XXXIII Domingo do Tempo Comum


17 de novembro de 2024

 

A oração do pobre eleva-se até Deus (cf. Sir 21, 5)

Caros irmãos e irmãs!

 

  1. A oração do pobre eleva-se até Deus (cf. Sir21, 5). No ano dedicado à oração, em vista do Jubileu Ordinário de 2025, esta expressão da sabedoria bíblica é ainda mais oportuna a fim de nos preparar para o VIII Dia Mundial dos Pobres, que acontecerá no próximo 17 de novembro. A esperança cristã inclui também a certeza de que a nossa oração chega à presença de Deus; não uma oração qualquer, mas a oração do pobre. Reflitamos sobre esta Palavra e “leiamo-la” nos rostos e nas histórias dos pobres que encontramos no nosso dia-a-dia, para que a oração se torne um modo de comunhão com eles e de partilha do seu sofrimento.

 

  1. livro de Ben-Sirá, ao qual nos referimos, não é muito conhecido e merece ser descoberto pela riqueza dos temas que aborda, sobretudo quando se refere à relação do homem com Deus e com o mundo. O seu autor, Ben-Sirá, é um mestre, um escriba de Jerusalém que, provavelmente, escreve no século II a.C. Radicado na tradição de Israel, é um homem sábio, que ensina sobre vários domínios da vida humana: desde o trabalho à família, desde a vida em sociedade à educação dos jovens; presta atenção às questões relacionadas com a fé em Deus e a observância da Lei. Aborda os problemas nada fáceis da liberdade, do mal e da justiça divina, que hoje são de grande atualidade também para nós. Inspirado pelo Espírito Santo, Ben-Sirá pretende transmitir a todos o caminho a seguir para uma vida sábia e digna de ser vivida diante de Deus e dos irmãos.

 

  1. Um dos temas a que este autor sagrado dedica mais espaço é a oração, e fá-lo com grande ardor, porque dá voz à sua própria experiência pessoal. Efetivamente, nenhum texto sobre a oração poderia ser eficaz e fecundo se não partisse de quem se encontra diariamente na presença de Deus e escuta a sua Palavra. Ben-Sirá declara que, desde a sua juventude, procurou a sabedoria: «Quando eu era ainda jovem, antes de ter viajado, busquei abertamente a sabedoria na oração» (Sir51, 13).

 

  1. No seu caminho, descobre uma das realidades fundamentais da revelação, ou seja, o facto de os pobres terem um lugar privilegiado no coração de Deus, a tal ponto que, perante o seu sofrimento, Deus se “impacienta” enquanto não lhes faz justiça: «A oração do humilde penetrará as nuvens, e não se consolará, enquanto ela não chegar até Deus. Ele não se afastará, enquanto o Altíssimo não olhar, não fizer justiça aos justos e restabelecer a equidade. O Senhor não tardará nem terá paciência com os opressores» (Sir35, 17-19). Deus, porque é um Pai atento e carinhoso para com todos, conhece os sofrimentos dos seus filhos. Como Pai, preocupa-se com aqueles que mais precisam dele: os pobres, os marginalizados, os que sofrem, os esquecidos... Ninguém está excluído do seu coração, uma vez que, diante d’Ele, todos somos pobres e necessitados. Somos todos mendigos, pois sem Deus não seríamos nada. Nem sequer teríamos vida se Deus não no-la tivesse dado. E, no entanto, quantas vezes vivemos como se fôssemos os donos da vida ou como se tivéssemos de a conquistar! A mentalidade mundana pede que sejamos alguém, que nos tornemos famosos independentemente de tudo e de todos, quebrando as regras sociais para alcançar a riqueza. Que triste ilusão! A felicidade não se adquire espezinhando os direitos e a dignidade dos outros.

A violência causada pelas guerras mostra claramente quanta arrogância move aqueles que se consideram poderosos aos olhos dos homens, enquanto aos olhos de Deus são miseráveis. Quantos novos pobres produz esta má política das armas, quantas vítimas inocentes! Contudo, não podemos recuar. Os discípulos do Senhor sabem que cada um destes “pequeninos” traz gravado em si o rosto do Filho de Deus, e que a nossa solidariedade e o sinal da caridade cristã devem chegar até eles. «Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 187).

 

  1. Neste ano dedicado à oração, precisamos de fazer nossa a oração dos pobres e rezar com eles. É um desafio que temos de aceitar e uma ação pastoral que precisa de ser alimentada. Com efeito, «a pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual. A imensa maioria dos pobres possui uma especial abertura à fé; tem necessidade de Deus e não podemos deixar de lhe oferecer a sua amizade, a sua bênção, a sua Palavra, a celebração dos Sacramentos e a proposta dum caminho de crescimento e amadurecimento na fé. A opção preferencial pelos pobres deve traduzir-se, principalmente, numa solicitude religiosa privilegiada e prioritária» (ibid., 200).

Tudo isto requer um coração humilde, que tenha a coragem de se tornar mendigo. Um coração pronto a reconhecer-se pobre e necessitado. Existe, efetivamente, uma correspondência entre pobreza, humildade e confiança. O verdadeiro pobre é o humilde, como afirmava o santo bispo Agostinho: «O pobre não tem de que se orgulhar, o rico tem o orgulho para combater. Portanto, escuta-me: sê um verdadeiro pobre, sê virtuoso, sê humilde» (Discursos, 14, 4). O homem humilde não tem nada de que se vangloriar nem nada a reclamar, sabe que não pode contar consigo próprio, mas acredita firmemente que pode recorrer ao amor misericordioso de Deus, diante do qual se encontra como o filho pródigo que regressa a casa arrependido para receber o abraço do pai (cf. Lc 15, 11-24). O pobre, sem nada em que se apoiar, recebe a força de Deus e coloca n’Ele toda a sua confiança. Com efeito, a humildade gera a confiança de que Deus nunca nos abandonará e não nos deixará sem resposta.

 

  1. Aos pobres que habitam as nossas cidades e fazem parte das nossas comunidades, recomendo que não percam esta certeza: Deus está atento a cada um de vós e está perto de vós. Ele não se esquece de vós, nem nunca o poderia fazer. Todos nós fazemos orações que parecem não ter resposta. Por vezes, pedimos para sermos libertados de uma miséria que nos faz sofrer e nos humilha, e Deus parece não ouvir a nossa invocação. Mas o silêncio de Deus não significa distração face ao nosso sofrimento; pelo contrário, contém uma palavra que pede para ser acolhida com confiança, abandonando-nos a Ele e à sua vontade. É ainda Ben-Sirá que o testemunha: “O juízo de Deus será em favor dos pobres” (cf. 21, 5). Da pobreza, portanto, pode brotar o canto da mais genuína esperança. Lembremo-nos de que «quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem. […] Esta não é a vida no Espírito que jorra do coração de Cristo ressuscitado» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 2).

 

  1. Dia Mundial dos Pobres tornou-se um compromisso na agenda de cada comunidade eclesial. É uma oportunidade pastoral que não deve ser subestimada, porque desafia cada fiel a escutar a oração dos pobres, tomando consciência da sua presença e das suas necessidades. É uma ocasião propícia para realizar iniciativas que ajudem concretamente os pobres, e também para reconhecer e apoiar os numerosos voluntários que se dedicam com paixão aos mais necessitados. Devemos agradecer ao Senhor pelas pessoas que se disponibilizam para escutar e apoiar os mais pobres: sacerdotes, pessoas consagradas e leigos que, com o seu testemunho, são a voz da resposta de Deus às orações daqueles que a Ele recorrem. Portanto, o silêncio quebra-se sempre que se acolhe e abraça um irmão necessitado. Os pobres têm ainda muito para ensinar, porque numa cultura que colocou a riqueza em primeiro lugar e que sacrifica muitas vezes a dignidade das pessoas no altar dos bens materiais, eles remam contra a corrente, tornando claro que o essencial da vida é outra coisa.

 

A oração, por conseguinte, encontra o certificado da sua autenticidade na caridade que se transforma em encontro e proximidade. Se a oração não se traduz em ações concretas, é vã; efetivamente, «a fé sem obras está morta» (Tg 2, 26). Contudo, a caridade sem oração corre o risco de se tornar uma filantropia que rapidamente se esgota. «Sem a oração quotidiana, vivida com fidelidade, o nosso fazer esvazia-se, perde a alma profunda, reduz-se a um simples ativismo» (BENTO XVI, Catequese, 25 de abril de 2012). Devemos evitar esta tentação e estar sempre vigilantes com a força e a perseverança que nos vem do Espírito Santo, que é dador de vida.

 

  1. Neste contexto, é bom recordar o testemunho que nos deixou Madre Teresa de Calcutá, uma mulher que deu a vida pelos pobres. Esta santa repetia continuamente que a oração era o lugar dondetirava força e fépara a sua missão de serviço aos últimos. Quando falou na Assembleia Geral da ONU, a 26 de outubro de 1985, mostrando a todos as contas do terço que trazia sempre na mão, disse: «Sou apenas uma pobre freira que reza. Ao rezar, Jesus põe o seu amor no meu coração e eu vou dá-lo a todos os pobres que encontro no meu caminho. Rezai vós também! Rezai, e sereis capazes de ver os pobres que tendes ao vosso lado. Talvez no mesmo andar da vossa casa. Talvez até nas vossas próprias casas há quem espera pelo vosso amor. Rezai, e abrir-se-ão os vossos olhos e encher-se-á de amor o vosso coração».

E como não recordar aqui, na cidade de Roma, São Bento José Labre (1748-1783), cujo corpo jaz e é venerado na igreja paroquial de Santa Maria ai Monti. Peregrino desde França até Roma, rejeitado em muitos mosteiros, viveu os seus últimos anos pobre entre os pobres, passando horas e horas em oração diante do Santíssimo Sacramento, com o terço, recitando o breviário, lendo o Novo Testamento e a Imitação de Cristo. Não tendo sequer um pequeno quarto para se alojar, dormia habitualmente num canto das ruínas do Coliseu, como “vagabundo de Deus”, fazendo da sua existência uma oração incessante que subia até Ele.

 

  1. No caminho para o Ano Santo, exorto todos a fazerem-se peregrinos da esperança, dando sinais concretos de um futuro melhor. Não nos esqueçamos de guardar «os pequenos detalhes do amor» (Exort. ap.Gaudete et Exsultate, 145): parar, aproximar-se, dar um pouco de atenção, um sorriso, uma carícia, uma palavra de conforto... Estes gestos não podem ser improvisados; antes, exigem uma fidelidade quotidiana, muitas vezes escondida e silenciosa, mas fortalecida pela oração. Neste momento, em que o canto da esperança parece dar lugar ao ruído das armas, ao grito de tantos inocentes feridos e ao silêncio das inúmeras vítimas das guerras, dirijamos a Deus a nossa invocação de paz. Somos pobres de paz e, para a acolher como um dom precioso, estendemos as mãos, ao mesmo tempo que nos esforçamos por costurá-la no dia-a-dia.
  2. Em todas as circunstâncias, somos chamados a ser amigos dos pobres, seguindo os passos de Jesus, que foi o primeiro a solidarizar-se com os últimos. Que a Santa Mãe de Deus, Maria Santíssima, nos sustente neste caminho; ela que, aparecendo em Banneux, nos deixou uma mensagem a não esquecer: «Eu sou a Virgem dos pobres». A ela, a quem Deus olhou pela sua humilde pobreza e em quem realizou grandes coisas com a sua obediência, confiemos a nossa oração, convictos de que subirá até ao céu e será ouvida.

Roma – São João de Latrão, na Memória de Santo António, Patrono dos pobres, 13 de junho de 2024. Fonte: https://www.vatican.va

FRANCISCO

 

Tema

A liturgia do 33º Domingo do Tempo Comum convida-nos a ler a história dos homens numa perspectiva de esperança. Garante-nos que o egoísmo, a violência, a injustiça, o pecado, não têm a “última palavra” na história do mundo e dos homens; a “última palavra” será sempre de Deus, que vai, a seu tempo, mudar a noite do mundo numa aurora de vida sem fim. É com essa certeza que devemos enfrentar a vida e o caminho que temos à nossa frente.

 

EVANGELHO – Marcos 13,24-32

O “discurso escatológico” de Jesus é um texto difícil, uma vez que emprega imagens e linguagens marcadas por alusões enigmáticas, bem ao jeito do género literário “apocalipse”. Nele confluem elementos de caráter histórico – a anunciada destruição de Jerusalém e do templo ocorrerá quarenta anos depois, no ano 70, quando as tropas romanas de Tito tomarem a cidade e a incendiarem – com reflexões de caráter profético sobre o sentido da história humana no seu conjunto. O objetivo do discurso seria dar aos discípulos indicações acerca da atitude a tomar frente às vicissitudes que marcarão a caminhada histórica da comunidade, até ao momento em que Jesus vier para instaurar, em definitivo, o novo céu e a nova terra.

 

INTERPELAÇÕES

Ver os telejornais ou escutar os noticiários é, com frequência, uma experiência que nos desassossega e que nos deprime. Os dramas da “aldeia global” que é o mundo entram em nossa casa, sentam-se à nossa mesa, perturbam a nossa tranquilidade, escurecem os nossos horizontes. A guerra, a opressão, a injustiça, a miséria, a escravidão, o egoísmo, o desprezo pela dignidade dos seres humanos, atingem-nos, mesmo quando acontecem a milhares de quilómetros do pequeno mundo onde nos movemos todos os dias. As sombras que marcam a história atual da humanidade tornam-se realidades próximas, tangíveis, que nos inquietam e nos desanimam. Sentimo-nos impotentes, incapazes de mudar o rumo das coisas. O futuro parece-nos sombrio e sem saída. A Palavra de Deus que hoje nos é servida abre, contudo, a porta à esperança. Reafirma, uma vez mais, que Deus não abandona os seus filhos que caminham na história e está determinado a transformar o mundo velho do egoísmo e do pecado num mundo novo de vida e de felicidade para todos os homens. A humanidade não caminha para o caos, para a destruição, para o sem sentido, para o nada; mas caminha ao encontro desse mundo novo em que o homem, com a ajuda de Deus, alcançará a plenitude das suas possibilidades. Como é que vemos e avaliamos a história dos homens? Acreditamos que o mal não triunfará e que a última palavra será sempre de Deus? Acreditamos que Deus fará surgir, das ruínas do mundo velho, um mundo novo, de alegria e de felicidade plenas?

Os cristãos não leem a história atual da humanidade como um caminho sem saída; mas veem os momentos de tensão e de luta que hoje marcam a vida dos homens e das sociedades como sinais de que o mundo velho está a ser transformado e renovado, e que em seu lugar vai surgir um mundo novo e melhor. Isso faz dos discípulos de Jesus arautos e testemunhas da esperança. Certos de que Deus conduz a história de acordo com o seu projeto, os seguidores de Jesus não vivem dominados pelo medo, pelo pessimismo, pelo desespero, por discursos negativos, por angústias a propósito do fim do mundo… Os nossos contemporâneos têm de ver em nós pessoas a quem a fé dá uma visão otimista da vida e da história; pessoas que caminham, alegres e confiantes, ao encontro desse mundo novo que Deus nos prometeu. Sustentados pela fé, somos testemunhas da esperança? Os homens e mulheres com quem nos cruzamos são contaminados pelo nosso testemunho de confiança em Deus, pela nossa alegria serena, pela coragem com que enfrentamos as vicissitudes e as crises da vida?

Deus é o Senhor da história, Deus é o arquiteto do mundo novo que irá surgir. No entanto, Ele associa-nos à sua obra e convoca-nos para trabalharmos ao lado d’Ele na concretização desse projeto. Os filhos e filhas de Deus não podem ficar de braços cruzados à espera que o mundo novo caia do céu; mas, enquanto caminham pela vida e pela história, são chamados a anunciar e a construir, com a sua vida, com as suas palavras, com os seus gestos, esse mundo que está nos projetos de Deus. Isso implica, antes de mais, um processo de conversão que nos leve a suprimir aquilo que em nós é egoísmo, orgulho, prepotência, exploração, injustiça (mundo velho); implica, também, testemunharmos objetivamente em gestos concretos, os valores do mundo novo: a partilha, o serviço, o perdão, o amor, a fraternidade, a solidariedade, a paz; implica, ainda, lutarmos sem desfalecer contra tudo aquilo que desfeia o mundo, que causa sofrimento e morte, que põe em causa a vida, a liberdade e a felicidade dos filhos e filhas de Deus. Aceitamos ser protagonistas, ao lado de Deus, na construção de um mundo mais justo, mais fraterno, mais humano, ou deixamo-nos arrastar passivamente, acomodados e instalados, aceitando que o mundo avance sem a nossa intervenção e sem o nosso testemunho de discípulos de Jesus?

Esse Deus que não abandona os homens na sua caminhada histórica vem continuamente ao nosso encontro para nos deixar os seus desafios, para nos fazer entender os seus projetos, para nos indicar os caminhos que Ele nos chama a percorrer. Da nossa parte, precisamos de estar atentos à sua proximidade e reconhecê-l’O nos sinais da história, no rosto dos irmãos, nos apelos dos que sofrem e que buscam a libertação. O cristão não vive de olhos postos no céu, à espera de uma comunicação especial de Deus; mas vive de olhos postos no mundo, para “ler” o que está a acontecer a cada instante e para escutar os apelos que Deus lhe deixa a cada momento nos acontecimentos da história e nos factos corriqueiros de que é feita a nossa vida de todos os dias. Procuramos detectar os apelos e sinais que Deus nos envia e através dos quais Ele nos indica o que espera de nós? Procuramos manter-nos íntimos de Deus, dialogar frequentemente com Ele, escutar a sua Palavra, a fim de percebermos o plano que Ele tem para o mundo e para nós?

Há uma realidade incontornável, que nunca podemos olvidar: apesar da ação de Deus e dos nossos próprios esforços para que o nosso mundo seja, a cada instante, transformado e humanizado, o mundo novo com que sonhamos e que está no projeto de Deus nunca será uma realidade plena nesta terra: a nossa caminhada neste mundo será sempre marcada pela nossa finitude, pelos nossos limites, pela nossa imperfeição, pelo nosso egoísmo, pelas nossas opções discutíveis. O mundo novo sonhado por Deus é uma realidade escatológica, cuja plenitude só acontecerá depois de Cristo, o Senhor, ter destruído definitivamente o mal que nos torna escravos. Estamos conscientes disso? Temos consciência de que caminhamos rodeados de debilidade e de finitude, mas que isso não pode enfraquecer o nosso compromisso, os nossos esforços, a nossa alegria, a nossa confiança em Deus?...

*Leia na integra. Clique no link ao lado- EVANGELHO DO DIA.

1) Oração

Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho  (Lucas 17, 1-6)

Naquele tempo, 1Jesus disse também a seus discípulos: É impossível que não haja escândalos, mas ai daquele por quem eles vêm! 2Melhor lhe seria que se lhe atasse em volta do pender, perdoa-lhe. 4Se pecar sete vezes no dia contra ti e sete vezes no dia vier procurar-te, dizendo: Estou arrependido, perdoar-lhe-ás. 5Os apóstolos disseram ao Senhor: Aumenta-nos a fé! 6Disse o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão  Lucas 17,1-6

O evangelho de hoje traz três palavras distintas de Jesus: uma sobre como evitar o escândalo dos pequenos, outra sobre a importância do perdão e uma terceira sobre o tamanho da fé em Deus que devemos ter.

 

Lucas 17,1-2: Primeira palavra: evitar o escândalo

“Jesus disse a seus discípulos: "É inevitável que aconteçam escândalos, mas, ai daquele que produz escândalos! Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos”. Escândalo é aquilo que faz a pessoa tropeçar e cair. No nível da fé significa aquilo que desvia a pessoa do bom caminho. Escandalizar os pequenos é ser motivo pelo qual os pequenos se desviem e percam a fé em Deus. Quem faz isto recebe a seguinte sentença: “Corda no pescoço amarrada numa pedra de moinho para ser jogado no fundo do mar!” Por que tanta severidade? É porque Jesus se identifica com os pequenos, os pobres. (Mt 25,40.45). São os seus preferidos, os primeiros destinatários da Boa Nova (cf. Lc 4,18). Quem toca neles, toca em Jesus! Ao longo dos séculos, muitas vezes, nós cristãos pelo nosso modo de viver a fé fomos motivo pelo qual os pequenos se afastaram da igreja e procuraram outras religiões. Já não conseguiam crer, como dizia o apóstolo na carta aos romanos, citando o profeta Isaías: "Por causa de vocês, o nome de Deus é blasfemado entre os pagãos." (Rm 2,24; Is 52,5; Ez 36,22). Até onde nós temos culpa? Será que merecemos a corda no pescoço?

 

Lucas 17,3-4: Segunda palavra: Perdoar o irmão

“Prestem atenção! Se o seu irmão peca contra você, chame a atenção dele. Se ele se arrepender, perdoe. Se ele pecar contra você sete vezes num só dia, e sete vezes vier a você, dizendo: 'Estou arrependido', você deve perdoá-lo”.  Sete vezes por dia! Não é pouco! Jesus pede muito! No evangelho de Mateus, ele diz que devemos perdoar até setenta vezes sete! (Mt 18,22). O perdão e a reconciliação são um dos assuntos em que Jesus mais insiste. A graça de poder perdoar as pessoas e reconcilia-las entre si e com Deus foi dada a Pedro (Mt 16,19), aos apóstolos (Jo 20,23) e à comunidade (Mt 18,18). A parábola sobre a necessidade de perdoar o próximo não deixa dúvida: se não perdoarmos aos irmãos, não podemos receber o perdão de Deus (Mt 18,22-35; 6,12.15; Mc 11,26). Pois não há proporção entre o perdão que recebemos de Deus e o perdão que devemos oferecer ao próximo. O perdão com que Deus nos perdoa gratuitamente é como dez mil talentos comparados com cem denários (Mt 18,23-35). A Bíblia de Jerusalém fez o cálculo: dez mil talentos são 174 toneladas de ouro; cem denários não passam de 30 gramas de ouro.

 

Lucas 17,5-6: Terceira palavra: Aumentar em nós a fé

“Os apóstolos disseram ao Senhor: "Aumenta a nossa fé!" O Senhor respondeu: "Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: 'Arranque-se daí, e plante-se no mar'. E ela obedeceria a vocês”. Neste contexto de Lucas, a pergunta dos apóstolos aparece como motivada pela ordem de Jesus de perdoar até sete vezes por dia ao irmão ou à irmã que pecar contra nós. Não é fácil perdoar. O coração fica magoado, e a razão arruma mil motivos para não perdoar. Só com muita fé em Deus é possível chegarmos ao ponto de ter um amor tão grande que ele nos torne capazes de perdoar até sete vezes por dia ao irmão que peca contra nós. Humanamente falando, aos olhos do mundo, perdoar assim é loucura e escândalo, mas para nós tal atitude é expressão da sabedoria divina que nos perdoa infinitamente mais. Dizia Paulo: “Nós anunciamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos. (1Cor 1,23) .

 

4) Para um confronto pessoal

1) Na minha vida, alguma vez, já fui motivo de escândalo par o meu próximo? Ou alguma vez, os outros foram motivo de escândalo para mim?

2) Será que sou capaz de perdoar sete vezes por dia ao irmão ou à irmã que me ofende sete vezes por dia?

 

5) Oração final

Cantai em sua honra, tocai para ele, recordai todos os seus milagres. Gloriai-vos do seu santo nome, alegre-se o coração dos que buscam o Senhor. (Sl 104, 2-3)

Padre esfaqueado durante missa na Igreja de São José em Bukit Timah; suspeito é preso

 

A polícia disse que o homem tinha quatro outras armas em sua posse. ST FOTO: DESMOND WEE 

 

Ian Cheng e Syarafana Shafeeq

CINGAPURA – Um padre foi esfaqueado por um homem armado com uma faca enquanto celebrava a missa noturna na Igreja de São José, em Upper Bukit Timah, em 9 de novembro.

O agressor, um homem de 37 anos de Cingapura, foi desarmado por membros da congregação e posteriormente preso por policiais, disse a polícia em um comunicado.

Acredita-se que ele tenha agido sozinho, com base em investigações preliminares, e a polícia disse que não suspeita que o ataque tenha sido um ato de terrorismo, por enquanto.

O homem tem antecedentes criminais envolvendo ferimentos graves e uso indevido de drogas, acrescentou a polícia, pedindo ao público que mantenha a calma e não especule, pois as investigações estão em andamento para estabelecer o motivo por trás do incidente.

Ele é um cingalês que já havia declarado à Autoridade de Imigração e Pontos de Verificação que é cristão, disse o Ministro de Assuntos Internos e Direito, K. Shanmugam, em uma publicação no Facebook.

O padre de 57 anos, identificado pela Igreja Católica em Cingapura como Reverendo Christopher Lee, estava consciente quando levado ao National University Hospital. Ele está em condição estável.

A polícia disse que o agressor será acusado no tribunal em 11 de novembro por causar voluntariamente ferimentos graves com arma perigosa.

A Força de Defesa Civil de Cingapura e a polícia receberam pedidos de ajuda por volta das 18h30.

Uma paroquiana que pediu para ser identificada apenas como Sra. Lee disse ao The Straits Times que estava participando da missa das 17h30, e o padre foi esfaqueado em algum momento entre 18h15 e 18h20, enquanto a Sagrada Comunhão estava sendo distribuída.

Ela disse que não tinha uma visão clara do que estava acontecendo, pois estava sentada nas últimas fileiras da igreja, mas conseguiu entender o que aconteceu depois de perguntar a outras pessoas ao seu redor.

O agressor estava sentado entre os paroquianos durante o culto, disse a Sra. Lee.

Ao se aproximar do padre para receber a comunhão, ele pegou uma faca dobrável e esfaqueou o padre, que então caiu para trás.

A polícia disse que o homem tinha quatro outras armas em sua posse. Atualmente, não há evidências que sugiram que este foi um ataque com motivação religiosa, acrescentou a polícia.

O esfaqueamento ocorreu durante a missa mensal das crianças. Muitas crianças estavam sentadas perto da frente quando o ataque aconteceu, e elas começaram a gritar e chorar, disseram fontes.

Membros da congregação, incluindo a equipe de Resposta a Emergências da Arquidiocese, ajudaram a dominar o agressor, disse a Arquidiocese Católica Romana de Cingapura em um comunicado.

Formada em 2016, a equipe é formada por voluntários que atuam como socorristas em emergências.

Em uma postagem no Facebook, o primeiro-ministro Lawrence Wong disse que a violência não tem lugar em Cingapura.

“Acima de tudo, devemos defender a segurança e a santidade dos nossos locais de culto – lugares onde as pessoas buscam paz, consolo e comunidade”, acrescentou.

“Neste caso, foi uma sorte que vários membros da congregação ajudaram a desarmar o agressor antes que ele pudesse causar mais danos. Muitos paroquianos ficaram muito abalados com o que aconteceu, e espero que eles se curem deste evento traumático.”

O Ministro da Cultura, Comunidade e Juventude, Edwin Tong, disse que ficou chocado com o incidente.

“Tal violência, de qualquer forma e por qualquer razão, não tem lugar algum em Cingapura, muito menos em um local de culto. As autoridades relevantes investigarão este incidente e o abordarão apropriadamente”, ele acrescentou em sua publicação no Facebook.

O arcebispo William Goh, chefe da Igreja Católica Romana em Cingapura, disse em uma postagem no Facebook que ficou “chocado e profundamente triste” com o ataque.

“Também estou muito preocupado com o impacto psicológico que este incidente pode ter tido em nossos filhos e em todos que testemunharam este ataque”, acrescentou.

Ele pediu que as pessoas permanecessem calmas e não especulassem sobre o incidente ou fizessem julgamentos sem conhecer todos os fatos.

“Devemos permitir que as autoridades investiguem o assunto”, disse ele.

Em comunicado, a Organização Inter-Religiosa condenou o ataque “num espaço sagrado onde indivíduos estavam reunidos em serviço religioso”.

Vários grupos religiosos também emitiram declarações no Facebook para expressar solidariedade à comunidade católica e enfatizar que atos de violência em um local de culto não podem ser tolerados.

A Sra. Lee disse à ST que, após o ataque, os fiéis foram solicitados a não deixar a igreja até que a ambulância partisse, para não bloquear sua rota. Após o término do culto, eles permaneceram para rezar pela rápida recuperação do padre.

A polícia falou com fiéis sentados na mesma fileira do agressor, que teria esquecido sua bolsa para trás.

“Fiquei muito chocada... Eu estava tremendo e muito assustada”, disse a Sra. Lee.

A Igreja de São José disse em uma postagem no Facebook que as missas e eventos ocorrerão normalmente em 10 de novembro.

Falando à mídia por volta da 1h da manhã do dia 10 de novembro na Sede da Divisão Policial de Jurong, o vice-comandante da Divisão Policial de Jurong, Bertran Chia, elogiou dois membros do público por sua bravura em desarmar e deter o homem. Fonte: https://www.straitstimes.com

O ataque aconteceu durante a Comunhão na Missa mensal das crianças da paróquia São José. Upper Bukit Timah. O sacerdote está hospitalizado e seu quadro é estável.

 

Vatican News

Um sacerdote foi esfaqueado enquanto celebrava a Missa na noite de sábado, 9. Trata-se do Pe. Christopher Lee, de 57 anos, pároco da Igreja de St Joseph, que fica entre as estações Cashew e Hillview MRT em Upper Bukit Timah, Singapura. Ele está atualmente internado no Hospital Universitário Nacional. Sua condição de saúde é estável.

O ataque aconteceu durante a Comunhão na Missa mensal das crianças da paróquia, durante a qual as crianças realizam tarefas que geralmente são realizadas por adultos. As crianças também ocupam as primeiras filas nesses eventos, que são abertos para a participação de todos.

Membros da congregação, incluindo a equipe de Resposta a Emergências Arquidiocesana, ajudaram a dominar o agressor. A equipe de Resposta a Emergências Arquidiocesana é composta por voluntários que atuam como primeiros socorristas em emergências. 

A polícia e a Força de Defesa Civil de Singapura foram chamadas à igreja por volta das 18h30. O agressor, um cingalês de 37 anos, que havia sido desarmado por fiéis foi preso. Segundo a polícia, "ele tem antecedentes por ferimentos graves e abuso de drogas". Ele havia declarado anteriormente à Autoridade de Imigração e Pontos de Verificação (ICA) que é cristão, de acordo com o Ministro de Assuntos Internos K. Shanmugam.

"Com base nas investigações preliminares, acredita-se que o homem tenha agido sozinho e a polícia não suspeita que este seja um ato de terrorismo, ao menos por enquanto", informa ainda a polícia local, exortando a população à calma e a "abster-se de especulações, pois as investigações estão em andamento para apurar a motivação por trás deste incidente."

As paróquias católicas em Singapura têm suas próprias equipes de resposta a emergências, com seus membros presentes nas Missas de fim de semana. Elas são treinadas  pela Arquidiocese católica, que tem sua própria equipe que é mobilizada para grandes eventos, especialmente aqueles com a presença do arcebispo de Singapura, o cardeal William Goh.

Depois do ataque, o cardeal disse estar "chocado e profundamente triste que a violência tenha sido cometida contra um de nossos amados padres na casa de Deus enquanto ele celebrava a Missa".

"Também estou muito preocupado com o impacto psicológico que este incidente pode ter tido em nossos filhos e em todos que testemunharam este ataque", disse ele em suas contas de mídia social. "Peço aos fiéis que permaneçam calmos, não especulem sobre o incidente ou julguem sem conhecer todos os fatos. Devemos permitir que as autoridades investiguem o assunto."

 

 

Governo condena ataque

Expressando choque e tristeza, o primeiro-ministro Lawrence Wong disse que esperava que os paroquianos conseguissem superar desse "evento traumático".

"A violência não tem lugar em Singapura. Acima de tudo, devemos defender a segurança e a santidade de nossos locais de culto - lugares onde as pessoas buscam paz, consolo e comunidade", escreveu o Sr. Wong em uma postagem no Facebook.

"Vamos ficar calmos e unidos, apoiando uns aos outros no espírito de harmonia e resiliência que nos define como cingapurianos."

O Ministro da Cultura, Comunidade e Juventude Edwin Tong condenou o ataque. "Tal violência, de qualquer forma e por qualquer motivo, não tem lugar em Singapura, muito menos em um local de culto. As autoridades relevantes investigarão este incidente e o abordarão adequadamente."

 

 

Mensagens de apoio de organizações religiosas

 Várias organizações religiosas emitiram declarações após o ataque.

A AMP Singapore, uma organização sem fins lucrativos que atende à comunidade muçulmana, desejou ao Pe. Christopher uma rápida recuperação e disse que a violência de qualquer tipo é "inaceitável e não deve ser tolerada".

Em uma carta endereçada ao cardeal Goh, o Conselho Religioso Islâmico de Singapura (MUIS) disse que está junto com os católicos e todas as comunidades religiosas em Singapura na proteção da santidade de todos os locais de culto. "Não pode haver lugar para nenhuma forma de violência, especialmente em nome de qualquer religião e em espaços religiosos."

O Conselho Consultivo Sikh expressou um sentimento semelhante, observando que os locais de culto são espaços sagrados. Ele também pediu que as pessoas permanecessem calmas e não especulassem sobre o incidente.

LoveSingapore, um movimento cristão, também condenou o ataque: "Estamos com nossos irmãos e irmãs na Igreja católica denunciando a violência em qualquer local de culto."

Chamando o ataque de "sem sentido", "sem provocação" e "terrivelmente hediondo", a Federação Budista de Singapura disse que se juntaria a pessoas de todas as religiões para rezar pela rápida recuperação do Padre Christopher.

A Organização Inter-Religiosa (IRO), que visa promover a harmonia entre as diferentes religiões, pediu ao público que demonstrasse apoio à comunidade católica. "Estes são tempos para demonstrar compaixão inter-religiosa e coesão social, como sempre fizemos em Cingapura", disse a IRO. "Vamos permanecer calmos e unidos em amor e solidariedade."

Em um comunicado à imprensa no domingo, a instituição de caridade malaio-muçulmana Perdaus condenou o ataque e pediu paz nos locais de culto.

Hindu Endowments Board e o Hindu Advisory Board disseram que estavam "profundamente tristes" com o incidente. "Atos de violência não têm lugar em nossa sociedade, especialmente em espaços sagrados destinados à paz e à reflexão", disseram em uma declaração conjunta. "A comunidade hindu se mantém unida em solidariedade à comunidade católica e seus líderes durante este momento de tristeza." Fonte: https://www.vaticannews.va

*Com informações de CNA

 

Dom Anuar Battisti

Arcebispo Emérito de Maringá (PR)

 

No 32º Domingo do Tempo Comum, Ano B, a liturgia nos apresenta uma mensagem profunda de confiança e generosidade, especialmente com as leituras do Primeiro Livro dos Reis (1Rs 17,10-16) e do Evangelho de Marcos (Mc 12,38-44). Em ambas, encontramos mulheres viúvas em situações de vulnerabilidade, mas que, mesmo assim, se mostram generosas, confiando em Deus de forma exemplar. 

Na primeira leitura, vemos o profeta Elias encontrar uma viúva em Sarepta, uma mulher que, em meio à seca e à fome, quase não tem o que comer. Quando Elias lhe pede um pouco de pão e água, ela responde: “Pela vida do Senhor, teu Deus, não tenho pão… Eu ia preparar para mim e para meu filho; vamos comer e depois morrer” (1Rs 17,12). Ainda assim, Elias a encoraja, dizendo: “Não tenhas medo. Vai e faz o que disseste. Mas prepara primeiro para mim um pequeno pão e traze-o” (1Rs 17,13). 

Ao confiar na palavra do profeta, a viúva de Sarepta entrega tudo o que tem, e Deus recompensa sua fé, multiplicando a farinha e o óleo. Essa história nos ensina sobre a Providência Divina e como Deus abençoa aqueles que confiam Nele. A viúva é um exemplo de generosidade que não calcula, uma fé que entrega e se confia totalmente aos cuidados de Deus. 

No Evangelho de Marcos, Jesus observa os ricos depositando grandes somas no tesouro do Templo, e então nota uma pobre viúva que coloca duas pequenas moedas, todo o seu sustento. Ele diz aos discípulos: “Em verdade vos digo, esta viúva pobre colocou mais do que todos os outros que ofereceram moedas ao tesouro. Pois todos deram do que tinham em abundância; ela, porém, na sua pobreza, ofereceu tudo o que possuía, tudo o que tinha para viver” (Mc 12,43-44). 

Aqui, Jesus nos ensina sobre a verdadeira generosidade, aquela que vem do coração e não se mede pelo valor material. A viúva dá tudo o que tem, um gesto de total desprendimento e confiança em Deus. Ela representa aqueles que confiam plenamente em Deus, reconhecendo que Ele é a verdadeira fonte de suas vidas. 

Estas duas viúvas, uma de Sarepta e outra do Templo, são figuras de fé e humildade que nos ensinam a verdadeira essência da generosidade cristã. A verdadeira caridade não está em dar apenas o que nos sobra, mas em se entregar com todo o coração, como fez Jesus ao dar sua própria vida por nós. 

O ato de dar não é um ato isolado, mas uma atitude constante de entrega a Deus e ao próximo. No Evangelho de Mateus, Jesus nos lembra que “onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6,21). Assim, Ele nos desafia a colocar nosso coração em Deus, confiando plenamente Nele e na Sua providência. 

Este domingo nos convida a refletir sobre como estamos vivendo nossa generosidade e nossa confiança em Deus. Quando oferecemos algo a Deus, estamos entregando o que é de mais valioso para nós? Ou estamos guardando para nós mesmos, com medo de faltar? Podemos lembrar que a fé em Deus é uma fonte inesgotável de bênçãos, assim como a farinha e o azeite da viúva que nunca faltaram. 

São Paulo, na sua Segunda Carta aos Coríntios, nos diz: “Deus ama a quem dá com alegria” (2Cor 9,7). A viúva do Evangelho é um exemplo dessa alegria em doar, mesmo na pobreza. 

Que este domingo nos inspire a sermos mais generosos, desprendidos e confiantes em Deus. Assim como as viúvas das leituras, sejamos capazes de colocar tudo o que temos nas mãos de Deus, certos de que Ele cuida de nós. Que nossa vida seja um testemunho vivo da fé, pois Jesus nos chama a entregar o melhor de nós mesmos, sem temor, sabendo que Ele é o nosso sustento. 

Hoje celebramos o 8º. Dia Mundial dos Pobres. Em comunhão com o Papa Francisco e toda a Igreja que tem como lema A oração do pobre eleva-se até Deus (cf. Eclo 21, 5)”.No ano dedicado à oração, em vista do Jubileu Ordinário de 2025, essa “expressão da sabedoria bíblica é ainda mais oportuna” em preparação a data do final do ano, escreve o Pontífice, na “certeza de que a nossa oração chega à presença de Deus; não uma oração qualquer, mas a oração do pobre”, para que se torne “um modo de comunhão”, “partilhando o sofrimento” deles. 

Que Maria, mãe dos pobres e dos humildes, nos ajude a sermos generosos e confiantes, entregando-nos plenamente ao Pai, que nunca desampara os seus filhos. Fonte: https://www.cnbb.org.br

É importante que ela tenha uma consciência renovada daquilo que é chamada a ser, desde a sua origem

 

Dom Odilo Pedro Scherer 

Dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, escreve mensalmente na seção Espaço Aberto

 

No dia 27 de outubro passado, encerrou-se no Vaticano a 16.ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que se dedicou ao tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. O que estava em questão era a superação da concepção da Igreja como uma instituição clerical, para olhá-la como o conjunto dos batizados, o “povo de Deus” que crê e segue o Evangelho de Jesus Cristo. Nesse povo, todos participam dos mesmos bens espirituais e são chamados a caminhar unidos, na busca da grande meta da existência, que é o encontro derradeiro com Deus. E todos os seus membros participam da missão de anunciar e testemunhar o Evangelho do reino de Deus no mundo.

A assembleia do Sínodo, de fato, retomou e atualizou a reflexão sobre a Igreja, presente na Constituição Dogmática Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II. A preparação e a realização da assembleia sinodal foram marcadas por uma metodologia sinodal, com uma consulta ampla às bases da Igreja, que são as paróquias, dioceses e organizações dos cristãos leigos e consagrados a Deus na vida religiosa. O papa Francisco insistia em dizer que era preciso ouvir e dialogar com todos. Ao processo de escuta, seguiu-se um longo tempo de discernimento nas Conferências Episcopais e nos organismos continentais da Igreja, como o Conselho Episcopal Latino-Americano. Finalmente, tendo por base as muitas contribuições recolhidas, fez-se a reflexão e o discernimento em duas sessões da assembleia sinodal, com a participação de mais de 300 membros, procedentes de todas as partes do mundo católico. Da assembleia sinodal resultou o documento final, publicado logo após ser votado pelos participantes, no dia 26 de outubro. O documento está disponível na internet.

Muitas expectativas foram criadas sobre possíveis mudanças que o Sínodo poderia introduzir na vida da Igreja. Alguns também manifestaram temores sobre eventuais desvios que o Sínodo poderia desencadear. E houve aqueles que tentaram influenciar as pautas sinodais mediante a pressão da opinião pública sobre os participantes da assembleia. É compreensível que isso aconteça, mas as pressões externas, geralmente, têm pouco efeito sobre os trabalhos na sala sinodal. Além disso, o Sínodo é um organismo consultivo da Igreja e não lhe cabe tomar decisões, a não ser que o papa assim disponha, e no limite das competências próprias de um Sínodo. O organismo colegiado apto a tomar decisões vinculantes na Igreja é o Concílio.

Mesmo sem tomar decisões, a assembleia elaborou indicações importantes para uma prática eclesial mais adequada àquilo que a Igreja de Cristo deve ser em vista da realização de sua missão. Embora a sinodalidade da Igreja pareça algo novo, o seu conteúdo é tão antigo quanto a própria Igreja. As qualidades e a dinâmica da “Igreja sinodal” estão presentes nas próprias origens apostólicas da Igreja e, por isso, ela é chamada a se orientar continuamente, ao longo da sua história, por essas características essenciais que fazem parte da natureza da Igreja. Mais do que nunca, no atual momento histórico, essa volta às origens mostra-se necessária para a renovação interna da Igreja. Por isso, o papa Francisco determinou que se ouvissem todos os segmentos do corpo eclesial, para perceber melhor quais são as carências, as necessidades e as urgências da missão da Igreja em todo o mundo.

Não é simples promover mudanças na Igreja e nem tudo nela depende de decretos pontifícios. A Igreja Católica é um organismo, complexo, com enormes diversidades legítimas quanto às suas manifestações culturais e contextos históricos e sociais. Não se trata de meras mudanças organizativas, doutrinais ou funcionais e não se pensa numa uniformização da Igreja. Embora ela tenha em toda parte a mesma profissão de fé, a mesma doutrina, os mesmos preceitos morais, a mesma autoridade referencial, ela está inserida numa incrível variedade de experiências históricas, sensibilidades culturais e religiosas e relações sociais. As mudanças atualmente necessárias dizem respeito, sobretudo, à autocompreensão da Igreja, povo de Deus, à sua mensagem e àquilo que ela significa para o mundo; às suas relações internas e ao envolvimento de todos os seus membros na missão.

O documento da assembleia sinodal indica que essas mudanças serão alcançadas através de um processo de conversão em diversas dimensões. A primeira delas é a conversão a Deus. Como organismo religioso inserido na História, a Igreja precisa ser dócil às inspirações do Espírito de Deus. Além disso, é necessária a conversão das relações internas na Igreja, para que todos, verdadeiramente, participem do seu bem. Por fim, é fundamental a conversão dos processos de envolvimento na missão da Igreja para o seu dinamismo testemunhal e missionário. Fonte: https://www.estadao.com.br

Se a Igreja vai alcançar essas mudanças a médio ou longo prazo, é difícil prever. Mas é importante que ela tenha uma consciência renovada daquilo que é chamada a ser, desde a sua origem. Fonte: https://www.estadao.com.br

*CARDEAL-ARCEBISPO DE SÃO PAULO 

 

1) Oração

Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 16, 1-8)

Naquele tempo, 1Jesus disse também a seus discípulos: Havia um homem rico que tinha um administrador. Este lhe foi denunciado de ter dissipado os seus bens. 2Ele chamou o administrador e lhe disse: Que é que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, pois já não poderás administrar meus bens. 3O administrador refletiu então consigo: Que farei, visto que meu patrão me tira o emprego? Lavrar a terra? Não o posso. Mendigar? Tenho vergonha. 4Já sei o que fazer, para que haja quem me receba em sua casa, quando eu for despedido do emprego. 5Chamou, pois, separadamente a cada um dos devedores de seu patrão e perguntou ao primeiro: Quanto deves a meu patrão? 6Ele respondeu: Cem medidas de azeite. Disse-lhe: Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve: cinquenta. 7Depois perguntou ao outro: Tu, quanto deves? Respondeu: Cem medidas de trigo. Disse-lhe o administrador: Toma os teus papéis e escreve: oitenta. 8E o proprietário admirou a astúcia do administrador, porque os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz no trato com seus semelhantes. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

O evangelho de hoje traz uma parábola que trata da administração dos bens e que só existe no evangelho de Lucas. Ela costuma ser chamada A parábola do administrador desonesto. Parábola desconcertante. Lucas diz: “O Senhor elogiou o administrador desonesto, porque este agiu com esperteza”. O Senhor é o próprio Jesus e não o administrador. Como é que Jesus podia elogiar um empregado corrupto?

 

Lucas 16,1-2: O administrador é ameaçado de despejo

Um homem rico tinha um administrador que foi denunciado por estar esbanjando os bens dele. Então o chamou, e lhe disse: 'O que é isso que ouço contar de você? Preste contas da sua administração, porque você não pode mais ser o meu administrador”. O exemplo, tirado do mundo do comércio e do trabalho, fala por si. Alude à corrupção que existia. O patrão descobriu a corrupção e decidiu demitir o administrador desonesta. Este, de repente, se vê numa situação de emergência obrigado pelas circunstâncias imprevistas a encontrar uma saída para poder sobreviver. Quando Deus se faz presente na vida de uma pessoa, aí, de repente, tudo muda e a pessoa entra numa situação de emergência. Ela terá que tomar uma decisão e encontrar uma saída.

 

Lucas 16,3-4: O que fazer? Qual a saída?

“Então o administrador começou a refletir: 'O senhor vai tirar de mim a administração. E o que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha”. Ele começa a refletir para descobrir uma saída. Analisa, uma por uma, as possíveis alternativas: cavar ou trabalhar na roça para sobreviver, ele acha que para isso não tem força. Para mendigar, sente vergonha. Ele analisa as coisas. Calcula bem as possíveis alternativas. “Ah! Já sei o que vou fazer para que, quando me afastarem da administração tenha quem me receba na própria casa”. Trata-se de garantir o seu futuro. O administrador desonesto é coerente dentro do seu modo de pensar e de viver.

 

Lucas 16,5-7: Execução da solução encontrada

“E começou a chamar um por um os que estavam devendo ao seu senhor. Perguntou ao primeiro: 'Quanto é que você deve ao patrão?' Ele respondeu: 'Cem barris de óleo!' O administrador disse: 'Pegue a sua conta, sente-se depressa, e escreva cinqüenta'. Depois perguntou a outro: 'E você, quanto está devendo?' Ele respondeu: 'Cem sacas de trigo'. O administrador disse: 'Pegue a sua conta, e escreva oitenta". Dentro da sua total falta de ética o administrador foi coerente. O critério da sua ação não é a honestidade e a justiça, nem o bem do patrão do qual ele depende para viver e sobreviver, mas é o próprio interesse. Ele quer a garantia de ter alguém que o receba em sua casa.

 

Lucas 16,8: O Senhor elogiou o administrador desonesto

E agora vem a conclusão desconcertante: “E o Senhor elogiou o administrador desonesto, porque este agiu com esperteza. De fato, os que pertencem a este mundo são mais espertos, com a sua gente, do que aqueles que pertencem à luz”. A palavra Senhor indica Jesus, e não o patrão, o homem rico. Este jamais iria elogiar um empregado que foi desonesto com ele no serviço e que, agora, roubou mais 50 barris de óleo e 20 sacas de trigo! Na parábola, quem faz o elogio é Jesus. Elogiou não porque roubou, mas porque soube ter presença de espírito. Soube calcular bem as coisas e encontrar uma saída, quando de repente se viu desempregado. Assim como os filhos deste mundo sabem ser espertos nas suas coisas, assim os filhos de luz deveriam aprender deles a ser espertos na solução dos seus problemas, usando os critérios do Reino e não os critérios deste mundo. “Sejam espertos como as serpentes e simples como as pombas” (Mt 10,16).

 

4) Para um confronto pessoal

1) Sou coerente?

2) Qual o critério que uso na solução dos meus problemas?

 

5) Oração final

Uma só coisa pedi ao Senhor, só isto desejo: poder morar na casa do Senhor

todos os dias da minha vida; poder gozar da suavidade do Senhor e contemplar seu santuário. (Sl 26, 4)

 

1) Oração

Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho  (Lucas 15, 1-10)

Naquele tempo, 1Aproximavam-se de Jesus os publicanos e os pecadores para ouvi-lo. 2Os fariseus e os escribas murmuravam: Este homem recebe e come com pessoas de má vida! 3Então lhes propôs a seguinte parábola: 4Quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? 5E depois de encontrá-la, a põe nos ombros, cheio de júbilo, 6e, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia perdido. 7Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. 8Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma delas, não acende a lâmpada, varre a casa e a busca diligentemente, até encontrá-la? 9E tendo-a encontrado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Regozijai-vos comigo, achei a dracma que tinha perdido. 10Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão   Luca 15,1-10

O evangelho de hoje traz a primeira de três parábolas ligadas entre si pela mesma palavra. Tratam de três coisas perdidas: ovelha perdida (Lc 15,3-7), moeda perdida (Lc 15,8-10), e filho perdido (Lc 15.11-32). As três parábola são dirigidas para os fariseus e os doutores da lei que criticavam Jesus (Lc 15,1-3). Isto é, são dirigidas para o fariseu ou para o doutor da lei que existe em cada um de nós.

 

Lucas 15,1-3: Os destinatários das parábolas

Estes três primeiros versos descrevem o contexto em que foram pronunciadas as três parábolas: “Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar. Mas os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus”.: De um lado, se encontram os cobradores de impostos e os pecadores; do outro lado, os fariseus e os doutores da lei. Lucas diz com um pouco de exagero: Todos os publicanos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar”. Algo em Jesus os atraía. É a palavra de Jesus que os atrai (cf Is 50,4).  Eles querem ouvi-lo. Sinal de que não se sentem condenados, mas sim acolhidos por ele. A crítica dos fariseus e escribas é esta: "Esse homem acolhe pecadores, e come com eles!". No envio dos setenta e dois discípulos (Lc 10,1-9), Jesus tinha mandado acolher os excluídos, os doentes e possessos (Mt 10,8; Lc 10,9) e praticar a comunhão de mesa (Lc 10,8).

 

Lucas 15,4: Parábola da ovelha perdida

A parábola da ovelha perdida começa com uma pergunta: "Se um de vocês tem cem ovelhas e perde uma, será que não deixa as noventa e nove no campo para ir atrás da ovelha que se perdeu, até encontrá-la?”  Antes de ele mesmo dar a resposta, Jesus deve ter olhado os ouvintes para ver como responderiam. A pergunta é formulada de tal maneira que a resposta só pode ser positiva: “Sim, ele vai atrás da ovelha perdida!” E você, como responderia? Você deixaria as noventa e nove ovelhas no campo para ir atrás de uma única que se perdeu? Quem faria isso? Provavelmente, a maioria terá respondido: “Jesus, aqui entre nós, ninguém faria uma coisa tão absurda. Diz o provérbio: “Melhor um passarinho na mão do que dez voando!”

 

Lucas 15,5-7: Jesus interpreta a parábola da ovelha perdida

Ora, na parábola o dono das ovelhas faz o que ninguém faria: larga tudo e vai atrás da ovelha perdida. Só Deus mesmo para tomar uma tal atitude! Jesus quer que o fariseu ou o escriba que existe em nós, em mim, tome consciência. Os fariseus e os escribas abandonavam os pecadores e os excluíam. Eles nunca iriam atrás da ovelha perdida. Deixariam que ela se perdesse no deserto. Eles preferem as noventa e nove que não se perderam.  Mas Jesus se coloca na pele da ovelha que se perdeu e que, naquele contexto da religião oficial, cairia no desespero, sem esperança de ser acolhida. Jesus faz saber a eles e a nós: “Se por acaso você se sentir perdido, pecador, lembre-se que, para Deus, você vale mais que as noventa e nove outras ovelhas. Deus vai atrás de você. E caso você se converter, saiba que “no céu haverá mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão."  

 

Lucas 15,8-10: Parábola da moeda perdida

A segunda parábola: "Se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, será que não acende uma lâmpada, varre a casa, e procura cuidadosamente, até encontra a moeda? Quando a encontra, reúne amigas e vizinhas, para dizer: 'Alegrem-se comigo! Eu encontrei a moeda que tinha perdido'. E eu lhes declaro: os anjos de Deus sentem a mesma alegria por um só pecador que se converte". Deus fica alegre conosco. Os anjos ficam alegres conosco. A parábola era para comunicar esperança a quem estava ameaçado de desespero pela religião oficial. Esta mensagem evoca o que Deus nos diz no livro do profeta Isaías: “Eu te gravei na palma da minha mão!” (Is 49,16). “Tu és precioso aos meus olhos, eu te amo!” (Is 43,4)

 

4) Para um confronto pessoal

1) Você andaria atrás da ovelha perdida?

2) Você acha que a igreja de hoje é fiel a esta parábola de Jesus?

 

5) Oração final

Procurai o Senhor e o seu poder, não cesseis de buscar sua face. Lembrai-vos dos milagres que fez, dos seus prodígios e dos julgamentos que proferiu. (Sl 104, 4-5)

 

1) Oração

Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 14, 25-33)

Naquele tempo, 25Muito povo acompanhava Jesus. Voltando-se, disse-lhes: 26Se alguém vem a mim mas não se desapega de seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27E quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo. 28Quem de vós, querendo fazer uma construção, antes não se senta para calcular os gastos que são necessários, a fim de ver se tem com que acabá-la? 29Para que, depois que tiver lançado os alicerces e não puder acabá-la, todos os que o virem não comecem a zombar dele, 30dizendo: Este homem principiou a edificar, mas não pode terminar. 31Ou qual é o rei que, estando para guerrear com outro rei, não se senta primeiro para considerar se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? 32De outra maneira, quando o outro ainda está longe, envia-lhe embaixadores para tratar da paz. 33Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo o que possui não pode ser meu discípulo. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão   Lucas 14,25-33  (Mt 10,37-38)

O evangelho de hoje fala sobre o discipulado e apresenta as condições para alguém poder ser discípulo ou discípula de Jesus. Jesus está a caminho de Jerusalém, onde vai ser preso e morto na Cruz. Este é o contexto em que Lucas coloca as palavras de Jesus sobre o discipulado.

 

Lucas 14,25: Exemplo de catequese

O evangelho de hoje é um exemplo bonito de como  Lucas transforma as palavras de Jesus em catequese para o povo das comunidades. Ele diz: “Grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele disse”. Jesus fala para as grandes multidões, isto é, fala para todos, inclusive para o povo das comunidades do tempo de Lucas e inclusive para nós hoje. No ensinamento que segue, ele coloca as condições para alguém poder ser discípulo de Jesus.

 

Lucas 14,25-26: Primeira condição: odiar pai e mãe

Alguns diminuem a força da palavra odiar e traduzem  “dar preferência a Jesus acima dos pais”. O texto original usa a expressão “odiar os pais”. Em outro lugar Jesus manda amar e honrar os pais (Lc 18,20). Como explicar esta contradição? Será que é uma contradição? No tempo de Jesus a situação social e econômica levava as famílias a se fechar sobre si mesmas e as impedia de cumprir a lei do resgate (goel), isto é, de socorrer os irmãos e as irmãos da comunidade (clã) que estavam ameaçados de perder sua terra ou de cair na escravidão (cf. Dt 15,1-18; Lev 25,23-43). Fechadas sobre si mesmas, as famílias enfraqueciam a vida em comunidade. Jesus quer refazer a vida em comunidade. Por isso pede que se rompa a visão estreita da pequena família que se fecha sobre si mesma e pede para que as famílias se abram e se unam entre si na grande família, na comunidade. Este é o sentido de odiar pai e mãe, mulher filhos, irmãos e irmãs. Jesus mesmo, quando os parentes da sua pequena família queiram leva-lo da volta para Nazaré, não atendeu ao pedido deles. Ignorou ou odiou o pedido deles e alargou a família, dizendo: “Meu irmão, minha irmã, minha mãe é todos aquele que faz a vontade do Pai” (Mc 3,20-21.31-35). Os vínculos familiares não podem impedir a formação da Comunidade. Esta é a primeira condição.

 

Lucas 14,27: Segunda condição: carregar a cruz

“Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo”. Para entender bem o alcance desta segunda exigência devemos olhar o contexto em que Lucas coloca esta palavra de Jesus. Jesus está indo para Jerusalém onde será crucificado e morto. Seguir Jesus e carregar a cruz atrás dele significa ir com ele até Jerusalém para ser crucificado com ele. Isto evoca a atitude das mulheres que “haviam seguido a Jesus e servido a ele, desde quando ele estava na Galiléia. Muitas outras mulheres estavam aí, pois tinham subido com Jesus a Jerusalém” (Mc 15,41). Evoca também a frase de Paulo na carta aos Gálatas: “Quanto a mim, que eu não me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo. Crucificado para o mundo” (Gl 6,14)

 

Lucas 14,28-32: Duas parábolas

As duas têm o mesmo objetivo: levar as pessoas a pensar bem antes de tomar uma decisão. Na primeira parábola ele diz: “Se alguém de vocês quer construir uma torre, será que não vai primeiro sentar-se e calcular os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, lançará o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso, começarão a caçoar, dizendo: Esse homem começou a construir e não foi capaz de acabar!” Esta parábola não precisa de explicação. Ela fala por si: que cada um reflita bem sobre a sua maneira de seguir Jesus e se pergunte se calculou bem as condições antes de tomar a decisão de ser discípulo de Jesus.

A segunda parábola: “Se um rei pretende sair para guerrear contra outro, será que não vai sentar-se primeiro e examinar bem, se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil?  Se ele vê que não pode, envia mensageiros para negociar as condições de paz, enquanto o outro rei ainda está longe”. Esta parábola tem o mesmo objetivo que a precedente. Alguns perguntam: “Como é que Jesus foi usar um exemplo de guerra?” A pergunta é pertinente para nós que conhecemos as guerras de hoje. Só a segunda guerra mundial (1939 a 1945) causou a morte de 54 milhões de pessoas! Naquele tempo, porém, as guerras eram como a concorrência comercial entre as empresas de hoje que lutam entre si para ter mais lucro.

 

Lucas 14,33: Conclusão para o discipulado

A conclusão é uma só: ser cristão, seguir Jesus, é coisa séria. Hoje, para muita gente, ser cristão não é opção pessoal nem decisão de vida, mas um simples fenômeno cultural. Não lhes passa pela cabeça de fazer uma opção. Quem nasce brasileiro é brasileiro. Quem nasce japonês é japonês. Não precisa optar. Já nasce assim e vai morrer assim. Muita gente é cristão porque nasceu assim e morre assim, sem nunca ter tido a idéia de optar e de assumir o que já é por nascimento.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Ser cristão é coisa séria. Devo calcular bem minha maneira de seguir Jesus. Como isto acontece na minha vida?

2) “Odiar os pais”; Comunidade ou família! Como você combina as duas coisas? Consegue unir as duas em harmonia?

 

5) Oração final

O Senhor é minha luz e minha salvação; de quem terei medo? O Senhor é quem defende a minha vida; a quem temerei? (Sl 26, 1)

 

O Arcebispo estava falando sobre o que diz a igreja sobre receber a comunhão direto na boca, e acabou causando descontentamento com algumas pessoas, que pegaram...

Vídeo da Homilia de Dom José Mário Scalon Angonese durante Celebração Eucarística ocorrida no dia 3 de novembro de 2024 na Paróquia Nossa Senhora Consolata na cidade de Cafelândia: Reprodução/Redes Sociais

 

Por Diego Cavalcante

O Clero da Arquidiocese de Cascavel emitiu uma Nota de apoio ao Arcebispo Metropolitano Dom José Mário Scalon Angonese, após exposição descontextualizada de um trecho de pronunciamento seu durante Celebração Eucarística ocorrida no dia 3 de novembro de 2024 na Paróquia Nossa Senhora Consolata na cidade de Cafelândia.

O Arcebispo estava falando sobre o que diz a igreja sobre receber a comunhão direto na boca, e acabou causando descontentamento com algumas pessoas, que pegaram cortes da Homilia e publicaram na internet expondo opiniões próprias.

Confira a nota na íntegra:

Em espírito de corresponsabilidade eclesial e da comunhão que descreve a feição mais legítima e evangélica da Santa Igreja Católica, nós, os presbíteros que integramos o presbitério da Arquidiocese de Cascavel – PR, manifestamos nosso público e incondicional apoio a nosso Arcebispo Metropolitano Dom José Mário Scalon Angonese.

Fazemo-lo no contexto da exposição descontextualizada de um trecho de pronunciamento seu durante Celebração Eucarística com a administração do Sacramento da Confirmação. Tal celebração ocorreu no dia 3 de novembro de 2024, na Paróquia Nossa Senhora Consolata na cidade de Cafelândia – PR.

O Decreto conciliar Christus Dominus, sobre o múnus episcopal, propugna que os bispos, legítimos sucessores dos Apóstolos, devem explicar a doutrina cristã com métodos apropriados às necessidades dos tempos, esforçando-se por se utilizar dos vários meios dos quais dispomos atualmente (cf. § 13).

O teor do pronunciamento de Dom José Mário expressa lidimamente seu modo catequético e familiar de comunicação. Em momento algum houve desacato ou impiedade para o com o Santíssimo Sacramento do Altar. Dom José Mário fala com a liberdade de quem confia em quem está diante de si.

Também nos escritos dos Profetas do Antigo Testamento, na literatura neotestamentária, bem como nos sermões dos Padres da Igreja encontramos metáforas e imagens contundentes na explicitação de determinados temas e situações concretas da vida cristã.

A presente nota não pretende ser argumentação teológica, nem tampouco apologia de um discurso. Seu objetivo é apregoar a beleza da experiência eclesial vivida na Arquidiocese de Cascavel.

Assim sendo, convictos da nossa missão evangelizadora, apresentamos esta manifestação de apoio, no sentido de reforçar ainda mais os laços da Igreja arquidiocesana e externar incondicionalmente nossa confiança em seu pastor próprio, Dom José Mário Scalon Angonese.

Desejamos, outrossim, reiterar nossa obediência filial ao Sr. Arcebispo, em conformidade com a promessa feita no dia no qual cada um de nós foi ordenado presbítero para o serviço da Santa Igreja. Por fim, defendemos mais uma vez a jurisdição da ética, imprescindível para a saúde das relações humanas na vida em sociedade.

Com efeito, uma pessoa e sua dignidade superam infinitamente qualquer recorte de uma sua alocução interpretada fora de contexto.

Rogamos ao povo católico da Arquidiocese de Cascavel que prossiga em seu venerável e coeso testemunho de unidade eclesial.

Isso se mostra também na oração e no apoio para com seu pastor, pois ele é sinal visível da unidade desta Igreja particular e tem a missão de nos encorajar sempre na fidelidade ao Evangelho de Jesus. Fonte: https://cgn.inf.br

 

1) Oração

Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 14, 15-24)

Naquele tempo, 15A estas palavras, disse a Jesus um dos convidados: Feliz daquele que se sentar à mesa no Reino de Deus! 16Respondeu-lhe Jesus: Um homem deu uma grande ceia e convidou muitas pessoas. 17E à hora da ceia, enviou seu servo para dizer aos convidados: Vinde, tudo já está preparado. 18Mas todos, um a um, começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um terreno e preciso sair para vê-lo; rogo-te me dês por escusado. 19Disse outro: Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; rogo-te me dês por escusado. 20Disse também um outro: Casei-me e por isso não posso ir. 21Voltou o servo e referiu isto a seu senhor. Então, irado, o pai de família disse a seu servo: Sai, sem demora, pelas praças e pelas ruas da cidade e introduz aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos. 22Disse o servo: Senhor, está feito como ordenaste e ainda há lugar. 23O senhor ordenou: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga todos a entrar, para que se encha a minha casa. 24Pois vos digo: nenhum daqueles homens, que foram convidados, provará a minha ceia.

 

3) Reflexão  Lucas 14,15-24

O evangelho de hoje continua a reflexão em torno de assuntos ligados à mesa e à refeição. Jesus conta a parábola do banquete. Muita gente tinha sido convidada, mas a maioria não veio. O dono da festa ficou indignado com a desistência dos convidados e mandou chamar os pobres, os aleijados, os cegos, os mancos. Mesmo assim sobrava lugar. Então, mandou convidar todo mundo, até que a casa ficasse cheia. Esta parábola era uma luz para comunidades do tempo de Lucas.

Nas comunidades do tempo de Lucas havia cristãos, vindos do judaísmo e cristãos, vindos da gentilidade, chamados de pagãos. Apesar das diferenças de raça, classe e gênero, eles tinham um grande ideal de partilha e de comunhão (At 2,42; 4,32; 5,12). Mas havia muitas dificuldades, pois os judeus normas de pureza legal que os impediam de comer com os pagãos. Mesmo depois de terem entrado na comunidade cristã, alguns deles mantinham o costume antigo de não sentar à mesma mesa com um pagão. Assim, Pedro teve conflitos na comunidade de Jerusalém, por ter entrado na casa de Cornélio, um pagão, e ter comido com ele (At 11,3). Em vista desta problemática das comunidades, Lucas conservou uma série de palavras de Jesus a respeito da comunhão de mesa (Lc 14,1-24). A parábola que aqui meditamos é um retrato do que estava acontecendo nas comunidades.

 

Lucas 14,15Feliz quem come o pão no Reino de Deus

Jesus tinha acabado de contar duas parábolas: uma, sobre a escolha dos lugares (Lc 14,7-11), e outra, sobre a escolha dos convidados (Lc 14,12-14). Ouvindo estas parábolas, alguém que estava à mesa com Jesus deve ter percebido o alcance do ensinamento de Jesus e disse: "Feliz quem come o pão no Reino de Deus!". Os judeus comparavam o tempo futuro do Messias a um banquete, marcado pela fartura, pela gratidão e pela comunhão (Is 25,6; 55,1-2; Sl 22,27). A fome, a pobreza e a carestia faziam o povo esperar, para o futuro, aquilo que não podiam obter no presente. A esperança dos bens messiânicos, comumente experimentadas nos banquetes, era projetada para o final dos tempos.

 

Lucas 14,16-20O grande jantar está pronto

Jesus responde com uma parábola. "Um homem estava dando um grande jantar e convidou muita gente". Mas os deveres de cada dia impedem os convidados de aceitar o convite. O primeiro diz: “Comprei um terreno. Preciso vê-lo!” O segundo: “Comprei cinco juntas de bois! Vou experimentá-las!” O terceiro: “Casei. Não posso ir!”. Dentro das normas e costumes da época, aquelas pessoas tinham o direito de recusar o convite (cf. Dt 20,5-7).

 

Lucas 14,21-22O convite permanece de pé

O dono da festa fica indignado com a recusa. No fundo, quem está indignado é o próprio Jesus, pois as normas da estrita observância da lei reduziam o espaço para o povo viver a gratuidade de um convite amigo que gerava fraternidade e partilha. Aí, o dono da festa mandou os empregados convidar os pobres, os cegos, os aleijados e os mancos. Os que, normalmente, eram excluídos como impuros, agora são convidados para sentar-se à mesa do banquete.

 

Lucas 14,23-24: Ainda tem lugar

A sala não ficou cheia. Ainda havia lugar. Então, o dono da casa manda convidar os que andam pelo caminhos e trilhas. São os pagãos. Eles também são convidados para sentar-se à mesa. Assim, no banquete da parábola de Jesus, sentam todos juntos na mesma mesa, judeus e pagãos. No tempo de Lucas havia muitos problemas que impediam a realização deste ideal da mesa comum. Por meio da parábola, Lucas mostra que a prática da comunhão de mesa vinha do próprio Jesus.

Depois da destruição de Jerusalém, no ano 70, os fariseus assumiram a liderança nas sinagogas, exigindo o cumprimento rígido das normas que os identificavam como povo judeu. Os judeus que se convertiam ao cristianismo eram vistos como uma ameaça, pois eles derrubavam os muros que separavam Israel dos outros povos. Os fariseus tentavam obrigá-los a abandonar a fé em Jesus. Como não o conseguiam, os expulsavam das sinagogas. Tudo isto provocou uma lenta e progressiva separação entre judeus e cristãos e era fonte de muito sofrimento, sobretudo, para os judeus convertidos (Rm 9,1-5). Na parábola, Lucas deixa bem claro que estes judeus convertidos não eram infiéis ao seu povo. Pelo contrário! Eles são os convidados que não recusaram o convite. Eles são os verdadeiros continuadores de Israel. Infiéis foram os que recusaram o convite e não quiseram reconhecer em Jesus o Messias (Lc 22,66; At 13,27).

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Quais as pessoas que normalmente são convidadas e quais as que não são convidadas para as nossas festas?
  2. Quais os motivos que hoje limitam a participação das pessoas na sociedade e na igreja? E quais os motivos que alguns alegam para se excluir da comunidade? Será que são motivos justos?

 

5) Oração final

As obras do Senhor são esplendor e beleza; sua justiça dura para sempre. Deixou uma lembrança dos seus prodígios: o Senhor é piedade e ternura. (Sl 110, 3-4)

 

"Padre Mimmo", como é conhecido, se junta à lista de cardeais que receberão o barrete no próximo dia 7 de dezembro. De origem calabresa, está à frente da arquidiocese napolitana desde 2020 e é conhecido por seu engajamento social ao lado dos mais vulneráveis. O cardeal eleito declarou: "O cardinalato é serviço e responsabilidade. Não me chamem de eminência; serei e sempre continuarei a ser padre Mimmo."

 

Salvatore Cernuzio – Cidade do Vaticano

Serão, portanto, 21 os novos cardeais que receberão o barrete vermelho no Consistório de 7 de dezembro. O Papa Francisco adicionou à lista dos futuros cardeais um novo nome: o de dom Domenico Battaglia, arcebispo de Nápoles desde dezembro de 2020.

A notícia foi anunciada na tarde de segunda-feira (04/11), pelo diretor da Sala de Imprensa vaticana, Matteo Bruni, em uma declaração: "O Papa Francisco anuncia que incluiu entre os nomes dos novos cardeais que serão criados no próximo Consistório de 7 de dezembro Sua Excelência Domenico Battaglia, arcebispo de Nápoles."

 

"Levo as alegrias e as angústias do sul"

A nomeação surpreendeu toda a arquidiocese e o próprio cardeal eleito, que, ao ser contatado pela mídia vaticana, comentou: "A nomeação com a qual o Papa Francisco me inseriu hoje no Colégio Cardinalício me pegou de surpresa, gerando em mim uma reação dupla. De um lado, sinto o peso dessa responsabilidade com que o Papa me convida a abrir o coração, para ajudá-lo em seu ministério e acolher sua preocupação com a Igreja universal e com o mundo inteiro. De outro lado, sinto uma sincera gratidão ao Papa Francisco, não tanto pela atenção que ele dirige à minha pessoa, mas porque ao me chamar para este serviço, ele olhou para um filho do Sul, bispo de uma Igreja do Sul, deste Sul que é ao mesmo tempo terra de luta e de esperança!"

"Sinto como meu dever, também neste novo encargo - acrescenta Battaglia - levar comigo as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens de hoje, especialmente dos pobres e de todos os que sofrem no nosso Sul e em todos os 'sul' do mundo, 'sul' existenciais e não apenas geográficos!"

 

"Serei sempre padre Mimmo"

O futuro cardeal afirma estar seguro de "poder contar com a oração da Igreja de Nápoles e de todos aqueles com quem compartilha o caminho". A si mesmo e a todos, recorda que "tornar-se cardeal não é um privilégio, mas uma responsabilidade, uma responsabilidade que podemos compartilhar na medida em que caminharmos juntos, sentindo-nos servos uns dos outros!". Ele faz questão de acrescentar uma última coisa: "Não me chamem de Eminência, como alguns já fizeram; serei e sempre continuarei a ser padre Mimmo."

 

A lista dos novos cardeais volta a 21

O número de cardeais eleitos volta, então, ao número original, anunciado ao término do Angelus de 6 de outubro passado, após a renúncia do bispo indonésio de Bogor, dom Paskalis Bruno Syukur, em 22 de outubro, "para crescer na vida sacerdotal". Assim como em Turim, com a escolha do arcebispo Roberto Repole, uma grande diocese italiana volta a ser sede cardinalícia.

 

 

Engajado com os mais vulneráveis

Battaglia, ou melhor, "padre Mimmo", é uma figura pastoral de destaque com um histórico de "sacerdote das ruas", especialmente comprometido com jovens e dependentes químicos. O Papa também o incluiu entre os membros das duas sessões do Sínodo sobre a Sinodalidade.

Nascido na Calábria, natural de Satriano, tem 61 anos e, antes da arquidiocese napolitana, foi bispo da Diocese de Cerreto Sannita-Telese-Sant’Agata de’ Goti, na província de Benevento. Estudou filosofia e teologia no Pontifício Seminário Regional "São Pio X" em Catanzaro. Ordenado sacerdote em 6 de fevereiro de 1988, ao longo dos anos foi pároco, reitor, diretor de escritórios diocesanos e cônego. Em 24 de junho de 2016, foi eleito por Papa Francisco para a sede episcopal de Cerreto Sannita-Telese-Sant'Agata de' Goti. A consagração episcopal ocorreu em 3 de setembro e a posse na comunidade beneventana em 2 de outubro de 2016, tendo escolhido como lema episcopal as palavras de Jesus a Bartimeu – o filho cego de Timeu, que estava sentado à beira do caminho a mendigar – "Coragem, levanta-te, ele te chama!" ("Confide, surge, vocat te!").

 

Atenção aos marginalizados

Dom Battaglia sempre teve um envolvimento especial com os fracos e marginalizados: esteve ao lado dos dependentes químicos de 1992 a 2016, liderando o "Centro Calabrese de Solidariedade", estrutura vinculada às Comunidades Terapêuticas de padre Mario Picchi, da qual foi presidente nacional de 2006 a 2015. De 2000 a 2006, também foi vice-presidente da Fundação Betânia de Catanzaro, uma obra diocesana de assistência e caridade.

Em Nápoles, onde é bem apreciado pelo clero e pelos fiéis locais, o novo arcebispo se apresentou em sua primeira mensagem "como irmão que vai ao encontro dos irmãos" em uma cidade, "tesouro do Sul", onde se luta e se espera frente a várias problemáticas sociais. Questões que ele sempre denunciou, sem nunca deixar de criticar episódios de violência e criminalidade, que observa também com o olhar de pastor, como continuará fazendo como cardeal.

 

O Colégio Cardinalício

No próximo Consistório, o décimo do Papa Francisco, apenas um dos futuros cardeais não será eleitor (o ex-núncio Acerbi): com a adição de Battaglia, serão 11 europeus, dos quais 5 italianos; 6 do continente americano, dos quais 5 sul-americanos, 3 asiáticos e 1 africano. A partir de 7 de dezembro, o Colégio Cardinalício será composto por 256 membros, dos quais 141 eleitores e 115 não eleitores. Fonte: https://www.vaticannews.va

 

1) Oração

Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 14, 12-14)

Naquele tempo, 12Dizia igualmente ao que o tinha convidado: Quando deres alguma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos. Porque, por sua vez, eles te convidarão e assim te retribuirão. 13Mas, quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. 14Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

O evangelho de hoje dá continuidade ao ensinamento que Jesus estava dando em torno de vários assuntos, todos ligados à mesa e à refeição: uma cura durante a refeição (Lc 14,1-6); um conselho para não ocupar logo os primeiros lugares (Lc 14,7-12); um conselho para convidar os excluídos (Lc 14,12-14). Esta organização das palavras de Jesus em torno de uma determinada palavra, como mesa ou refeição, ajuda a perceber o método usado pelos primeiros cristãos para guardar na memória as palavras de Jesus

 

Lucas 14,12: Convite interesseiro

Jesus está jantando na casa de um fariseu que o tinha convidado (Lc 14,1). O convite para o jantar é  o assunto do ensinamento do evangelho de hoje. Existem vários tipos de convite: convites interesseiros em benefício de si mesmo e convites desinteressados em benefício dos outros. Jesus diz: "Quando você der um almoço ou jantar, não convide amigos, nem irmãos, nem parentes, nem vizinhos ricos. Porque esses irão, em troca, convidar você. E isso será para você recompensa”. O costume normal do povo era este: para almoçar ou jantar eles convidavam amigos, irmãos e parentes. Pois sentar à mesa com pessoas desconhecidas ninguém fazia. Comunhão de mesa só com gente amiga! Este era o costume entre os judeus. É este também o nosso costume até hoje. Jesus pensa diferente e manda fazer convites desinteressados que ninguém costuma fazer.

 

Lucas 14,13-14: Convite desinteressado

Jesus diz: “Quando você der uma festa, convide pobres, aleijados, mancos e cegos”. Jesus manda romper o círculo fechado e pede para convidar os excluídos: pobres, aleijados, mancos, cegos. Este não era o costume e, até hoje, ninguém faz isso. Mas Jesus insiste: “Convida esse pessoal!” Por que? Porque no convite desinteressado, dirigido a pessoas excluídas e marginalizadas, existe uma fonte de felicidade: “Então você será feliz! Porque eles não lhe podem retribuir”. Felicidade estranha, diferente! Você será feliz porque eles não podem retribuir. É a felicidade que nasce do fato de você ter feito um gesto de gratuidade total. Um gesto de amor que quer o bem do outro e para o outro, sem esperar nada em troca. É a felicidade de quem faz as coisas gratuitamente, sem querer nenhuma retribuição. Jesus diz que esta felicidade é a semente da felicidade que Deus vai dar na ressurreição. Ressurreição, não só no fim da história, mas já desde agora. Agir assim já é uma ressurreição!

 

É o Reino acontecendo. O conselho que Jesus nos dá no evangelho de hoje evoca o envio dos setenta e dois discípulos para a missão de anunciar o Reino (Lc 10,1-9). Entre as várias recomendações dadas naquela ocasião como sinais da presença do Reino, estão (1) a comunhão de mesa e (2) a acolhida aos excluídos: “Quando entrarem numa cidade, e forem bem recebidos, comam o que servirem a vocês, curem os doentes que nela houver. E digam ao povo: O Reino de Deus chegou!” (Lc 10,8-9) Aqui, nestas recomendações, Jesus manda transgredir aquelas normas de pureza legal que impediam a convivência fraterna.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Convite interesseiro e convite desinteressado: qual dos dois acontece mais na minha vida?

2) Se você fizesse só convites desinteressados, isto lhe traria dificuldades? Quais?

 

5) Oração final

Senhor, meu coração não se orgulha e meu olhar não é soberbo; não ando atrás de coisas grandes, superiores às minhas forças. Antes, me acalmo e tranqüilizo, como criança desmamada no colo da mãe, como criança desmamada é minha alma. (Sl 130, 1-2)

 

Francisco celebrou a liturgia de 2 de novembro para a comemoração dos mortos no Cemitério Laurentino de Roma. Antes da celebração, ele parou no “Jardim dos Anjos”, uma área dedicada ao sepultamento de crianças que não nasceram, ali rezou em frente às lápides cercadas por brinquedos e estatuetas e cumprimentou um pai que perdeu sua filha. Não houve homilia na missa, mas um momento de meditação e oração.

 

Salvatore Cernuzio – Vatican News

Uma mãe traça com canetinha a inscrição na lápide de sua filha, que faleceu quando não tinha nem um ano de idade. Outra muda a água das flores colocadas entre brinquedos e pedrinhas desenhadas. Um pai, Stefano, em vez disso, limpa a estrela com o nome de sua bebê Sara, cuja gravidez foi interrompida com onze semanas em julho de 2021. Cenas antinaturais - porque são as de pais que choram a morte de seus filhos, especialmente crianças - dão as boas-vindas à chegada do Papa ao Cemitério Laurentino, em Roma, onde Francisco, pela segunda vez depois de 2018, escolheu para celebrar a Missa para a comemoração dos mortos.

 

Parada no Jardim dos Anjos

A primeira parada, como há seis anos, foi no “Jardim dos Anjos”, a área de 600 metros quadrados dedicada à sepultura de bebês que não nasceram, devido à interrupção da gravidez ou a outros problemas durante a gestação. Thomas, Matthias, Mary, Joseph, Andrew, Ariana: seus nomes estão esculpidos em pedra ou em uma estela de madeira, gravados ou escritos à mão. Muitos têm a palavra “foetus” (feto) antes do nome; quase toda a primeira fila é ocupada por crianças de 2024. Ao redor, há brinquedos de pelúcia da Disney ou de outros personagens de desenhos animados, balões, cata-ventos e outros objetos, todos desgastados pela lama e pela chuva. Trazem um sorriso de volta a um lugar onde só há lágrimas. O Papa chega por volta das 9h45 de carro, percorrendo o longo corredor onde, de um lado, estão as paredes de túmulos do cemitério municipal, o terceiro maior de Roma; do outro, a praça com uma centena de pessoas reunidas desde as primeiras horas da manhã sob o pequeno palco branco onde Francisco celebra a Missa de 2 de novembro.

 

Em frente às lápides das crianças

Ao chegar ao “Jardim dos Anjos”, o Pontífice - em cadeira de rodas – observa todas as lápides uma a uma. Para no meio e fica alguns minutos sozinho em oração e silêncio. Que palavras expressar? Ele mesmo disse isso na recente mensagem de vídeo para as intenções de oração do mês de novembro, dedicada às mães e aos pais que passam pelo sofrimento terrível da perda de um filho e de uma filha. “Palavras de conforto às vezes são triviais, sentimentais e desnecessárias. Mesmo que sejam ditas naturalmente com a melhor das intenções, elas podem acabar ampliando a ferida”, disse o Papa no clipe.

 

O encontro com Stefano

O momento de recolhimento é interrompido pela breve conversa com Stefano, que estava esperando o Papa ao lado do jardim o tempo todo. Ele se ajoelha quando chega e aperta sua mão, conta brevemente sua história e aponta para o túmulo de seu filho. Francisco acena com a cabeça e aperta seu braço, depois pega a carta que o homem lhe entrega. Logo em seguida, o Papa se dirige à área em frente, também dedicada ao sepultamento de crianças que faleceram cedo demais. Alguns parentes estão atrás das barreiras, cumprimentando discretamente, segurando vasos e buquês de flores. O Papa o coloca um grande buquê de rosas brancas sob a placa com a inscrição “Jardim dos Anjos”, cercado por outros brinquedos, estatuetas de gesso de anjos, de fato, um rosto de Cristo, uma almofada de Cinderela.

 

A saudação ao prefeito Gualtieri

No carro, Francisco se dirige em direção ao palco, iluminado por um sol romano incomum que faz com que esse 2 de novembro pareça um dia quase primaveril. A sombra é dada apenas pela grande parede de tijolos brancos com a inscrição Vita mutatur non tollitur. As pessoas cumprimentam o Papa com gritos suaves de “Viva o Papa” ditados pelo afeto, mas conscientes do lugar e da ocasião. O Papa Francisco cumprimenta brevemente os fiéis, parando especialmente para saudar os doentes em cadeira de rodas, que são colocados na primeira fila. Em sua chegada, ele é recebido pelo prefeito de Roma, Roberto Gualtieri, que aperta sua mão e troca algumas palavras.

 

Um momento de meditação durante a Missa

A movimentação dos familiares que visitam seus entes queridos falecidos continua por um tempo. Com o início da celebração tudo para. No momento da homilia, o Papa permanece em silêncio, com a cabeça inclinada, em meditação e oração. Recita as orações da liturgia de hoje: “Senhor, nossa existência terrena é apenas um sopro, ensina-nos a contar nossos dias, dá-nos a sabedoria de coração que reconhece no momento da morte não o fim, mas a passagem da vida”. Em seguida, abençoou todos os presentes e elevou a oração de sufrágio e bênção para aqueles que deixaram este mundo, e pediu a Deus conforto para aqueles que estão passando pelo sofrimento da separação. A oração do Descanso Eterno e os aplausos da multidão encerraram a celebração. Antes de entrar no carro para o retorno ao Vaticano, o Papa faz outra rápida parada com os fiéis presentes. Cumprimentou novamente o prefeito Gualtieri e abençoou a barriga de uma jovem grávida, concluindo assim o encontro.

 

A despedida às “Centelhas de Esperança”

Enquanto isso, na praça, o grupo de mães “Centelhas de Esperança” que compartilham a perda de um filho ou filha muito jovem por diferentes motivos, se agrupavam comovidas. Elas se reuniram após o Jubileu da Misericórdia graças ao reitor da paróquia do cemitério, Jesus Ressuscitado, que - elas contam - “nos deu a esperança da ressurreição e da aceitação, a única coisa de que precisamos, juntamente com o compartilhamento da dor. Vivemos nossa dor juntas”. Há os órfãos, as viúvas, pais como nós, explicam as mulheres, “não há nenhuma palavra que nos identifique”. Elas se apresentam combinando seus nomes com os de seus filhos: Francesca, a organizadora, mãe de Giorgia, que morreu aos 15 anos, Caterina, mãe de Marina, Maria Teresa, de Daniele, Shanti, de Marco, e depois Roberta, que perdeu seu filho Claudio, Roberta, mãe de Chiara, Nazarena, mãe de Chiara, e Angela, de Cinzia. Todas deram ao Papa de presente um lenço branco: “É o nosso abraço caloroso para ele, um abraço simbólico também de nossos filhos”, explicaram, agradecendo ao Pontífice por seu silêncio “sério e respeitoso” durante a Missa e por sua presença no Cemitério Laurentino: “Um testemunho de afeto. Um meio maior de estar perto de nossos filhos”. Fonte: https://www.vaticannews.va

 

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho  (Lucas 14, 1-6)

1Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam. 2Havia ali um homem hidrópico. 3Jesus dirigiu-se aos doutores da lei e aos fariseus: É permitido ou não fazer curas no dia de sábado? 4Eles nada disseram. Então Jesus, tomando o homem pela mão, curou-o e despediu-o. 5Depois, dirigindo-se a eles, disse: Qual de vós que, se lhe cair o jumento ou o boi num poço, não o tira imediatamente, mesmo em dia de sábado? 6A isto nada lhe podiam replicar.

 

3) Reflexão

O evangelho de hoje traz mais um episódio de discussão entre Jesus e os fariseus, acontecido durante a longa viagem de Jesus desde a Galiléia até Jerusalém. É muito difícil de situar este fato no contexto da vida de Jesus. Existem semelhanças com um fato narrado no evangelho de Marcos (Mc 3,1-6). Provavelmente, trata-se de uma das muitas histórias transmitidas oralmente e que, na transmissão oral, foram sendo adaptadas de acordo com a situação, as necessidades e as esperanças do povo das comunidades.

 

Lucas 14,1: O convite em dia de sábado

“Num dia de sábado aconteceu que Jesus foi comer em casa de um dos chefes dos fariseus, que o observavam”. Esta informação inicial sobre refeição na casa de um fariseu é o gancho para Lucas contar vários episódios que falam da refeição: cura do homem doente (Lc 14,2-6), escolha dos lugares à mesa (Lc 14,7-11), escolha dos convidados (Lc 14,12-14), convidados que recusam o convite (Lc 14,15-24). Muitas vezes Jesus é convidado pelos fariseus para participar das refeições. No convite deve ter havido também um motivo de curiosidade e um pouco de malícia. Querem observar Jesus de perto para ver se ele observa em tudo as prescrições da lei.

 

Lucas 14,2: A situação que vai provocar a ação de Jesus

“Havia um homem hidrópico diante de Jesus”. Não se diz como um hidrópico pôde entrar na casa do chefe dos fariseus. Mas se ele está diante de Jesus é porque quer ser curado. Os fariseus que o observam Jesus. Era dia de sábado, e em dia de sábado é proibido curar. O que fazer? Pode ou não pode?

 

Lucas 14,3: A pergunta de Jesus aos escribas e fariseus

“Tomando a palavra, Jesus falou aos especialistas em leis e aos fariseus: "A Lei permite ou não permite curar em dia de sábado?"  Com a sua pergunta Jesus explicita o problema que estava no ar: pode ou não pode curar em dia de sábado? A lei permite, sim ou não? No evangelho de Marcos, a pergunta é mais provocadora: “Em dia de sábado pode fazer o bem ou o mal, salvar ou matar?” (Mc 3,4).

 

Lucas 14,4-6: A cura

  Os fariseus não responderam e ficaram em silêncio. Diante do silêncio de quem não aprova nem desaprova, Jesus tomou o homem pela mão, o curou, e o despediu. Em seguida, para responder a uma possível crítica, explicitou o motivo que o levou a curar: "Se alguém de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tiraria logo, mesmo em dia de sábado?"  Com esta pergunta Jesus mostra a incoerência dos doutores e dos fariseus. Se qualquer um deles, em dia de sábado, não vê problema nenhum em socorrer a um filho ou até a um animal, Jesus também tem o direito de ajudar e curar o hidrópico. A pergunta de Jesus evoca o salmo, onde se diz que o próprio Deus socorres a homens e animais (Sl 36,8). Os fariseus “não foram capazes de responder a isso” . Pois diante da evidência não há argumento que a negue.

 

4) Para um confronto pessoal

1) A liberdade de Jesus diante da situação. Mesmo observado por quem não o aprova, ele não perde a liberdade. Qual a liberdade que existe em mim?

2) Há momentos difíceis na vida, em que somos obrigados a escolher entre a necessidade imediata de um próximo e a letra da lei. Como agir?

 

5) Oração final

Louvarei o Senhor de todo o coração, na assembléia dos justos e em seu conselho. Grandes são as obras do Senhor, dignas de admiração de todos os que as amam. (Sl 110, 1-2)

Seguimos nos portando como quem guarda a garrafa térmica na geladeira para conservar a água quente

 

Por Flávio Tavares

Jornalista, escritor (Prêmio Jabuti 2000 e 2005; Prêmio APCA 2004) e professor aposentado da Universidade de Brasília, Flávio Tavares escreve mensalmente na seção Espaço Aberto

 

Na véspera do Dia de Finados é imprescindível falar da vida e não da morte. Morrer faz parte da existência. É um fim em si mesmo, definido popularmente pelo velho refrão de que “para morrer, basta estar vivo”. No entanto, estamos acelerando a morte da vida no planeta com o descuido contínuo que faz surgir a crise climática atual. As mudanças climáticas são antigas, não surgiram nas últimas décadas. Talvez tenham até alguns séculos, desde quando na “idade da pedra” se acenderam as primeiras fogueiras. Incrementaram-se e cresceram, porém, com a “Revolução Industrial”, que nos facilitou o viver no dia a dia, mas terminou por nos tirar muito mais do que, agora, nos proporciona em bem-estar.

Só nas últimas décadas, porém, a ciência e os cientistas descobriram as “mudanças climáticas” como um fenômeno provocado por nosso desleixo para com a vida no planeta. Passamos a conhecer o “efeito estufa” como o verdadeiro vilão da vida, sempre à espreita para nos destruir gradativamente. É ele o responsável pela seca na Amazônia (onde, antes, chovia todos os dias) tanto quanto pelas enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul. Ou até pela ventania e temporais que afetaram o abastecimento de energia elétrica em São Paulo. Surge a pergunta: a natureza será má? Ou a maldade está em nós mesmos como conjunto da sociedade ao não responsabilizar os governantes por deixarem de adotar as medidas pelas quais são responsáveis?

Aí está o Acordo de Paris, assinado pelos governos de 195 países, mas que, na prática, deixou de ser um compromisso e se tornou quase um mero documento burocrático. O Brasil é o sexto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo e, por isso, deve apresentar medidas concretas na próxima reunião climática a realizar-se no Azerbaijão. Nada ou muito pouco, porém, se faz aqui com o que se chama de “Contribuição Nacionalmente Determinadas” (ou NDC na sigla em inglês de Nationally Determined Contributions) para alinhar esforços e atingir a meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau centígrado em comparação com os níveis pré-industriais, sem que isso afete a economia e o desenvolvimento.

Quais as medidas práticas para deter o efeito estufa e obter emissões zero até a metade deste século? O mundo está chegando à beira do colapso. No entanto, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas afirma que “ainda há tempo” de “mudar a rota” e estabilizar o aumento da temperatura em 1,5 grau centígrado, evitando o colapso. Em 2023, o aquecimento variou de 2,1 graus a 2,8 graus centígrados. Seguimos, porém, nos portando como quem guarda a garrafa térmica na geladeira para conservar a água quente…

Tratando ainda de preservação ambiental, surge a água como problema fundamental a resolver. Em São Paulo e cidades menores ao longo do Brasil, seguimos lavando calçadas e automóveis com água tratada, num desperdício que podemos chamar de criminoso. O problema se agiganta com um número que esquecemos: 47,6% da população do Brasil não tem acesso à água tratada nem à coleta de esgoto. E apenas 46% dos esgotos são tratados.

Assim, tudo se degrada, da saúde dos habitantes ao ecossistema aquático. Não é preciso nem sequer buscar exemplos lá fora para demonstrar o quase horror. Junto à maior cidade do Brasil, a Represa Billings (que vai completar cem anos em 2025) é o mais importante reservatório paulistano de água. No entanto, a maioria das moradias junto à represa não tem acesso adequado a esgoto e nem sequer à água tratada. Os detritos e resíduos, a começar pelas fezes, são lançados na própria represa que, por outro lado, irá tratar essa água que vai abastecer os paulistanos. Qual a explicação disso?

Dir-se-á que a desordenada urbanização das áreas junto à represa é responsável por esse duplo problema que, por sua vez, foi provocado pela migração de famílias vindas do Nordeste e de outras regiões do Brasil em busca de trabalho. Ainda que essa migração verdadeiramente tenha ocorrido (e que São Paulo tenha até o apelido de “maior cidade do Nordeste”), só a cegueira e inação dos governantes pode explicar tudo isso.

Há outras situações a mostrar que o horror se estende. A tragédia de Mariana, em Minas Gerais, onde uma barragem da Samarco se rompeu em 2015, matou 19 pessoas e devastou com lama tóxica (que chegou ao Rio Doce) uma área equivalente a 13 mil piscinas olímpicas, só poucos dias atrás teve o que se chamou de “solução”, após nove anos. De fato, essa “solução” é monetária ou indenizatória e não recupera por si só as regiões devastadas nem ressuscita os mortos, obviamente. O valor total das indenizações chega a R$ 170 bilhões, e o acordo se fez dias depois de um tribunal iniciar em Londres o julgamento do mesmo episódio, já que a Samarco (geradora do rompimento) é empresa de capital inglês e australiano, além da brasileira Vale. Fonte: www.estadao.com.br

Por tudo isso, indago agora: não estaremos estendendo ao infinito o Dia de Finados?

* JORNALISTA E ESCRITOR, PRÊMIO JABUTI DE LITERATURA 2000 E 2005, PRÊMIO APCA 2004, É PROFESSOR APOSENTADO DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

 

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho  (Lucas 13, 31-35)

31No mesmo dia chegaram alguns dos fariseus, dizendo a Jesus: Sai e vai-te daqui, porque Herodes te quer matar. 32Disse-lhes ele: Ide dizer a essa raposa: eis que expulso demônios e faço curas hoje e amanhã; e ao terceiro dia terminarei a minha vida. 33É necessário, todavia, que eu caminhe hoje, amanhã e depois de amanhã, porque não é admissível que um profeta morra fora de Jerusalém. 34Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os enviados de Deus, quantas vezes quis ajuntar os teus filhos, como a galinha abriga a sua ninhada debaixo das asas, mas não o quiseste! 35Eis que vos ficará deserta a vossa casa. Digo-vos, porém, que não me vereis até que venha o dia em que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor!

 

3) Reflexão  Lucas 13, 31-35

O evangelho de hoje nos faz sentir o contexto ameaçador e perigoso no qual Jesus vivia e trabalhava. Herodes, o mesmo que tinha matado João Batista, quer matar Jesus.

 

Lucas 13,31: O aviso dos fariseus a Jesus

“Nesse momento, alguns fariseus se aproximaram, e disseram a Jesus: "Deves ir embora daqui, porque Herodes quer te matar". É importante notar que Jesus recebeu o aviso da parte dos fariseus. Algumas vezes, os fariseus estão juntos com o grupo de Herodes querendo matar Jesus (Mc 3,6; 12,13). Mas aqui, eles são solidários com Jesus e querem evitar a morte dele. Naquele tempo, o poder do rei era absoluto. Ele não prestava conta a ninguém da sua maneira de governar. Herodes já tinha matado a João Batista e agora está querendo acabar também com Jesus.

 

Lucas 13,32-33: A resposta de Jesus

“Jesus disse: "Vão dizer a essa raposa: eu expulso demônios, e faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia terminarei o meu trabalho”. A resposta de Jesus é muito clara e corajosa. Ele chama Herodes de raposa. Para anunciar o Reino Jesus não depende da licença das autoridades políticas. Ele até manda um recado informando que vai continuar seu trabalho hoje e amanhã e que só vai embora depois de amanhã, isto é, no terceiro dia. Nesta resposta transparece a liberdade de Jesus frente ao poder que queria impedi-lo da realizar a missão recebida do Pai. Pois quem determina os prazos e a hora é Deus e não Herodes! Ao mesmo tempo, na resposta transparece um certo simbolismo relacionado com a morte e a ressurreição ao terceiro dia em Jerusalém. E para dizer que não vai ser morto na Galiléia, mas sim em Jerusalém, capital do seu povo, e que vai ressuscitar no terceiro dia.

 

Lucas 13,34-35: Lamento de Jesus sobre Jerusalém

"Jerusalém, Jerusalém, você que mata os profetas e apedreja os que lhe foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir seus filhos, como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas, mas você não quis!”   Este lamento de Jesus sobre a capital do seu povo evoca a longa e triste história da resistência das autoridades aos apelos de Deus que chegavam a elas através de tantos profetas e sábios. Em outro lugar Jesus fala dos profetas perseguidos e mortos desde Abel até Zacarias (Lc 11,51). Chegando em Jerusalém pouco antes da sua morte, olhando a cidade do alto do Monte das Oliveiras, Jesus chora sobre ela, porque ela não reconheceu o tempo em que Deus veio para visitá-la." (Lc 19,44). 

 

4) Para um confronto pessoal

1)  Jesus qualifica o poder político como raposa. O poder político do seu país merece esta qualificação?

2) Jesus tentou muitas vezes converter o povo de Jerusalém, mas as autoridades religiosas resistiram. E eu, quanto vezes resisti?

 

5) Oração final

Procurai o SENHOR e o seu poder, não cesseis de buscar sua face. Lembrai-vos dos milagres que fez, dos seus prodígios e dos julgamentos que proferiu. (Sl 104, 4-5) 

Dom Anuar Battisti

Arcebispo Emérito de Maringá (PR)

 

Amados irmãos e irmãs, neste dia 03 de novembro, transferido no Brasil por decisão da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – para o domingo, celebramos a Solenidade de Todos os Santos, uma festa de grande alegria e esperança para nós, cristãos. Este dia nos convida a olhar para a multidão de homens e mulheres que, vivendo em diversas épocas e circunstâncias, alcançaram a santidade e agora estão na glória de Deus. Esses santos são nossos modelos e intercessores, e a celebração de hoje nos lembra que todos nós somos chamados à santidade, como nos diz São Paulo: “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Ts 4,3). 

Na primeira leitura, do Livro do Apocalipse, o apóstolo João nos oferece uma visão gloriosa do céu: “Vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé diante do trono e diante do Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas na mão” (Ap 7,9). Esta imagem nos revela que os santos são uma multidão inumerável, vindos de todos os lugares, unidos em torno de Cristo, o Cordeiro de Deus. Eles foram lavados pelo sangue do Cordeiro e agora participam da glória eterna. Eles estão lá porque viveram uma vida de fidelidade a Deus, superando tribulações e provações, como se diz mais adiante: “São aqueles que vieram da grande tribulação e lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro” (Ap 7,14). 

Essa visão é uma fonte de grande esperança para nós, pois nos lembra que o caminho para a santidade está aberto a todos. Não importa de onde viemos ou quais foram as nossas dificuldades, todos podemos alcançar a santidade, se seguirmos o caminho de Cristo. 

Na segunda leitura, da Primeira Carta de São João, ouvimos uma verdade profunda e transformadora: “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!” (1Jo 3,1). O apóstolo nos lembra que, como filhos de Deus, estamos destinados à santidade. Somos chamados a viver como verdadeiros filhos de Deus, imitando Cristo e conformando nossas vidas ao Seu ensinamento. João nos exorta a manter nossa esperança firmemente em Deus, porque “quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é” (1Jo 3,2). A santidade consiste em permitir que essa semelhança com Cristo cresça em nós, dia após dia. 

Ser santo, portanto, não é algo reservado a um grupo seleto. A santidade é o chamado fundamental de todo cristão. Muitas vezes pensamos nos santos como figuras distantes e inatingíveis, mas hoje somos lembrados de que eles eram homens e mulheres como nós. Eles experimentaram desafios, fraquezas e provações, mas confiaram em Deus e seguiram o caminho do amor, da fé e da justiça. Como nos ensina o Papa Francisco, “todos somos chamados a ser santos vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia” (Gaudete et Exsultate, 14). 

No Evangelho de hoje (Mt 5,1-12a), ouvimos as palavras de Jesus sobre as Bem-Aventuranças, que nos mostram o caminho concreto para a santidade. As Bem-Aventuranças são o coração do ensinamento de Cristo e revelam a verdadeira felicidade e o caminho para o Reino dos Céus. Jesus nos ensina que os pobres de espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz e os perseguidos por causa da justiça são aqueles que são bem-aventurados, ou seja, verdadeiramente felizes. 

Cada uma dessas Bem-Aventuranças é uma característica dos santos. Eles viveram essas palavras de Jesus em suas vidas, e por isso foram transformados à imagem de Cristo. Eles foram pobres de espírito, reconhecendo sua dependência de Deus; foram mansos, buscando a paz em vez da violência; foram misericordiosos, oferecendo perdão em vez de vingança. Os santos foram aqueles que confiaram em Deus em todas as circunstâncias, mesmo diante da perseguição e da injustiça. 

Nós também somos chamados a viver as Bem-Aventuranças. Esse é o caminho da santidade. Não se trata de um ideal inalcançável, mas de uma vida vivida na simplicidade do dia a dia, buscando fazer a vontade de Deus em todas as coisas. 

Queridos irmãos e irmãs, a Solenidade de Todos os Santos nos lembra de que a santidade é o destino de cada um de nós. Somos chamados a seguir o exemplo dos santos e a viver as Bem-Aventuranças em nossa vida diária. A santidade não é uma vocação para poucos, mas para todos os que amam a Deus e procuram seguir o Seu caminho. Como nos diz São Paulo: “Deus nos escolheu, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele” (Ef 1,4). 

Neste dia, peçamos a intercessão de todos os santos, para que possamos perseverar no caminho da fé, da esperança e do amor. Que possamos, um dia, juntar-nos a eles na glória eterna, celebrando a vitória de Cristo, o Cordeiro de Deus. Amém. Fonte: www.cnbb.org.br

 

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 12, 39-48)

39Sabei, porém, isto: se o senhor soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e não deixaria forçar a sua casa. 40Estai, pois, preparados, porque, à hora em que não pensais, virá o Filho do Homem. 41Disse-lhe Pedro: Senhor, propões esta parábola só a nós ou também a todos? 42O Senhor replicou: Qual é o administrador sábio e fiel que o senhor estabelecerá sobre os seus operários para lhes dar a seu tempo a sua medida de trigo? 43Feliz daquele servo que o senhor achar procedendo assim, quando vier! 44Em verdade vos digo: confiar-lhe-á todos os seus bens. 45Mas, se o tal administrador imaginar consigo: Meu senhor tardará a vir, e começar a espancar os servos e as servas, a comer, a beber e a embriagar-se, 46o senhor daquele servo virá no dia em que não o esperar e na hora em que ele não pensar, e o despedirá e o mandará ao destino dos infiéis. 47O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes. 48Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes. Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém, dele mais se há de exigir.

 

3) Reflexão   Lucas 12,39-48

O evangelho de hoje traz novamente uma exortação à vigilância com outras duas parábolas. Ontem, a parábola era de patrão e empregado (Lc 12,36-38). Hoje, a primeira parábola é do dono de casa e do ladrão (Lc 12,39-40) e a outra fala do proprietário e do administrador (Lc 12,41-47). 

Lucas 12,39-40: A parábola do dono da casa e do ladrão

“Fiquem certos: se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que lhe arrombasse a casa. Vocês também estejam preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que vocês menos esperarem”.  Assim como o dono da casa não sabe a que hora chega o ladrão, assim ninguém sabe a hora da chegada do Filho do Homem. Jesus deixa bem claro: "Quanto a esse dia e essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai!" (Mc 13,32). Hoje, muita gente vive preocupada com o fim do mundo. Nas ruas das cidades, se vê escrito nas paredes: Jesus voltará!  Teve até gente que, angustiada com a proximidade do fim do mundo, chegou a cometer suicídio. Mas o tempo passa e o fim não chega! Muitas vezes, a afirmação “Jesus voltará” é usada para meter medo nas pessoas e obrigá-las a freqüentar uma determinada igreja! De tanto esperar e especular em torno da vinda de Jesus, muita gente já nem percebe mais a presença dele no meio de nós, nas coisas mais comuns da vida, nos fatos do dia-a-dia. Pois o que importa mesmo não é saber a hora do fim deste mundo, mas sim ter um olhar capaz de perceber a vinda de Jesus já presente no meio de nós na pessoa do pobre (cf Mt 25,40) e em tantos outros modos e acontecimentos da vida de cada dia.

Lucas 12,41: A pergunta de Pedro

“Então Pedro disse a Jesus: "Senhor, estás contando essa parábola só para nós, ou para todos?"  Não se vê bem o porquê desta pergunta de Pedro. Ela evoca um outro episódio, no qual Jesus respondeu a uma pergunta semelhante dizendo: “A vocês é dado conhecer o mistério do Reino de Deus, mas aos outros tudo é dado a conhecer em parábolas”  (Mt 13,10-11; Lc 8,9-10).

Lucas 12,42-48ª: A parábola do proprietário e do administrador

Na resposta à pergunta de Pedro Jesus formula uma outra pergunta em forma de parábola: "Quem é o administrador fiel e prudente, que o senhor coloca à frente do pessoal de sua casa, para dar a comida a todos na hora certa?”  Logo em seguida, o Jesus mesmo, na própria parábola, já dá a resposta: bom administrador é aquele que cumpre sua missão de servidor, nunca usa os bens recebidos em proveito próprio, e está sempre vigilante e atento. Talvez seja uma resposta indireta à pergunta de Pedro, como se dissesse: “Pedro, a parábola é realmente para você! É para você saber administrar bem a missão que Deus lhe deu como coordenador das comunidades. Neste sentido, a resposta vale também para cada um de nós. E aí toma muito sentido a advertência final: “A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido”.

A chegada do Filho do Homem e o fim deste mundo

A mesma problemática havia nas comunidades cristãs dos primeiros séculos. Muita gente das comunidades dizia que o fim deste mundo estava perto e que Jesus voltaria logo. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de Paulo, diziam: “Jesus vai voltar logo!” (1 Tes 4,13-18; 2 Tes 2,2). Por isso, havia até pessoas que já não trabalhavam, porque achavam que a vinda fosse coisa de poucos dias ou semanas. Trabalhar para que, se Jesus ia voltar logo? (cf 2Ts 3,11). Paulo responde que não era tão simples como eles imaginavam. E aos que já não trabalhavam avisava: “Quem não quiser trabalhar não tem direito de comer!” Outros ficavam só olhando o céu, aguardando o retorno de Jesus sobre as nuvens (cf At 1,11). Outros reclamavam da demora (2Pd 3,4-9). Em geral, os cristãos viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar o Juízo Final para encerrar a história injusta deste mundo cá de baixo e inaugurar a nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova Terra. Achavam que isto aconteceria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente ainda estaria viva quando Jesus fosse aparecer glorioso no céu (1Ts 4,16-17; Mc 9,1). Outros, cansados de esperar, diziam: “Ele não vai voltar nunca! (2 Pd 3,4). Até hoje, a vinda final de Jesus ainda não aconteceu! Como entender esta demora? É que já não percebemos que Jesus já voltou, já está no nosso meio: “Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo." (Mt 28,20). Ele já está do nosso lado na luta pela justiça, pela paz, pela vida. A plenitude ainda não chegou, mas uma amostra ou garantia do Reino já está no meio de nós. Por isso, aguardamos com firme esperança a libertação plena da humanidade e da natureza (Rm 8,22-25). E enquanto esperamos e lutamos, dizemos acertadamente: “Ele já está no meio de nós!” (Mt 25,40).

 

4) Para um confronto pessoal

1) A resposta de Jesus a Pedro serve também para nós, para mim. Será que sou um bom administrador, uma boa administradora  da missão que recebi?

2) Como faço para estar vigilante sempre?

 

5) Oração final

Do nascer ao pôr-do-sol seja louvado o nome do Senhor. O Senhor é excelso sobre todos os povos, mais alta que os céus é sua glória. (Sl 112, 3-4)