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Atriz voltava de Nova York para o Rio quando um funcionário da companhia mandou que ela cedesse seu lugar
Atriz Ingrid Guimarães se queixa em suas redes sociais após ter sido coagida a trocar de assento em um voo de NY para o Rio — Foto: Reprodução/Instagram
Por Maria Fortuna e Lucas Guimarães
— Rio de Janeiro
A atriz Ingrid Guimarães voltava de Nova York para o Rio de Janeiro pela American Airlines, na última sexta-feira (7), quando um funcionário da companhia mandou que ela cedesse seu lugar na Premium Economy para uma pessoa da primeira classe, já que um assento daquela categoria havia quebrado. Por meio das redes sociais, ela compartilhou a situação e revelou o constrangimento. Após a repercussão do caso, a empresa área se manifestou, dizendo que irá entrar em contato com a atriz.
"Nosso objetivo é proporcionar uma experiência de viagem positiva e segura para todos os nossos passageiros. Um membro da nossa equipe está entrando em contato com a cliente para entender mais sobre sua experiência e resolver a questão", declarou a American Airlines, em nota enviada ao GLOBO.
Ao GLOBO, a atriz contou detalhes do ocorrido:
— O funcionário e me disse: 'Bad news, a senhora vai ter que ir para a classe econômica, porque terá que ceder seu lugar para uma pessoa da primeira classe'. Eu disse que não ia porque comprei meu assento na Premium. Por que teria que resolver um problema que era da Executiva? — questiona Ingrid, que foi do aeroporto JFK para o Rio no voo 973, e também postou um desabafo nas redes sociais.
Um segundo funcionário se aproximou e, segundo Ingrid, passou a usar um tom de ameaça. Diante de nova recusa da atriz, um terceiro comissário a abordou e afirmou: "Se a senhora não sair, nunca mais viaja de American Airlines". E então anunciou aos passageiros que todo mundo teria que descer da aeronave porque uma passageira não queria colaborar. Segundo a atriz, sua irmã e seu cunhado participaram da conversa por dominarem o inglês, e o funcionário mandou que eles "calassem a boca".
— Minha filha também estava na Econômica e disse que eles não explicaram nada do que estava acontecendo aos passageiros. Não sabiam que eu era uma pessoa pública. Colocaram o avião inteiro contra mim. Pessoas diziam: "Fala sério que a gente vai ter que descer por conta de um capricho seu". Um advogado brasileiro que estava ao lado disse: "Ingrid, é melhor você sair, porque daqui a pouco vai sair algemada do avião". Óbvio que saí, né? Dá uma sensação de impotência enorme. Fiquei muito humilhada, com uma sensação de fragilidade absoluta. Fui uma situação abusiva, constrangedora, fui muito desrespeitada.
Quando a atriz indagou ao funcionário sobre os motivos de ela ter sido escolhida, a atriz recebeu a seguinte resposta:
— Disseram que, provavelmente, era porque era mulher e estava viajando sozinha. Isso na véspera do Dia Internacional da Mulher. Afirmou que olham a reserva para não separar famílias. Quando levantei da poltrona, enfiaram um papelzinho na minha mão. Quando vi, era um voucher de 300 dólares. Não o dinheiro em si, e sim um desconto para uma próxima viagem. Há várias maneiras de resolver uma situação dessas. Perguntar se alguém aceitaria trocar e ganhar um desconto seria uma delas. Provavelmente, haveria alguém. Não tem a menor chance de eu não processar. Nem é pelo dinheiro, é pelo tratamento. Me colocaram numa situação de constrangedora. Fonte: https://oglobo.globo.com
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Até parece que, a cada geração, o homem precisa experimentar novamente os horrores já vividos pelas gerações passadas
Vivemos tempos contraditórios. De um lado, faz-se um enorme esforço para pôr fim às guerras. De outro, surpreendentes reviravoltas nas atitudes entre os verdadeiros gestores da guerra não escondem interesses de expansão e domínio sobre outros povos e promovem uma nova corrida armamentista. A Europa, sentindo-se ameaçada, está fazendo um verdadeiro chamado às armas, como não havia acontecido desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Aonde vai levar tudo isso? Como explicar que, tão depressa, as lições aprendidas a duras penas com o triste legado das guerras devastadoras dos séculos passados, com sofrimento, sangue e destruição, tenham sido esquecidas? Até parece que a cada geração o homem precisa experimentar novamente os horrores já vividos pelas gerações passadas. O que pode mudar essa lógica, por certo, não necessária? O que fazer para recordar as juras e propósitos de tantos grandes e pequenos representantes dos povos, que proclamaram: nunca mais a guerra! Nunca mais, todo este sofrimento e destruição, nunca mais!
Atualmente, os cristãos celebram a Quaresma, com 40 dias de preparação para a Páscoa cristã. É um período de tomada de consciência sobre os propósitos e os rumos da vida pessoal e comunitária. Orientados pelas palavras do Evangelho, eles são chamados à conversão das intenções e das ações, de maneira que a fé e a religiosidade não sejam desmentidas por uma vida incoerente com os propósitos religiosos. A Quaresma é um período de penitência para a conversão sincera a Deus, para celebrar dignamente a Páscoa. Algo semelhante ocorre em outras religiões, que têm seus períodos penitenciais e os chamados à vida coerente com a fé, antes das grandes festas.
Esse chamado à conversão passa necessariamente pela “conversão ao próximo”, pois não se pode amar a Deus, a quem não se vê, sem também amar o próximo, que também é filho de Deus (ver 1 João). Para os cristãos, amor a Deus e amor ao próximo andam inseparáveis. O amor ao próximo perpassa toda a convivência humana e social, desde as relações pessoais às relações econômicas, políticas e culturais. Não se reduzem aos exercícios piedosos de uma esmola ou de um prato de comida, que também são necessários. A verdade é que, nas relações sociais, o amor ao próximo, muitas vezes, cede lugar a uma competição impiedosa, à prepotência e aos preconceitos, que aviltam o próximo, quando não ao ódio e à violência para destruir o próximo, visto como concorrente ou uma ameaça.
Quanto se faz necessária uma verdadeira Quaresma, a prescindir da religião ou não religião que cada um professa? Afinal, nenhuma religião incentiva o ódio e a violência, ou o aniquilamento do próximo. E quem não tem religião, com certeza, também não se sente dispensado do amor ao próximo. Nestes primeiros dias da Quaresma cristã, lê-se na Liturgia um texto do profeta Isaías, antigo e sempre muito atual (ver Isaías 58,1-9). O profeta dirige-se ao povo, que se queixa porque Deus não liga para seus jejuns e penitências nem responde às suas preces. E por que Deus não se comove diante dessas ações de religiosidade?
O profeta responde: “É porque, ao mesmo tempo que jejuais, fazeis litígios, brigas e agressões impiedosas. Acaso é esse o jejum que Deus aprecia? Não é, antes, quebrar as cadeias injustas, desligar o jugo e tornar livres os detidos e romper toda opressão? Não é repartir o pão com o faminto, acolher em casa os pobres e peregrinos, vestir quem está sem roupa e não desprezar o próximo?” (ver 58,6-7). E o profeta conclui: “Se assim fizeres, poderás invocar o Senhor e ele te atenderá imediatamente” (ver 58,8-9).
Não é preciso fazer muito esforço para perceber a atualidade dessas palavras: mesmo fazendo apelos pela paz e até fazendo jejuns e preces, continua-se a propagar o ódio e os preconceitos, que ferem e matam. E se continua a fabricar armas e a promover a poderosa economia do armamentismo. Pretende-se até ter Deus de um lado ou de outro nas guerras absurdas entre os filhos de Deus! Enquanto isso, o preço desta corrida é pago por milhões de pessoas com ferimentos, destruição, migração, miséria, fome e morte. Não seria hora de pensar um pouco mais no absurdo das guerras, quer entre países, quer entre as pessoas e os grupos?
No domingo passado, dia 2 de março, o papa Francisco, do quarto em que está internado no Hospital Agostino Gemelli, em Roma, saudou os peregrinos na Praça de São Pedro e concluiu sua breve mensagem com esta observação: “Daqui, a guerra parece ainda mais absurda”. Lutando para superar sua enfermidade, o papa vê a guerra e a violência a partir da percepção dos pequenos e vulneráveis, que também são as vítimas dos conflitos. Enquanto existe uma humanidade que luta penosamente pela sobrevivência, existe outra humanidade tramando guerras, destruição e sofrimento, movidos por ambições de poder, vaidades e vantagens econômicas. Realmente, que absurdo! Fonte: www.estadao.com.br
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Um longa-metragem veio nos devolver um sentimento de nação, a lembrança dos direitos humanos e a sede de justiça
*Por Eugênio Bucci
É claro que eu vi a cerimônia do Oscar. Noite de domingo, carnaval longínquo e eu no sofá, de frente para a televisão. É claro que me entediei com a torrente de breguices, mas nem foram tantas. É claro que explodi em vibração futebolística quando Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, ganhou como melhor filme internacional. É claro que desliguei de raiva quando não deram o prêmio de melhor atriz a Fernanda Torres. Achei aquilo uma ignomínia, mesmo sem nunca ter visto o filme da outra lá, que foi chamada ao palco. Nem sei o nome. É claro que liguei de novo a TV. Ainda peguei a moça agradecendo. É claro que não gostei.
O que não é claro é o resto. Vale um artigo. Walter Salles não se engalanou com um smoking. Preferiu um terno preto sumário. Fina estampa sem cores. Na segunda-feira, seu sorriso tropical encimado pelos olhos apertados carimbou a capa dos jornais. Aplaudi outra vez. Ele merece as mais altas condecorações da República. É um herói da cultura.
A começar da literatura. Seu filme deu impulso mundial para o livro de Marcelo Rubens Paiva, uma obra costurada em letras leves e memórias lancinantes, mesmo quando hilárias. É impagável a passagem em que o escritor retrata a mãe, Eunice, despejando às escondidas uísque nacional dentro de garrafas de puro malte escocês. Impagável e pungente. A gente lê com prazer e pesar. A gente sorri. Depois do desaparecimento forçado do marido, a família Paiva empobreceu, mas a dona da casa não vacilou. Para manter o astral da casa, oferecia aos amigos bebida suspeita, sim, mas dentro de uma imagem de fausto importado. Ela perdeu a renda, não a pose.
A cena dos vasilhames não aparece no filme. Não faz falta. A Eunice que não se dobra está lá inteira, bela, viva e valente. A interpretação que lhe deu Fernanda Torres, essa artista mais do que genial, reacende a coragem que a repressão não derrubou e nos reconcilia com a História do Brasil que o Brasil quis esquecer. Ouço contar que o filme reverteu a inércia das burocracias estatais e arrancou lágrimas de uns tipos que não tinham a menor ideia do que tinha sido a ditadura militar. Ouço, acredito e, de novo, aplaudo.
O cinema, quando arte, toca a alma. Quando entretenimento, move multidões. Como Ainda Estou Aqui é arte e, queiramos ou não, é também entretenimento, mudou mentalidades que já se tinham petrificado nas paredes alienadas da Pátria – as paredes que não têm ouvidos. A corrida do Oscar encheu as plateias de autoconfiança e as autoridades de excitação oportunista. Tanto melhor. Eunice virou nome de prêmio do governo federal. Pistas do paradeiro do corpo de Rubens Paiva começam a sair da escuridão. Os torturadores impunes se inquietam. Vai sobrar para eles. Tomara. Um filme íntegro vale mais do que mil comícios demagógicos. Ainda Estou Aqui, sozinho, realizou o que tribunos e publicistas, juntos, não conseguiram.
Isso tudo é bom, mas perturba, é meio desestruturante. Nenhum país deveria depender do Oscar para conhecer seus direitos e amar sua democracia. Nenhum país, nem mesmo os Estados Unidos. Nenhum país, muito menos o Brasil. Mas é assim que é. Um longa-metragem, destes que o espectador pacato vai ver no fim de semana, antes da pizza, ou mesmo depois, veio nos devolver um sentimento de nação, a lembrança dos direitos humanos e a sede de justiça.
Somos um mundo integrado pelo mercado, em termos genéricos, e pelo entretenimento, em termos específicos. Isso quer dizer que o altar da diversão, ou seja, Hollywood, concentra o poder de pontificar sobre o que é legítimo e o que não passa de quimera. É comendo pipoca no escurinho que se aprende a distinguir o certo do errado, o cômico do trágico, o aceitável do abominável. A emoção que se compra na bilheteria é o critério da verdade.
Somos a civilização que acredita que tudo o que acontece só acontece para nos comover. Se nos comove, a coisa existe. Se não, que vá para o lixo. Somos consumidores insaciáveis da realidade, como se ela fosse um objeto estético, ou um saco de pipoca. A nossa política se anulou, rebaixada e pífia. A nossa religião se desencantou. O entretenimento as substituiu com desumanidade, mercadoria e técnica. Somos a civilização que se reconhece no entretenimento.
O melodrama de massa ocupou o lugar dos panfletos incendiários e das narrativas místicas. As igrejas se converteram em show de TV. Os autocratas, desde Hitler e Goebbels, querem controlar a indústria da diversão. Hollywood é a nova Meca, a nova Roma, a nova Delfos. A cerimônia do Oscar é o púlpito que define o antissemitismo (ou você não viu o discurso longuíssimo de Adrien Brody, vencedor da estatueta de melhor ator por O Brutalista?), a solução de dois Estados no mesmo pedaço de terra do Oriente Médio (com a palavra, Yuval Abraham, diretor de No Other Land, vitorioso na categoria de documentário) e os males da ditadura militar no Brasil (na voz de Walter Salles).
Fernanda Torres não ganhou, mas ela é a maior de todas. Nada é maior do que Hollywood, nada é maior do que o Oscar. Nada, só Fernanda Torres.
*Jornalista e professor da ECA-USP, Eugênio Bucci escreve quinzenalmente na seção Espaço Aberto
Fonte: https://www.estadao.com.br
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Prêmio americano a ‘Ainda Estou Aqui’ mostra que, em tempos de elogio à truculência na política, o tema do filme – os efeitos do autoritarismo sobre uma família comum – é universal
Já conquistamos cinco Copas do Mundo, mas nunca tivemos um Prêmio Nobel e até anteontem jamais havíamos levado um Oscar. De certa forma, isso nos resumia: um país bom de bola, mas ruim do resto. Não mais: o Brasil finalmente entrou para o time dos laureados com o principal prêmio do cinema mundial, ganhando como melhor filme de língua não inglesa com a produção Ainda Estou Aqui.
Isso não significa, é claro, que de uma hora para outra o cinema brasileiro tenha se tornado uma potência capaz de ombrear com a indústria de países com muito mais tradição nessa arte. No entanto, o prêmio para Ainda Estou Aqui aponta o amadurecimento dos artistas e profissionais brasileiros nesta arte que comove e diverte o mundo há mais de um século. É muito provável que essa vitória atraia mais curiosidade no exterior sobre o cinema brasileiro e acalente os sonhos dos jovens diretores daqui.
Dito isso, mesmo que não tivesse sido o primeiro filme brasileiro a conquistar um Oscar, Ainda Estou Aqui tem um significado extraordinário para o País, como poucas obras de arte tiveram em nossa história. À medida que o filme passou a ganhar visibilidade, críticas positivas e prêmios no exterior, instalou-se no País um sentimento que só costumamos ver em época de Copas do Mundo.
Quando a atriz espanhola Penélope Cruz anunciou o Oscar para o longa dirigido por Walter Salles, o Brasil explodiu em celebração. Tanto entusiasmo não é exagero. Como destacou Fernanda Torres, atriz principal do filme, o fato de uma produção falada em português ter recebido três indicações ao Oscar – melhor filme, melhor atriz e melhor filme estrangeiro – já era um feito.
Ancorado na atuação impecável de Fernanda Torres, agora um talento internacionalmente reconhecido, o filme conseguiu, com sutileza e sobriedade, retratar como o regime militar brasileiro afetou a vida de inúmeras famílias. Com isso, a produção transformou um tema local em algo universal, especialmente diante do avanço global de uma ideologia que faz elogio da truculência e do autoritarismo, inclusive nos Estados Unidos. Se alguém quer saber o que acontece às pessoas comuns quando liberdades básicas são sacrificadas no altar do autoritarismo, é só ver no que se transformou a família de Eunice Paiva, a personagem central de Ainda Estou Aqui, graças à ditadura.
Assim, apresentar o estrago que o período de trevas provocou na vida de famílias brasileiras ao mundo e a uma geração mais jovem de brasileiros, para quem a ditadura militar só está nos livros de História, é o principal dos muitos méritos de Ainda Estou Aqui.
À época em que foi covardemente retirado de casa para nunca mais voltar, o ex-deputado federal Rubens Paiva nem político era mais. Ocupava-se apenas de seu trabalho e de sua família. Mas, para o governo militar, Paiva era um subversivo perigoso porque mantinha contato com brasileiros forçados ao exílio.
Por esse motivo, em 1971 Paiva foi detido, torturado e assassinado nos porões da ditadura, deixando sozinhos, e por muito tempo sem respostas, sua mulher, Eunice Paiva, e seus filhos.
Tornada viúva por ação direta e criminosa do Estado brasileiro de então, a mãe de cinco filhos teve de se reinventar como chefe de família e profissional. Mesmo com tantas responsabilidades, ela jamais se conformou e dedicou parte significativa de sua vida a fazer com que o Estado brasileiro reconhecesse que matou Rubens Paiva, o que só ocorreu em 1996.
Ainda Estou Aqui, sucesso de público e crítica no Brasil, só não agradou aqueles que, sob a liderança de Jair Bolsonaro, ainda nutrem nostalgia do regime militar. “Eu não tenho tempo de ver filme”, declarou o ex-presidente, que, recorde-se, cuspiu num busto de Rubens Paiva que estava sendo inaugurado na Câmara, em 2014, diante da atônita família do ex-deputado.
Ao decidir narrar a história dos Paiva na atual conjuntura, portanto, o diretor Walter Salles foi particularmente corajoso, sobretudo porque deu visibilidade à aguerrida Eunice, que lutou para preservar sua família e perseverou em busca de justiça. Só isso já é digno de aplausos. Nem precisava de Oscar. Fonte: https://www.estadao.com.br
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Os embates ideológicos em torno da folia são antigos e fazem parte do processo histórico
Bloco Beleza Rara com a Banda Eva na avenida Faria Lima, zona oeste de São Paulo; Carnaval é uma celebração mundana, mas com fortes conexões religiosas - Rafaela Araújo - 23.fev.25/Folhapress
É doutor pela Universidade de Paris 1-Panthéon-Sorbonne e professor de história antiga da USP
O Carnaval é uma das festas mais populares do Brasil e combina influências de diversas origens. É uma celebração mundana, mas com fortes conexões religiosas. Hoje, muitos evangélicos veem o evento como um sinal da degeneração da humanidade. Nada de novo: a relação entre Carnaval e religião é tensa desde os primórdios do cristianismo.
O estranhamento entre instituições religiosas e a festividade remonta à origem do Carnaval. Nos primeiros séculos do cristianismo, o mundo romano celebrava diversas festividades. Uma das mais populares eram as Saturnálias, realizadas em honra ao deus Saturno para marcar o solstício de inverno, em dezembro. Essas festas eram marcadas por excessos de comida e bebida, músicas e danças, comportamentos libertinos e inversões de papéis sociais.
Muitos dos primeiros autores cristãos condenavam essas celebrações, classificando-as como "pagãs" e incompatíveis com a moral da nova religião. Tertuliano e Santo Agostinho foram alguns dos que as criticaram abertamente. Com o tempo, no entanto, a Igreja reconheceu que essas festas estavam enraizadas na cultura popular e poderiam servir para disseminar a fé cristã, desde que reinterpretadas.
Essa adaptação ocorreu gradualmente, sobretudo após o século 4º. O Carnaval foi incorporado ao calendário cristão como um período de excessos, prazeres carnais e indulgência que antecede a Quaresma, época de penitência e jejum que prepara os fiéis para a Páscoa (Aliás, a Páscoa também passou por uma cristianização: entre os judeus, marcava a libertação da escravidão no Egito; para os cristãos, tornou-se a comemoração da ressurreição de Cristo).
No Brasil, a colonização introduziu novos elementos que diferenciaram a festividade dos Carnavais europeus, como os de Lisboa, Nice ou Veneza. Apesar da dizimação das populações indígenas e da escravidão africana, muitos elementos dessas culturas moldaram os diversos Carnavais brasileiros, com suas canções, danças e tradições religiosas. O candomblé foi fundamental para o samba e o axé, enquanto rituais indígenas influenciaram o maracatu, por exemplo.
A forte presença das culturas negra e indígena tem sido usada como argumento por algumas correntes religiosas para atacar o Carnaval com virulência. Para certos grupos cristãos, a festividade é sinônimo de idolatria. A fronteira entre a crítica aceitável e a incitação ao ódio e ao racismo tem sido frequentemente ultrapassada.
O catolicismo teve uma relação tensa com o Carnaval. Nem sempre o sincretismo da festividade foi bem aceito pela Igreja. Mais recentemente, as denominações evangélicas passaram a dar grande atenção ao evento, com abordagens diversas.
Algumas delas consideram o Carnaval uma festa repleta de tentações diabólicas e recomendam que os fiéis evitem a folia, dedicando-se ao culto e à oração no mesmo período. Essa é a posição da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) e de outras igrejas pentecostais mais conservadoras.
Outras igrejas, mais moderadas, não condenam explicitamente o Carnaval, mas alertam sobre os riscos do consumo descontrolado de álcool e dos comportamentos sexualizados, incentivando eventos alternativos. Algumas chegam a organizar Carnavais gospel, com músicas cristãs, como a "Batucada Abençoada" da Igreja Bola de Neve.
Os embates ideológicos em torno do Carnaval são antigos e fazem parte do processo histórico, especialmente em períodos nos quais uma religião busca ampliar sua influência sobre a sociedade. No entanto, essas tensões podem facilmente escalar para uma guerra santa que tenta aniquilar a fé alheia e suas manifestações culturais.
Carnaval é sinônimo de risos e alegria sem freios, de corpos em movimento sensual e frenético e de uma convivência com a diversidade que não é a regra na ordem social considerada normal. Ao longo dos séculos, as diversas formas de cristianismo procuraram rejeitar ou domesticar a folia, mas o Carnaval segue resistindo e se adaptando. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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Pessoas com redes de apoio tendem a ter mais saúde que aquelas que se sentem isoladas
Claudia Liz/Folhapress
Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é autora de "A Invenção de uma Bela Velhice"
"Não tenho com quem conversar. Ninguém tem paciência para me escutar. Eu me sinto invisível, descartável, inútil."
Essa é a frase que eu mais escuto das pessoas de mais idade que venho pesquisando nos últimos 30 anos. Poderia dar centenas de exemplos, mas vou citar apenas o de Regina, uma escritora de 93 anos.
"Minhas filhas e meus netos estão completamente hipnotizados pelo celular. Minhas melhores amigas e meu marido já morreram. Não tenho mais com quem conversar, ninguém me escuta, ninguém me enxerga, ninguém tem interesse pelas minhas histórias. Minhas filhas só me ligam para me criticar e me dar ordens, como se eu fosse uma criancinha ou uma inválida. Meus netos só aparecem quando estão precisando de dinheiro. São muito intolerantes, impacientes e egoístas, só olham para o próprio umbigo. Eu me sinto um peso, um estorvo nas vidas deles. Sou uma velha invisível, descartável e inútil."
Ela disse que seus dois cachorros e três gatos são seus únicos amigos.
"Eles são meus bebês, são os únicos que estão sempre juntos comigo nos momentos de tristeza. Eles entendem o que estou sentindo e me dão o carinho que preciso, até mesmo quando estou doente. É o maior amor do mundo."
Inúmeros estudos comprovam o que tenho encontrado na minha pesquisa sobre "Envelhecimento, Autonomia e Felicidade": pessoas com redes de apoio tendem a ter mais saúde do que aquelas que se sentem isoladas e solitárias. Existem evidências de que pessoas com fortes relações sociais apresentam menor risco de desenvolver Alzheimer e outras formas de demência. As amizades saudáveis podem exercer influência sobre o sistema imunológico e até sobre a possibilidade de evitar doenças cardíacas.
Quanto mais as pessoas se sentem apoiadas pelas amizades, melhor é a saúde e menor a probabilidade de morrer cedo. A relação entre ter amigos e longevidade é tão forte que a Organização Mundial da Saúde criou uma Comissão sobre Conexões Sociais, consideradas uma prioridade de saúde global.
É muito difícil, especialmente na velhice, construir amizades significativas e saudáveis. Também é difícil evitar relações adoecidas e nos afastar de pessoas tóxicas, muitas vezes dentro da nossa própria casa, família e trabalho.
Desde março de 2015, converso diariamente com meus melhores amigos e amigas de mais de 90 anos. Não é à toa que minha amiga Gete, de 97 anos, me apelidou de "escutadora de velhinhos". Seu marido, Canella, de 98, concordou: "A Mirian só tem amigos velhos, só gosta de escutar e conversar com velhos. Na verdade, a Mirian tem 93 anos".
Meus melhores amigos e amigas estão partindo, e também estou tendo cada vez mais dificuldade de encontrar pessoas que queiram aprender "a arte de escutar bonito", como escreveu Rubem Alves.
"Amamos não a pessoa que fala bonito, mas a pessoa que escuta bonito. Não é possível amar uma pessoa que não sabe ouvir. Os falantes que julgam que por sua fala bonita serão amados são uns tolos. Estão condenados à solidão. Quem só fala e não sabe ouvir é um chato... Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular."
Você também está precisando se matricular em um "curso de escutatória"? Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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Alexander de Araújo Carvalho, de 46 anos, estava a caminho do trabalho; dois carros foram roubados pelos criminosos, que fugiram para a Maré
Por Ana Carolina Torres e Fabiano Rocha — Rio de Janeiro
Um tiroteio durante um arrastão deixou uma pessoa morta na pista sentido Fundão da Linha Amarela, altura de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio, na manhã desta segunda-feira. O agente do Departamento Geral de Ações Sócio Educativas (Degase) Alexander de Araújo Carvalho, de 46 anos, estava a caminho do trabalho quando foi ferido. Ele teria jogado sua arma embaixo de um banco de seu automóvel e saído correndo. Mesmo assim os criminosos atiraram: foram 15 tiros, que atingiram tórax, pescoço e abdômen.
De acordo com um policial que estava no local do crime, o agente foi, primeiro, atingido nas costas. Bandidos teriam feito os outros disparos com a vítima já caída no chão. O carro do funcionário do Degase, um Nissan March prata, não foi levado, mas a arma dele, sim.
Equipes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foram acionadas para fazer uma perícia. Cápsulas que ficaram espalhadas na Linha Amarela foram recolhidas. O corpo do agente foi levado para o Instituto Médico-Legal (IML). O Degase informou, em nota, que "está prestando todo o suporte à família" de Alexander.
Fuga para o Complexo da Maré
O arrastão foi por volta das 6h. De acordo com informações da polícia, os bandidos estavam divididos em dois carros — um deles era um Honda. Eles renderam um coronel da Força Aérea Brasileira (FAB) e um outro motorista que passava pela Linha Amarela. Foram levados um Toyota RAV4 branco e um Renault Captur. Um carro foi abandonado na altura da saída 7 da via expressa.
Segundo a Polícia Militar, agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) de Manguinhos foram acionados para o arrastão. Quando os PMs chegaram ao local ouviram relatos de testemunhas informando que um veículo foi abordado, houve confronto e a vítima foi atingida. Os suspeitos fugiram em direção ao Complexo da Maré. Fonte: https://oglobo.globo.com
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Setor de regras da emissora não encontrou indícios da acusação, mas apresentador do Bom Dia São Paulo teve demissão recomendada por outros motivos
Rodrigo Bocardi no Bom Dia São Paulo, da Globo: investigação no compliance começou com denúncia de assédio moral - Reprodução/Globoplay
Aracaju
O compliance da Globo passou a investigar Rodrigo Bocardi, dispensado na última quinta (30), após uma denúncia de assédio moral. A situação foi relatada em setembro do ano passado. Neste caso, porém, a investigação do órgão não achou provas ou indícios de que isso teria acontecido.
Procurado pela coluna por email, ligações telefônicas e WhatsApp desde quinta (30), o jornalista ainda não se manifestou sobre as acusações.
A Globo diz que não vai se manifestar além do que já comentou no comunicado sobre a decisão. "A empresa não comenta decisões de compliance", dizia a nota.
Segundo apurou a coluna, um profissional que atuou no Bom Dia São Paulo entre 2022 e 2024 reclamou de diversos comportamentos do âncora. Junto com ele, uma outra pessoa, da produção, também se queixou.
O compliance da Globo, porém, não teria achado indícios que, de fato, Bocardi havia cometido o assédio moral contra este profissional. A investigação nessa situação foi inconclusiva na empresa.
No entanto, foi durante os depoimentos colhidos que o compliance verificou diversos furos de questão ética de Rodrigo Bocardi. Por causa disto, o compliance recomendou seu desligamento.
O compliance da Globo concluiu que, paralelo ao trabalho na emissora, Bocardi tinha uma empresa que prestava serviço para gestões públicas, incluindo prefeituras do estado de São Paulo, que ele noticiava diariamente no Bom Dia São Paulo.
O jornalista também prestaria serviços de media training, ou seja, preparava políticos e empresários para aparecerem na própria Globo.
Essas práticas infringem as normas da emissora, que impõe a seus jornalistas um rígido código de ética. O conjunto de regras é repassado a todos os profissionais que são contratados pela empresa desde 2015, quando foi criado o departamento de compliance.
Nesta quinta-feira (30), Bocardi apresentou normalmente o Bom Dia e deixou a Redação se despedindo dos colegas, prometendo voltar no dia seguinte. Mais tarde, foi avisado de uma reunião com o diretor-geral de jornalismo, Ricardo Villela, que foi do Rio de Janeiro para São Paulo resolver a questão.
Rodrigo Bocardi estava na Globo desde 1999. Entre outras funções, foi correspondente internacional nos Estados Unidos. Era âncora do Bom Dia São Paulo desde 2013. Fonte: https://f5.folha.uol.com.br
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Moradores relatam manhã de violência nos conjuntos de favelas; fogo foi ateado em barricadas
A movimentação policial no Complexo do Alemão — Foto: Redes sociais/Reprodução
Por O Globo — Rio de Janeiro
A Polícia Militar faz, com apoio da Polícia Civil, uma operação nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio, na manhã desta sexta-feira. Houve intenso tiroteio nas regiões. Um homem morreu após ser atingido por uma bala perdida nas proximidades da estação do BRT da Penha. Carlos André Vasconcelos da Silva, de 35 anos, foi atingido por um tiro nas costas quando tomava café. A circulação do modal não foi impactada. Um PM foi baleado na cabeça e levado, em estado grave, para o Hospital estadual Getúlio Vargas. Ao todo, 500 agentes foram mobilizados para a ação. Moradores entraram em pânico com o intenso confronto. Fogo foi ateado em barricadas.
A ação tem como principais objetivos controlar ações de criminosos e combater o roubo de veículos e cargas na Região Metropolitana do Rio.
— As tropas da polícia militar foram atacadas na parte baixa da comunidade e este homem e o policial militar acabaram sendo atingidos. São lugares em que encontramos uma grande resistência amarda atuando — diz o porta-voz da Polícia Militar major Maicon Pereira ao Bom Dia Rio.
Em redes sociais, moradores se queixam de tiros que acertaram encanamento de água. Um vídeo mostra a pilastra de uma casa com rachaduras: segundo um morador, a estrutura foi atingida por um caveirão. Postagens mostram o clima de pânico na região:
"Hell de Janeiro".
"Complexo do Alemão com operação policial desde 5h. Fui acordado com o barulho de tiros!".
"Muitos tiros no Complexo do Alemão. Loteamento, Fazendinha e outras localidades. Zona Norte acordou com um despertador diferente hoje".
Um vídeo feito por uma câmera de um helicóptero mostra bandidos fugindo por uma região de mata.
Por causa da operação, os itinerários de 13 linhas de ônibus foram alterados, segundo o Rio Ônibus. São elas:
908 (Guadalupe x Bonsucesso)
SV908 (Guadalupe x Bonsucesso)
312 (Olaria x Candelária)
313 (Penha x Praça da República)
621 (Penha x Saens Pena)
622 (Penha x Saens Pena)
623 (Penha x Saens Pena)
625 (Olaria x Saens Pena)
628 (Penha x Nova América)
679 (Grotão x Méier)
629 (Irajá x Saens Pena)
292 (Engenho da Rainha x Castelo)
711 (Rocha Miranda x Rio Comprido)
Clínicas da Família também tiveram o atendimento impactado. As CFs Rodrigo Y Aguilar Roig, Klebel de Oliveira Rocha, Aloysio Augusto Novis e Felippe Cardoso suspenderam o início do funcionamento e, agora, avaliam a possibilidade da abertura. Já as clínicas Valter Felisbino de Souza e Zilda Arns suspenderam as atividades externas, como as visitas domiciliares.
500 policiais mobilizados
Cerca de 500 policiais foram mobilizados, assim como 12 veículos blindados, dois helicópteros e equipamentos para remoção de barricadas. O Grupamento Especializado de Salvamento e Ações de Resgate (Gesar) também atua preventivamente com o emprego de uma ambulância blindada.
Participam das ações equipes do Comando de Operações Especiais (COE) — por meio dos batalhões de Operações Especiais (Boep), de Polícia de Choque (BPChq), de Ações com Cães (BAC) e do Grupamento Aeromóvel (GAM) —, das Rondas Especiais e Controle de Multidões (Recom) e do Batalhão Tático de Motociclistas (BTM). As equipes têm apoio de quase 20 Batalhões de Áreas, do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) e de unidades da Polícia Civil — Departamento-Geral de Polícia da Capital (DGPE), Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e Departamento-Geral de Polícia da Capital (DGPC). Fonte: https://oglobo.globo.com
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É a 1ª vez na história que um filme brasileiro disputa a principal categoria. Cerimônia será no dia 2 de março. 'Emilia Pérez', drama musical francês, foi maior destaque, com 13 indicações.
Por Redação g1
"Ainda estou aqui" foi indicado à principal categoria do Oscar 2025, de Melhor Filme, nesta quinta-feira (23). É a primeira vez na história que um filme brasileiro disputa a maior categoria do Oscar.
A produção também tem outras duas indicações: Filme Internacional e Melhor Atriz (Fernanda Torres). O filme dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres é o primeiro longa original Globoplay.
O Oscar 2025 acontece em 2 de março em Los Angeles, com apresentação de Conan O'Brien.
"Emilia Pérez", drama musical francês, foi o campeão de indicações com 13. O segundo mais indicado foi "O Brutalista", com 10 menções.
Indicados ao Oscar de Melhor Filme
"Ainda estou aqui"
"Anora"
"O brutalista"
"Um completo desconhecido"
"Conclave"
"Duna: Parte 2"
"Emilia Pérez"
"Nickel boys"
"A substância"
"Wicked"
Indicadas ao Oscar de Melhor Atriz
Fernanda Torres ("Ainda estou aqui")
Mikey Madison ("Anora")
Demi Moore ("A substância")
Karla Sofía Gascón ("Emilia Pérez")
Cynthia Erivo ("Wicked")
Fernanda Torres concorre ao Oscar, 26 anos após a indicação de sua mãe, Fernanda Montenegro, por "Central do Brasil" (1998), também dirigido por Walter Salles. Foi a última vez em que o Brasil apareceu em categorias de atuação.
Fernanda Torres é indicada na categoria Melhor Atriz
Indicados ao Oscar de Filme Internacional
"Ainda estou aqui" (Brasil)
"Emilia Pérez" (França)
"Flow" (Letônia)
"A Garota da Agulha" (Dinamarca)
"A Semente do Fruto Sagrado" (Alemanha)
O Brasil já foi indicado outras quatro vezes na categoria de filmes internacionais, mas nunca venceu.
"Ainda estou aqui" é uma adaptação do livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva. No filme, o público acompanha a transformação da mãe do escritor – uma dona de casa dos anos 1970, mãe de cinco filhos – em uma das maiores ativistas dos Direitos Humanos do país após o assassinato do marido, o ex-deputado Rubens Paiva (Selton Mello), pela ditadura militar.
"É um orgulho imenso ver nosso primeiro filme original concorrer à maior premiação cinematográfica do mundo, enaltecendo o cinema e o talento nacional", disse Manuel Belmar, Diretor de Finanças, Jurídico, Infraestrutura e Produtos Digitais da Globo.
"Esse reconhecimento reafirma a missão do Globoplay, como uma plataforma brasileira, de contar com qualidade grandes histórias que reflitam o Brasil, nossa cultura, sociedade e história".
Indicações do Brasil ao Oscar
Até esta edição, o Brasil já tinha sido indicado a prêmios do Oscar em 13 cerimônias, considerando filmes nacionais e coproduções com outros países. Foram várias categorias, mas nunca ganhamos uma estatueta.
Na categoria Melhor Filme Internacional, o Brasil agora tem cinco indicações:
"O Pagador de Promessas", em 1963;
"O Quatrilho", em 1996;
"O Que É Isso, Companheiro?", em 1998;
"Central do Brasil", em 1999;
"Ainda Estou Aqui", em 2025. Fonte: https://g1.globo.com
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Jovem de comunidade quilombola consegue bolsa de estudos de mais de R$ 2 milhões em universidade dos EUA
Jean Pereira dos Santos, de 19 anos, vai cursas educação e política social a partir de agosto. Ele vai estudar na Northwestern University.
Jean Pereira dos Santos, de 19 anos, conseguiu uma bolsa de estudos de mais de R$ 2 milhões em uma universidade dos EUA — Foto: Arquivo pessoal/Jean dos Santos
Por Vanessa Chaves, Eliane Moreira, g1 Goiás e TV Anhanguera
Estudante quilombola é aprovado em faculdade nos EUA e ganha bolsa de R$ 2 milhões
O jovem Jean Pereira dos Santos, de 19 anos, que é da comunidade quilombola Kalunga Engenho 2, em Cavalcante, no Entorno do DF, conseguiu uma bolsa de estudos de mais de R$ 2 milhões em uma universidade dos Estados Unidos (EUA). Ele vai fazer o curso de educação e política social a partir de agosto.
"Mentira! Meu Deus! Mãe, eu passei para a faculdade! Estou muito feliz", comemorou Jean quando soube da aprovação.
Jean atua na área da educação dentro da comunidade e contou que trabalha em um projeto que já impactou mais 11 mil crianças no Brasil que aborda sobre o vácuo inspiracional no interior, que se refere à distância entre os jovens talentos brasileiros e as oportunidades.
"Quando vi o resultado, fiquei em choque, pois eu tirei um ano sabático pra me dedicar, mas ao mesmo tempo sentia que era algo muito fora da minha realidade, mas continuei firme e estou colhendo os frutos hoje", contou Jean.
Jean participou de um programa de intercâmbio em 2023, que seleciona 50 jovens brasileiros de escola pública para passar três semanas nos EUA. Ele disse que ficou encantado com a cultura e com o conhecimento que adquiriu.
"Eu sempre digo que é uma conquista coletiva, pois tem parte de cada um que passou na minha vida e me moldou de certa forma. Agradeço muito aos meus ancestrais, pois teve muito sangue preto derramado pelo mundo para eu estar aqui hoje, então eu agradeço e digo que essa conquista é nossa", disse Jean.
O jovem contou que a mãe é cozinheira e o pai é guia turístico da comunidade e eles não tinham condições de pagar os custos dos estudos dele no exterior.
"Eu não conseguia me imaginar lá fora, quando vi o resultado fiquei sem acreditar. Foi uma luta muito grande, porque ao mesmo tempo tinha aquela auto-sabotagem, sabe? De que eu não era capaz, de que eu não ia conseguir porque ninguém dos meus foram e eu não tinha essa referência lá", contou ele.
Jean contou que terá todas as despesas pagas pela universidade e embarca em agosto deste ano. O curso tem duração de quatro anos.
"Eu quero construir essa ponte entre a minha faculdade e levar vários cursos, workshops e outras coisas para dentro da minha comunidade. Quero muito voltar e trabalhar em uma área onde eu possa realmente fazer com que essas políticas públicas sejam efetivadas dentro das comunidades marginalizadas e não só no meu quilombo", disse Jean. Fonte: https://g1.globo.com
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O casal pegou um empréstimo consignado de R$ 22 mil em 84 parcelas de quase R$ 500. A primeira já foi descontada da aposentadoria da vítima, que recebe um salário mínimo do INSS.
Golpistas usam biometria do rosto de um aposentado para obter empréstimo bancário — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
Por Jornal Nacional
O universo de truques e de artimanhas dos estelionatários alcançou um novo patamar no Brasil. Em Belo Horizonte, golpistas usaram criminosamente a biometria facial de um cidadão aposentado.
O alvo é um idoso de 65 anos, cadeirante e com dificuldades para falar por causa de um derrame. Ele ainda tem problemas de visão e audição pelo diabetes. Os bandidos ligaram para o telefone fixo da casa dele em dezembro de 2024, e quem atendeu foi o sobrinho.
"Uma moça dizendo que era de uma ONG que estava doando cesta básica gratuita, se eu queria. Eu falei: ‘Quero’. Aí ela falou assim: ‘Então eu vou aí, então’”, conta o sobrinho da vítima.
O casal de bandidos chegou de moto, levando a cesta básica. Mas antes de entregá-la, a dupla tirou fotos da carteira de identidade e do rosto da vítima, alegando que serviria para confirmar o cadastro na tal ONG.
"Aí a mulher pegou até no meu rosto, aí eu falei: ‘Para que você está pegando no meu rosto?’. Aí ela falou assim: ‘Para sair na foto direito’. Aí ela falou: ‘Levanta o pescoço, assim’. Aí levantou", conta a vitima.
Os golpistas levaram mais de uma hora para entregar a cesta básica. A família suspeita que foi tempo suficiente para os bandidos abrirem uma conta de banco digital utilizando o documento da vítima e, por último, confirmando a identidade dela por meio do reconhecimento facial.
O casal pegou um empréstimo consignado de R$ 22 mil em 84 parcelas de quase R$ 500. A primeira já foi descontada da aposentadoria da vítima, que recebe um salário mínimo do INSS.
"Meu dinheiro já é pouco, aí eu tenho que pagar água, luz. Foi uma covardia deles”, diz a vítima.
Segundo o diretor adjunto de serviços da Febraban, esse tipo de golpe é mais sofisticado, e aconselha que a vítima procure as autoridades policiais.
"Desconfie sempre quando alguém vem ofertando para você uma cesta básica, uma renda extra de INSS ou um brinde ou um presente, solicitando que você dê algum dado seu para configurar, para finalizar aquela entrega ou como a gente está tratando aqui da selfie, de tirar uma selfie. Se aconteceu de ter a concessão, a pessoa que foi prejudicada registra um boletim de ocorrência, procure o banco e solicite o cancelamento daquela operação", afirma Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços da Febraban.
A Polícia Civil de Minas informou que abriu inquérito para apurar o caso e vai ouvir a vítima nos próximos dias. O banco declarou que não houve registro de nenhuma reclamação do cliente nos canais de atendimento e que, se identificada qualquer irregularidade, vai cancelar a operação.
Luiz Felipe Siqueira, especialista em direito digital, orienta que as pessoas não se exponham em aparelhos de terceiros.
"Desconfie, seja mineiro. Não acredite que alguém vai simplesmente 'ah, vou tirar uma foto sua', ou 'vem cá, que eu vou te fazer algo de graça', porque se algo é gratuito, é porque, na realidade, você é o próprio produto ou você é a próxima vítima de um golpe”, afirma Luiz Felipe Siqueira, mestre em direito digital. Fonte: https://g1.globo.com
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Eduardo Paes promete 'fechar Copacabana' se Fernanda Torres ganhar o Oscar
Cariocas pedem homenagem grandiosa à atriz, vencedora do Globo de Ouro, e prefeito se empolga na internet
São Paulo
Vencedora do Globo de Ouro de melhor atriz em um filme de drama, Fernanda Torres pode ganhar uma homenagem com direito a desfile público em Copacabana.
Foi o que "prometeu" — nas redes sociais, pelo menos — o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD). Se Fernanda levar o Oscar, o Rio de Janeiro a receberá com grande festa.
Paes se empolgou com o pedido de um internauta no X, que dizia: "O Oscar vem aí e queremos desfile com carro de bombeiro e chuva de papel picado. Eduardo Paes, manda fechar Copacabana", escreveu o usuário da rede. A postagem chegou a 1,8 milhões de visualizações. O prefeito repostou e escreveu: "Fechado".
Fernanda Torres, que é carioca, foi a primeira artista brasileira a ganhar um Globo de Ouro. Ela foi premiada pelo papel de Eunice Paiva em "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles.
O longa também foi indicado na categoria melhor filme estrangeiro, mas perdeu para o francês "Emilia Pérez".
Com a vitória, Fernanda Torres ganha força para estar entre as indicadas a melhor atriz no Oscar. Fonte: https://f5.folha.uol.com.br
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Paloma Oliveira afirma que episódio do biquíni no supermercado foi constrangedor
Paloma Oliveira diz que quer esquecer a confusão com Cássia Kis - Reprodução/Instagram
Rio de Janeiro
Paulista, mas vivendo nos últimos três anos em Belo Horizonte, Paloma Oliveira, 24, se mudou há duas semanas para o Rio de Janeiro. Funcionária de uma transportadora de veículos, ela não esperava protagonizar uma confusão no segundo dia de 2025. Paloma é uma das jovens que discutiu com a a triz Cássia Kis, 66, em um supermercado na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, por causa do uso da parte de cima de um biquíni.
A discussão viralizou na internet, e a jovem conta que está assustada com a repercussão. "Nunca imaginei que seria vítima de intolerância, ainda mais de uma atriz famosa. Na verdade, só me dei conta de que era a Cássia Kis porque uma pessoa que estava acompanhando a confusão a identificou mesmo usando um boné. Não a reconheci", disse ao F5.
Paloma prossegue relatando que a ex-funcionária da Globo foi muito agressiva no início. "Disse que não era aceitável as pessoas irem de biquíni a um supermercado. Ela me xingou. Juro que cheguei a perguntar se havia algum problema em entrar com a parte de cima do biquíni... Foi muito constrangedor", explicou. "Fiquei sem ação e com muita vergonha. Todo mundo viu o que ela fez. Existem testemunhas e não era aceitável aquela situação. Ela só baixou o tom e parou a confusão quando comecei a gravar o vídeo por incentivo das pessoas que estavam ao meu redor."
A jovem chegou a postar o vídeo em suas redes sociais, mas decidiu apagá-lo devido à repercussão — só que já era tarde, e as imagens viralizaram. "Fiquei assustada. Recebi xingamentos de pessoas que concordam com a atriz. Muitos mesmo. Só quem sofre na pele sabe como os 'hates' podem ser cruéis. O que me consola é que não fiz nada de errado", desabafou.
Paloma afirma ter publicado uma nota para encerrar o caso e tentar diminuir sua vergonha pela situação. Ela não pretende processar Cássia Kis e quer esquecer o episódio. "Fiquei magoada com a falta de respeito de uma atriz que, no imaginário das pessoas, é vista como moderna, liberal, e que, na prática, provou ser justamente o oposto", desabafou. Fonte: https://f5.folha.uol.com.br
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Informação foi divulgada na tarde desta sexta (3) pela direção do Hospital Posse, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, onde o jovem estava internado em estado grave.
O traficante 'Testa de Ferro' é suspeito de atirar no jogador amador Kauan Galdino, na noite do réveillon. — Foto: Reprodução
Por Jefferson Monteiro, Rafael Nascimento, g1 Rio e TV Globo
Teve morte cerebral confirmada o jogador de futebol amador Kauan Galdino Florêncio Pereira, de 18 anos, baleado na cabeça após um desentendimento com um homem em um baile funk, em Queimados, na Baixada Fluminense, na madruga do réveillon.
A informação da morte foi divulgada na tarde desta sexta (3) pela direção do Hospital Posse, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, onde o jovem estava internado em estado grave.
A família do jovem compareceu ao hospital e foi informada na manhã desta sexta.
Antes de saber da morte do filho, o motorista de aplicativo Renato Pereira, pai do jogador, fez um desabafo. Ele lembrou que os últimos momentos em que esteve com o filho e que, no primeiro minuto de 2025, ele recebeu uma mensagem do Exército indicando para qual Brigada de Infantaria Paraquedista serviria.
“Ele passou a virada com a gente. Quando entrou 2025, ele recebeu uma mensagem no telefone dizendo que ele iria para um batalhão para ser paraquedista. Meu filho começou a dançar e pular de alegria. Ele tinha dois sonhos: ser jogador e paraquedista”, contou Renato.
Ainda de acordo com o pai, por volta das 3h, o filho foi para a casa de um tio materno e de lá seguiu para um baile.
“Como ele é jovem, emocionado, ele disse que iria para a casa do parente dele. Eu ainda pedi: ‘Meu filhinho, não vai. Não vai, por favor’. Mas ele é jovem. Ele foi. Depois, bateram lá no portão de casa dizendo que o meu filho tinha sido baleado. Eu saí desesperado e fui para a UPA (de Queimados). Cada um fala uma coisa, mas ninguém sabe de fato o que aconteceu. O que sabemos é que o bandido deu um tiro à queima-roupa no meu filho. Atirou num menino estudioso. Fizeram uma covardia com um menino que é bobão, quieto, que só tinha tamanho.”
Polícia investiga se traficante que teria atirado foi morto
A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) vai investigar se o traficante 'Testa de Ferro', suspeito de atirar em Kauan foi morto por determinação do Comando Vermelho (CV).
Testa de Ferro seria chefe do tráfico de drogas da comunidade São Simão, em Queimados, na Baixada Fluminense, e teria disparado contra o rapaz após um desentendimento por conta de um pisão no pé.
O g1 e a TV Globo apuraram que os chefes da facção criminosa teriam se irritado com a decisão do traficante e, para evitar "problemas", teriam determinado a execução do criminoso. Fonte: https://g1.globo.com
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Apuração preliminar aponta problema com trem de pouso devido a contato com pássaros; há dois sobreviventes e dois desaparecidos
Bombeiros trabalham para extinguir chamas do avião da Jeju Air, no Aeroporto Internacional de Muan, na Coreia do Sul -
Acidentes de avião,
São Paulo
Um avião que transportava 175 passageiros e seis tripulantes saiu da pista, bateu contra um muro e explodiu no Aeroporto Internacional de Muan, no sudoeste da Coreia do Sul, na noite deste sábado (28), já manhã de domingo no horário local.
De acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap, dois tripulantes sobreviveram e outras duas pessoas ainda são consideradas desaparecidas. Os outros 177 à bordo estão mortos. Anteriormente, os bombeiros haviam presumido um total de 179 óbitos, incluindo os desaparecidos.
A aeronave, um Boeing 737-800, decolou de Bancoc, na Tailândia, com destino a Muan. Na lista de passageiros do voo 2216 aparecem 173 pessoas de nacionalidade sul-coreana e dois tailandeses.
A Coreia do Sul cancelou todos os voos domésticos e internacionais que tinham como origem ou destino o terminal envolvido no acidente.
O acidente aconteceu às 9h07 no horário local (21h07 no horário de Brasília). Segundo a polícia e os bombeiros, o avião, operado pela companhia aérea Jeju Air, tentava pousar em Muan, localizada a 288 km de Seul.
Uma apuração preliminar indicou que o acidente foi causado por "contato com pássaros, o que resultou em uma falha no trem de pouso" enquanto o avião tentava aterrissar.
Em vídeo compartilhado pela imprensa sul-coreana, é possível ver a aeronave derrapando pela pista, aparentemente sem o trem de pouso acionado, antes de se chocar contra uma parede do terminal, o que resultou na explosão.
Equipes de emergência trabalhavam para resgatar passageiros pela cauda da aeronave, informou a Yonhap. Ainda segundo a agência, autoridades tinham conseguido apagar o incêndio. Também iniciaram uma investigação para determinar as causas do acidente.
Uma imagem mostra a parte traseira do avião em chamas no que parece ser a lateral da pista, com bombeiros e veículos de emergência próximos aos destroços da aeronave. Outras fotos mostraram fumaça e fogo em pedaços do avião.
Lá Fora
O presidente em exercício da Coreia do Sul, Choi Sung-mok, exigiu que todos os esforços se concentrem no resgate às vítimas, informou seu gabinete. Choi foi nomeado líder interino do país em meio à crise política após o impeachment de Yoon Suk Yeol, que tentou dar um autogolpe no último dia 3. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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Motivo é a atuação de uma Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) comum no verão, mas que será prolongada nos próximos dias
chuvas de verão,
Morro da Oficina, um dos locais mais afetados em 2022: segundo mapeamento geológico do DRM, risco de deslizamentos segue alto em dez bairros e 6.311 moradias de Petrópolis — Foto: Agência O Globo / Márcia Foletto
— Rio de Janeiro
A chuva marcará os últimos dias de 2024 e o início de 2025 no Estado do Rio de Janeiro. O motivo é a atuação de uma Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), um enorme canal de umidade. ZCAS costumam ocorrer no verão, mas esta chama a atenção porque deve ser especialmente prolongada e pode causar deslizamentos, especialmente em cidades da Região Serrana como Petrópolis, explica Marcelo Seluchi, coordenador de operações do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
— O volume por dia não deverá ser excepcional. Mas o acumulado numa semana poderá chegar a 400 milímetros em várias localidades do Estado do Rio. É o equivalente à toda a chuva prevista para o mês concentrada numa semana. Tantos dias seguidos de chuva podem levar a deslizamentos. Sobretudo na Serra Fluminense — frisa Seluchi.
A ZCAS se estenderá pelo Centro-Oeste e o Sudeste do país. Nesta região, os estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais (Sul e Zona da Mata) serão os mais afetados. Porém, como a ZCAS oscila um pouco para o Norte e para o Sul, São Paulo e Espírito Santo também deverão ter bastante chuva em alguns momentos.
Até sexta-feira, os modelos de previsão indicavam que a chuva mais forte e persistente será neste fim de semana. Na segunda-feira, continua a chover, por vezes com intensidade.
Segundo a previsão do Cemaden, até agora, na terça-feira do réveillon e no primeiro dia de 2025 a ZCAS deve se deslocar mais para o Espírito Santo. Com isso, a chuva diminui e se torna pontual no Rio.
Mas a trégua não durará muito. A chegada de uma frente fria na sexta-feira, dia 3, alimentará o canal de umidade e fará com que volte a chover com mais persistência e intensidade no estado. E há previsão de que o primeiro fim de semana de janeiro será sob chuva.
A banda de nebulosidade permanecerá sobre o Sudeste, ainda que com diferentes posições e intensidades, pelo menos até 6 de janeiro, diz Seluchi. Ele destaca que essa é a época mais chuvosa do ano. O período de 15 de dezembro a 15 de janeiro costuma concentrar os maiores volumes no Sudeste. A tragédia da Serra Fluminense que deixou mais de 900 mortos em 2011, por exemplo, aconteceu em 11 de janeiro e foi causada por uma tempestade antecedida por dias de chuva persistente trazida por uma ZCAS.
Zonas de convergência são imensos canais de umidade, que se estendem da Amazônia ao meio do Oceano Atlântico. Elas trazem dias cinzentos e abafados. A chuva persiste por dias, com pouco alívio para o calor.
— A característica principal desta ZCAS é a duração. Mas não há sinais até agora de que será intensa. Se houvesse, teríamos um risco de desastre muito maior — salienta Seluchi, acrescentando que o Cemaden está com a equipe reforçada.
Sem ligação com La Niña
Ele observa que essa ZCAS nada tem a ver com a La Niña, que dá sinais de que finalmente vai nascer no Pacífico — o fenômeno é causado pelo esfriamento anômalo das águas do Pacífico Equatorial e está associado a temperaturas um pouco menores em parte do Brasil. La Niña havia sido prevista para meados deste ano, mas frustrou todas as expectativas. Agora, há sinais de que existe um esfriamento mais consistente do Pacífico e que 2025 trará a esperada La Niña. No entanto, ela será fraca.
— Mesmo fraquinha, como o Pacífico influencia o clima global, ela deve fazer com que janeiro e fevereiro não batam recordes excepcionais de calor, como em 2023 e 2024. Mas, como o planeta está muito aquecido, as temperaturas deverão ficar acima da média para o verão, mas não muito — explica Seluchi.
E a fria Niña terá vida curta, sumindo em março. Até lá, pode trazer mais ZCAS para o Sudeste, diz Tércio Ambrizzi, coordenador do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Mudanças Climáticas da Universidade de São Paulo (USP).
Oceanos quentes
Ele explica que o fato de os oceanos estarem excepcionalmente quentes desde 2023 tem preponderado sobre fenômenos como La Niña e El Niño. É dado como certo que o ano de 2024 será o mais quente já registrado.
O cenário para 2025 segue incerto. Mas os modelos climáticos, por ora, indicam que ele deve ser menos tórrido do que 2023 e 2024. No entanto, ainda assim, marcado por temperaturas acima da média em todo o Brasil. A boa notícia em relação a este verão é que, após a seca recorde de 2024, 2025 promete começar mais úmido em boa parte do Brasil.
Janeiro deverá ser chuvoso no Rio e no restante do Sudeste. Porém, fevereiro, março e abril devem ter chuvas abaixo da média no estado do Rio, segundo projeção do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE).
Petrópolis emite alerta
A Defesa Civil de Petrópolis emitiu às 15h27, desta sexta-feira, um alerta via SMS de previsão de chuva moderada a ocasionalmente forte até segunda-feira de manhã. Nas recomendações, o pedido é para as pessoas evitarem áreas inundadas e ficarem atentas aos sinais de deslizamentos. Em caso de emergência, devem entrar em contato com a Defesa Civil pelo número 199 ou com o Corpo de Bombeiros pelo 193. Além disso, é possível que a população cadastre o CEP enviando uma mensagem de texto para o número 40199 para receber os alertas diretamente no seu celular. Fonte: https://oglobo.globo.com
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Motorista de caminhão suspeito de causar acidente na BR-116 se entrega à polícia
Homem se apresentou na delegacia de Teófilo Otoni no início da tarde desta segunda-feira (23) acompanhado de advogados. Pelo menos 41 pessoas morreram no acidente, de acordo com a Polícia Civil.
Motorista suspeito de causar acidente na BR-116 se entregou na delegacia de Teófilo Otoni — Foto: Inter TV
Por Patrícia Luz, Luiz Henrique Cisi, g1 Minas — Belo Horizonte
O motorista de caminhão suspeito de causar o grave acidente na BR-116 em Minas Gerais se entregou à polícia no início da tarde desta segunda-feira (23), em Teófilo Otoni.
O acidente aconteceu na madrugada do último sábado (21). Pelo menos 41 pessoas morreram, de acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG).
Trata-se de um homem natural do Espírito Santo. A identidade dele não foi divulgada. Ele se apresentou acompanhado de advogados na delegacia da Polícia Civil localizada no bairro São Diogo.
O motorista do caminhão estava com a carteira de motorista apreendida há dois anos. Segundo informações das forças de segurança, ele perdeu a habilitação após passar por uma blitz da lei seca em Mantena, no Vale do Rio Doce, em 2022, quando se recusou a fazer o teste do bafômetro. Desde então, ele não tinha mais autorização para dirigir.
Excesso de peso do caminhão
A Polícia Civil trabalha com a linha de investigação de que o acidente foi causado por uma pedra de granito que se soltou do caminhão.
Notas ficais apontam que a carga saiu do Ceará e seguia para o Espírito Santo. Ainda segundo a PCMG, a hipótese é que ocorreu excesso de peso no transporte da peça. O indicativo é de responsabilidade do condutor da carreta.
Vítimas que estavam no carro envolvido no acidente, entretanto, dão outra versão. Segundo os sobreviventes, o ônibus foi se aproximando de uma baixada, estourou o pneu traseiro e acabou avançando na contramão.
O acidente
O acidente ocorreu na altura do km 285 da BR-116, em Lajinha, comunidade rural de Teófilo Otoni.
Conforme o Corpo de Bombeiros, a colisão aconteceu por volta das 3h30 e envolveu três veículos: um ônibus da empresa Emtram, um carro de passeio, e uma carreta carregada com bloco de granito .
O ônibus havia saído do terminal do Tietê, em São Paulo, às 7h de de sexta-feira (20) com destino a várias cidades na Bahia, sendo a última parada no município de Elísio Medrado, a 230 km de Salvador. Fonte: https://g1.globo.com
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Consumo de vídeos tem impacto no desenvolvimento romântico de adolescentes, defende cientista social
Celular mostra página do PornHub, um dos sites de conteúdo pornográfico mais acessados no mundo - Lionel Bonaventure/AFP
Matt Richtel
The New York Times
Brian Willoughby sabe que está cumprindo bem sua função quando os pais se sentem desconfortáveis. Isso porque parte de seu trabalho consiste em dizer a eles que seus filhos adolescentes veem pornografia explícita e, com frequência, violenta. Às vezes, a conversa é estabelecida durante encontros com grupos da igreja.
Willoughby, cientista social da Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos, estuda os hábitos de consumo de pornografia entre os adolescentes e o impacto disso nos relacionamentos. Quando visita as comunidades para explicar como é o mundo moderno, fala diretamente. "Sempre preciso ter cuidado ao expressar as coisas, dizendo: 'Não estou afirmando que a pornografia seja uma coisa boa, mas que é uma realidade.' Você pode ignorar a situação, fingir que ela não existe e rezar mais, ou usar termos associados ao vício, mas é necessário compreender de forma realista o que está ocorrendo."
No passado, muitos pais tentaram ignorar que seus filhos viam pornografia, proibir o acesso a ela ou só desejaram que desaparecesse. Mas especialistas que analisam o uso da pornografia na internet por adolescentes dizem que esse comportamento é tão comum e impossível de evitar que exige uma abordagem mais prática. Quando se trata de pornografia, é preciso conversar sobre o assunto, de acordo com eles.
O objetivo é ensinar os adolescentes que o conteúdo explícito que encontram é irreal, distorcido no que diz respeito a muitas relações sexuais e, portanto, potencialmente prejudicial. Essa abordagem não aprova o conteúdo nem incentiva seu consumo, destacou Willoughby, mas reconhece sua onipresença e sua natureza fora da realidade e hardcore. Já ficaram no passado os tempos das revistas de nudez que deixavam muito para a imaginação. "Aquilo era nudez sexualizada. Muitos pais ainda acham que a pornografia é a revista 'Playboy'", comentou Willoughby ao se referir à pornografia de antigamente.
Nos Estados Unidos, em média, as pessoas acessam pornografia online pela primeira vez aos 12 anos, de acordo com uma pesquisa feita em 2023 pela Common Sense Media, organização sem fins lucrativos que orienta famílias sobre mídias e tecnologia. Além disso, 73% dos jovens com menos de 17 anos já assistiram a esse tipo de conteúdo, número que coincide com outras sondagens. Entre aqueles que a consomem, seja intencionalmente, seja por acaso, mais da metade relatou ter visto violência, incluindo estupro, sufocamento ou alguém sendo submetido a dor.
Um estudo publicado em janeiro na revista Journal of Family Medicine and Community Health sugeriu práticas para fornecer uma visão objetiva do consumo de pornografia por adolescentes, diretrizes para detectar esse comportamento e maneiras de facilitar o diálogo entre os adolescentes e seus responsáveis.
Mas como os adultos devem se posicionar? Até agora, a ciência não conseguiu responder com firmeza se a pornografia online é prejudicial, e, se sim, para quem. "O que podemos afirmar é que, para alguns, pode causar problemas à sexualidade e a seus relacionamentos, entre outros aspectos. Mas não temos comprovação científica suficiente para garantir que é prejudicial para todo mundo", resumiu Beata Bothe, psicóloga da Universidade de Montreal, no Canadá, que estuda o consumo de pornografia.
Em fevereiro, Bothe foi coautora de um estudo que concluiu que certos tipos de pornografia podem impactar o bem-estar sexual dos espectadores. A pesquisa, que analisou 827 adultos jovens, revelou que aqueles que assistiam à pornografia romântica ou apaixonada relataram maior satisfação sexual nos relacionamentos, enquanto o consumo de pornografia que envolvia poder, controle e sexo violento estava associado a uma menor satisfação sexual.
O estudo também apontou que conteúdos apaixonados, românticos e com múltiplos parceiros eram consumidos com maior frequência do que categorias mais violentas.
Em 2021, uma pesquisa feita com 630 adolescentes holandeses mostrou que aqueles que assistiam a mais pornografia apresentavam um comportamento sexual mais avançado em idade mais precoce, como carícias intensas e sexo oral. Contudo, os pesquisadores destacaram que não ficou claro se os adolescentes mais experientes eram sexualmente atraídos pela pornografia ou se o consumo desta influenciava seu comportamento. "É possível que os adolescentes pratiquem o que viram e aprenderam, e que o consumo de pornografia e o comportamento sexual se reforcem mutuamente com o tempo", observaram os autores.
É importante notar que, embora o consumo de pornografia entre os adolescentes americanos tenha aumentado, os jovens estão, em média, esperando mais tempo para experimentar o sexo real. Em 2021, aproximadamente um terço dos estudantes do ensino médio relatou ter tido relações sexuais, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, queda acentuada em relação à década anterior, quando o número se aproximava de 50%.
Para os especialistas que estudam o consumo de pornografia, educar os adolescentes sobre o assunto começa com uma verdade incontestável: a pornografia online não é realista. "É um filme: o que vemos não é a realidade. Embora pareça que as pessoas gostam do que fazem, é possível que, na verdade, não estejam aproveitando ou estejam sentindo dor", disse Bothe.
"Para o espectador ingênuo, a pornografia pode parecer um documentário. Mas, no mundo real, as mulheres não atingem o clímax imediatamente, nem tudo gira em torno do cara, há consentimento, há um relacionamento, e não se trata só de conexão física. Essas pessoas são todas magras e musculosas, e as coisas não são assim. O sexo pode ser confuso. Na internet, parece que tudo corre perfeitamente. É glamorizado", explicou Pluhar.
Isso sem mencionar a pornografia violenta, que Pluhar considera a mais potencialmente prejudicial para o espectador. "Estamos falando de uma mulher sendo jogada no chão e estuprada." Certa vez, ela atendeu um homem que, quando mais jovem, fora exposto com frequência à pornografia violenta e, como consequência, tinha medo de ter intimidade com mulheres, temendo agir conforme o que havia visto.
Willoughby contou que, quando fala com grupos de pais ou estudantes, às vezes cita a representação do sexo anal como um exemplo claro de como a pornografia é enganosa. Explica ao público que muitas mulheres não gostam de sexo anal e o acham doloroso, e que, mesmo assim, a maioria da pornografia normalizou essa atividade, levando os parceiros, sobretudo os homens, a esperar por isso.
Ele mencionou que, às vezes, os pais são reticentes em falar sobre pornografia, temendo que piore o problema e talvez possa até incentivar o consumo. Mas ele afirma que essa ideia é um "mito comum", sem base em pesquisas e ingênua diante da realidade de que os jovens conhecem e acessam esse material. A alfabetização pornográfica é o mínimo que deve ser feito, acrescentou
O ideal, para ele, seria que a sociedade encontrasse maneiras de desencorajar a pornografia, incluindo a adoção de ferramentas mais eficazes para bloqueá-la. "Os adolescentes vão assistir à pornografia, independentemente de você conversar com eles ou não. Portanto, se vão consumir esse conteúdo e você quer ter alguma influência na vida deles, é necessário ter essa conversa." Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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Winta Zesu faz parte de um grupo cada vez maior de criadores online que elaboram conteúdo que serve de 'isca de ódio'
Winta Zesu ganha dinheiro criando 'iscas de ódio' - Winta Zesu/Via BBC
Sam Gruet e Megan Lawton
BBC News
"Recebo muito ódio", diz a criadora de conteúdo Winta Zesu.
Em 2023, ela ganhou US$ 150 mil (cerca de R$ 900 mil) com postagens nas redes sociais.
O que diferencia Zesu de outros influenciadores é que as pessoas que comentam nas suas postagens e levam tráfego para os seus vídeos, muitas vezes, são levadas pela raiva.
"Cada vídeo meu teve milhões de visualizações devido aos comentários de ódio", explica a jovem de 24 anos.
Nos vídeos, ela documenta a vida de uma modelo na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. Seu maior problema é ser bonita demais.
O que algumas pessoas que fazem comentários não percebem é que Zesu está interpretando uma personagem.
"Recebo muitos comentários desagradáveis", conta ela, do seu apartamento em Nova York. "As pessoas dizem 'você não é a menina mais bonita' ou 'por favor, baixe a bola, você tem confiança demais'.
Winta Zesu faz parte de um grupo cada vez maior de criadores online que elaboram conteúdo que serve de "isca de ódio" (rage-baiting, em inglês).
O objetivo é simples: gravar vídeos, produzir memes e escrever postagens que provoquem raiva visceral nas pessoas. Com isso, elas contam milhares, até milhões de curtidas e compartilhamentos.
O rage-baiting é diferente do seu primo clickbait, muito comum na internet. Neste, usa-se uma manchete para incentivar o leitor a clicar para ver um vídeo ou reportagem.
"A isca de ódio é criada para manipular as pessoas", diz a produtora de podcasts de marketing Andréa Jones.
Mas a atração exercida pelo conteúdo negativo sobre a psicologia humana está incrustada em nós, segundo William Brady, que estuda as interações do cérebro com as novas tecnologias.
"No passado, este era o tipo de conteúdo em que realmente precisávamos prestar atenção", explica ele. "Por isso, temos esses vieses embutidos na nossa atenção e no nosso aprendizado."
O crescimento das iscas de ódio coincidiu com o aumento do pagamento por conteúdo, por parte das principais plataformas de redes sociais.
Esses programas de criadores recompensam os usuários pelas curtidas, comentários e compartilhamentos. Eles permitem a postagem de conteúdo patrocinado e são considerados responsáveis pelo aumento do rage-baiting.
"Se observarmos um gato, nós dizemos 'oh, que bonito' e rolamos a imagem. Mas, se virmos alguém fazendo algo obsceno, podemos comentar 'isso é terrível'", explica Jones. "E o algoritmo considera este tipo de comentário como engajamento de melhor qualidade."
"Quanto mais conteúdo um usuário criar, mais engajamento ele consegue e mais ele recebe", prossegue ela, com ar preocupado. "Por isso, alguns criadores farão de tudo para conseguir mais visualizações, mesmo se for algo negativo ou se incitar a raiva e o ódio nas pessoas. Isso gera desvinculação."
O conteúdo criado para gerar ódio pode vir de muitas formas, desde receitas de alimentos absurdos até ataques contra o seu astro pop favorito. Mas, em um ano de eleições em todo o mundo como 2024, a prática também se difundiu para a política, especialmente nos Estados Unidos.
Brady observa que "houve um pico no período que antecedeu as eleições [americanas], pois é uma forma eficaz de mobilizar seu grupo político para talvez votar e agir".
Ele destaca que as eleições americanas foram fracas em questões políticas, mas centralizadas em torno do ódio. "Elas foram hiperfocadas em 'Trump é horrível por este motivo' ou 'Harris é horrível por aquela razão'."
Uma investigação da repórter especializada em redes sociais da BBC Marianna Spring descobriu que usuários do X (antigo Twitter) estavam recebendo "milhares de dólares" da plataforma de rede social por compartilhar conteúdo que incluía desinformação, imagens geradas por IA e teorias da conspiração.
Estudiosos destas tendências estão preocupados com o excesso de conteúdo negativo, que pode levar a pessoa média a se "desligar".
"Pode ser muito cansativo ter todas essas emoções fortes, todo o tempo", afirma a professora de comunicações Ariel Hazel, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. "Isso os desliga do ambiente jornalístico e estamos observando cada vez mais pessoas evitando ativamente as notícias em todo o mundo."
Outros se preocupam com a normalização do ódio fora da internet e os efeitos prejudiciais sobre a confiança das pessoas no conteúdo que elas observam.
"Os algoritmos amplificam o ódio e fazem as pessoas pensarem que aquilo é mais normal", afirma o psicólogo social William Brady.
Brady destaca que "o que sabemos de certas plataformas, como o X, é que o conteúdo extremista político, na verdade, é produzido por uma fração muito pequena da sua base de usuários, mas os algoritmos podem amplificar aquilo como se fosse uma grande maioria".
A BBC entrou em contato com as principais redes sociais sobre a prática de rage-baiting nas suas plataformas, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem.
Em outubro de 2024, o executivo da Meta Adam Mosseri comentou no Threads o "aumento das iscas de engajamento" na plataforma. Ele destacou: "Estamos trabalhando para mantê-las sob controle."
Já seu concorrente Elon Musk, dono da plataforma X, anunciou recentemente alterações no seu Programa de Compartilhamento de Receita com Criadores.
O programa irá recompensar os criadores de conteúdo com base no engajamento dos usuários premium do site, como suas curtidas, respostas e repostagens. Os pagamentos anteriores se baseavam nos anúncios observados pelos usuários premium.
O TikTok e o YouTube oferecem aos usuários a possibilidade de ganhar dinheiro com suas postagens ou compartilhando conteúdo patrocinado. Mas as duas plataformas têm regras que permitem desmonetizar ou suspender os perfis que postarem desinformação. Já o X não tem orientações similares a este respeito.
Nossa conversa com Winta Zesu em Nova York ocorreu dias antes das eleições americanas e não poderíamos deixar de falar de política.
"Não concordo com pessoas que usam iscas de ódio por motivos políticos", disse a criadora de conteúdo. "Se eles estiverem realmente usando aquilo para informar e instruir as pessoas, tudo bem. Mas, se eles usarem para espalhar desinformação, discordo totalmente."
"Isso deixa de ser brincadeira", conclui ela. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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