaração de estado de calamidade pública é essencial para que os recursos públicos cheguem com a celeridade que a situação requer, contrariando o padrão moroso que se repete a cada desastre humanitário.
Como disse o governador gaúcho, Eduardo Leite, o Estado precisará de um amplo plano de reconstrução, a exemplo do Plano Marshall, que financiou a recuperação da Europa no pós-guerra. Não é momento para apontar culpados e transformar esse cenário de destruição em palanque político, mas de direcionar verba federal e de emendas parlamentares para salvar o Estado e autorizar um orçamento de guerra para enfrentar o caos.
Diante das restrições fiscais do Rio Grande do Sul, é preciso flexibilizar as limitações para gastar seus próprios recursos e acessar financiamentos naquele que é possivelmente o pior momento de sua história – o que não é o caso de outros Estados que buscam obter a moratória de suas dívidas. Os prefeitos também precisam ter segurança para contratar obras emergenciais às vésperas das eleições municipais.
Nada disso dispensa a necessidade de fiscalização rigorosa sobre o uso do dinheiro, que não pode se perder em ações dispensáveis. Ou seja, mais do que nunca, é preciso organização e liderança – pois solidariedade, neste país, há de sobra. Fonte: https://www.estadao.com.br
Mantimentos são entregues por helicóptero para famílias ilhadas em Eldorado do Sul
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Mutirão é feito por agentes de segurança e voluntários no estacionamento da Havan de Guaíba
Helicópteros levam mantimentos a locais ilhados em Eldorado do Sul a partir do estacionamento da Havan de Guaíba | Foto: Ricardo Giusti
Uma força-tarefa realizada no estacionamento de uma loja da rede catarinense Havan em Guaíba está permitindo que mantimentos sejam entregues via aérea para moradores que estão ilhados em Eldorado do Sul e região. Além dos donativos, aeronaves do Exército Brasileiro utilizam o local para realizar operações de resgate. Nas entregas de mantimentos, helicópteros do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais e da Polícia Militar de São Paulo auxiliam na força-tarefa.
A Havan de Guaíba também se tornou local de triagem dos mantimentos que são entregues para os ilhados. No espaço, os donativos são organizados em carrinhos da loja até serem levados para dentro das aeronaves. O relato é de que o trabalho é feito com muita agilidade. No momento em que estes helicópteros descem para o estacionamento, os carrinhos com mantimentos se aproximam para abastecer as aeronaves. Entre os principais itens entregues estão água, papel higiênico, alimentos não perecíveis, fraldas, roupas. Fonte: https://www.correiodopovo.com.br
Aumenta para 83 o número de mortes provocadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul
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No total, 345 municípios do Estado registraram danos em razão dos temporais dos últimos dias
Foto: Divulgação
Por Redação O Sul | 6 de maio de 2024
Aumentou para 83 o número de mortes provocadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, de acordo com balanço divulgado nesta segunda-feira (06) pela Defesa Civil. Pelos menos 111 pessoas estão desaparecidas e 291 ficaram feridas.
Quase 150 mil gaúchos estão desalojados ou desabrigados. No total, 364 municípios do Estado registraram danos em razão dos temporais dos últimos dias.
Os óbitos foram registrados nas seguintes cidades:
Bento Gonçalves (3)
Boa Vista do Sul (2)
Bom Princípio (1)
Canela (2)
Canoas (1)
Capela de Santana (1)
Capitão (1)
Caxias do Sul (5)
Cruzeiro do Sul (8)
Encantado (2)
Farroupilha (1)
Forquetinha (2)
Gramado (7)
Itaara (1)
Lajeado (5)
Montenegro (1)
Pantano Grande (1)
Paverama (2)
Pinhal Grande (1)Porto Alegre (2)
Putinga (1)
Roca Sales (2)
Salvador do Sul (2)
Santa Cruz do Sul (2)
Santa Maria (5)
São João do Polêsine (1)
São Leopoldo (1)
São Vendelino (2)
Segredo (1)
Serafina Corrêa (2)
Silveira Martins (1)
Sinimbu (1)
Taquara (2)
Três Coroas (1)
Vale do Sol (1)
Venâncio Aires (3)
Vera Cruz (1)
Veranópolis (5)
Fonte: https://www.osul.com.br
Temporais: aumenta para 62 o número de mortos, sendo que 7 ainda estão em investigação
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O Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública.
Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini
Por Redação O Sul | 4 de maio de 2024
Em balanço divulgado pela Defesa Civil do RS, às 18h, deste sábado (4), o número de mortes provocadas pelos temporais no Rio Grande do Sul chegou está em 62 (55 confirmadas e 7 em investigação). Pelo menos 74 pessoas estão desaparecidas e 74 ficaram feridas.
No total, 300 municípios gaúchos foram afetados pelas enchentes. Mais de 40 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas. O Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública.
Boletim das 18 h de sábado (4)
Municípios afetados: 300
Pessoas em abrigos: 9.581
Desalojados: 32.640
Afetados: 422.307
Feridos: 74
Desaparecidos: 74
Óbitos: 62 (destes, 7 estão em investigação)
Óbitos confirmados: 55
Bento Gonçalves (3), Boa Vista do Sul (2), Bom Princípio (1), Canela (2), Caxias do Sul (4), Encantado (1), Farroupilha (1), Forquetinha (2), Gramado (6), Itaara (1), Lajeado (1), Montenegro (1), Pantano Grande (1), Paverama (2), Pinhal Grande (1), Putinga (1), Salvador do Sul (2), Santa Cruz do Sul (3), Santa Maria (6), São João do Polêsine (1), São Vendelino (2), Segredo (1), Serafina Corrêa (2), Taquara (2), Três Coroas (1), Vale do Sol (1), Venâncio Aires (3) e Vera Cruz (1).
Óbitos em investigação: 7
Caxias do Sul (1), Pinhal Grande (1), Santa Cruz do Sul (1), Santa Maria (1) e Três Coroas (3). Fonte: https://www.osul.com.br
Aumenta para 39 o número de mortes provocadas pelos temporais no Rio Grande do Sul
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Grande do Sul decretou estado de calamidade pública
Foto: Agência Brasil
Por Redação O Sul | 3 de maio de 2024
Aumentou para 39 o número de mortes provocadas pelos temporais no Rio Grande do Sul, de acordo com balanço da Defesa Civil Estadual divulgado na tarde desta sexta-feira (3). Pelo menos 68 pessoas estão desaparecidas e 74 ficaram feridas.
Os óbitos foram registrados em Canela (2), Candelária (1), Caxias do Sul (1), Bento Gonçalves (1), Boa Vista do Sul (2) Paverama (2), Pantano Grande (1), Pinhal Grande (1), Putinga (1), Gramado (4), Itaara (1), Encantado (1), Salvador do Sul (2), Serafina Corrêa (2) Segredo (1), Santa Maria (2), Santa Cruz do Sul (4), São João do Polêsine (1), Silveira Martins (1), Vera Cruz (1), Taquara (2), São Vendelino (2)e Três Coroas (3).
No total, 265 municípios gaúchos foram afetados pelas enchentes. Mais de 32 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas. O Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública. Fonte: https://www.osul.com.br
1º de Maio esvaziado resulta de individualismo e até de igrejas, diz pesquisadora
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Para Andréia Galvão, crise do sindicalismo não é problema de comunicação, é de base, mas data se mantém importante
A cientista política Andréia Galvão, da Unicamp - Divulgação
SÃO PAULO
O público muito abaixo do esperado na comemoração do 1º de Maio das centrais sindicais sinaliza a distância da agenda dessas entidades das demandas dos trabalhadores.
Na avaliação da cientista política Andréia Galvão, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), movimentações políticas e questões ideológicas mexeram não apenas com o mundo do trabalho, mas com a subjetividade dos trabalhadores, e isso interfere no que eles consideram importante —uma disputa com frequência mais individual e menos coletiva.
Em relação ao esvaziamento do ato, diferentemente da queixa feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à comunicação, Galvão diz que a questão "não é exatamente um problema de divulgação". "Está mais ligada à dificuldade dos sindicatos de falarem com a base, e acho que isso tem várias razões."
"Os trabalhadores se tornam mais refratários à organização e à ação coletiva, ficam mais distantes do sindicato e apostam muito mais na capacidade de encontrar saídas individuais, ou a partir de movimentos sociais organizados em torno de outras identidades, além do apoio oferecido pelas igrejas e pela própria família", afirma.
Ainda assim, a pesquisadora diz considerar o 1º de Maio uma data fundamental, que precisa ser valorizada.
O ato das centrais sindicais no 1º de Maio deste ano foi visto como esvaziado, chegando a ser alvo de queixas do presidente Lula. O que esse esvaziamento diz sobre a capacidade de mobilização dos sindicatos?
Ele revela essa dificuldade de organização e de mobilização da base em torno da luta por direitos, em torno de pautas políticas.
Os atos do 1º de Maio estão sempre conformados em torno de questões mais gerais que as centrais sindicais têm na agenda e negociam periodicamente com o governo. Isso indica dificuldade muito grande de fazer com que essa agenda chegue e faça sentido aos trabalhadores.
Não é exatamente um problema de divulgação [como disse Lula]. Está mais ligada à dificuldade dos sindicatos de falarem com a base, e acho que isso tem várias razões.
Na discussão da regulamentação do trabalho mediado por aplicativos, a relação com os sindicatos gerou certa tensão. Por que esses trabalhadores são tão refratários ao modelo tradicional de representação? Por que além da dificuldade de mobilização, os sindicatos também despertam essa oposição?
Acho que tem vários fatores que se devem a mudanças nas condições e relações de trabalho nos últimos anos, relacionadas às formas de organização e gestão das empresas e às novas tecnologias.
O trabalho de plataforma é uma expressão disso, e a mudança na legislação desde a reforma trabalhista de 2017, com a introdução de novas formas de contratação, é outra.
O aumento da precarização dificulta a sindicalização. Ocupações precárias são muito frágeis do ponto de vista dos seus vínculos: a rotatividade é maior, a remuneração é menor, os níveis de qualificação são mais reduzidos, a informalidade e a própria ausência de vínculo de emprego são indicativos dessa precariedade.
Há ainda o contexto político e ideológico, porque vivemos um período de muita mudança política desde pelo menos 2015, e essas mudanças todas interferem na realidade do trabalho e na subjetividade de quem trabalha.
Outro fator a ser considerado é o impacto do neoliberalismo entre dirigentes sindicais e trabalhadores, porque essa ideologia desresponsabiliza o Estado da produção do bem-estar e transfere a responsabilidade ao indivíduo, que vai provê-la da maneira que puder.
Pode parecer estranho dizer que os dirigentes também são afetados por isso, mas eles descuidaram da defesa de direitos e passaram a priorizar as necessidades mais imediatas e individuais dos trabalhadores.
E os trabalhadores se tornam mais refratários à organização e à ação coletiva, ficam mais distantes do sindicato e apostam muito mais na capacidade de encontrar saídas individuais, ou a partir de movimentos sociais organizados em torno de outras identidades, além do apoio oferecido pelas igrejas e pela própria família.
A realidade desses trabalhadores, suas péssimas condições de trabalho e de vida, faz com que muitos deles, como os entregadores e motoristas de aplicativos, criem associações a partir de um movimento que vem da base, justamente porque eles não se sentem representados pelos sindicatos.
Eles têm condições de trabalho diferentes porque não têm vínculo de emprego nem direitos, e tendem a achar que os sindicatos só representam os trabalhadores formais, o que não é verdade. Não é que eles não se organizem, eles estão experimentando [outro modelo].
Questões como uberização, pejotização, empreendedorismo de necessidade. Como a crise dos sindicatos atravessa essas nuances do mundo do trabalho?
A crise dos sindicatos é atravessada por essas mudanças. O trabalho precário sempre foi muito presente no mercado de trabalho brasileiro, que é muito desestruturado, muito desigual. A taxa de informalidade sempre foi muito grande.
As novas modalidades de contratação vêm sendo usadas para substituir assalariados por trabalhadores contratados por serviço, que deixam de ter acesso a direitos e garantias que tinham enquanto empregados.
Essas fórmulas de contratação são muito usadas pelas empresas para burlar direitos e é uma prática difundida, mas há também o aspecto ideológico.
Os trabalhadores também vão se vendo nesse lugar por causa de uma propagação das vantagens de ser autônomo, de ser independente, empreendedor. Mas também pelas experiências que esses trabalhadores e trabalhadoras têm nos seus vínculos anteriores de trabalho.
Eles percebem que mesmo assalariados muitas vezes são trabalhos que não garantem todos os direitos, que são desrespeitados pelas empresas. Ou tem uma gestão muito despótica, rígida.
Tudo isso vai desestimulando o trabalhador em relação ao emprego assalariado, essas experiências que ele vai relacionar à carteira de trabalho, a ter CLT [Consolidação das Leis do Trabalho].
Com frequência, a questão da unicidade sindical volta a ser debatida. Na sua avaliação, essa questão tem papel no distanciamento e na capacidade dos sindicatos manterem representação?
Sou bastante crítica ao modelo sindical brasileiro. Com isso, não quero dizer que o sindicalismo não seja necessário, não seja importante, quero deixar isso bastante claro.
O sindicalismo atravessa dificuldades, mas isso não significa que esteja fadado ao desaparecimento. É uma instituição importantíssima para a democracia e para a melhoria das condições de trabalho e de vida.
Enquanto houver trabalho, haverá organização de resistência, por dentro e por fora dos sindicatos.
A unicidade sindical engessa a organização. A gente não tem liberdade de organização sindical no Brasil, porque a lei estabelece que só pode ter um sindicato por categoria profissional numa base territorial.
Isso faz com que os trabalhadores se desencantem, porque percebem que não conseguem mudar essa estrutura, não têm liberdade para se organizar da forma que poderiam.
A categoria profissional é outro limitador. Nossa legislação estabelece uma categoria profissional à qual aquele trabalhador tem que se vincular, ele não escolhe, e isso dificulta a ampliação ou fusão de sindicatos que poderiam representar categorias mais amplas.
Por exemplo, esse projeto dos motoristas de aplicativo estabelece uma categoria que é muito limitada. O projeto não obriga a sindicalização, e alguns estão entendendo que o projeto está obrigando, o que ele estabelece é uma categoria profissional que vai representar esses trabalhadores, e isso eles não podem escolher.
Essa organização na base da unicidade e da categoria profissional é muito restritiva, limitante, fator de insatisfação. Esse sindicatos específicos tendem a se fechar na representação dos seus, sem conseguir se articular para além da categoria.
A gente tem um número enorme de sindicatos no Brasil, mais de 11 mil, com muitos dirigentes e pouca base.
Nosso modelo de organização sindical é um modelo que favorece também esse distanciamento da base. E a redução da faixa de sindicalização que a gente vem observando ao longo dos últimos anos e essa dificuldade de atender ao apelo das centrais sindicais são uma expressão disso.
Diferentemente dos anteriores, o governo Lula é conhecido por ter boa relação com os sindicatos. Nessa discussão dos aplicativos, poderia haver uma confusão entre as duas figuras, a dos sindicatos e a do governo?
É possível, dada a proximidade entre o movimento sindical e os governos petistas. E acho que esse afastamento dos sindicatos de suas bases também tem relação com essa proximidade desde o primeiro mandato do Lula.
Talvez uma crença exagerada de que um governo aliado bastaria para resolver todos os problemas relativos ao mundo do trabalho.
Os sindicatos deixaram a formação política sindical no segundo plano e apostaram as suas fichas nos canais de interlocução que elas tinham com o Estado.
Com a crise, depois com as mudanças de governo, a capacidade do sindicalismo de mobilizar os setores amplos da classe trabalhadora em torno dessas pautas, como a defesa de direitos sociais e trabalhistas, mas também a defesa da própria democracia, foi se reduzindo ainda mais.
Andréia Galvão, 53
É graduada e doutora em Ciências Sociais e mestra em Ciência Política pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), onde é professora do Departamento de Ciência Política. Na instituição, pesquisa relações de trabalho e ação sindical. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Mortes pela chuva no RS sobem para 29 e desaparecidos chegam a 60; governo decreta calamidade
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Mortes pela chuva no RS sobem para 29 e desaparecidos chegam a 60; governo decreta calamidade
Pelo menos 203 cidades gaúchas foram atingidas pelos temporais. A previsão é de que a precipitação forte siga para Santa Catarina nos próximos dias
Por Redação
O total de mortes registradas pelos temporais no Rio Grande do Sul subiu para 29 na noite desta quinta-feira, 2, e o número de desaparecidos chegou a 60. A previsão é de que a precipitação forte siga para Santa Catarina nos próximos dias.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), declarou estado de calamidade pública após 203 municípios gaúchos terem sido afetados pelas chuvas intensas, pouco mais de 40% de todas as cidades do Estado. A medida foi publicada na noite de quarta-feira de feriado, 1º, em edição extraordinária do Diário Oficial.
Segundo o governador, este deve ser “o maior desastre” climático já enfrentado pelos gaúchos, e o Rio Taquari, um dos principais do Estado, atinge a maior elevação da história. Foram contabilizadas 71.306 pessoas afetadas, sendo 10.242 desalojadas, 4.645 abrigadas e 36 feridas.
Leite descreveu a situação como ”absurdamente excepcional” e que as chuvas que caem no Estado gaúcho provocará a “pior enchente já vista”, superando a do ano de 1941. Afirmou também que o temporal tem atrapalhado a ação de resgates e pediu à população que busque proteção, em locais afastados de áreas que possam sofrer com alagamentos de rios e deslizamentos de terra.
“É absolutamente impossível atender a todos os pedidos de resgate nas condições climáticas que a gente está vivendo”, afirmou. “Não conseguimos acessar todas as localidades. Sabemos de inundações, deslizamento e de pessoas que estão em locais inacessíveis”, afirmou. “Infelizmente, esse número (de 29 mortes) vai aumentar. São 60 desaparecidos registrados.”
De acordo com o balanço do governo, são 160 pontos de rodovias estaduais e federais bloqueadas e 160 pontos georreferenciados para efetuar algum resgate. Conforme apresentado pelo coronel Luciano Boeira, da Defesa Civil, 4,6 mil pessoas foram resgatadas e mais de 2,5 mil servidores atuam na busca de pessoas afetadas.
“A situação que estamos vivenciando é absurdamente excepcional. Não é só um caso crítico. É o mais crítico muito provavelmente que se tem registro na sua história. Por isso é muito importante que as pessoas busquem se proteger”, disse o governador Eduardo
Chuvas devem perder força só no domingo, diz meteorologista
Meteorologistas do governo alertaram, em live transmitida com Eduardo Leite, que os temporais volumosos devem continuar nesta sexta-feira e no fim de semana. A previsão é de um acúmulo de chuva de 200 mm, podendo ultrapassar os 250 mm, principalmente na região norte do Estado. A expectativa é que os temporais comecem a perder força somente no domingo.
“A instabilidade segue sobre o Estado do Rio Grande do Sul. Aquele canal de umidade que vem do norte do País vai continuar nos próximos dias”, disse a meteorologista Cátia Valente. “Nós temos volumes de chuva ainda muito elevados nas partes noroeste, norte gaúcho e o fluxo segue passando na região central do Estado, indo em direção à Serra, ao litoral norte, e também em Campos de Cima da Serra e toda a região dos vales”.
Leite afirmou que a atual situação é pior em relação às chuvas que acontecerem em setembro do ano passado, quando o Estado também foi castigado pelos temporais. “Vai ser pior que em outros momentos. Em setembro, choveu, mas no dia seguinte, a gente conseguia fazer o resgate”, disse na transmissão.
Em Porto Alegre, a expectativa é que o Rio Guaíba chegue a maior altura já registrada, superando o 4,73 metros registrados na enchente de 1941. Segundo o governador, há uma crescimento de 8 centímetros por hora das águas do rio, que se encontrava na altura de 3,37 metros até as 19h desta quinta. “Vai passar dos 4 metros nesta madrugada”, disse Leite.
Visita do presidente Lula
Nesta quinta-feira, 2, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajou para o Rio Grande do Sul, onde se reuniu com Leite. No encontro, como uma medida emergencial, ficou decidida a criação de uma Sala de Situação Integrada, sob coordenação do comandante militar do Sul, general Hertz Pires do Nascimento, para organizar as operações de resgate em todas as regiões atingidas.
O Rio Grande do Sul tem sofrido com uma série de eventos extremos nos últimos anos. Em setembro de 2023, ao menos 41 pessoas morreram após a passagem de um ciclone pelo Estado.
O decreto de calamidade, que seguirá vigente por 180 dias, estabelece que os órgãos e entidades da administração pública estadual devem prestar apoio imediato às áreas afetadas, em colaboração com a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil.
Além disso, o texto prevê a possibilidade de os municípios afetados pedirem auxílio semelhante, cujas solicitações serão avaliadas e homologadas pelo Estado, na tentativa de dar resposta mais ágil e coordenada diante da emergência. Fonte: https://www.estadao.com.br
Ônibus, pneus e barricadas são incendiados durante tiroteios em comunidades do Rio; chefe do tráfico é morto na Zona Norte
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Moradores afirmam que policiais militares e civis realizam operação na comunidade Vila Aliança, em Bangu, e no Morro da Primavera, na Zona Norte do Rio. Um dos chefes do Morro da Primavera foi morto, junto a um comparsa.
Tiroteio fecha unidades de saúde na Zona Oeste do Rio, e criminosos colocam fogo em barricadas — Foto: Reprodução
Por Thaís Espírito Santo, g1 Rio
Um ônibus, diversos pneus, barricadas e outros objetos foram incendiados durante tiroteios em comunidades das zonas Oeste e Norte do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (4).
Um dos chefes do Morro da Primavera, na Zona Norte, foi morto em confronto com policiais civis. Wellington de Souza Gouvêa, conhecido como Gaguinho, estava em prisão domiciliar desde 2021.
Na hora em que foi baleado, ele estava com um segurança, conhecido na região como Novinho. Eles chegaram a ser levados para um hospital, mas não resistiram.
A Rua Silva Vale, na mesma comunidade, foi fechada com pneus em chamas e um ônibus foi incendiado na Rua Enaldo dos Santos Araújo, em protesto à morte dos traficantes.
Por volta de 19h, mais tiros foram relatados e objetos incendiados na comunidade.
Na comunidade Vila Aliança, em Bangu, na Zona Oeste, diversas ruas foram bloqueadas por ônibus e caminhões que foram atravessados nas pistas pelos criminosos. A fumaça das barricadas em chamas eram vistas de longe.
Um fuzil foi apreendido por policiais militares do 14º BPM (Bangu). Três unidades de saúde foram fechadas pela segurança dos pacientes e funcionários. Outras duas tiveram parte do funcionamento afetado, como as visitas domiciliares.
Uma escola municipal foi impactada pela violência.
Nas duas comunidades, há a presença de policiais civis e militares - ambas são dominadas pela mesma facção de tráfico de drogas.
Não se sabe o motivo das incursões. Em Bangu, o tiroteio durou mais de uma hora e meia. A Avenida Taquaral e a Rua Augusto de Figueiredo, em Bangu, estavam bloqueadas.
A Polícia Militar informou que no Morro da Primavera atuou apenas para dispersar uma manifestação. As pessoas estariam tentando fechar uma rua e colocar fogo em objetos. O policiamento foi reforçado.
Já em Bangu, os agentes ainda atuam em apoio à Polícia Civil. Fonte: https://g1.globo.com
Saiba de quanto será o cachê de Madonna para cantar em Copacabana
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Documento passado ao governo do Rio detalha quanto a estrela POP irá receber pelo show
Por Nelson Lima Neto
No processo administrativo que tratou do patrocínio de R$ 10 milhões do governo do Estado do Rio para realização do show de Madonna na Praia de Copacabana, a produtora responsável pela apresentação detalhou os gastos previstos para trazer a americana para o Brasil.
Pois no documento consta, por exemplo, o cachê que Madonna receberá para se apresentar em terras cariocas, assim como o custo total da apresentação e outros detalhamentos. A previsão é de um gasto de R$ 59.908.437,50 para que o show aconteça de forma plena.
Já Madonna receberá R$ 17,075 milhões de cachê, segundo informado pela Bonus Track ao governo do Rio. O valor equivale a US$ 3,3 milhões, aplicada a cotação de ontem. A planilha foi enviada pela produtora, por e-mail, à direção da Funarj, responsável por financiar o patrocínio. Fonte: https://oglobo.globo.com
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