*Fraternità  Carmelitana  Pozzo di Gotto  -  1993.

1- A  "koinonia"  fraterna

            A Regra do Carmelo fala de fratres. É o nome novo que os seus destinatários recebem. Este nome indica uma nova qualidade de relacionamentos interpessoais e de impostação de vida na comunidade: o "nós" comunitário, ou se quiserem, "a comunidade" como sujeito protagonista. Vejamos em síntese os valores que exprime.

  1. a) A unanimidade. Indica o sentir comum e a convergência essencial sobre um projeto único de vida. É a base para o diálogo e o discernimento comunitário, sem personalismos e atitudes arbitrárias, geradoras de instabilidade.
  2. b) A reciprocidade. É a unanimidade considerada na sua forma mais amadurecida; exprime um relacionamento em diálogo intenso, que assume nos irmãos a forma da obediência recíproca em Cristo e do serviço recíproco na humildade.
  3. c) A condivisão. É a capacidade de desconcentrar-se da reivindicação do proprium, criador de divisão e antagonismos, a fim de orientar-se para a pobreza e a comunhão total de bens. A Regra delineia várias formas de condivisão: a mesa comum (c.4), a oração em comum (c.8), a condivisão dos bens de consumo (c.9), a celebração eucarística (c.10), a reunião semanal da comunidade (c.11).
  4. d) A relativização dos encargos institucionalizados. Os cargos estão presentes na comunidade(prior, ecônomo, presbíteros etc.), mas não são enfatizados. Realmente na Regra não somos levados a  pensar  na  distinção  entre  religiosos  irmãos  e religiosos presbíteros nem fica determinado quem deva presidir à reunião semanal da comunidade. É aqui que se revela, mais do que em outro lugar, o valor da comunidade como sujeito protagonista, a saber, a intenção de sublinhar que -_> a igualdade fundamental dos fratres vem antes de qualquer cargo e ministério. 
  5. e) A atenção para com a pessoa. A comunidade que é o sujeito protagonista não rebaixa nem marginaliza a pessoa, antes a valoriza, garantindo a cada um espaço pessoal vital (c. 3 e 5), tendo consideração pelas suas necessidades e pela sua condição física, cultural e espiritual (c. 8, 9, 12 e 13), favorecendo a humanização das estruturas e dos costumes para o bem das pessoas e salvaguarda do ambiente (c.2,3,4,10 e 11).

*0 CARMELO A SERVIÇO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO: Carisma, Espiritualidade, Missão – apontamentos. Tradução por Frei Pedro Caxito O. Carm. In Memoriam (São Romão-MG. *31/12/1926. São Paulo. + 02 / 09/ 2009).