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Imagens do Congresso Internacional do Laicato Carmelita que aconteceu em Sassone, Roma-Itália, de 15-19 de setembro de 2024. O Congresso teve a participação de 200 Carmelitas provenientes de 30 países. Do Brasil se fez presente a Província Carmelitana Fluminense, com 16 carmelitas e a Província Carmelitana Pernambucana, com 2. A temática voltou o olhar para a Igreja Sinodal a partir do tema; Carmelitas Leigos: Chamados a iluminar o mundo. Além da participação do Superior Geral da Ordem do Carmo, Frei Miceál O´Neill, O. Carm, tivemos também a participação do Vice- Geral, Frei Benny Phang, O. Carm e a participação de vários leigos do mundo que relataram as suas experiências carmelitanas nas diferentes culturas a partir do tema proposto pelo responsável do Congresso, Frei Luis José Maza Subero, O. Carm, Conselheiro Geral da Ordem do Carmo para as Américas e da sua equipe. No vídeo, a conferência do Vice- Geral, Frei Benny Phang, O. Carm (4ª Parte)
Carmo do Rio de Janeiro, 25 de setembro-2024. Imagens: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm (Olhar Jornalístico) www.instagram.com/freipetronio
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Imagens do Congresso Internacional do Laicato Carmelita que aconteceu em Sassone, Roma-Itália, de 15-19 de setembro de 2024. O Congresso teve a participação de 200 Carmelitas provenientes de 30 países. Do Brasil se fez presente a Província Carmelitana Fluminense, com 16 carmelitas e a Província Carmelitana Pernambucana, com 2. A temática voltou o olhar para a Igreja Sinodal a partir do tema; Carmelitas Leigos: Chamados a iluminar o mundo. Além da participação do Superior Geral da Ordem do Carmo, Frei Miceál O´Neill, O. Carm, tivemos também a participação do Vice- Geral, Frei Benny Phang, O. Carm e a participação de vários leigos do mundo que relataram as suas experiências carmelitanas nas diferentes culturas a partir do tema proposto pelo responsável do Congresso, Frei Luis José Maza Subero, O. Carm, Conselheiro Geral da Ordem do Carmo para as Américas e da sua equipe. No vídeo, a conferência do Vice- Geral, Frei Benny Phang, O. Carm (1ª Parte)
Carmo do Rio de Janeiro, 24 de setembro-2024. Edição do vídeo e imagens: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm (Olhar Jornalístico)
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No último final de semana- Dias 24 e 25 de agosto- em Jacareí, São Paulo. Tivemos o Retiro na Casa das irmãs Carmelitas do Divino Coração de Jesus.
( https://carmeldcj.org/ ). No Domingo 25, além da Eleição da nova mesa administrativa, tivemos a entrada no Noviciado, Votos Temporários e Votos Perpétuos. www.olharjornalistico.com.br www.instagram.com/freipetronio
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NOSSO SUPERIOR GERAL Padre Frei MIGUEL DE MARIA MARQUEZ RUA, OCD.
O P. Miguel Marquez Calle (de Maria) nasceu em 1965 em Plasencia (Cáceres). Ingressou na Ordem da Carmen Descalço em 1983 emitindo sua profissão religiosa em 1985. Foi ordenado padre em Medina del Campo em 1990. O P. Miguel Márquez é bacharel em Teologia Dogmática pela Universidade Pontifícia de Aspas de Madrid, com uma tese de licenciatura sobre “A Imagem de Deus no Magníficat”.
Desempenhou inúmeros cargos de responsabilidade e governo na vida da Província dos Carmelitas de Castela, como Conselheiro Provincial de 1999 a 2002 e Vigário Provincial de 2002 a 2005, cargo para o qual foi eleito novamente no capítulo provincial de 2008 e depois como Provincial. Além disso, exerceu como formador, como professor de estudantes durante seis anos na comunidade de Salamanca. Em fevereiro de 2015 foi eleito primeiro provincial da nova província ibérica de Santa Teresa de Jesus, nascida da união das províncias da Andaluzia, Aragão e Valência, Burgos, Castela, Catalunha e Baleares, no capítulo provincial extraordinário convocado para o efeito. Foi reeleito para o mesmo serviço no I capítulo provincial ordinário em abril de 2017 até julho de 2020 em que o capítulo provincial pôde voltar a ser celebrado.
O P. Miguel Márquez é autor de numerosas publicações de carácter teológico e espiritual, como de numerosos artigos (é colaborador habitual em revistas como “Teresa de Jesus” e “Revista de Espiritualidade”). Foi professor de mística e mariologia no CITES de Ávila, professor de mariologia nos cursos de renovação carmelitana no Monte Carmelo, professor de pastoral no Instituto de Espiritualidade de São Domingo.
Igualmente destaca sua atividade como animador da vida espiritual com palestras, retiros, exercícios e sua ajuda a numerosos grupos de oração. Igualmente dedicou muito tempo e esforço à direção espiritual e acompanhamento de muitas pessoas, incluindo padres, religiosos, freiras e seglares.
Miguel Márquez era uma promessa do futebol extremo – jogava no Plasencia – quando o Carmelo Descalço se cruzou com ele. Ficou impressionado com a felicidade das freiras do convento onde era acólito. "Aqui está algo forte para descobrir", disse-se. Então, no mosteiro das Batuecas ficou chocado e começou a ler Santa Teresa de Jesus. No final, desistiu da competição por contemplação. Até chegar a superior geral.
Talvez não seja a melhor altura para ser general.
O que você tem para viver é quase sempre o mais adequado. Estamos em um momento delicado e a Igreja está na mira do nosso testemunho. Na noite escura e nos tempos mais difíceis surgem os santos mais lúcidos. Os piores momentos do carmelo foram os mais fecundos. As páginas mais bonitas do carmelo foram escritas nos dias mais difíceis. Não podemos negar o presente, mesmo que seja complicado.
O Papa avisou-os sobre a tentação da sobrevivência.
Não queremos ser pessoas que protejam o seu prédio ou a sua segurança. Queremos proteger um carisma. É hora de voltar à origem, recomeçar e reviver o que Teresa de Jesus viveu. Nós temos santos que são uma maravilha, e sua vida foi fecunda porque eles passaram à noite, pela crise, por sentir que podiam fracassar. Fé consiste em passar pela dúvida e deixar Deus se fazer presente como Ele quer.
A vida religiosa vive uma noite escura?
Estamos procurando nosso lugar no mundo. É uma época de crise, de deserto, e podemos ter a tentação de pensar que isto não está no bom caminho e de procurar, a nível espiritual, seguranças rápidas e concretas e respostas claras e nítidas. É um perigo buscar espiritualidades que respondem com muita clareza, porque os místicos foram encontrando Deus deixando Deus se fazer presente.
Qual é a situação do mandado?
A ordem está crescendo muito na África e na Ásia. Na América, discretamente. Na Europa, o número cai significativamente. O rosto da ordem está ganhando um carácter asiático e africano. No total, somos 4.000 frades. Crescer não garante que a ordem cresça suficientemente forte. Por isso, o desafio é a formação e o acompanhamento das vocações, que as pessoas interiorizem o que significa a vida religiosa.
O que traz o carisma carmelitano?
Amizade com Deus e contemplação, da qual brotam a fraternidade e a missão. Em um mundo onde a dignidade da pessoa humana está em questão, a contemplação significa reconhecer a pessoa como filha de Deus e sentir-se habitado.
Antes de agir, contemplar.
Nós estamos tentados pelo ativismo, de pensar que somos nós que vamos salvar o mundo. Não somos nós, depende de como deixamos Deus entrar. Deus faz coisas inimagináveis com pessoas que se sentem fracas A graça da Igreja não está nas suas estruturas.
Liderou a união de várias províncias carmelitas na Espanha. É o futuro?
Somos chamados a unir esforços, a um diálogo sobre como aproveitar as diferenças para construir.
Quais serão as suas prioridades?
A primeira é a interculturalidade, que cada região não viva como uma realidade isolada. Outra é a formação dos jovens que nos chegam: discernimento é fundamental, pois nem todos são válidos para a vida religiosa ou as motivações nem sempre são claras. É importante também cuidar do tempo após a formação, quando um padre é lançado em uma comunidade. E a pastoral juvenil e vocacional: é preciso dar alto-falante aos jovens religiosos e leigos.
Ainda há sede espiritual?
Mesmo vivendo nossa noite escura, as pessoas se perguntam onde está Deus.
Conseguiu verificar?
Nos piores momentos da pandemia estive ajudando os capelães do hospital Gregorio Marañón e do hotel Miguel Ângelo [foi medicalizado]. Entrava nos quartos para ouvir, não para passar receitas. E as pessoas não falavam de mágoas, mas de milagres, das coisas que tinham descoberto. Fiquei impressionado ao entrar no quarto de uma pessoa transexual. Eu rezei, dei-lhe a bênção e ele disse-me para ir mais vezes. Na segunda entrevista ela me contou sua história e nesse dia foi ela que me pediu para rezar. Foi impressionante ver essa necessidade. A pandemia fez-nos pensar onde está Deus e eu tenho a sensação de que, se alguém ouvir bem o que está acontecendo, aí está. Fonte: Facebook (Francisco Armida Ternero)
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Edith Stein, Co-padroeira da Europa. “Uma eminente filha de Israel e filha fiel da Igreja” (S. João Paulo II).
Vatican News
A Igreja celebra, neste dia 9 de agosto, a festa de Santa Teresa Benedita da Cruz, conhecida como Edith Stein, virgem e mártir Carmelita e Padroeira da Europa. Celebra-se também os 80 anos de sua morte.
Edith nasceu em Breslávia, na Baixa Silésia, Polônia, em 1891. Era a décima primeira filha de um casal de judeus muito fervoroso. Destacou-se, logo, por sua inteligência brilhante e o juvenil desapego da religião.
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Foi assistente do filósofo Husserl na Universidade de Freiburg, com quem aprofundou o tema da empatia e da fenomenologia. Mas, mediante a leitura dos Exercícios de Santo Inácio de Loyola e a vida de Santa Teresa de Ávila contribuíram para suscitar sua conversão ao cristianismo.
Segunda Guerra Mundial
Durante a I Guerra Mundial, ao chegar ao ápice de um longo percurso interior, Edith Stein interrompeu seus estudos de Filosofia para prestar socorro aos soldados, como enfermeira da Cruz Vermelha, e se dedicar à promoção humana, social e religiosa das mulheres, e à vida contemplativa.
Através de seus conhecimentos, estudos e aprofundamento dos textos de Santo Tomás de Aquino e de Santo Agostinho, Edith conseguiu encontrar a Verdade de Cristo. Por isso, recebeu o Batismo e a Crisma, em 1922, contra a vontade de seus pais, sem jamais renegar às suas raízes judaicas.
Durante os anos das perseguições, tornou-se professora e Irmã Carmelita, em Colônia, Alemanha, em 1934, recebendo o nome de Teresa Benedita da Cruz. Assim, abraçou o sofrimento do seu povo, em sintonia com o sacrifício de Cristo.
Devido às violências da "Noite dos Cristais", foi transferida para a Holanda, país neutro, onde, no Carmelo de Echt, colocou por escrito seu desejo de se oferecer em "sacrifício de expiação pela verdadeira paz e a derrota do reino do Anticristo".
Edith é presa
Dois anos após a invasão nazista na Holanda, em 1940, foi presa, junto com outros 244 judeus católicos, como ato de represália contra os Bispos holandeses, que se opuseram publicamente às perseguições. Foi levada para o Campo de Extermínio de Auschwitz, na Polônia, onde transmitiu a mensagem evangélica aos presos, dedicando-se, sobretudo, à assistência das crianças encarceradas, que, depois, as acompanhou, com compaixão, até ao patíbulo.
Sua irmã Rosa, que também havia se convertido ao catolicismo, estava presa com ela em Auschwitz. No momento extremo do seu martírio, disse: "Venha, vamos pelo bem do nosso povo". Com o olhar fixo nos braços abertos de Cristo na cruz, única esperança, Edith Stein recebeu a palma do martírio nas câmaras de gás de Auschwitz-Birkenau, no tórrido mês de agosto de 1942.
Em 1998, ao presidir o rito de sua Canonização, São João Paulo II a definiu: "Uma eminente filha de Israel e filha fiel da Igreja. Proclamar Santa Edith Stein co-padroeira da Europa significa cravar no horizonte do Velho Continente um estandarte de respeito, tolerância, aceitação". Fonte: https://www.vaticannews.va
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Frei Tito Brandsma, O. Carm
Retiro espiritual de 10 dias, constando de meditações sobre a vida de Maria, a fim de alcançar a intimidade com Jesus. Neste escrito do Beato Frei Tito Brandsma, transparecem, ao mesmo tempo, sua profunda piedade e simplicidade carmelitanas.
Introdução
Como Irmão de Nossa Senhora do Carmo, quisera conduzir à terra bendita do Carmelo todos quantos comigo amam e veneram a Maria qual Mãe, a fim de que pelas mãos da “Mãe e Esplendor do Carmelo” cheguem à mais íntima união com Deus, união esta que é a finalidade da vida contemplativa no Carmelo. “Induxi vos in terram Carmeli, ut comederetis fructum ejus et optima illius”. (Eu vos introduzi na terra do Carmelo, para que saboreásseis os seus frutos e os seus bens).
Outrora - há quase mil anos - partiam rumo à Terra Santa os cruzados com o fito de reconquistá-la para Jesus Cristo, de restaurar o culto e de recuperar para a Igreja os Lugares Santos, cercando-os novamente do primitivo brilho e esplendor.
Cruzados somos nós também!
Também nós queremos reconquistar para Cristo Jesus a Terra Santa, que no passado lhe pertenciam, não a Terra que se acha além-mar, mas a terra santa de nossa alma, o jardim do nosso coração, que uma vez foi consagrado a Cristo e é sua propriedade, mas por causa da nossa frieza, foi invadido por um sem-número de inimigos da Cruz de Cristo, sufocado por ervas daninhas, de modo a não ser já o recanto privilegiado em que o Senhor põe sua complacência. Oxalá nos anime o mesmo entusiasmo que animava os cruzados, pondo-os inteiramente ao serviço do seu ideal, após abandonarem tudo!
Esqueçamo-nos, por uns dias de tudo, a fim de empreendermos a cruzada santa em vista de reconquistar para Jesus a terra abençoada de nossa alma para Deus, a quem ela pertence de direito e que nela deseja ser servido. Apartemo-nos, por uns dias, de nossas ocupações habituais para empreender esta cruzada espiritual e repitamos com os cruzados de antigamente: “Deus o quer”!
Na sua história das Cruzadas, Jacques de Vítry conta-nos que alguns cruzados retiraram-se para o Carmelo, passando a viver em grutas e cavernas e, quais abelhas, hauriam mel da meditação dos mistérios outrora consumados na Terra Santa pela nossa redenção. Agrupavam-se ao redor da capela de Nossa Senhora, em silenciosa contemplação das verdades sublimes, que al nos foram reveladas.
Seguindo-lhes o exemplo, retiremo-nos, também para a solidão do Carmelo, a fim de editar as verdades eternas da nossa fé e refletir, por uns dias, sobre o seu significado para a nossa vida. Juntemo-nos também em torno do santuário de Maria, a Mãe e Esplendor do Carmelo, para sorver, por nossa vez, o mel da meditação daquilo que se nos depara do alto dessa montanha sagrada. Dali vemos aos nossos pés: Nazaré, Jerusalém e Belém. Deparamos com o caminho do Egito, pelo qual Jesus deve ter voltado para Nazaré. Surgem diante dos nossos olhos a montanha santa do Horeb, o Calvário e o monte das Oliveiras. Para onde quer que se volte o nosso olhar, vemos reviver diante de nós os cenários da vida de Jesus e de Maria. Ao entrarmos na Terra Santa, não poderíamos escolher lugar melhor para descortinar toda a regia o santificada por Deus.
Com Maria, que sob a guarda de São José reconduziu seu Jesus do Egito pelo Carmelo para Nazaré - onde o concebera - podemos repousar um pouco no Carmelo. De Maria está escrito que meditava em seu coração tudo quanto ouvira dizer do seu Jesus e tudo que escutara dos seus lábios. “Conservabat omnia verba haec, conferens in corde suo”.
Queremos aproximar-nos de Maria e verificar tudo que lhe vai no coração. Com ela queremos considerar a vida de Jesus, contemplando a sua própria vida, tão intimamente unida a do seu filho.
Na Igreja primitiva - ainda em seu berço - encontramos um tocante exemplo de um retiro de dez dias na mais estreita união com Maria, que foi coroado pela vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos, os quais por sua vez foram convertidos em homens novos. Nada mais desejável do que sermos também repletos do Espírito de Deus durante este retiro, para retornarmos à nossa vida como homens novos.
Unindo a nossa prece a de Maria, invocamos o Divino Espírito:
Veni, Creator Spiritus, (Vem, Espirito Criador
Mentes tuorum visita: visita as mentes dos teus:
Imple superna gratia, Enche da suprema graça
Quae tu creasti pectora. Os peitos que criaste.)
Como os apóstolos, queremos perseverar unanimemente na oração com Maria, a Mãe de Jesus, confiados que, por sua intercessão, descerá sobre nós o Espírito renovador, incendiando os nossos corações gelados. Maria será nossa Guia!
Filhos de Maria que somos, sabemos que ela - chamada “Speculum Justitiae” - é o mais acabado modelo de união e familiaridade com Deus, que ninguém lhe foi mais semelhante do que aquela que escolheu como Mãe. Nossa união com ela, a imitação de sua vida, é o penhor mais seguro de nosso vinculo com Jesus, da nossa imitação de Cristo, seu Filho.
Sentimo-nos atraídos por Maria por encontrar junto dela Jesus: seus braços no-lo entregam, a fim de o amarmos do seu jeito. Jesus veio até nós por seu intermédio. Vamos, pois, até Maria, e certamente encontraremos Jesus!
Queremos dedicar estes dez dias à meditação da vida de Maria, porque assim estaremos em união com Deus e, a todo momento, o nosso olhar estará fito em Cristo, seu Filho.
Eis a finalidade deste retiro: chegar à mais íntima união com Deus. Procuraremos alcançá-la guiados pelas mãos de Maria: por ela nos deixaremos conduzir.
Ó Maria, a vossa imagem se nos apresenta cheia de brilho e majestade. Estes esplendores, porém, derivam por sua vez do Menino Jesus, que tendes nos braços e é o bendito fruto do vosso ventre. Dai-nos o Divino Menino. Nós nos estendemos as mãos, a fim de acolhe-lo e estreitá-lo ao nosso coração.
Pomos este retiro sob a vossa proteção para chegarmos a Jesus guiados por vós, unindo novamente o nosso coração a ele, assim como estávamos unidos a ele nos mais belos dias da nossa vida, quando a ele vos consagramos por meio dos nossos votos.
Oração preparatória para as meditações
Ponhamo-nos na santa e adorável presença de Deus. Ele está conosco no Santíssimo Sacramento do Altar. “Onde houver dois ou três reunidos em meu nome, lá estarei no meio deles”. Ele está sempre conosco. Enche com a sua presença o céu e a terra. Tudo foi por ele criado. Tudo o que existe ele o conserva. Em tudo opera. Em tudo habita. A tudo atinge com o seu poder. Mora também no meu coração: nele atua, nele fala. Pede que se prestem ouvidos.
O Jesus, nós vos saudamos, vos adoramos. Falai, Senhor, que o vosso servo escuta.
Saudemos também à sua santa Mãe. Os Magos do Oriente encontraram o Menino com sua Mãe. Quando procurarmos, quando acharmos, quando saudarmos Jesus, vejamos também a sua Mãe. Vejamo-la ao seu lado. Vejamos Jesus nos braços de Maria. Saudemos Maria com o que se é mais grato: as palavras do anjo Gabriel, ao anunciar a boa nova na casa de Nazaré:
“Ave, Maria...”
SEGUNDO DIA - PRIMEIRA MEDITAÇÃO
Episódio: O Santo Profeta Elias no Monte Carmelo
Diante dele o povo eleito de Israel. No meio deles, o rei Acaz e os sacerdotes de Baal. “Usquequo claudicatis in duas partes? Si Dominus est Deus, sequimini eum”. (Até quando claudicareis dos dois pés? Se o Senhor é Deus, segui-o). Um sinal do céu: Deus responde por meio do fogo. Água sobre o sacrifício. Fogo do céu devora-o. Morte dos falsos profetas. Pediu o auxilio de Deus por sete vezes. Nuvenzinha por sobre o mar, sinal de chuva que virá trazer a salvação. Acaz vai com Elias para Jerusalém.
Lições contidas no episódio
1 - Elias nos pergunta até quando continuaremos a mancar para dois lados. Temos que nos definir...
2 - Sinal dado por Deus. É ele o Deus que responde por meio do fogo. Pela revelação sabemos que ele veio trazer fogo à terra e não quer senão que este fogo arda. Sua graça é este fogo.
3 - Água sobre o sacrifício. Significa que tudo devemos esperar da graça de Deus e que devemos dispor-nos para recebe-la. Não confiar em aptidões e talentos. Entregar-nos a Deus: “Scio cui credidí” (Sei em quem acredito).
4 - Morte dos falsos profetas. Morte: a luta mais radical contra tudo quanto possa afastar-nos de Deus ou ocupar o lugar dele em nós. Conhecer os nossos inimigos. Disse Deus: “Quem não está comigo, é contra mim”. O que poderá levar-nos para mais perto de Deus?
5 - Pedir a chuva. Pedir a graça de Deus. Rezar sempre, sem nunca desfalecer. “Domine, doce nos orare” (Senhor, ensinai-nos a orar).
6 - A nuvenzinha sobre o mar. Maria como arauto, prenúncio da nossa predestinação. Deus quer dar-nos as graças por intermédio de Maria.
7 - Vamos a Jerusalém, a fim de oferecer o nosso sacrifício a Deus, no lugar por ele indicado, o sacrifício de nós mesmos. Amanhã, à hora do Santo Sacrifício, oferecer-nos a Deus, em união com o Sacrifício de Jesus.
Colóquio com Santo Elias
Ouvir as palavras. Formar ao seu lado. Transplantar no coração o seu zelo e o seu amor. Santa competição com respeito à sua confiança em Deus. Esperar tudo dele. Água sobre a lenha. Convencer-nos de que a nossa salvação é dom exclusivo de Deus, ainda que tenhamos de merecê-la. Considerar tudo à luz da Providência e da predestinação divinas. Fortes com Santo Elias pela força que vem de Deus, à luta contra tudo que nos afaste de Deus. E, depois de abominarmos tudo isso, ajoelhar-nos com Santo Elias para rezar, para perseverar na oração. Com Santo Elias, que nos é apontado com São Tiago como modelo de perseverança na oração e como garantia de que nossa oração será ouvida. Alegrar-nos com Santo Elias pelo fato de ter aparecido uma nuvenzinha sobre o mar. Levantar-nos com ele para irmos a Jerusalém.
Colóquio com Maria Santíssima
Na nossa aridez e secura, Maria é a nuvem luminosa, portadora de nossa redenção. Saudar Maria. Confiar nela. Com a sua intercessão, estamos seguros da graça de Deus. Nuvem que é, desfaça-se e nós em copiosa chuva. Imensamente grande é a graça de Deus, maior do que nós merecemos. Somos comparáveis ao povo israelita. E Maria é a Mãe da misericórdia. “Salve Regina. Et Jesum post hoc exsilium ostende”. (Salve Rainha. E mostrai-nos Jesus após este exílio). Exílio é a nossa vida sem Deus ou, em todo caso, sem íntima união com ele. Deste exílio vamos libertar-nos agora, durante o retiro. Vamos voltar para Deus. “Jesum ostende” (Mostrai-nos Jesus). Que ela nos faça fixar sempre os olhos em Jesus.
Resoluções
Conversão. Olhar fixo em Deus. Não servir a dois senhores. Nenhuma duplicidade. Entregar-nos a Deus, cheios de alegria e gratidão, e fazer o que nos compete, no seu serviço, para cumprir a sua santa vontade em tudo. Representar-nos muitas vezes a Maria como a nuvenzinha que trouxe a salvação a Israel e que também sobre nós virá trazer a chuva da graça divina.
Padroeiro do 1º dia: Santo Elias, o homem com o facho aceso que nos inflama com a sua palavra e nos lidera na luta.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado:
1º - “ Até quando claudicareis para os dois lados?”
2º - “Ecce nubecula parva - et facta est pluvia grandis” (Eis uma pequena nuvem - e caiu uma chuva torrencial).
SEGUNDO DIA - SEGUNDA MEDITAÇÃO
Episódio: Elias no deserto
Elias, ao se ver abandonado, fugiu para o deserto e, desanimado, jaz prostrado por terra. Aparece-lhe um anjo que lhe ordena comer um pão assado sob cinzas, pão que o próprio anjo lhe dá. Come e recobra as forças. Por indicação do anjo, prossegue a caminhada pelo deserto até a montanha santa do Horeb. A Deus se lhe manifesta no sussurro de uma brisa suave. Agora se sabe unido a Deus, vê a Deus diante de si. “Deus vive - exclama - e estou em sua santa presença”. Na confortadora certeza da presença divina, na convicção de estar diante de Deus, põe-se a executar a tarefa que Deus lhe confiara. Quando esta missão lhe permite uma breve trégua, volta a. solidão do Carmelo, a fim de confirmar e fortalecer a sua união com o Senhor, nesse retiro.
Lições contidas no episódio
1 - Ao vermos nossa miséria e fraqueza, também nós nos sentimos amiúde desanimados. O mesmo acontece quando vemos a nossa vida aparentemente tão inútil e infrutífera para nós mesmos e para os outros. Mas o anjo de Deus, o anjo da guarda, virá então consolar-nos e encorajar-nos com as suas inspirações salutares.
2 - O pão que o anjo deu de comer a Santo Elias é figura do Pão Celestial da Eucaristia, que nos foi preparado por Jesus na Sagrada Paixão. “Piscis assus Christus est passus” (Peixe assado é Cristo padecido). “Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”.
3 - Unidos a Jesus, poderemos também nós atravessar o deserto da vida com Santo Elias, até chegarmos ao monte santo da visão beatífica. “Per aspera ad astra” (Pelas asperezas até os astros).
4 - Os sussurro da brisa, no silêncio, símbolo da humildade e da mansidão, representa a voz de Jesus a nos dizer: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração, e achareis repouso para as vossas almas”.
5 - Como Santo Elias, devemos ter sempre diante dos olhos o Deus Vivo, crer-nos sempre na sua santa presença e assim executar a nossa tarefa.
6 - A fim de guardar e consolidar esta crença - sempre que as nossas atividades o permitirem - devemos refugiar-nos na solidão e no silêncio do Carmelo.
Colóquio com Santo Elias
Alegrar-nos com ele pelo fato de que Deus nos manda o seu anjo, nas horas de dificuldades e desânimo, a fim de indicar-nos o caminho da contemplação divina e a fim de mostrar-nos, no Pão celeste, o alimento capaz de revigorar-nos para andar sem desfalecimento no caminho do deserto. Pedir-lhe que nos alcance a forca necessária para levantar-nos, à palavra do anjo, para comermos o Pão do céu e nos pormos a caminho. Deve alegrar-nos sobremodo o fato de avistarmos no horizonte a montanha sagrada, a perspectiva do céu. Sentir como Santo Elias o antegozo do paraíso. Predispor-nos para o exercício da presença de Deus no silêncio do nosso coração. Compenetrar-nos profundamente desta santa presença e viver nela.
Colóquio com o anjo da guarda
Anjo de Deus, vem em nosso auxilio. São espíritos que nos auxiliam por ordem de Deus. Assim como ajudaram a Santo Elias, nos oferecerão também os seus préstimos. Quantos serviços não ofereceu São Rafael a Tobias! Estão diante do trono de Deus. Unir-nos espiritualmente com eles para servi-lo dia e noite. Vários santos viram o anjo da guarda ao seu lado. Tamanha graça não pedimos: basta-nos a fé. E preciso estarmos sempre lembrados da sua presença, para que possa conservar-nos unidos a Deus, principalmente por meio da sagrada comunhão; então, mais do que nunca, deve o anjo da guarda dispor-nos para recebermos as graças correspondentes. Que ele represente muitas vezes aos nossos olhos perspectiva do céu, a fim de que à esta luz enveredemos pelo caminho certo.
Resoluções
Na nossa fraqueza, procurar auxílio junto de Deus, de preferência na sagrada comunhão. Nela buscar força para esse único dia: “Panem nostrum cotidianum da nobis hodie” (O pão nosso de cada dia nos dai hoje).
Considerar a vida como caminhada através de um deserto em demanda do Horeb, onde veremos a Deus. A futura contemplação de Deus é capaz de dar novo aspecto à nossa vida.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1º - “Surge, comede, grandis enim tibi restat via” (Levanta-te, come, ainda há um grande caminho a percorrer).
2º - “Vivit Dominus, in cuius conspectu sto” (Vive o Senhor, em cuja presença me encontro).
SEGUNDO DIA - TERCEIRA MEDITACÁO
Episódio
A Santíssima Trindade, o Amor Infinito, querendo que os outros seres participassem da sua felicidade, criou os anjos e os homens, o céu e a terra. Deus, porém, vê que o homem - criado à sua imagem e semelhança - o renegará, mas apesar disso não quer desistir da criação e, se é verdade que em um só homem todos pecam, conservará ele em um só Homem a sua união com a natureza humana, e esta criatura - objeto de sua singular complacência e seu amor - ele saberá transformá-la em instrumento de uma união mais íntima com a natureza humana pela encarnação do seu próprio Filho. Neste plano eterno entra a Imaculada Conceição da Virgem, a futura Mãe do Redentor. O homem caiu, mas conservou a esperança, a perspectiva da Redenção.
O período de estiagem em Israel. O profeta Elias reza por sete vezes. Aparece, então, no céu a nuvenzinha, símbolo de Maria que nos traz o Salvador, qual aurora que precede o nascer do sol, estrela da manhã a prenunciar o astro-rei. Contudo, neste plano eterno, está prevista também a nossa eleição. Como filhos de Maria, ansiamos ardorosamente pela sua vinda ao mundo. Ela é nossa Mãe; nós somos seus filhos. Ela é a Medianeira da encarnação e, por 1550 mesmo, de toda a ordem da graça. Nela fomos escolhidos e chamados. Na festa da sua Natividade, celebramos ao mesmo tempo a nossa vocação para o reino da graça.
Lições contidas no episódio
1 - Deus amou-nos desde toda a eternidade, dando-nos Maria como
Medianeira, a fim de que continuássemos unidos a ele.
2 - A união com Maria é a garantia da nossa união com Deus, desde que este quis vir até nós por Maria.
3 - Alegrar-nos com os anjos e santos e com toda a Igreja por causa da eleição de Maria, sua Imaculada Conceição e Natividade.
4 - Como filhos de Maria - reunidos no Carmelo - alegrar-nos de modo especial pela nossa eleição, convencidos de que devemos tornar-nos dignos de tal escolha, pela nossa correspondência a essa graça e pela nossa fidelidade à nossa boa Mãe.
5 - Ver, multas vezes, nas nuvens, na aurora, na estrela da manhã outros símbolos ou imagens de Maria, a fim de melhor nos lembrarmos da sua eleição sobrenatural.
Colóquio com a Santíssima Trindade
Louvar e agradecer a Deus pela criação do céu e da terra e, particularmente, pela nossa própria criação e eleição. Pedir que tenhamos sempre diante dos olhos a finalidade da nossa criação: de sermos eternamente felizes com Deus. Compenetrar-nos de nossa culpa pessoal e de toda a humanidade. Pedir perdão e misericórdia. Louvar e agradecer a Deus por ele ter colocado Maria como sinal de redenção e misericórdia e por haver confirmado nela a nossa eterna felicidade. Louvar e agradecer sobretudo a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, por haver escolhido Maria como Mãe. Agrupar-nos em torno da Santíssima Trindade com os anjos e santos do céu para louvá-la e agradecer-lhe a Imaculada Conceição de Maria, determinada por ele desde toda a eternidade.
Colóquio com Maria Santíssima
Saudar a Maria como objeto de singular complacência do Amor Divino, em sua Imaculada Conceição, isto é: a eterna preservação do pecado. Alegrar-nos pela sua indefectível união com Deus que jamais foi interrompida. Saudar nela a nossa redenção, ver como surge com ela a luz para nós. “Causa nostrae laetitiae” (Causa da nossa alegria) - motivo de eterna alegria. Toda uma série de invocações da ladainha lauretana dizem respeito a isto.
Resoluções
Lembrar-nos, muitas vezes, de que Deus nos amou “ab aeterno” (desde de toda a eternidade), de que resolveu criar-nos e, para assegurar a nossa eterna salvação, quis “ab aeterno” a Imaculada Conceição da Virgem. Ver-nos unidos a Maria nos decretos eternos de Deus.
Humilhar-nos, amiúde, diante de Deus, por termos desprezado o seu amor. Invocar e louvar a misericórdia divina.
Regozijar-nos por causa da Imaculada Conceição e Natividade de Maria, como prenúncios da nossa redenção e eterna salvação.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - Deus amou-nos desde toda a eternidade e quis a nossa perene felicidade.
2 - A imaculada Conceição trouxe alegria ao universo.
TERCEIRO DIA - PREMEIRA MEDITAÇÃO
Episódio: Apresentação de Nossa Senhora no Templo
Desde a infância, foi consagrada a Deus, como outrora o fora Samuel, desde o momento em que pode dispensar os cuidados maternos. Pintores célebres perpetuam a cena em telas famosas. São Joaquim e Sant'Ana levam-na ao Templo. Imagem de nossa vocação... Lembrar-nos da casa paterna, das preocupações cuidados de nossos pais, de como nos dedicaram a Deus por intermédio da Virgem. Fomos escolhidos a dedo... O nosso primeiro entusiasmo e ideais... A vocação não é algo instantâneo, assim como não o é a própria criação. Deus continua a criação, conservando tudo no ser. Assim também continua a chamar-nos. “Sto ad ostium et pulso” (Estou diante da porta e bato).
Ver Maria no Templo: suas ocupações, sua formação, sua oração e seu exemplo. Recordar-nos dos nossos primeiros anos de vida religiosa. Compará-los com a nossa vida atual. Somos filhos de Maria: parecemo-nos de algum modo com ela?
Lições contidas no episódio
1 - Como pode ser simples e cândida, sincera e real a nossa consagração a Deus se o amarmos verdadeiramente! Ver como Maria se consagrou totalmente a Deus.
2 - Gratidão para com Deus e reconhecimento para com nossos pais, instrumentos em sua mão para dirigir os nossos passos ao santuário. Rememorar as circunstâncias de que a Divina Providência se serviu para conduzir-nos ao Carmelo e louvar os seus admiráveis desígnios.
3 - Lembrar-nos, muitas vezes, de que Deus nos chamou e continua a nos chamar sempre para o servirmos de todo o nosso coração e nos consagrarmos a ele. Não considerar a vocação como fato histórico que se deu no passado. Começar todos os dias de novo: “Haec dixi: nunc coepi” (Eu disse estas coisas: agora começo). Iniciar o dia com Maria. Imitar o seu modo de servir a Deus.
4 - Nas ocupações mais comuns e simples, recordar-nos dos trabalhos de Maria no Templo: ver como obedecia ás ordens dadas até nas menores coisas; como em tudo - vestuário, alimento, bebida e horas de lazer - acomodava-se ás outras.
Colóquio com Maria Santíssima
Que alegria para ela ser admitida no Templo desde criança, ao serviço do Santuário! Que entusiasmo deve ter sido o seu, que ideais magníficos caracterizaram seus anos de infância! De que dedicação e piedade deve ter dado mostras. Oxalá tivéssemos nós entrado para o Carmelo com disposições semelhantes; tivesse a vida religiosa prosseguido como nosso ideal mais alto; tivéssemos procurado sempre servir a Deus em qualquer trabalho determinado pelos Superiores!
Em nossos trabalhos diários queremos pensar, muitas vezes, em Maria. Que ela nos ajude a seguir o seu exemplo.
Colóquio com São Joaquim e Sant'Ana
Ditosos pais, exemplos de piedade, tão bem recompensados pelo sacrifício feito a Deus, quando cederam sua bem-amada filha ao serviço do Senhor. Que eles nos ensinem a desistir de tudo, mesmo daquilo que mais estimamos, quando se tratar da glória de Deus, ou quando pudermos fazer algo para promover o seu culto. Não retomar nada do sacrifício que lhe fizemos ao entrar para o Carmelo. Ainda que não nos tornemos de todo semelhantes a Maria, é inegável que Deus tem os seus desígnios para a nossa vocação. Que eles se realizem em nós, sem que em nada o impeçamos a sua realização, recuperando algo do sacrifício feito.
Resoluções
Prostrar-nos diante do altar e consagrar-nos novamente, de todo o coração, a Deus com o mesmo zelo, não, com amor mais ardente ainda, por sabermos agora o que significa dar-nos a Deus em união com Maria.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - Maria Santíssima consagrou-se incondicionalmente a Deus.
2 - Pudesse eu consagrar-me assim a Deus na vida religiosa!
TERCEIRO DÍA - SEGUNDA MEDITAÇÃO
Episódio: Desponsórios de Maria com São José
Singular disposição da Divina Providência: Maria Santíssima destinada a ser Mãe de Deus, a Virgem das Virgens, é dada em casamento a São José! “A fim de ocultar a Satanás e seus sequazes a sua milagrosa Maternidade”, diz Santo Inácio. Aos seus eleitos Deus manifesta os seus segredos. Exige, porém, ás vezes, que guardem ociosamente o segredo. “Secretum meum mihi” (Reservo-me o meu segredo). São José torna-se assim protetor de Maria e pai adotivo do Filho de Deus. Jesus mesmo quis ser tido como filho de José, o carpinteiro. Deus manifesta os seus segredos a seu tempo: é o que vemos na vida oculta de Jesus e de Maria. José quer abandonar a sua santa esposa: eis então o anjo a revelar-lhe o mistério divino. Aos olhos de outros continuará escondido. Eles talvez desprezassem Maria. Contemplar a humildade da Virgem. A sua confiança em Deus. Ela suporta o que, aparentemente, é vergonhoso e caía-se! São Joaquim e Sant'Ana confiam-na a José. Com nossa Mãe devemos colocar-nos sob o patrocínio de São José.
Ao lado de São José vemos o arcanjo São Gabriel, como protetor de Maria a arauto da graça divina. Estes santos são também os protetores da Ordem do Carmo.
Lições contidas no episódio
1 - Admirar a humildade de Maria e a sua ilimitada confiança em Deus.
2 - Admirar a eleição de São José que, em tudo, se submetia ás ordens divinas e continuou ao lado de Maria, a fim de que nela se cumprissem os desígnios da Providência. Com Maria ponhamo-nos sob o seu patrocínio.
3 - Não fazer questão da nossa honra e estima. Agradecer a Deus os dons recebidos, mas empregá-los unicamente em seu serviço.
4 - “Ama nesciri et pro nihilo reputari” (Estima ser desconhecido e ser tido por nada). Amar a vida escondida. Alguns santos deram-nos exemplos heroicos neste particular. Maria Santíssima, porém, é o exemplo por excelência.
5 - Não desculpar-nos quando acusados, a não ser que a honra de Deus o exija expressamente. “Sofre e caía”.
Colóquio com São Joaquim e Sant'Ana
Alimentaram extraordinária confiança em Deus. Conhecem, certamente, o voto de virgindade feito por Maria,, conhecem a santidade de sua filha; confiam-na, no entanto, a São José. E o caminho que a lei lhes indica. São José haveria de proteger a sua virgindade e a virtude de Maria permaneceria oculta.
Colóquio com São José
Contemplar sua decepção, depois da grande confiança que depositara em Maria e da grande estima que lhe dedicara. Sua luta interior. Mas, eis que Deus intervém, manifestando-lhe os seus segredos por meio do anjo. Não teria sido o arcanjo São Gabriel? São José respeita o segredo divino e o mantém oculto ao mundo ate o momento em que Deus decida revela-lo. Permite que os outros falem e julguem Ensina nos assim a não nos escandalizar da pseudo sabedoria do mundo quando faz os seus juízos a respeito de Deus e dos seus mistérios Ensina nos a deixar o julgamento a Deus, sem nos afligirmos demasiadamente quando o mundo forma opinião errada a respeito de nos da igreja ou dos sacramentos A seu tempo Deus enviará ao mundo os arautos de sua revelação. Não devemos aparecer onde não fomos chamados, mas rezar em silêncio para que Deus envie operários à sua vinha. Nesse ínterim, manter-nos sempre preparados para intervir quando for da vontade de Deus. Confiar que, no momento adequado, Deus nos dê a eloquência que for necessária. Seguir com São José a orientação da Providência. Deixar tudo ao critério daqueles que nos forem dados como guias.
Resoluções
Contentar-nos com a situação em que Deus nos colocou, sem procurar a estima dos homens com referência aos nossos talentos ou vocação. Em casos de desprezo ou juízos injustos, sofrer e calar, confiando em Deus.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - Aos olhos do mundo, a Mãe de Deus deve aparecer como mulher de um simples operário.
2 – “Ama nesciri et pro nihilo reputari” (Estima ser ignorado e ser tido por nada).
TERCEIRO DIA - TERCEIRA MEDITAÇÃO
Episódio: A Anunciação do anjo a Maria e a encarnação do Filho de Deus no seio da Santíssima Virgem
Recolhida e silenciosa reencontra a Virgem na casa de Nazaré. O trabalho só é interrompido pela oração. São José trabalha na oficina. Repentinamente, luz vivíssima refulge no aposento: aparece o arcanjo Gabriel.
“Ave Maria, gratia plena, Dominus tecum” (Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco). Maria Santíssima perturba-se e põe-se em guarda. Os olhos da alma fitos em Deus. O anjo a tranquiliza e revela-lhe o segredo de Deus. Maria lembra-lhe a sua virgindade, prometida e consagrada a Deus. O anjo explica-lhe. então, as intenções divinas. Ressoa a magnífica palavra da Virgem: “Ecce ancilla Domini” (Eis aqui a escrava do Senhor). E a força do Altíssimo lhe lança sombra e ela concebe do Espírito Santo. Mistério impenetrável: o Filho de Deus se fez homem. Os teólogos procuram explicar melhor, mas o mistério permanece profundo. Nós cremos...
Lições contidas no episódio
1 - Em que condições veio o anjo encontrar Maria? Estamos nós sempre em condições de receber a visita de um anjo? Estamos sempre suficientemente dispostos a receber as graças especiais de Deus? Pode o anjo entrar a qualquer momento em nossa cela? Lembrar-nos da presença do ano da guarda.
2 - Pode o anjo dizer-nos também que estamos cheios das graças que Deus quis dispensar-nos? Está o Senhor sempre conosco, isto é, estamos continuamente convencidos de que Deus está conosco? Temo-lo sempre diante dos olhos de nossa alma? Ou o nosso espírito vaga longe dele, ocupado em outras coisas completamente diferentes, onde não há lugar para ele?
3 - Manifestar, muitas vezes, a Deus o nosso estado de alma, a fim de que ele nos indique o caminho. Suplicar a luz divina nas trevas que envolvem o caminho da nossa vida.
4 - Dizer também o nosso “'Ecce ancilla Domini” (Eis aqui a escrava do Senhor), prontos para tudo que Deus possa exigir de nós. Generosidade... Jamais poderemos vencer a Deus em generosidade. Confiança ilimitada na Sabedoria, no Poder e na Bondade divina...
Colóquio com Jesus
Alegria inefável pelo seu incompreensível amor, por se ter feito homem, ele o Deus eterno, homem em tudo igual a nós, completamente dependente das criaturas, tão pequeno, tão insignificante e desprovido de tudo que nós mal conseguimos imaginar... “Deus absconditus” (Deus escondido). Admirar a Sabedoria divina. Que contraste com o nosso desejo de fama e glória! Ajoelhar-nos em adoração ao Verbo. Ato de fé... Desejar uma compreensão cada vez mais profunda do sublime mistério. A união de Deus com a natureza humana: imagem do nosso progresso na vida espiritual, que é a união cada vez mais íntima com a Divindade. Considerar a encarnação com imagem de inabitação divina em nós. É preciso que ele nasça, cresça em nós... “Vivo, iam non ego, vivit vero in me Christus” (Já não sou eu mais quem vive, mas é Cristo que vive em mim)...
Colóquio com Maria Santíssima
“Ave Maria, gratia plena, Dominus tecum. Benedicta tu in mulieribus et benedictus fructus ventris tui” (Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre). Dizemo-lo tantas vezes, mas nem sempre conscientes plenamente do seu sentido. Ao menos desta vez o digamos cheios de fé, juntamente com o arcanjo, unindo as nossas palavras ás suas. Queremos unir-nos sempre com o anjo, quando rezamos: “Angelus Domini nuntiavit Mariae”, (O anjo do Senhor anunciou a Maria).
Pensar neste mistério, quando ouvirmos tocarem os sinos. Maria Madalena de Pazzi tocava os sinos para anunciar aos homens: “amor non amatur” (o amor não é amado).
Lembrar-nos das descrições dos literatos e das telas dos grandes mestres... A luz passa através do vidro sem lesá-lo. E preciso, porém, que o vidro esteja bem limpo. O nosso vidro é, tantas vezes, tão opaco, tão pouco transparente! Onde está a nossa pureza, entendida no sentido positivo de consagração absoluta a Deus, de pertencermos única e inteiramente a ele, tão só preocupados em amá-lo? Não é de admirar que não haja mais abundância de luz em nós. Que Maria Santíssima nos purifique cada vez mais, tornando-nos mais dispostos a acolher a graça divina. Que ela faca ressoar aos ouvidos de nossa alma a palavra: ',Ecoe ancilla Domini, que repetiremos frequentemente com ela.
Resoluções
Considerar sempre a anunciação do anjo a Maria como a realização do maior mistério da revelação divina, o mistério da esperança e das promessas.
Rezar com maior devoção o “Angelus Domini”, três vezes ao dia. Não omiti-lo nunca, para podermos viver sempre lembrados deste grande mistério.
Dispor-nos a receber a graça divina.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - “Et concepitd de Spiritu Sancto”(E concebeu do Espírito Santo).
2 - Emanuel - Deus conosco.
QUARTO DIA - PRIMEIRA MEDITAÇÃO
Episódio: Visita de Maria Santíssima à sua prima Isabel
Nexo admirável entre a anunciação a Maria e a divulgação do estado de Isabel, que pediu auxilio de Maria. Mal se havia encarnado no seio puríssimo da Virgem, Jesus a impele a uma obra de caridade. “Maria abiit in montanam cum festinatione” (Maria dirigiu-se ás pressas até as montanhas). Não recua diante das dificuldades da viagem. Não a retém sua novel e altíssima dignidade. Pelo contrário: “Quem dentre vós quiser ser o maior, seja o menor, o servo de todos”.
Saudação entre Isabel e Maria. A resposta de Maria é o “Magnificat”, cântico incomparável, inesquecível. Palavra por palavra é de sentido belíssimo. E Maria servia, ajudava Isabel. Nasce, então, o Precursor do Messias.
O “Benedictus” de Zacarias... Maria Santíssima carrega em seus braços o pequeno João e dedica-lhe os primeiros cuidados. Regressa depois a Nazaré...
Lições contidas no episódio
1 - Pela nossa caridade devemos mostrar que Deus habita realmente em nós.
2 - O mistério da inabitação divina em nós deve impelir-nos a atos positivos de caridade.
3 - Jamais considerar-nos superiores ou elevados demais para obra de caridade, qualquer que seja ela.
4 - Não deixar transparecer, nessas obras, que estamos prestando um favor ao fazer isto ou aquilo. Acabaria por esvaziar nossa obra de sua maior beleza e merecimento.
5 - Alegrar-nos por podermos, com as nossas obras de caridade, preparar o caminho do Senhor ou prestar serviços aqueles que prepararam esse caminho. Gostar de uma obra oculta e indireta e alegrar-nos com as boas ações dos outros...
Colóquio com Santa Isabel
Que alegria para ela a visita de Maria, a Mãe do Senhor, para confirmar-lhe a fé, ajudá-la nas suas dificuldades. Participar da sua alegria e considerar a sua escolha.
Em companhia de Cristo, Maria Santíssima visita-nos também. Possamos receber a sua visita com humildade e sincera alegria, como Santa Isabel. “Unde hoc mihi ut veniat Mater domini mei ad me?” (Donde me vem essa honra de vir a mim a mãe do meu Senhor?).
Como terá cuidado de João, o Precursor, depois de ter visto o exemplo de Maria! Como terá sido agradecida a Maria Santíssima! Que ela nos alcance os mesmos sentimentos...
Colóquio com Maria Santíssima
Agradecer-lhe o exemplo dado. Admirá-la em sua generosidade e disposição para servir. Pedir-lhe que visite também a nós, para auxiliar-nos, principalmente em nossas obras de apostolado, quando for a nossa vez de sermos precursores de Jesus”. Sua intercessão é penhor seguro da graça divina. Repetir o “Magnificat” e fazer nossos os sentimentos al expressos. Rezar sempre com especial atenção este cântico e meditá-lo. A igreja o prescreve diariamente na Liturgia das Horas. Conhecemo-lo de cor, mas como o ternos rezado displicentemente!
Excitar em nós sincera alegria pela nossa eleição, mesmo em meio a trabalhos que talvez nos decepcionem, oferecendo-nos pouco consolo humano. Então, mais do nunca: “Magnificat”!
Maria foi visitar sua prima para executar os mais simples serviços caseiros e, no entanto, os fez com o mais alegre espírito de sacrifício. Que ela nos alcance as mesmas disposições, quando tivermos de fazer algo que pouco entusiasmo desperta em nós...
Resoluções
Lembrar-nos sempre que a divina inabitação em nós deve levar-nos a atos de caridade, para manifestar que Deus vive realmente em nós e que nós vivemos dele.
Lembrar-nos de Maria Mãe e exemplo. Não nos considerarmos importantes demais para prestarmos pequenos obséquios. Alegrar-nos pelo fato de que Deus nos encarregou de uma obra, que irradia amor. Considerá-lo como privilégio, penhor de bênção, eleição honrosa...
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - Maria depois de se ter tornado Mãe de Deus, vai visitar Santa Isabel.
2 - As obras de caridade devem manifestar que Deus vive em nós.
QUARTO DIA - SEGUNDA MEDITAÇÃO
Episódio: Nossa Senhora e São José procuram alojamento em Belém
Édito de César Augusto. Singular disposição da Providência, a fim de que Jesus nascesse em Belém. Assim o devem ter considerado Maria Santíssima e São José. Para Maria, tal disposição era particularmente difícil, mas não obstante põe-se alegremente a caminho.
“Non erat locus in diversorio” (Não havia lugar para eles na hospedaria). Vão de casa em casa, mas para essa pobre gente não há lugar... Diferença de classes. Como são recebidos os pobres?
Maria e José refugiam-se numa estrebaria, que começam a preparar para o nascimento do Rei do Mundo. Vejamo-los a trabalhar... Terão vindo os anjos para servi-los, ajudá-los, como mais tarde no deserto?
Lições contidas no episódio
1 - Jesus procura ocasiões para vir até nós... O retiro... Ás vezes, para nós, é difícil ir até ele, ao seu encontro, em meio ás atividades diárias: temos tanta coisa a fazer! “Sto ad ostium et pulso” (Estou diante da porta e bato).
2 - Temos nós lugar para Jesus? Totalmente ocupados com outras coisas... Não há lugar nem tempo para pensarmos em Deus!...
3 - E o nosso coração alguma coisa mais do que o presépio de Belém? Quantos corações há mais dispostos do que o nosso! Ver os santos... Preparação para a sagrada comunhão, para a santa missa... Preparar-nos para a recepção da graça. Ouvir as inspirações divinas. Ir à mesa sagrada, ao altar com Maria. Com os santos. Também aqui tem aplicação a “Comunhão dos santos”.
4 - A preparação do coração. “De doctrina cordis” (Sobre a doutrina do coração). “Praepara animam tuam” (Prepara a tua alma). “Praeparate corda vestra” (preparai os vossos corações). implorar o auxilio de Maria e de José, dos anjos e dos santos. A ornamentação da nossa morada interior.
Colóquio com Maria Santíssima e São José
Que alegre expectativa Como são admiráveis os desígnios da Providência! Como sabem adaptar-se ás circunstâncias
Confiança em Deus. Conformidade.
Tristeza pela grosseria e dureza dos habitantes de Belém.
“Si scires donum Dei” (Se conhecesses o dom de Deus). Não sabem o que fazem.
Entrada triunfante na estrebaria. Cuidados em prepará-los.
Jesus deve nascer em nós também. Que venham Maria e José preparar-nos para a vinda de Jesus, para ornamentar-nos o coração e torná-lo, de algum modo, digno. Não há necessidade de grandes palavras, mas de pequenas ações. Minúsculos presentes vão mantendo a amizade!
Colóquio com Jesus
Ir ao seu encontro. Saudá-lo. Pedir desculpas pela estalagem pouco digna que lhe oferecemos. Só o nosso amor poderá compensar as falhas. Jesus não pode mais; sabe que não somos capazes de mais: “Fili, praebe mihi cor tuum” (Filho, dá-me o teu coração).
Oferecer generosamente tudo quanto amamos e possuímos. Tudo deve pertencer inteiramente a ele, que é o Senhor, o Rei do nosso coração.
Profunda convicção da nossa pobreza, mas, ao mesmo tempo, da extrema simplicidade do nosso Hóspede.
Admirar o seu amor em querer vir até nós. É incompreensível e jamais poderemos agradecer-lhes o bastante.
Resoluções
Pensar mais no dever de preparar-nos para a visita de Jesus. Não sejamos como os habitantes de Belém, como se não tivéssemos tempo nem lugar para Jesus. Dispor do tempo necessário para o que há de mais santo em nossa vida, o momento mais importante do nosso dia... Convencer-nos vivamente disto...
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - Jesus procura um lugar para nascer, e encontra apenas uma estrebaria.
2 - O que encontra Jesus em nós?
QUARTO DIA - TERCEIRA MEDITAÇÃO
Episódio: Nascimento de Jesus em Belém
Um mar de luz invade, de repente, a região das sombras da morte; Jesus faz sua entrada no mundo. Mais tarde, à hora de sua morte, trevas envolverão a face da terra, em pleno dia; agora, ele vem iluminar as trevas da noite. Maria Santíssima milagrosamente preservada das dores que o nascimento acarreta, em virtude do pecado.
Semelhança com a Ressurreição: sem desvencilhar-se dos lençóis, sairá do túmulo. Jesus vem ao mundo sem lesar a virgindade de sua Mãe.
Maria e José mostram-se surpresos: de repente, Jesus está no meio deles. Assim nos aparece também frequentemente: Jesus está conosco! Adorá-lo, quando, de súbito, o percebemos em nosso coração. Exclamar com Maria e José: “Deus está aqui”.
Entretanto, eis que agora Jesus quer ser servido. Nasceu como pobre criança, necessitada de tudo. Não podemos estar sempre ajoelhados em oração.
Jesus chora, pedindo socorro. Maria e José erguem-se: Maria o estreita ao peito, alimenta-o, envolve-o em faixas e reclina-o no presépio, na manjedoura, arrumada por José de modo a poder acolhe-lo, como se fosse um berço. Dois animais, o boi e o burro, estão à pequena distância, sem poderem tocar a manjedoura, que agora pertence ao Senhor. O calor de seus corpos aquece a gruta, o seu bafo acalenta o recém-nascido. “Cognovit bos possessorem suum et asinus presepe Domini sui” (O boi conheceu o seu proprietário e o burro, a manjedoura do seu Senhor). Na vida de Santo Antônio conta-se que um burro ajoelhou-se diante do Santíssimo Sacramento. Não se teria ajoelhado o do presépio?
Também nós estamos à pequena distância, vendo tudo com o maior respeito.
Lições contidas no episódio
1 - Gostar de considerar o Menino Deus sob a forma de uma luz que resplandece nas trevas, mas que as trevas não souberam entender. . “Lucerna pedibus meis” (Luz para os meus pés).
2 - Não basta adorar e admirar a Jesus; é preciso servi-lo e mostrar-lhe amor efetivo: toda a nossa vida, os nossos dias todos, todas as horas devem ser-lhe dedicadas. Jesus chora, pedindo o nosso auxilio. “Dei enim sumus adjutores” (Somos ajudantes de Deus). “Sitio” (Tenho sede). Ele não precisa de nós, quer no entanto que o auxiliemos.
3 - Não nos deixar empolgar demasiado pelas atividades exteriores; continuar a reconhece-lo e adorá-lo em meio aos afazeres. Viver convencidos que Jesus continua a nascer em nosso coração. “Maria optimam partem elegit”, (Maria escolheu a melhor parte). à seu tempo, devemos fazer o papel de Marta, sem nos esquecermos de fazer o de Maria.
4 - Passar a considerar, cada vez mais, a criação ao serviço de Deus:
“CoeIi enarrant gloriam Dei” (Os céus narram a glória de Deus). Tudo foi feito com ordem e medida, para poder manifestar as intenções divinas: “Omnia serviunttibi” (Todas as coisas vos servem). E nós?
Colóquio com São José e Maria Santíssima
Horas venturosas depois das decepções da véspera. Jesus está diante dos seus olhos, chorando para implorar os seus cuidados e desvelos. Que alegria para eles poderem servir o Menino Deus Que prontidão em atende-lo, dispensar-lhe os seus cuidados Com quanto respeito o fazem! Satisfeitos, conformam-se com a sua pobreza. Nenhuma censura aos seus semelhantes, mas unicamente atentos aos seus deveres e privilégios. A má vontade dos outros em nada lhes diminuí o zelo, pelo contrário: estimula-lhes mais o respeito e a prontidão. Jamais pensam: os outros nada fazem, por que eu teria de fazer tudo sozinho? Não. O que devemos fazer é demonstrar santo zelo, a fim de que o nosso amor não possa ser superado por ninguém.
Colóquio com Jesus
Saudá-lo à sua entrada no mundo. Agradecer-lhe a vinda. O sol nasceu; a luz apareceu. Andar à claridade dessa luz e procurar compreende-la. Não querer pertencer ao número daqueles que são seus, mas que não quiseram compreendê-lo. Ouvir a palavra de São João: “Quotquot autem receperunt eum, dedit eis potestatem filios Dei fieri”. (A todos aqueles que o receberam deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus). Procurar a união com Jesus: aqui estamos. Fazei de nós filhos de Deus, crianças como ele. “Nisi efficiamini sicut parvuli, non intrabitis in regnum Dei” (Se não vos fizerdes crianças, não podereis entrar no Reino de Deus). “Adveniat regnum tuum” (Venha a nós o vosso reino). Ser pequenos com o pequeno Jesus. Fora as honras e glórias do mundo. Com Jesus numa pobre estrebaria.
Resoluções
Considerar, muitas vezes, o nosso coração como a manjedoura da estrebaria de Belém. Convencer-nos que não recebemos dignamente Jesus, ainda que, por vezes, pensemos prestar-lhe grandes serviços, ainda que o recebamos todos os dias na sagrada comunhão. Pobres coitados que somos! Arrumar a manjedoura e prepará-la da melhor maneira possível. Pedir a Maria e José que nos ajudem nesta tarefa.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - Jesus jaz chorando numa manjedoura.
2 - Jesus jaz chorando em nosso coração.
QUINTO DIA - PRIMEIRA MEDITAÇÃO
Episódio: A adoração dos pastores
Os campos de Belém envolvidos nas trevas da noite. Os pastores vigiam, guardando os rebanhos. Gente simples, iletrada. Ninguém os considera; os anjos do céu, no entanto, os observam... Uma luz intensa resplandece; um cântico celestial e acordes festivos ressoam. Surpreendem-se os pastores. O que será? Eis que um anjo lhe aparece: “Annuntio vobis gaudium magnum quod omni populo” (Anuncio-vos uma boa nova que será alegria para todo povo). Fostes escolhidos para conhecer a mensagem primeiro do que todos. “Natus est vobis hodie Salvador” (Hoje vos nasceu um Salvador). “Invenietis infantem pannis involutum, et positum in presepio” (Encontrareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura).
É posta à prova a sua fé: será o Salvador prometido?
Creem os pastores: “Transeamus usque Bethleem, et videamus hoc verbum quod factum este, quod apparuit nobis” (Vamos até Belém, e vejamos o que se realizou e o que o Senhor nos manifestou).
Eis que se aproximam do presépio. Ajoelham-se e contam o que viram e ouviram. Maria e José alegram-se com a revelação do mistério. Não sabiam como deviam fazer; esperavam que Deus providenciasse. E eis que sua esperança já se realizou: “Gloria in excelsis Deo” (Glória a Deus nas alturas). Contraste singular: o grande mistério revelado a tão poucos!
Um dia, em nossa infância, se nos revelou também a nós este mistério: vamos também a Belém. Exultemos e alegremo-nos por ter nascido o Salvador. Adoremo-lo com os pastores. Qual o presente que lhe oferecemos? O nosso amor...
Lições contidas no episódio
1 - Entre outros que não conhecem a revelação divina e dormem nas trevas do erro, fomos escolhidos para ouvir a mensagem do anjo, a boa nova. Compenetramo-nos bem dela?
2 - Só a lembrança de nossa escolha deve encher-nos de alegria:
“Annuntio vobis gaudium magnum” (Eu vos anuncio uma grande alegria). Como somos frios!
3 - Devemos levantar-nos e ir a Belém. Ficamos dormindo, deixando outros irem. Deixamos para depois. “Jam hora est nos de somno surgere” (Já está na hora de despertarmos do sono). Romper com tudo. Deus nos fala pelo anjo, pela Igreja. Quantos convites recebemos! Mostrar maior entusiasmo quando recebemos uma boa inspiração.
Colóquio com São José e Maria Santíssima
Que alegria devem ter sentido ao verem a gruta invadida pelos pastores! Com eles se alegram pela revelação do segredo. Confirma-se a sua fé. E recompensada a sua confiança. Como se apressam em mostrar-lhes o divino Menino, feito homem, em tudo igual a nós. Como estão compenetrados do inefável mistério! Estímulo para nós conhecermos cada vez melhor o sentido do mistério da encarnação.
As belezas do corpo humano desaparecem diante da tremenda humilhação e da beleza divina. E, mesmo esta beleza relativa, desaparecerá mais tarde, à hora da morte na cruz. A beleza consiste na união com a divindade, é reflexo desta união... Não prestemos atenção demasiada ao exterior, mas sim ao mistério impenetrável, sem no entanto deixar despercebida a realidade da natureza humana. Com Maria Santíssima e São José sublimar, enobrecer os sentimentos para com o Menino Jesus; ficar no meio dos pastores, a fim de que Maria e José nos mostrem o Menino.
Colóquio com os pastores
Felizes pastores! Eleitos de Deus! Invejar-lhes a felicidade, mas também sua correspondência a graça. Que o seu exemplo nos ensine a irmos a Belém. Participar do seu júbilo e contentamento. Fazer nossa a sua surpresa. Ouvir com eles o .Gloria in excelsis Deo.' e a mensagem dos anjos que se destina a todo o povo, a nós também.
Ver como causam satisfação a Maria e José com a sua simplicidade e as suas demonstrações de respeito. Aprender deles a causar satisfação e contentamento a Nossa Senhora e São José com a nossa fé e respeito...
Resoluções
Romper, afinal, com a nossa rotina e sonolência. Levantar-nos e ir a Jesus em sua humilhação. Suportar que alguém se ria ou faça pouco de nossa fé ou das nossas manifestações de piedade e respeito.
“Magister adest et vocat te” (O Mestre está aí e te chama). Jesus está acima de tudo: o que ele pede, devemos fazer sem respeito humano.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - As primeiras testemunhas da Natividade foram alguns pobres pastores.
2 - Porque a boa-nova não é capaz de levar-me a uma união cada vez mais íntima com o pobre Jesus?
QUINTO DIA - SEGUNDA MEDITAÇÃO
Episódio: A adoração dos Magos
Escolhe Jesus a imagem de uma estrela para chamar os Magos ao presépio. Sim, porque ele é a Luz do mundo. A doutrina da igreja continua a ser sempre uma estrela entre as trevas da noite a brilhar, para mostrar onde está Jesus. Os Magos compreendem o sinal e empreendem a longa viagem. “Vidimus stellam eius” (Vimos a sua estrela).
O que é que nós vemos? Os nosso olhos estão vendados e nós nada fazemos para desvendá-los. Não queremos ver o contraste entre as trevas e procuramos a luz, onde só há escuridão. Não erguemos o olhar para as estrelas, que Deus acendeu para ¡luminar nosso roteiro. Procuramos acomodar-nos ao mundo, agradar-lhe, como se ele fosse capaz de iluminar-nos o caminho.
Só aos poucos é que os Magos vão compreendendo quem é Jesus. Procuram-no junto de Herodes, não entendendo ainda que aí não pode ser encontrado. Consultam a revelação divina - a estrela - e, imediatamente, se põem a caminho para segui-la.
“Et invenerunt Puerum cum Maria Matre Eius”... “Et obtulerunt ei munera: aurum, thus et myrram” (E encontraram o Menino com Maria sua Mãe... E lhe ofereceram ouro, incenso e mirra). Reconhecem Jesus como Rei, como Sumo-Sacerdote e como Homem.
“Per aliam viam regressi sunt in regionem suam”.. (E voltaram para sua terra por um outro caminho).
Lições contidas no episódio
1 - Atender, sempre mais, à luz da revelação e orientar-nos por ela. “Signum magni Regis est”' (É sinal do grande Rei).
2 - Não confiar demasiadamente nas próprias luzes, mas deixar-nos guiar. A direção é necessária. O mundo engana-se a si mesmo e está cheio de ilusões.
3 - Procurar aperfeiçoar em nós a imagem de Jesus. Buscamo-lo, frequentemente, aonde ele não se encontra. A revelação indica-nos o caminho certo... Belém, a cidade insignificante: “nequaquam minima es...” (nem por isso és a menor).
4 - Em companhia de Cristo, devemos encontrar Maria também. Virá sempre até nós, guiado pela mão de sua Mãe.
5 - Ver em Jesus o nosso Rei, o Rei da nossa casa, do nosso coração.
6 - Ver nele o Sumo-Sacerdote, que quis ensinar-nos o modo verdadeiro de prestar culto ao Pai.
7 - Ver nele o Homem, homem conosco no sofrimento e nas dificuldades, obediente até à morte. “Ecce Homo” (Eis o homem).
Colóquio com os Magos
Admirar sua generosidade, sua prontidão em obedecer ao chamado divino. Pudéssemos nós levantar-nos tão generosamente para deixarmos a região das trevas e das sombras da morte e irmos para a terra iluminada pela estrela da Luz Eterna. Com eles queremos pôr-nos a caminho a fim de procurarmos Jesus. Nas decepções e contrariedades, buscar o nosso Diretor, ouvir dos seus lábios a Palavra de Deus para procurarmos Jesus, procurá-lo mesmo aonde, aparentemente não se encontra
Ser dóceis e humildes, conscientes da fraqueza das nossas próprias luzes. Até mesmo num estábulo ver Jesus como Rei; ou numa pessoa que nos inspira repugnância.
Oferecer-lhe o nosso ouro. Com Jesus, nosso Sumo Sacerdote, glorificar e louvar o Pai Eterno.
Adorar Jesus em sua natureza humana, o Mártir heroico desde o presépio até a cruz...
Colóquio com o Menino Jesus
Alegrar-nos com ele pela vinda dos Magos do Oriente, imagem da nossa vinda ao presépio. Ver como nos estende as mãozinhas para dar-nos as boas-vindas. Dar largas à nossa alegria por termos sido chamados por Jesus.
Oferecer-lhe as nossas dádivas com os Magos: homenageá-lo como nosso Rei, oferecer com ele, todos os dias, ao Pai Eterno, o nosso sacrifício, unir-nos à sua Sagrada Paixão, desde o primeiro momento de sua vida terrestre.
Resoluções
Devemos procurar Jesus. Trevas nos envolvem de tal forma, que precisamos da luz de sua estrela. Afastar-nos do que não está unido a Jesus pelo amor, do que pretende matar Jesus em nós.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - Ir a Jesus, guiados pela luz que ele faz resplandecer diante de nós.
2 - Encontrar a Jesus significa ir por um outro caminho: “per aliam viam”.
QUINTO DIA - TERCEIRA MEDITAÇÃO
Episódio: Oferecimento do Menino Jesus no Templo
Jesus faz-se resgatar do serviço do Templo, reservado aos levitas. Veio para servir os homens; não veio para ser servido, mas para servir. E resgatado com o sacrifício dos pobres. Rei escondido, acompanhado de dois pobres também escondidos: Maria e José. Deus, porém, revela seus segredos a Simeão e Ana. Estes viviam de tal forma unidos a Deus, que mereciam vê-lo. Pelo Espírito de Deus foram impedidos ao Templo para verem Jesus. O “Nunc dimittis” de Simeão pela revelação divina... Alegria logo temperada pela profecia de Simeão a respeito de Maria: posto como sinal de contradição e para ruína de muitos em Israel. Uma espada de dor virá traspassar o seu coração imaculado. Jesus é Rei, mas Rei do sofrimento...
“Maria conservabat omnia verba haec conferens in corde suo”... (Maria conservava cuidadosamente todos esses acontecimentos e os meditava em seu coração).
Lições contidas no episódio
1 - Admirar a humanidade de Jesus. “Venit ad templum suum Dominator Dominus” (Vem ao seu templo o grande Senhor). Mesmo na Casa de seu Pai apresenta-se como a menor das criaturas e vem resgatar-se de privilégios reservados aos levitas.
2 - Como Jesus recompensa a fidelidade de Simeão e Ana, revelando-se a eles Veremos também a Jesus? Somos impedidos pelo Espírito de Deus a ver Jesus?
3 - Alegrar-nos com Simeão e cantar o nosso “Nunc dimittis”. Compenetrar-nos, cada vez mais, de nossa eleição e alegrar-nos com ela.
4 - Compreender que a união com Jesus significa sofrimento. Como filhos de Maria, participar de sua alegria, mas também de sua tristeza.
5 - Preparar-nos para sofrer. Estava longe a Paixão de Jesus, mas Simeão já a ele se refere...
Colóquio com Simeão e Ana
Proclamá-los felizes. Recebem a recompensa pela sua fidelidade, pela sua esperança. Pedir a sua intercessão para sentirmos também um grande anseio por Jesus, recebendo igual recompensa.
Considerar a união com Deus como a coisa mais importante em nossa vida. Sem Jesus a vida nada vale. Alimentar o desejo de morrer, um dia, na contemplação de Deus. Pedir uma boa e santa morte.
Tomar Jesus em nosso braços, como Simeão e Ana, e oferece-lo a Deus. Comungar sempre com a intenção de oferecer Jesus ao Pai Eterno como sacrifício de adoração, ação de graças, reparação e súplica.
Colóquio com Maria Santíssima
Admirar a sua humilde: vai ao Templo como mulher do povo. O seu sacrifício é dos pobres
Que alegria deve ter sentido ao ver que Deus se revelava, levantando uma ponta do véu que ela bem quisera ver erguido inteiramente, a fim de que todos adorassem a Jesus e, por Ele, todos fossem reconduzidos a Deus...
Como era dura para ela a profecia de Simeão: “Para a ruína de muitos... e sinal de contradição”
Como teria gostado de ver todos aos pés de Jesus Uma espada de dor no longínquo futuro Imperscrutáveis desígnios divinos
Maria inclina a cabeça e absorta em pensamentos deixa o Templo Seguimo-la. Queremos servir me e consola-la ajuda-la a carregar o Menino, unir-nos com Jesus apesar da profecia de Simeão
Com Jesus e Maria preparar nos para sofrer
Resoluções
Esperar o Messias cheios de confiança, certos de vê-lo quando vier ao seu Templo. Considerar a união com Cristo como o maior bem. Se a conseguirmos, será o bastante. Lembrar-nos de que essa união traz sofrimento...
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - Simeão teve a felicidade de compreender o que significa: ver Jesus.
2 - Por causa de sua união mais íntima com Cristo, maior sofrimento é reservado para Maria.
SEXTO DIA - PRIMEIRA MEDITAÇÃO
Episódio: A fuga para o Egito
Apenas acaba de nascer, já começa a realizar-se em Jesus a profecia de Simeão: ele seria um sinal de contradição. Herodes ameaça-lhe a vida. E obrigado a fugir do meio do seu povo, ele, o Rei dos judeus, fugir para o Egito, país de pagãos. Aí deverá ficar até que o anjo lhe venha dizer que pode voltar. E, realmente, depois de algum tempo, o anjo vem avisá-lo de que pode retornar para junto do seu povo. Mas agora Arquelau o constrange a não ir para Belém ou Jerusalém, mas a esconder-se na cidadezinha desprezível de Nazaré, da qual mais tarde se dirá: “Daí pode, por acaso, sair algo de bom? E tudo isso não é determinado por Jesus, nem revelado a Maria, mas unicamente a José...
Lições contidas no episódio
1 - Pouco depois de estarem com Jesus, Maria e José são obrigados a fugir com Ele para uma terra estranha e inóspita, longe dos amigos e conhecidos.
2 - Jesus quer dar, desde logo, exemplo de obediência e de Maria pede também um ato de obediência que o Anjo ordena a São José.
3 - A nossa vocação para a intimidade com Jesus pode obrigar-nos também a irmos para lugares, para onde não gostamos de ir, a despedir-nos de todos e de tudo que nos é caro.
4 - Quando nos sentimos sós, devemos pensar na fuga de Jesus para o Egito com Maria e José, sabendo-nos em sua companhia.
5 - Gostar de ir com Jesus para Nazaré, passando de largo Belém e Jerusalém. Não ligar importância ao lugar.
Colóquio com Jesus
Ele é a Luz do Mundo. Se, com Simeão, nos rejubilamos de que, com o aparecimento de Jesus, nos surgiu a Luz para revelação dos gentios, devemos segui-lo também “quocumque ierit” (para onde for), mesmo quando nos chamar para lugares inóspitos e desagradáveis, lugares onde não se nos oferece ocasião para mostrar os nossos talentos, onde só morar equivale a uma condenação. Resignar-se a morar onde ninguém nos conheça, como Ele vivia no Egito.
Com Ele, entregar-nos confiantemente aqueles que nos foram dados como guias, aos nossos Superiores.
Saudá-Lo como a grande Força, em virtude da qual Maria e José puderam suportar as agruras do exílio. Com Jesus tudo é leve. Pedir-lhe que nos assista nas horas difíceis, transferências, nomeações, eleições, para podermos fugir com Ele.
Colóquio com Maria Santíssima
Exemplo de obediência. Obedece ás ordens de São José, toma em seus braços o Divino Menino e, com Ele, vai ao encontro das privações e sofrimentos. Despede-se de quantos a conheciam em Belém, aos quais mostra o Menino Jesus, por lhe terem dado provas de respeito e amor. Maria vai ao encontro de um futuro incerto, sem saber para quanto tempo. Vai com Ele, primeiramente, ao Egito, mas tarde para Nazaré, resignada e cheia de confiança, para dar-nos exemplo de desprendimento e obediência, Jesus é a sua Força. Que, nas horas difíceis, ela nos lembre de Jesus, nos guie e nos proteja.
Resoluções
Nas horas amargas lembrar-nos da fuga de Jesus para o Egito. Representar-nos Maria e José que sofrem, por serem os prediletos de Jesus.
Com Ele, obedecer ás disposições da Divina Providência, cheios de coragem e de confiança.
Considerar a Jesus como o Tesouro que compensa todas as amarguras e sofrimentos.
Alimentar o desejo de ter de fugir, um dia, com Jesus, para ver o que isto representa. Para tanto pedir a força necessária...
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - Desde logo, Jesus obriga seus pais a fugir.
2 - Procurar a nossa força junto de Jesus, Maria e José, nas horas de difíceis transferências.
SEXTO DIA - SEGUNDA MEDITAÇÃO
Episódio: Encontro de Jesus no Templo. depois de três dias
Surpresa para Maria e José. O que é que Nosso Senhor quer deles, agora? Desapareceu Jesus, o Menino que fora confiado aos seus cuidados... Como pode Ele fazer tal coisa?
Tristeza: “Dolentes quaerebamus te” ( “sofrendo, Te procurávamos”). Estão sem Jesus, seu único tesouro... Procuravam-No como deviam. Conformidade, sujeição, confiança... “Quaerite et invenietis” (“Buscai e encontrareis”).
Veem a sua confiança recompensada: tornam a encontrar Jesus. Que alegria De braços abertos, vão ao seu encontro.
Dizem-lhe que não podem passar sem Ele.
Encontram-No na Casa de seu Pai. Aí O procuravam. Não sabemos se começaram aí por procurá-Lo, mas o certo é que foi aí que O encontraram.
Viver com Jesus quer dizer que, vez por outra, sentiremos sua ausência, vendo-nos abandonados. Aparentemente, estaremos entregues ás nossas próprias forças. Onde está Jesus? perguntamos também nós, impacientes. Entretanto, Ele está no Templo. Sua aparente ausência é, multas vezes, uma lição para nós.
Admirar sua Sabedoria e Providência. Confiança ilimitada.
“Descendit cum eis” (Desceu com eles). Sentem-se felizes. Passou-se a tristeza, mas Maria lhe conserva a lembrança no Coração, refletindo sobre a lição que Jesus acaba de dar-lhe. Prepara-se já para novas separações...
Lições contidas no episódio
1 - Jesus, por vezes, some-se da nossa vista. No entanto, Ele está sempre conosco, em todos os nossos trabalhos e penas...
Não estava Ele sumido, quando viemos para o retiro?...
2 - Agora parece estar mais perto: tornamos a encontrá-Lo. Motivo de alegria. Havíamos de encontrá-lo, seguramente, no seu Santuário...
3 - Quando Jesus não estiver conosco, quando estivermos áridos e frios na oração e nos exercícios de piedade, examinar-nos a ver se foi Ele que nos abandonou - aparentemente - ou se fomos nós que O abandonamos... Se nós formos culpados, abandonar o erro e tornar mais íntima a nossa união com Ele.
Se for provação de Deus, confiar em que havemos de encontrá-lo
4 - Sentir-nos felizes na presença de Deus. Exercitar-nos, muitas vezes, nela. Procurar a Jesus com Maria e José. Eles souberam encontrá-lo, poderão indicar-nos o caminho...
5 - Libertar a nossa piedade do sentimentalismo: viver da fé. Deus está conosco. Deus nos procura. A visão intuitiva só na Pátria. Neste mundo apenas o antegozo do Paraíso...
Colóquio com Maria e José
Participar de sua surpresa e decepção pelo desaparecimento de Jesus. Participar da sua confiança e ansiosa procura. Pedir-Lhes, que nos façam procurá-Lo também incontinente, quando tiver desaparecido da nossa vida; que nos indiquem o caminho. Com eles, encontramos a Jesus.
Participar de sua alegria e demonstrações de amor.
Não O deixar mais... Seguir o Cordeiro... “quocumque ierit”... (para onde for...)
Obedientes em tudo, sem recuar diante de qualquer sacrifício. E a imitação de Cristo... Jesus é a Luz “Qui sequitur Me, non ambulat in tenebris...” (“Quem Me segue, não anda nas trevas...”).
Colóquio com Jesus
“Jesus, onde estás?”, pergunta Santa Maria Madalena de Pazzi, depois de dez anos de aridez. “Eu estava dentro do teu coração”, foi a resposta. Jesus brinca de esconde-esconde conosco; mas, havemos de encontrá-lo, se formos fiéis, e perseverantes...
Ele quer ser procurado... “Sed quid invenientibus?” (Mas o que ele é por quem o encontra?).
Alegria no encontro: “Ostende faciem tuam, et salvi erimus” (Mostra a tua face, e seremos salvos).
Resoluções
Esforçar-nos por viver compenetrados da presença de Deus. Lembrar-nos sempre dos fundamentos desse exercício, não só os da fé, mas também os da razão.
Procurar a Jesus nas boas obras, feitas por seu amor, na oração... “Onde houver dois ou três reunidos em meu Nome, estarei no meio deles”.
Pôr a nossa piedade acima dos sentimentos...
Dois pensamentos para reler o assunto meditado
1 - Maria e José procuraram a Jesus e encontraram-No.
2 - Viver na presença de Deus.
SEXTO DIA - TERCEIRA MEDITAÇÃO
Episódio: A vida na casa de Nazaré
“Deus absconditus”...( Deus oculto...) Oculto durante 30 dos 33 anos... Envergonha a nossa impaciência... O povo judeu estava esperando o Messias, e Ele não aparece... Está no meio deles, sem que eles O vejam... Falam Dele, e Ele caía-Se... Encontra as mais erradas opiniões a respeito de sua Pessoa e seu modo de proceder mas Ele espera a sua hora.
Adorar os desígnios de Deus incompreensíveis para nós
“Et erat subditus illis” (E submetia Se a eles). Maria e José, suas próprias criaturas, com inteligências limitadas Submete Se a eles, apesar de ser a Sabedoria eterna Por indicação deles faz coisas menos oportunas ordenadas por eles com boa intenção
Não os entristece não os corrige O que faz pouco lhe importa com tanto que possa obedecer E o essencial E secundário saber qual é materialmente, a ação ordenada.
José e Maria compreendem que Jesus assim o quer, conformam-se e vão dando ordens.
Lendas e evangelhos apócrifos: não passam de imaginação. Talvez, de quando em quando, um raio de luz para Maria e José, assim como agora ilumina os Santos e lhes aparece. Mas isto só de passagem. A situação habitual é indicada pelas palavras: “et erat subditus illis” (E submetia-Se a eles).
“Crescebat et confortabatur sapientia et gratia coram Deo et hominibus”... (Crescia e fortalecia-se em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens...)
Jesus oculta-se quer ser homem como os outros, semelhante a nós em tudo, exceto o pecado. Suas virtudes, seu amor, sua justiça é que O tornaram encantador aos olhos dos homens. Tornou-se, assim nosso exemplo em tornar amável a pratica da virtude.
Lições contidas no episódio
1 - Aprender com Jesus a vivermos escondidos, sob os olhos de Deus, sem procurar os elogios dos outros e sem nos deixar afastar do cumprimento do dever, por causa deles.
2 - Conservar a confiança na Providência Divina, apesar de não lhe compreendermos os desígnios. Excitar tal confiança também nos outros...
3 - Com Jesus, obedecer aqueles que estão colocados acima de nós. Não perguntar quem ordena ou o que se ordena, ver a Deus nos Superiores e crer que é Ele quem ordena. Isto é essencial. Impor silêncio aos nossos raciocínios, quando se tratar de obedecer. Não argumentar, mas fazer...
4 - Tornar amável a prática da virtude, não para agradar aos homens, mas a fim de arrastá-los à mesma prática. Sentir-nos alegres e satisfeitos na prática das virtudes. Não servir a Deus com gemidos...
Colóquio com Jesus
Admirar sua obediência. Desejá-la para nós. Ocultar-nos com Ele e subtrair-nos ás honras do mundo. Compreender que Deus assim o quer. Lembrar-nos da palavra de Jesus a São João Batista, quando quis ser batizado por ele.
Deixar a Deus a revelação do bem. A seu tempo, Deus manifestará quem lhe serviu, ainda que tenhamos de esperar até o fim do mundo. Ouvir a palavra de Jesus: “Pater vester coelestis, qui videt in abscondito, reddet tibi” (O vosso Pai Celeste, que vê no íntimo, te recompensará).
Jesus foi obediente até a morte: “mortem autem Crucis” (E morte de Cruz). E por isso, saiu Vencedor. “Nonne opertuit Christum haec omnia pali, et ita intrare in gloriam suam?” (Porventura não convinha que Cristo padecesse essas coisas, e assim, entrasse na glória?)
Colóquio com São José e Maria Santíssima
Que honra para eles exercer autoridade sobre Jesus! Mas que estímulo, ao mesmo tempo, no sentido de nada ordenarem que não fosse conveniente para Jesus.
Jesus, exemplo de obediência; José e Maria SSma., exemplos de autoridade prudente, que ordenavam com Deus diante dos olhos.
Considerar seu acanhamento diante de tamanha honra, sua conformidade com o que Deus assim dispunha. No que ordenavam a Jesus, procuravam simplesmente e do melhor modo possível acomodar-se à Vontade Divina.
Pedir-lhes que nos façam ordenar também assim, quando tivermos de dar alguma ordem. Participar da sua alegria pela obediência de Jesus, que nos serviu de exemplo. Deles também se exigia obediência extraordinária, mas Jesus era seu exemplo em tudo. Aprendamos também a ver assim em Jesus nosso modelo.
Resoluções
Ver a Deus nos Superiores. Não raciocinar sobre aquilo que nos compete fazer, mas executar o que nos foi imposto. Propor, muitas vezes, a Jesus como modelo de obediência.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado:
1 - Jesus esconde-se durante 30 anos.
2 - “Erat subditus illis”, submetia-Se a eles, a fim de ser nosso modelo.
SEXTO DIA - QUARTA MEDITAÇÃO
Episódio: Jesus e Maria nas bodas de Caná
Jesus começa a sua vida pública com um milagre devido à intercessão de sua santa Mãe. Fora convidado a umas bodas. Traz consigo sua Mãe e seus primeiros apóstolos. aos quais pedira que O seguissem. Ao chamá-los, dissera a Felipe e Natanael que veriam grandes coisas. Agora iriam ver o seu primeiro sinal e, por meio dele, seriam ligados a Jesus por uma fé sempre crescente, cada vez mais firme e fiel. Este sinal Jesus o queria dar a pedido de Maria. Nesse primeiro sinal dado aos Apóstolos, Ela aparece como a Medianeira das graças. Alegres e santas bodas devem ter sido essas, já que Jesus e Maria delas quiseram participar. Que as nossas festas sejam sempre assim, assistidas por Jesus e Maria!
“Vinum non habent” (Não têm vinho), diz Maria a Jesus. E, confiante, dirige-se aos criados: “Fazei tudo que Ele vos disser”. Jesus responde que sua hora não chegou. Mas Ele a faz depender da oração de Maria. Já que ela o pede, não lhe recusará o sinal. Maria reza pelos esposos, mais ainda pelos Apóstolos, para que o primeiro sinal de Jesus venha confirmar-lhes a fé.
Maria vê o que nos está faltando neste momento,. Tantas coisas nos faltam. Manifestemo-las a Maria, a fim de que ela o diga a Jesus. Ouvi, porém, que ela recomenda: “Fazei tudo que Ele vos disser”.
Fé, confiança...
Lições contidas no episódio
1 - Ver Maria como Medianeira das graças, especialmente da graça da fé.
2 - Nas festas, manter a nossa alegria tão elevada e tão nobre que Jesus e Maria possam ficar conosco até o fim da festa. As nossas festas devem ser uma confirmação da nossa fé e do nosso amor a Deus.
3 - Convencer-nos de que muito nos falta. Reconhecer que precisamos da intercessão de Maria, afim de preencher o que nos falta. Pedir a Maria que nos obtenha de Jesus aquilo que mais nos está faltando.
4 - Não deixar de fazer aquilo que Jesus quer de nós, afim de que Ele nos dê aquilo que Maria lhe pede.
Cooperar com a graça: Jesus pede tão pouco. “Sarcina levis” (Fardo leve).
Colóquio com os Apóstolos
Que revelação para eles o primeiro sinal de Jesus! Que respeito por Maria deve ter inspirado a eles tal milagre. Confirma-se a sua fé.
Que alegria pela sua eleição. Com que sentimentos profundos devem ter deixado esta festa.
Resolvem ser fiéis a Jesus, a não deixá-lo jamais. E nós queremos ficar com eles!
Colóquio com Maria Santíssima
Está aqui representado o cuidado que Maria nos dispensa. Recomendar-nos aos seus cuidados.
Considerar sua confiança e sua fé. Sua alegria pelo primeiro milagre de seu Filho. Viu sua glória: agora pode retirar-se sossegada, tranquila.
Os Apóstolos estão confirmados na fé. Tomarão o lugar de Maria junto de Jesus: “Omnis qui fecerit voluntatem Patris mei qui in coelis est, hic erit meus frater, mater, soror” (Todo aquele que fizer a vontade do meu Pai que estás nos céus, este será meu irmão, minha mãe, minha irmã).
Maria voltará à hora da dor, da Paixão. Admirar sua heroicidade, seu desprendimento de tudo. Aprender com ela a desprezar as honrarias.
Resoluções
“In omni tribulatione et angustia” Em toda tribulação e angústia), refugiar-nos junto de Maria. Tornar-nos devotos de Maria Medianeira das graças, e aprofundar-nos no verdadeiro sentido desta devoção. Ver Maria como mãe e rainha dos apóstolos e colocar o nosso apostolado sob a sua proteção.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - Jesus começa a sua vida pública por milagre impetrado por Maria.
2 - Maria: vinum non habeo (Não tenho vinho). Que Jesus me transforme.
SÉTIMO DIA - PRIMEIRA MEDITAÇÃO
Episódio: Maria vai ao encontro de Jesus na “Via Crucis” (Via Sacra)
Depois da prisão de Jesus, João leva Pedro ao átrio do Sumo Sacerdote e, em seguida, corre para junto de Maria, dizendo-lhe que prenderam Jesus.. Será condenado? Irá morrer? João fala da agonia de Jesus no horto e de suas predições sombrias. Será crucificado? Não, não pode ser.
Maria: mulier fortis” (Mulher forte). Lembra-se da profecia de Simeão e do que Jesus lhe disse, e compreende. Instrui João, confirmando-lhe a fé e o amor. Maria lhe diz tudo quanto vai suceder a Jesus. João envergonha-se da sua fuga. Guiado pela mão de Maria, quer voltar para junto de Jesus. Maria toma João pela mão a fim de reconduzi-lo a Jesus.
Não conseguem chegar perto Dele. Está rodeado de soldados e de gente amotinada.
Assistem à sua flagelação e condenação. “Vidit suum dulcem natum...flagellis subditum” (Vê o seu doce filho... sujeito a flagelos).
“Ecce homo” (Eis o homem). O “crucifige” (crucifica) ressoa aos seus ouvidos.
Por umas ruas laterais chegam a um ponto, por onde deverá passar o cortejo. Ver o encontro entre Jesus e Maria.
Considerar a Verônica e as mulheres que choram e lamentam. Ver as quedas de Jesus, assim como as viu e contemplou Maria SSma.
Finalmente chegam ao Gólgota. Jesus é despido... crucificado... Maria contempla. União no amor, - união no sofrimento. A espada de dor: “para ressurreição de muitos em Israel”.
Lições contidas no episódio
1 - Quando não compreendemos Jesus, quando não compreendemos o sofrimento, correr com São João para junto de Maria, a fim de chorarmos as nossas mágoas e procurarmos refúgio.
2 - Ver Maria SSma. como a Mulher forte, preparada para o sofrimento por longos anos de meditação sobre quanto Jesus lhe predissera: considerar como não se surpreende com o que São João lhe relata, mas como se ergue imediatamente para ir repartir a dor e reconduzir a João para junto do Mestre, por ser o discípulo predileto.
3 - Com Maria não hesitar em participar do desprezo de Jesus, com ele presenciar a condenação, a flagelação, a coroação de espinhos e a “Vía Crucís”. Suportar tudo, se a honra de Jesus o exigir.
4 - Com Maria ir ao encontro de Jesus na “Via Crucis” e dizer-Lhe do nosso amor e compaixão, da nossa fidelidade e apego. Ir com Ele até o cume do Gólgota.
Colóquio com São João
Unir-nos com o apóstolo “quem diligebat Jesus” (Que Jesus amava). Jesus também nos ama. Como João, somos capazes de fugir, quando Jesus for ludibriado. Com ele devemos ir para junto de Maria, a fim de manifestar-lhe toda a nossa mágoa e dificuldades, a fim de com ele desabafarmos. Maria reconduzir-nos-á a Jesus, far-nos-á compreender melhor os sofrimentos, pôr-se-á a caminho conosco. Guiados por ele, encontraremos Jesus e poderemos testemunhar-Lhe o nosso amor. Só assim seremos capazes de segui-Lo no caminho sangrento.
Colóquio com Maria Santíssima
Participar da sua grande dor (“Videte si est dolor sicut dolor meus”) (Vede se há dor como a minha dor), que ela suporta, é verdade, fortalecida por Deus como mulher forte e Rainha dos mártires, mas com o coração trespassado por espada mais penetrante e aguda de que jamais pôde imaginar. O menosprezo, os maus tratos, os golpes dos flagelos, os espinhos da coroa atingem-lhe a alma. Mais do que tudo isto, porém, a ferem a insensibilidade, a dureza dos homens, que desprezam o seu amor. “Quae utilitas in sanguine Eius?” (Que utilidade em derramar o sangue Dele?) Como recebemos mal o seu amor! Com os apóstolos, procuramos fugir do sofrimento. Que ela nos reconduza a Jesus, fazendo-nos compreender o sofrimento e seguir-Lhe as pegadas.
Resoluções
Não fugir do sofrimento, suportar o menosprezo, que nos une a Jesus e nos faz compreender o sentido do sofrimento. Com Maria ir ao encontro de Jesus na “Via Crucis”, no sofrimento unir-nos a Maria, espelhar a nossa vida na sua, a fim de participar da sua generosidade.
Aproveitar as ocasiões que se apresentarem para meditar a Paixão de Nosso Senhor, e para fazer a Via-Sacra; dar destaque ao crucifixo na cela e nos lugares onde trabalhamos.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - Com São João para junto de Maria, com Maria para junto de Jesus.
2 - Quem ama a Jesus deve subir ao Calvário.
SÉTIMO DIA - SEGUNDA MEDITAÇÃO
Episódio: Maria SS ma, debaixo da Cruz - Descimento - Enterro.
Por três horas debaixo da Cruz em que Jesus agonizava entre dores indizíveis. Com Maria ver e ouvir a Jesus. “Aprendei de Mim que sou manso e humilde de Coração”.
As sete palavras: como Jesus nos perdoa, como tem sede do nosso amor. Palavras dirigidas a Maria e a João. Maria nossa Mãe - nós seus filhos. Confirmação do que foi feito quando, em Maria, Jesus assumiu a natureza humana: agora di-lo claramente. O testamento de Jesus: sublime herança. Amar a Maria para mostrar o nosso amor a Jesus. Com Maria oferecer Jesus a seu Pai, celestial. Dizer com Jesus: “Pater, in manus tuas commendo spiritum meum” (Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito). Morrer com Jesus. Oferecer-nos juntamente com Ele. Renovação do sacrifício da Cruz na Santa Missa.
Jesus é descido da Cruz e depositado nos braços de sua Mãe. Maria limpa-Lhe as feridas, tira da fronte a coroa de espinhos e contempla o quanto sofreu. Contemplemo-lo com Ela, a mãe das dores e da compaixão. Gravemos profundamente em nossa memória a imagem da Sagrada Paixão.
O enterro de Jesus. Silenciosa, Maria acompanha o séquito. Nós estamos em sua companhia. Finalmente, Jesus é enterrado - desaparece. Humilhação profunda! A opinião do mundo Judeu: sua missão fracassou. Os apóstolos medrosos e hesitantes. Maria imperturbada. Sua confiança. Ele disse que haveria de ressuscitar.
Maria crê. Jesus no tabernáculo como num túmulo. Crer e confiar com Maria.
Lições contidas no episódio
1 - A morte de Jesus, última e suprema manifestação do seu amor. Com Maria e João estar, muitas vezes, debaixo da Cruz para meditar a Sagrada Paixão. Jesus nos chama: “Ego, si exaltatus fuero a terra, omnia traham ad meipsum” (Eu, se for elevado da terra, atrairei tudo para mim).
2 - Unir-nos com Jesus na morte. Unir a nossa morte à sua, unir o nosso sacrifício com o seu: “In manus tuas commendo spiritum meum” (Em tuas mãos entrego meu espirito).
3 - Com Maria e João ouvir as sete palavras e aprofundar-lhes o sentido. Colocar-nos debaixo da proteção de Maria.
4 - Com Maria contemplar as chagas de Jesus e excitar em nós a compaixão.
4 - Ver o Sacrário como símbolo do túmulo de Jesus e da sua profunda humilhação. Visitá-Lo muitas vezes. Fé e confiança.
Colóquio com Maria Santíssima
Mãe das dores, com ela torna-se fecunda compaixão com seu divino Filho. Unir-nos com ela na contemplação da Paixão e com ela oferecê-la a Deus. Considerar as chagas do Salvador como outras tantas rosas abertas na roseira do amor. Considerar, especialmente, a chaga do seu lado, a fim de esconder-nos nela e encontrar o caminho para o seu Coração. Que lugar nele ocupava Maria! Que lugar aí existe para nós!
Com Maria enterrar Jesus num túmulo novo, túmulo renovado do nosso coração e aí mantê-lo oculto, até que Ele nos peça ações para manifestar a sua vida em nós.
Colóquio com Jesus
Crucificado: os braços estendidos para nos acolher. Que nos atraia a Si e que, finalmente, compreendamos o seu amor, agora que o vemos morrer por nós. Com Maria e João escolher o nosso lugar debaixo da Cruz.
Descê-lo da cruz da vergonha, a fim de estreitá-Lo ao nosso coração e manifestar-lhe o nosso amor, honrá-lo e exaltá-lo. Pedir-Lhe que nos mostre a chaga do seu lado a fim de encontrarmos o caminho para o seu Coração: esconder-nos nela e acalentar-nos ao fogo do seu amor, que não morreu. Sepultá-lo em nosso coração, completamente renovado pela contemplação de sua Paixão e Morte. Queremos sepultá-lo nesse sepulcro novo: “et erit sepulcrum eius gloriosum” (e seu sepulcro será glorioso).
Resoluções
Com Maria e João postar-nos debaixo da Cruz, afim de compreender o amor. Recomendar-nos ás mãos do nosso Deus, na vida e na morte. Com Maria contemplar as chagas de Jesus, especialmente a do seu lado, e nela esconder-nos. Renovar o nosso coração, tornando-o sepulcro glorioso para Jesus.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - Jesus morre, a fim de abrir-nos o seu Coração.
2 - Jesus sepultado em nosso coração reformado.
SÉTIMO DIA - TERCEIRA MEDITAÇÃO
Episódio: Ressurreição de Jesus. Aparição a Maria
Maria, solitária e triste, mas cheia de fé e de confiança. Consola João e consola os apóstolos, dizendo que ressuscitará. Espera o terceiro dia: hoje ressuscitará! Mas como? Maria espera tranquilamente. A aurora vem encontrá-la vigilante, em oração, unida com Jesus. Será somente ás três horas? Deverá esperar até da tarde, até à noite?
De repente, luz vivíssima refulge em seu aposento escuro. Jesus está diante dela, radiante de luz e de glória. Maria levanta-se e estreita-O ao coração.
Ao mesmo tempo, desce um anjo do céu. Os guardas ficam aterrados com a luz repentina. A pedra é afastada da boca do túmulo. Os guarda veem o sepulcro vazio. Fogem espavoridos, aterrados, mas procuram esconder o segredo, dizendo que o Corpo foi roubado, enquanto dormiam.
Chegam as mulheres para embalsamar o Corpo. Ele está vivo, não está mais entre os mortos. O anjo anuncia ás mulheres o mistério glorioso e envia-as aos apóstolos. Entretanto, Maria SSma. já enviou João a Pedro. Pedro e João dirigem-se ao sepulcro.
Jesus aparece, sucessivamente, a Pedro, aos apóstolos, aos discípulos de Emaús, a Maria Madalena. Alegria geral. Todos para a Galileia. Aí Se lhes manifestará melhor.
“Nonne haec oporluit pati Christum et ita intrare in gloriam suam?” (Porventura, não foi preciso Cristo padecer e assim entrar na glória?).
Maria vai com os apóstolos para a Galileia.
Lições contidas no episódio
1 - Considerar como, nos planos da Providência, a Paixão de Cristo era condição essencial para a sua glorificação. “Ego, si exaltatus fuero”... (Eu, se for elevado...)
2 - Quem participa mais intimamente no seu sofrimento, será o primeiro a participar na alegria de sua Ressurreição.
3 - Admirar a Sabedoria e Onipotência de Deus, que triunfa sobre a morte morrendo pelos mortos, a fim de que com Ele possam reviver.
4 - Jesus deixa Jerusalém. Rasgou-se o véu do Santo dos Santos. Chama os seus discípulos para a Galileia, para a terra de Samaria, desprezada pelos judeus. Jerusalém desprezou o dom de Deus. Da Cidade Santa vai para a terra e o povo que os judeus desprezavam. “Si scires donum Dei” (Se conhecesses o dom de Deus). Temos nós reconhecido o dom de Deus, ou obrigamo-Lhe também a afastar-Se de nós?
Colóquio com Maria Santíssima
Alegrar-se com ela pela Ressurreição de Jesus. Ouvir com ela a história das aparições. Participar na alegria dos amigos de Jesus. Maria está no meio deles. Impõe-se-nos agora uma compreensão melhor do sofrimento de Jesus. Confirmação de nossa fé, outrora tão fraca.
Maior generosidade em seguir a Jesus. Preparar-nos com Maria para o menosprezo. Sabemos agora que, apesar de tudo e de todos, Ele triunfa e nos conduz à vitória.
Colóquio com Jesus
Dar as boas-vindas ao Salvador ressuscitado. Professar-Lhe a nossa fé. Pedir-Lhe que a confirme sempre mais pela continua lembrança da Ressurreição.
Contemplar seu Corpo glorificado. Ver suas chagas gloriosas. Esconder-nos em seu Coração.
Ouvir as palavras dirigidas aos discípulos de Emaús: “Nonne haec oportuit pati Christum?” (Porventura não convinha a Cristo padecer essas coisas?)
Perguntar a nós mesmos: “Nonne ardens erat cor nostrum?” (Porventura não ardia o nosso coração? Arde, realmente, o nosso coração? Estamos preparados para sofrer com Ele, a ir com ele “quocumque ierit” (Para onde for), certos da vitória?
Resoluções
Confiar na promessa de Jesus de nos ressuscitar com Ele. “Creio na Ressurreição da carne”. Lembrar-nos, muitas vezes, de como o sofrimento conduz à vitória, a morte à vida, a humilhação à exaltação aos olhos de Deus.
Com Jesus começar nova vida. Não permitir que nos abandone, como abandonou Jerusalém. Reconhecer como Deus foi bom conosco, e continua a sê-lo sempre.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - “In ressurrectione tua, Christe, coeli et terra laetentur” (Céus e terra alegram-se na tua ressurreição, ó Cristo).
2 - Com Jesus começar nova vida, glorificada por Deus.
OITAVO DIA - PRIMEIRA MEDITAÇÃO
Episodio: A Ascensão de Nosso Senhor
Os apóstolos com Maria e muitos discípulos no Monte das Oliveiras. Jesus fala do seu reino no céu e na terra, reino que está no mundo, mas não é do mundo. Nomeia os apóstolos testemunhas suas na terra, abençoa-os e estende as mãos sobre eles, sobe ao céu diante de seus olhos atônitos, até que uma nuvem O subtraia aos seus olhares. Descem, então, dois anjos para explicar-lhes o mistério da Ascenção de Jesus e de como voltará, um dia, sentado sobre uma nuvem, para julgar os vivos e os mortos. “Quid statis aspicientes in coelum?” (Por que estais olhando no céu?) Jesus subtrai-se aos olhares dos apóstolos, mas promete-lhes sua graça, a inabitação divina, o Espírito Santo.
“Ecce, ego vobiscum sum omnibus diebus, usque ad consummationem saeculi” (Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação do século). A Comunhão dos Santos. A Igreja militante, padecente, triunfante. Um só Corpo Místico, do qual Cristo é a Cabeça, nós os membros.
“Conversatio nostra in coelis est”. (A nossa conversão é nos céus) Também Maria SSma. mantém o olhar erguido para Jesus. Sua presença visível e corporal acaba também para ela. Sua fé, no entanto, penetra as nuvens. Ela segue-O até o céu. Continua unida a Ele, para exemplo de todos.
Lições contidas no episódio
1 - Com os Apóstolos no Monte das Oliveiras - símbolo do mundo -olhar para o céu, onde Jesus desaparece aos nossos olhares, mas onde a fé O sabe presente.
2 - Saber o céu unido com a terra, e ouvir as palavras de Jesus: “Ecce, ego vobiscum sum”. (Eis que estou convosco)
“Pai Nosso, que estais no Céu”...
3 - Viver na Comunhão dos Santos, falar com Deus, com os Anjos e Santos. Ser como Azarias, companheiro de Tobias, que parecia viver na terra, mas na realidade era um anjo que estava sempre diante do trono de Deus.
4 - Espelhar-nos em Maria, na sua fé, sua esperança e seu amor e aprender com ela a manter o olhar sempre fito no céu, até que O possamos contemplar face a face. “Vado parare vobis locum”. (Vou preparar-vos um lugar)
Colóquio com Jesus
“Domine, quo vadis?” (Senhor, para onde vais?).
“Vado parare vobis locum”, “Non relinquam vos orphanos”. “Ecce, ego vobiscum sum”. “Sufficit tibi gratia mea”. “Expedit vobis ut ego vadam”. (Vou preparar-vos um lugar. Não vos deixareis órfãos. Eis que estou convosco. Basta a ti a minha graça. Convenha a vós que eu vá).
Ajudai-me, Senhor a ter estas verdades sempre diante dos olhos, a fim de que considere esta vida como caminho para o céu. Alegrar-nos com a glória que é dada à natureza humana de Jesus, depois do sofrimento suportado aqui na terra por nosso amor, depois da humilhação suportada por nossa causa. Convencer-nos de que, um dia, conheceremos melhor essa glória, quando a virmos no céu. Por ora, seguir a Jesus com os olhos da fé.
Colóquio com Maria Santíssima e os apóstolos
Pedir a sua fé e confiança.
Consolar-nos com a promessa de Jesus de que nos enviará o Consolador. Admirar sua submissão aos desígnios de Deus.
Ir com eles à sala da Ceia, a fim de unir-nos a eles em oração e assim ter a Jesus no nosso meio. “Onde houver dois ou três”...
Jesus não desapareceu, mas é preciso saber encontrá-lo.
Resoluções
Lembrar-nos, muitas vezes, de que temes Pai no céu, que nos ajuda a encontrar e percorrer o caminho à casa paterna.
Pensar no muito que os outros fizeram antes de nós para conquistar céu. O que eles fizeram, podemos também nós fazer. Deus ajuda-nos. Devemos estar dispostos a tudo fazer, a tudo empreender.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - “Non habemus hic civitatem permanentem” (Não temos aqui cidade permanente).
2 - Jesus - nosso Guia.
OITAVO DIA - SEGUNDA MEDITAÇÃO
Episódio: Maria e os Apóstolos em oração na sala da Ceia
Qual Mãe no meio dos filhos. Mulher forte.
Fé, esperança e caridade nela reunidas. Lembrai-lhes as palavras de Jesus que guarda no coração. Incita-os à oração confiante, afim de que o Espírito Santo venha renovar e transformar-lhes os corações. Fá-lo-á, se tiverem as disposições requeridas.
Ouvir a Maria. Suas palavras são dirigidas também a nós. Somos também apóstolos que precisamos do Espirito Santo. Mas, é preciso que o amor habite em nossos corações e que nos entreguemos totalmente a Deus, se quisermos que neles encontre lugar.
O nosso coração não será digno de recebê-lo, a não ser que nos disponhamos a ouvir as suas inspirações.
De repente, desce o Espírito sob a forma de fogo que, como línguas, pousa sobre as suas cabeças. A casa estremece, como que abalada por forte tempestade.
Homens novos erguem-se. Pedro fala à massa que acorreu, espantada. Impávido, iluminado pela Sabedoria divina. “Vivit Dominus, in cuius conspectu sto”. (Vive o Senhor, em cuja presença estou). Como outrora Elias.
Lições contidas no episódio
1 - Nas nossas fraquezas, recorrer à oração em união com Maria.
2 - Unanimidade: “Vade prius reconciliari fratri tuo” (Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão) , isto é desterra do coração qualquer sentimento de aversão, de inimizade antes de dirigir-se a Deus.
3 - “Perseverantes in oratione” (Perseverando na oração). Santo Elias foi exemplo dessa perseverança. Agora são os apóstolos com Nossa Senhora. Deus ouve a quem recorre constantemente a Ele. Quer que peçamos a sua benção “Domine, doce nos orare”. (Senhor ensina-nos a orar).
4 - Repetir os atos de fé, esperança e caridade, quando tivermos dificuldades. Imitar a Maria na prática dessas virtudes teologais.
5 - Abrir o nosso coração à ação da graça divina, à vinda do Espírito Santo. Entrega sem reservas. Sujeição incondicional à direção dada por Deus, seja ela qual for, cheios de confiança; a Ele unidos, sairemos vitoriosos do combate.
Colóquio com os apóstolos
Privilégio para eles estarem reunidos com Maria na sala da Ceia! Unir-nos a eles, a fim de ouvir as palavras de Maria e de pedir a sua mediação e intercessão na recepção da graça divina.
Admirar a sua transformação e renovação. Como se entregaram à ação divina, como confiaram em Deus! Pedir-lhes que excitem em nós disposições semelhantes.
Exemplos convencem. Devemos convencer-nos de que recebemos o Espírito Santo. Excitar em nós o desejo de participar da coragem dos apóstolos.
“Deo oporlet obedire magis quam hominibus”. (É preciso obedecer antes a Deus que aos homens)
Colóquio com Maria Santíssima
Estamos no meio dos apóstolos. Somos filhos de Deus e de Maria. Ela é refugio e esperança nossa. Queremos rezar com ela, a fim de que por sua intercessão recebamos o Espírito Santo, tornando-nos homens novos e diferentes. Temos continuado a ser os mesmos, apesar dos tempos calamitosos em que vivemos; que, finalmente, nos tornemos outros!
Nossa Senhora trouxe ao mundo o fogo que deve incendiá-lo; que se acenda e arda também em nós, não debaixo das cinzas, mas que as chamas se ergam bem alto!
Resolução
Lembrar-nos, muitas vezes, de que por nós mesmos de nada somos capazes, de que o nosso zelo e vontade de trabalhar são tão diminutos. Pedir, muitas vezes, por intermédio de Maria, que nos envie seu Espírito, a fim de sermos transformados. Entregar-nos a Deus e confiar Nele.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - Os apóstolos, reunidos em oração com Maria SSma., foram transformados em outros homens.
2 - Nós, apóstolos, precisamos de tal transformação.
OITAVO DIA - TERCEIRA MEDITAÇÃO
Episódio: Maria Santíssima novamente na “via Crucis”
Depois da alegria da Ressurreição, da glória da Ascensão e o gozo inebriante de Pentecostes, Nossa Senhora recomeçou a simples vida cotidiana de mulher pobre e humilde, honrada sim por um pequeno grupo de pessoas, mas por muitos ignorada como sendo mãe de um crucificado, para a grande maioria uma desconhecida.
O caminho de sua vida diária a Deus a conduzia. Submetia-se alegremente a tudo quanto Deus dispunha. Tudo a fazia pensar em Jesus, seu Filho, mas também seu Salvador e Exemplo. Tudo quanto dissera e tudo quanto Dele se afirmara, continuava a guardá-lo em seu coração, meditando-o. Era isto a sua vida, a sua felicidade. Via-o continuamente diante de si, junto de si, e visitava os Lugares Sagrados, a fim de conservar vivas as suas lembranças. Esforçava-se por colher plenamente os frutos dos Sagrados Mistérios.
Assim vemo-la nova mente na “Via Crucis” e em todos os lugares onde Ele sofreu, a fim de tudo reviver e relembrar. Era o que tornava a uni-la nova e intimamente com Ele.
Ei-la no Horto, no lugar da agonia e da prisão; no caminho para Anás, Caifás, Herodes e Pilatos; acusado, flagelado, condenado, coroado de espinhos, vergado sob o lenho, desprezado e vaiado pelo povo e, finalmente, no doloroso caminho do Calvário, até chegar ao cume, onde expirou engolfado em dores indizíveis.
Eis a sua dor e sua alegria a um tempo. Com Ele, quer sofrer tudo quanto Deus lhe envia. Fortalecida por essas lembranças e instruída por essas lições, vai ela vivendo a sua vida exemplar, que nós admiramos em silêncio.
Lições contidas no episódio
1 - Onde vamos nós buscar a nossa força vital? Na lembrança dos sofrimentos de Jesus?
A Sagrada Comunhão é o memorial cotidiano da Paixão e Morte. Belo costume aliar-lhe o piedoso exercício da Vía-Sacra e fazê-lo em união com Maria.
2 - A Sagrada Comunhão e a Via-Sacra são uma boa base para se viver sempre na lembrança da Sagrada Paixão, mas, além disso, todas as vezes que tivermos sérias dificuldades, devemos lembrar-nos da Via-Sacra e a ela recorrer com Maria e dela tirar a força necessária para levar vida tranquila, simples, alegre e satisfeita, no cumprimento do nosso dever.
3 - Percorrer com Nossa Senhora a “'Via Crucis” da vida diária, mas não com lamentos e gemidos; antes alegres e cheios de coragem, para comprovar a verdade da afirmação: “Jugum meum suave et onus meum leve” (O meu julgo é suave e o meu peso é leve). A cruz representa uma benção da qual não devemos fugir. “In cruce robur, in cruce salus, in cruce lux” (Na cruz, a força; na cruz, a salvação; na cruz, a luz). Numa comunidade religiosa só de devem ver fisionomias alegres, radiantes duma felicidade de ordem superior e intensa, e tal disposição deve ser imperturbável. Nossa Senhora é Rainha não somente do céu, mas também da terra. E nós somos filhos dessa Rainha.
Colóquio com Nossa Senhora
Como lhe era grata essa lembrança, essa recordação dos sofrimentos do Filho! Não podia passar sem ela. Era um pedaço de sua vida, era a sua força. Motivo de alegria e triunfo.
Nós queremos acompanhar-vos, ó Maria. Queremos percorrer o mesmo caminho e dele tirar proveito. Pela Sagrada Comunhão queremos fortalecer e confirmar esses sentimentos.
Colóquio com os Lugares Santos
Quem é essa Mulher que por aí passa todos os dias, que vos olha, para junto de vós, chora e parece encher-se de alegria, a ponto de exaltar e rejubilar-se? Falai-me também, ó Lugares Sagrados, a vossa linguagem clara, fazei-me chorar e rejubilar-me ao mesmo tempo. Se não posso visitar-vos, que ao menos me falem as vossas representações, a fim de que conserve e fortaleça em mim a lembrança do que em vós se passou para salvação de minha alma e lição de minha vida!
Resoluções
Considerar a vida como “Via Crucis”, mas tomar a cruz sobre os ombros com alegria e coragem, já que Jesus, pelo seu exemplo e pela sua graça, a tornou leve.
Resguardar-nos da melancolia, por mais difícil que seja a prova por que passamos. Nessas ocasiões, exatamente, fazer a Via-Sacra com Maria, a fim de conservar a fisionomia alegre e considerar as dores deste mundo sob uma luz superior, em que elas se tornam sinal de predestinação e motivo de consolo.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - Que valor extraordinário tem a vida contemplativa! “Maria optimam parlem elegit” (Maria escolheu a melhor parte).
2 - Depois de meditar a Sagrada Paixão, podemos enfrentar alegremente a vida, a exemplo de Maria.
NONO DIA - PRIMEIRA METAÇÃO
Episódio: A morte de Nossa senhora
Não daremos a lenda por extenso. Se Maria morreu em Éfeso ou no lugar da “Dormitio” em Jerusalém, não é objeto da nossa meditação. A lenda diz que todos os apóstolos foram levados, de modo milagroso, para junto de seu leito de morte. Não o sabemos com certeza. Com certeza, porém, podemos ver aí São João, o apóstolo predileto, e considerar sua morte como coroação de sua vida de amor. Como Santa Teresa, a Virgem Maria deve ter cantado: “Morro por não morrer ainda”. De tal modo desejava unir-se para sempre com Jesus. Pudéssemos nós encarar assim a morte e desejá-la!
Admirar Maria Santíssima. João não precisava ensinar-lhe a amar, mas ele aí está para presenciar essa ultima manifestação de amor. A morte aqui é vida. A natureza é vencida. O espírito obriga o corpo a esperar com paciência, ainda que seja por pouco tempo.
Também a Nossa Senhora impõe-se a separação de corpo e alma, a fim de que em tudo se assemelhe a Jesus. Mas, depois dessa rápida separação, o corpo santíssimo é unido à alma para uma nova vida, eterna e gloriosa, em que o corpo é completamente dominado pelo espírito.
Contemplar atentamente a felicidade do corpo e da alma no céu. E Nossa Senhora é a Rainha do céu. Como se enalteceu e exaltou nela a natureza humana! Fora o Homem-Deus, jamais houve exaltação igual em criatura alguma. E essa exaltação é imagem da nossa futura glorificação. Mal podemos imaginar o que se passará conosco; em Maria podemos compreendê-lo melhor, mas também em nós dar-se-á igual transformação.
O Maria, levai-nos convosco para a glória!
Lições contidas no episódio
1 - Procurar encarar a morte sob o seu aspecto mais belo e mais profundo, especialmente a nossa própria morte. “Quam sordet mihi tellus, dum coelum aspicio”.
2 - “Talis vita, finis ita” (Tal vida, tal fim). Se quisermos morrer assim, deveremos viver assim, isto é: uma vida de amor. Viver com Deus, por Deus e para Deus. Considerar a vida como caminho para a união eterna com Deus, a quem amamos acima de tudo.
3 - Fazer da vida um antegozo do céu, unindo-nos com Deus o mais possível e considerá-Lo como vivendo e trabalhando dentro de nós.
4 - Considerar como Maria SSma., mulher pobre e humilde, era Rainha do céu “ab aeterno” (desde a eternidade), no plano de Deus. O plano de Deus a nosso respeito é que sejamos santos “Haec est voluntas Dei: sanctificatio vestra”: (Esta é a vontade de Deus: vossa santificação)
5 - Espelhar-nos, muitas vezes, em Maria e pedir-lhe que nos mostre Jesus, não apenas mais tarde, no céu, mas desde agora, para que tenhamos os olhos sempre fitos Nele.
Colóquio com Nossa Senhora
Alegrar-nos com o seu “consummatum est”(Está consumado). Jesus e a Trindade Augusta se lhe tornam visíveis entre legiões de anjos e de santos, que a introduzem no céu como Rainha. Assistimos ao espetáculo de longe e, como que através dum véu, vemos a sua glorificação. Com ela entoamos o eterno “Magnificat”'.
Vemo-la unida, de novo, com São José, São Joaquim e Sant'Ana, e com o Arcanjo Gabriel. Unida também com Simeão e Ana que encontrara outrora no templo.
Passou-se o sofrimento. Admirar-lhe os primores do corpo glorificado: suas mãos que sustentaram o Menino Jesus e por Ele trabalharam; seu Coração que só pensava Nele; seus lábios que Lhe falaram e que, castamente, O beijaram. Todos os seus membros participam agora de uma vida superior, proveniente da alma glorificada.
Colóquio com São João
Que satisfação e consolo para ele assistir a essa morte tão santa! Quanto deve ter aprendido junto do leito de morte de Maria! Ele, o apóstolo do amor! Quando assistiu à morte de Jesus, Maria lhe foi dada como Mãe. Que ele nos ensine o amor.
Resoluções
Aprender a morrer. Ajudar os outros a morrer. Ensinar-lhes a ver a morte sob esse aspecto.
Imaginar, muitas vezes, o leito de morte de Maria e pedir-lhe que faça a nossa morte semelhante à sua.
Viver vida de amor.
Considerar a vida como morte lenta. “Quotidie morior”.
Viver de tal forma que mereçamos morrer de amor.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - O que representava a morte para Maria?
2 - Como devo fazer para morrer assim?
NONO DIA - SEGUNDA MEDITAÇÃO
Episódio: Glorificação de Maria Santíssima na terra
Beatam me dicent omnes generationes” (Bendita me chamarão todas as gerações), profetizara Maria. E foi o que sucedeu. O cristianismo não seria completo sem uma intensa devoção mariana. Essa devoção é característica do verdadeiro cristianismo. E por quê? Por demonstrar a compreensão do verdadeiro sentido da Encarnação do Filho de Deus. Não é puro acaso que essa devoção se tenha desenvolvido assim. O verdadeiro conceito da Encarnação traz consigo a noção da Maternidade divina.
Há vários conceitos dessa Maternidade: para uns é apenas aparente, honra meramente exterior. Estes não se convencem do “natus ex Maria Virgine”. Interpretam-no mais de modo espiritual, simbólico, sem penetrarem bem a realidade. O que Cristo disse aos apóstolos, quando muitos acharam dura a sua linguagem a respeito da Eucaristia: “numquid et vos vultis abire?”, poderíamos aplicá-lo também à relação existente entre Jesus e Maria.
Ela é, realmente, Mãe de Deus e, nessa qualidade, tem sido venerada pela Igreja. Como Aman ia adiante de Mardoqueu, mas com sentimentos infinitamente mais nobres, a Igreja vai adiante de Maria, exclamando: “Assim será honrada Aquela que o próprio Deus quis honrar”.
Vede a sua glorificação: os evangelhos proclamam a sua glória; os concílios ecumênicos confirmam-lhe a altíssima dignidade; os Santos Padres rivalizam em eloquência, ao falarem de suas glórias. A cristandade dedicou-lhe os mais belos santuários. Ao lado da arquitetura, estão a escultura e a pintura. A glorificação de Maria na arte não tem fim. E a literatura? Bibliotecas inteiras lhe são dedicadas. Cânticos e poesias se conta.
Lições contidas no episódio
1 - Atender, muitas vezes, ao fato de que o culto mariano na Igreja é universal e considerar tal fato como profundamente significativo.
2 - Convencer-se de que isto não é casual, mas pelo contrário tem base profunda. Estudar essa base e fundar nela a nossa devoção a Maria.
3 - Maria Santíssima é Mãe de Deus em sentido real, verdadeiro e completo. Ter grande respeito para com tão admirável mistério, que representa santificação extraordinária da natureza humana. Não recuar diante da grandeza do mistério, mas admirar a onipotência divina que aqui parece esgotar-se.
Lembrar-nos de que esse mesmo Deus vem até nós, a fim de unir-Se conosco. Jamais deixemos de olhar para Maria, a fim de ver como Deus a transformou, a que glórias a elevou. Que de graça Ele quer dar-nos, a que glórias nos quer elevar! Todas as gerações devem chamar-nos bem-aventurados!
4 - Poderíamos nós ficar para trás, quando toda a Igreja glorifica a Maria SSma? Que podemos fazer para aumentar a sua glória? Cada um trabalhe do seu modo e no seu ambiente.
Colóquio com Nossa Senhora
Manifestar-lhe a nossa alegria pela sua glorificação. Contribuir para ela, como filhos que glorificam sua mãe. Rodeá-la para lhe tributarmos as nossas filiais homenagens e louvores. Gostar de ouvir referências elogiosas a seu respeito. Prometer-lhe de elogiá-la sempre. Querer pertencer ao número daqueles que têm como tarefa principal de sua vida a glorificação de Maria. Gostar de ver belas representações de Nossa Senhora, de ouvir cânticos em seu louvor. Participar de obras em sua honra. Dizer-lhe tudo isto.
Colóquio com Deus Nosso Senhor
Louvá-Lo e dar-Lhe graças pelas maravilhas operadas em Nossa Senhora. O Pai, o Filho e o Espirito Santo fizeram realmente com que a devêssemos chamar bem-aventurada. Dizer a Deus que queremos corresponder aos seus desígnios, glorificando-a e exaltando-a acima de todas as criaturas. Prometer-Lhe de honrá-la sempre de modo todo especial, com verdadeira piedade e veneração, como Filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho, e Esposa do Espírito Santo.
Resoluções
Venerar Nossa Senhora, especialmente como Mãe de Deus, por quem Jesus veio até nós, e concordar sempre com tudo quanto for feito em sua honra.
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - “Beatam me dicent omnes generationes” (Bendita me chamarão todas as gerações).
2 – “Mater Dei”(Mãe de Deus).
NONO DIA - ENCERRAMENTO
Consagração a Nossa Senhora
“Adiamos cum fiduci ad tronum gratiae” (Hb 4,16). Vamos em espírito ao céu, afim de vermos a Nossa Senhora em sua glória; coloquemo-nos em torno do seu trono, afim de louvar e com ela glorificar a SSma. Trindade. Todos os Anjos e Santos a estão em legiões intermináveis em redor da Rainha do Céu. Entre eles há um lugar reservado para cada um de nós. “Adeams ergo cum fiducia”.
Com o espírito reformado pelo retiro, olhemos para o alto: “Conversatio nostra in coelis est”. Regozijar-nos com a nossa futura glória, e gravá-la bem em nosso espírito. O pensamento do céu deve ser uma verdadeira, força em nossa vida.
E esse o nosso destino; mais uma vez o retiro veio confirmá-lo. Resta-nos apenas rápida luta, alguns anos de renúncia e combate, que não serão tão difíceis se estivermos de sobreaviso. “Confidite, filii, ego vici mundum” (Jo 16,33) (Tende confiança, filhos, eu venci o mundo).
Nossa Senhora percorreu a “Via Crucis”, cheia de coragem e de amor. “Nonne oportuite” Nossa Senhora sabia que uma espada de dor havia de trespassar-lhe o coração: era a sua glória. Já não podia passar sem ela. E nós? Seguimo-la? Nossa Senhora indica-nos o caminho do sacrifício. Depois haverá a ressurreição e a Ascenção. Devemos, primeiro, merecer a nossa glória: Deus assim o quer. Reservou-nos um lugar; façamos com que ele não nos escape. Digamos a Maria: “Guardai-nos o nosso lugar; eis que venho”.
Resolver-nos a nada perder da glória que Deus nos destinou. Nossa Senhora deve guardar-nos o lugar e lembrar-nos dele, quando quisermos afastar-nos do caminho que a ele conduz.
Que alegria para nós termos, durante o retiro, reencontrado o nosso lugar no convento, na vida, posto que não queremos abandonar mais.
Depositemos tudo nas mãos de Nossa Senhora.
Que ela cuide de nós, qual Mãe pelos filhos - Tudo o que fazemos, tudo o que temos, coloquemo-nos nas mãos de Nossa Senhora. Que ela no-lo guarde e conserve, indicando-nos a finalidade que tudo deve ter. A Estrela do Mar, a estrela fixa do polo que determina o roteiro da nossa vida. O exemplo sempre luminoso.
A porta do céu! Guiados pela sua mão, a nossa entrada é garantida e segura.
Colóquio filial com nossa Mãe. “Mostrai que sois nossa mãe”, pela vida em fora. Queremos ser seus filhos no sentido mais estrito.
MEDITAÇÃO FINAL - RENOVAÇÃO DOS VOTOS
Consideremos a santa missa como símbolo do nosso sacrifício a Deus e a Sagrada Comunhão como complemento.
“Hoc facite in meam commemorationem” – “Fazei isto em minha memória” (Lc 22,19).
Na última Ceia Se nos deu como alimento e, na Cruz, consumou o seu Sacrifício, que é renovado na Santa Missa.
Á hora do ofertório, quando a matéria do sacrifício estiver sobre a patena e no cálice, oferecer-nos também a Deus, a fim de que Ele, que transforma o pão e o vinho no Corpo e Sangue de Jesus, nos transforme também a nós, de modo a podermos dizer com São Paulo: “Vivo, iam non ego, vivit vero in me Christus”, (Vivo, mas já não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim – Gl 2,20).
Na Santa Missa, invocamos a benção de Deus sobre a oferta. “Ascendat oratio mea sicin immensum in conspectu tuo”. O Sacerdote incensa a matéria do sacrifício, dizendo as palavras sublimes: - “Incensum istud a Te benedictum ascendat ad Te, Domine, et descendat super nos misericordia tua”.
“Sursum corda”. Corações ao alto, abertos para o Senhor, a fim de que possa dar entrada neles com a sua graça e misericórdia.
“Et ego, si exaltatus fuero, omnia traham ad meipsum” (João Crisóstomo). Estamos de baixo da Cruz, a fim de que o Sangue de Jesus caia sobre nós e nos purifique. Mais uma vez, ,ouvimos de seus lábios as palavras: “Ecce mater tua” (Eis a tua mãe). E a última prova de amor. Com Maria aproximamo-nos de Jesus e bebemos do seu lado o Sangue puríssimo, que nos transforma em homens novos.
A Sagrada Comunhão, é o selo sobre o nosso votos.
“Corpus Domini nostri Iesu Christi custodiat animam tuam in vitam aeternam. Amen”
(Tradução: Dom Frei Vital Wilderink, O. Carm)
- Detalhes
São Tito Brandsma
Letra e música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm
1-A Igreja, ao Carmelo agradece, uma escola de santidade e oração. A Igreja, ao Carmelo enaltece: Fraternidade, Profetismo e Missão.
Tito Brandsma, Carmelita, Jornalista, nosso irmão. Com o Santo Escapulário vamos juntos em Missão.
2-Precisamos, em tempos difíceis, com Elias, na fonte beber. Nos porões, da humanidade, a verdade e a paz, sempre há de vencer.
3- No Carmelo, se pensar em Maria, é a nossa própria vocação. Comungar, todos os dias, pra chegar à contemplação.
4-A missão, dos carmelitas, não é grandes coisas fazer, mas, nas pequenas coisas, com grandeza, sempre viver.
5- A imprensa, depois dos templos, é o primeiro púlpito para ensinar. É a força da palavra e da verdade, contra a violência das armas a matar.
6- Pobre mulher, eu rezarei por você... Ainda que não saiba rezar. Pode pelo menos dizer: "Rogai por nós pecadores... Disse, com fé.
7-Oração, não é um oásis no deserto da vida, mas é vida, em nosso viver. Meditando, na Boa Nova, seguindo Jesus Cristo para crescer.
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(A Origem da Ordem Segunda do Carmo e a Bula CumNulla)
O século XV quando a Ordem do Carmo já havia atingido um estado estável na Europa, contando, com a existência de inúmeros conventos, foi uma época muito importante na história da Ordem do Carmo, quando estava à sua frente a figura do Beato João Soreth, eleito Prior Geral no ano de 1451, a ele é que se deve a Fundação das Ordens Terceira Secular do Carmo.
O Beato João Soreth nasceu em Caen, na Normandia/França em 1394. Atraído pelo Carmelo, nele ingressou e tendo completado com brilhantismo os estudos teológicos, ordenou-se sacerdote em 1417 e aos 46 anos de idade foi eleito Superior Provincial dos Carmelitas na França e aos 57 anos, foi eleito Superior Geral dos Carmelitas, na Assembléia Geral de Avinhão na França. O seu governo da Ordem foi muito trabalhoso e sofrido, mas de grande sucesso, graças a sua cultura intelectual e profunda piedade. Seu maior empenho na Ordem foi a reforma da vida religiosa dos Frades. Os séculos XIII, XIV e XV foram de muita convulsão política, social e no campo religioso ele teve que enfrentar também sérias dificuldades.
O flagelo da Peste Negra na Europa fez com que os conventos religiosos fossem reduzidos em mais de 40% de seus efetivos. Para repovoar os conventos, os superiores locais foram aceitando candidatos sem muita formação e a disciplina da observância religiosa baixou muito de nível, provocando a decadência dos costumes até dentro dos claustros e reverter esse quadro não foi fácil. Mas, o Beato João Soreth, com muita paciência e zelo foi visitando todos os Conventos da Europa (Alemanha, Bélgica, França, Inglaterra, Itália, etc) enfrentando toda espécie de dificuldades, andando muitas vezes a pé, nem sempre bem recebido pelos religiosos, mas conseguiu restabelecer a observância religiosa, o retorno à vida conventual, à prática da oração, e conseguiu ainda perfeito equilíbrio entre a vida contemplativa e apostólica; reunificou as Províncias da Alemanha, graças à sua humildade, paciência, prudência e caridade, aplicando até a justiça com medidas enérgicas quando necessárias. Soreth foi um grande Reformador, direcionando a Ordem do Carmo a seu antigo esplendor na observância regular, naquela época de grandes crises políticas, sociais e religiosas. Um dos maiores empreendimentos do Beato João Soreth foi sem dúvida, a Fundação das Ordens.
Segunda e Terceira do Carmo.
O governo deste Pe. Geral durou 20 anos: de 1451 a 1471. No seu governo, já havia em diversas partes da Europa (Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Holanda e Itália) pessoas ou grupos vivendo e convivendo com os religiosos Carmelitas procurando imbuir-se do espírito e do carisma do Carmelo; tais pessoas ou grupos residiam em suas próprias casas ou até mesmo em casas de propriedade da Ordem do Carmo; tais pessoas eram homens e/ou mulheres, casados, solteiros ou viúvos; nesses grupos, predominava o elemento feminino, que na Itália, elas se chamavam Mantelatae, ou Pinzocherae na Bélgica e na Holanda Beguinas e na Espanha Beatas. Essas pessoas procuravam imitar os religiosos Carmelitas na prática dos exercícios de piedade, nas orações, nos costumes e até mesmo no uso do hábito monacal e da capa branca (Mantelatae), igual aos Carmelitas.
No tempo do Beato João Soreth, não existiam nem se pensava nas três categorias: Ordem Primeira, Ordem Segunda e da Ordem Terceira dos Carmelitas. Essa distinção passou a existir depois de 1452. Diante dessa realidade de tantas pessoas ligadas espiritualmente ao Carmelo, o Provincial de Florença, Itália, teve a feliz idéia de ir a Roma e de pedir ao Papa Nicolau V (1447 - 1455) um documento que facultasse a existência jurídica daqueles grupos. E o Papa Nicolau V deu-lhe uma Bula que se chamou Cum Nulla datada de 1 de outubro de 1452, e foi desse documento oficial da Igreja que o Beato João Soreth se serviu para dar um caráter jurídico aos grupos; foi assim que nasceu a Ordem Segunda do Carmo ou seja a Ordem Carmelita das Monjas de Clausura, de vida reclusa, afiliadas à Ordem do Carmo mediante a profissão dos votos de pobreza, obediência e castidade; assim os Mosteiros Carmelitas de Monjas de Clausura ficaram jurisdicionadas à Ordem Primeira do Carmo. A partir de então sucederam-se as Fundações das Monjas Carmelitas de Clausura na Europa.
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Os primeiros Carmelitas, estabelecidos ‘perto da fonte de Elias’, escolheram esse homem do deserto como seu pai e guia. Jacques de Vitry — como já mencionamos — fala, por volta de 1228, de eremitas latinos no Monte Carmelo que “a exemplo e no seguimento do santo homem e eremita, o profeta Elias... vivem uma vida de solidão”. Elias se torna para eles um arquétipo vivente e ativo, um modelo que reúne desejos, aspirações, valores e comportamentos. Assim, o fato de se encontrarem ‘na vizinhança’ de Elias transformou-se em símbolo de uma realidade que ultrapassa o próprio fato. Aliás, já existia na tradição monástica a convicção de Elias ser ‘o príncipe dos monges’. Vários Padres da Igreja veem nele a personificação de uma vida em perfeita união com Deus.
Após a migração para Europa (1238), desenraizados do lugar original e encontrando-se num quadro jurídico pouco claro e estável, surge para os carmelitas o problema de explicar em que consiste seu vínculo espiritual com o Profeta. O desejo de eles terem, como as outras Ordens Religiosas do Ocidente, um Fundador que encarasse seu propositum vitae [seu projeto de vida consagrada], contribuiu para intensificar a consciência Eliana, quanto à sua ligação com o Profeta na condição de “filhos espirituais”, em linha de sucessão ininterrupta.
Significativo, nesse contexto, é a Rubrica Prima, que, na realidade, é uma espécie de ‘orientação explicativa’, dada pelo Capítulo Geral de Londres, em 1281: “Não sabendo alguns irmãos, jovens na Ordem, dar uma resposta adequada aos que perguntam de quem e como é que a nossa Ordem teve o seu princípio, respondemos-lhes nós em sua vez, deixando uma fórmula por escrito. Dizemos, pois, em testemunho da verdade, que desde os tempos dos profetas Elias e Eliseu, que viveram piedosamente no Monte Carmelo, alguns santos padres do Antigo Testamento, atraídos à solidão da mesma montanha para a contemplação das coisas celestiais, ali junto da fonte de Elias, perseveraram louvavelmente em santa penitência, acompanhada constantemente de atos de virtude. Alberto, patriarca de Jerusalém, reuniu em comunidade os seus sucessores, em tempos de Inocêncio III, e deu-lhes uma Regra que Inocêncio e muitos outros pontífices confirmaram com bulas, aprovando a dita Ordem. Nós, seus seguidores, observando esta mesma Regra, servimos o Senhor, até ao dia de hoje, em muitas partes do mundo”. (18)
Nasceu, assim, a ‘lenda’ de a Ordem do Carmo ter como seu fundador Elias, estando os atuais membros em linha de direta descendência deste Profeta do Primeiro Testamento!
Também devemos levar em consideração que a nova situação histórica dos Carmelitas, transferidos para Europa, exigia a busca de um equilíbrio interno da Ordem, conjugando a dimensão contemplativa e apostólica de sua vida. Na pessoa do profeta Elias, essa integração se mostra possível e fecunda. De fato, Elias apresenta-se como um modelo exemplar de intimidade com Deus, de comunicação constante com o Senhor, de vida solitária e mortificada, imersa na escuta da Palavra divina, em permanente busca da vontade do Senhor. Tomando o Profeta como ‘pai espiritual’, os Carmelitas encontram nele valores que caracterizam seu próprio ideal de vida: pureza de coração, amor à solidão, renúncia, humildade, caridade, em suma, a busca de uma vida que não tem outro objetivo a não ser Deus e sua causa. Elias simboliza, assim, a alma que arde de paixão por Deus e de fidelidade à sua Aliança, denunciando tudo que é idolatria (1Rs 18; 2Rs 1) e injustiça (1Rs 21). O profeta é, igualmente, modelo de atividade apostólica, questão de grande atualidade no novo contexto histórico. Assim, o livro Formação dos Primeiros Monges comenta que, apesar de Elias e seu discípulo Eliseu viverem preferencialmente no deserto, não deixaram — a pedido de Deus e para o proveito espiritual do povo — de visitar a cidade, realizando nela milagres, condenando vícios e exortando os homens a se converterem ao Deus vivo e verdadeiro.
O culto oficial ao Profeta Elias surge no século XVI. Sua festa aparece, pela primeira vez, em 1551, mas efetivamente é estabelecida em 1585 e fixada no calendário litúrgico no dia 20 de julho. A demora de se celebrar liturgicamente sua memória se explica pelo fato de, na época, existir uma crença popular que afirmava o Profeta nunca ter morrido e, por isso, deveria voltar para ser martirizado antes do retorno final de Cristo! E é fato consumado de que não pode ser celebrada a festa litúrgica de alguém que ainda não morreu! Nas Constituições atuais dos Carmelitas (1995) encontramos uma significativa explicação de como a Ordem, hoje, avalia a herança profético-eliana de suas origens:
“Elias é o profeta solitário que cultiva a sede de Deus único e vive na sua presença (cf. 1Rs 17,1.15; 18,19-21; 2Rs 1,2). Ele é o contemplativo raptado pela paixão ardente pelo absoluto de Deus (cf 2Rs2,1-13), cuja ‘palavra ardia como fogo’ (Eclo 48,1). É o místico que, depois de um longo e penoso caminho aprende e lê os novos sinais da presença de Deus (cf. 1Rs19,1-18). É o profeta que se envolve na vida do povo e, lutando contra os falsos ídolos, o reconduz à felicidade da Aliança com o único Deus (cf. 1Rs 18, 20-46). É o profeta solidário com os pobres e marginalizados e que defende aqueles que sofrem violência e injustiça (cf. 1Rs 17,7-24; 21,17-29).
O Carmelita aprende, pois, com Elias ser homem do deserto, de coração indiviso, que está todo diante de Deus, todo entregue ao serviço de Deus, o homem que faz uma escolha sem compromissos pela causa de Deus e por Deus arde de paixão. Como Elias, crê em Deus, deixa-se conduzir pelo Espírito e interioriza a Palavra no próprio coração, para testemunhar a presença de Deus no mundo, aceitando que ele seja realmente Deus na sua vida. Enfim, vê em Elias, unido ao seu grupo profético, a fraternidade vivida na comunidade, e com ele aprende a ser canal da ternura de Deus para com os indigentes e os humildes”
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Devoção e Silêncio, é o oitavo Dia da Novena- reflexão- de Nossa Senhora do Carmo, Com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Padre Carmelita e Jornalista da Ordem do Carmo. Comunidade do Carmo- Paróquia Nossa Senhora do Carmo- Vila Kosmos, Vicente de Carvalho, Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Domingo, 14 de julho-2024.
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Ao final do Angelus dominical, Papa implora a Nossa Senhora do Carmo conforto e paz para as populações "oprimidas pelo horror da guerra". E pede orações por Ucrânia, Oriente Médio e Mianmar. Uma saudação aos marítimos pelo "Domingo do Mar".
Vatican News
No dia 16 de julho a Igreja celebra Nossa Senhora do Carmo e foi a Ela que Francisco recorreu para suplicar conforto e paz às populações "oprimidas pelo horror da guerra".
Ao final do Angelus dominical, o Papa renovou seu convite aos fiéis para que continuem rezando pela paz na martirizada Ucrânia, na Palestina, em Israel e Mianmar.
O Pontífice também pediu orações aos trabalhadores do setor marítimo e a quem lhes presta assistência por ocasião do "Domingo do Mar", celebrado neste 14 de julho.
A saudação do Papa se estendeu a todos os romanos e peregrinos da Itália e de outros países, inclusive do Brasil, de modo especial aos participantes do Congresso Internacional dos leigos da Ordem e Santo Agostinho, às Irmãs da Sagrada Família de Nazaré, reunidas em Capítulo, e aos fiéis poloneses no Santuário de Nossa Senhora de Częstochowa, na Polônia, por ocasião da peregrinação anual da família da Rádio Maria. Fonte: https://www.vaticannews.va
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Devoção e Esperança, é o sétimo Dia da Novena- reflexão- de Nossa Senhora do Carmo, Com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Padre Carmelita e Jornalista da Ordem do Carmo. Comunidade do Carmo- Paróquia Nossa Senhora do Carmo- Vila Kosmos, Vicente de Carvalho, Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Sábado, 13 de julho-2024.
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Devoção e Paz, é o quinto o Dia da Novena- reflexão- de Nossa Senhora do Carmo, Com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Padre Carmelita e Jornalista da Ordem do Carmo. Comunidade do Carmo- Paróquia Nossa Senhora do Carmo- Vila Kosmos, Vicente de Carvalho, Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Quinta-feira,11 de julho-2024.
ESCAPULÁRIO DE NOSSA SENHORA: Devoção, Tradição e Fé!
“Pare de tirar Maria de mim, para que Maria não pare de proteger-me”. Papa Leão XI
(Quando Leão XI, já criado pontífice romano, estava sendo despido da veste cardinalícia para ser revestido com a papal, o prelado que o estava vestindo quis tirar-lhe do pescoço juntamente com as outras vestes o Escapulário do Carmo que o Papa trazia desde a infância, dizendo que as vestes pontifícias eram superiores a qualquer outra roupa. O Pontífice o impediu dizendo estas palavras: «Deixa-me Maria para que não me deixe Maria». Como se dissesse: «Pare de tirar Maria de mim, para que Maria não pare de proteger-me).
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JOÃO XXII
Jacques d’Euse, nascido em Cachors (França), papa de 1316 a 1334. É-lhe atribuída a “Bula Sabatina”, que contém o Privilégio Sabatino, muitas vezes confirmado pelos sucessivos Sumos Pontífices.
CLEMENTE VII
Júlio de Médici, nascido em Florença no dia 26 de maio de 1478; Papa desde 19 de novembro de 1523 a 25 de setembro de 1534. Com a Bula (Ex clementi Sadis Apostolicae” de 12 de agosto de 1530 aprova a Bula Sabatina (Bull. Carm. II, 47).
PAULO III
Alexandre Farnese, nascido em Canino (Roma) em fevereiro de 1478; papa desde 13 de outubro de 1534 a 10 de novembro de 1549. Com a Bula “Provisionis nostrae” de 3 de novembro de 1534 confirma o Privilégio Sabatino (Bull. Carm. II, 68)
SÃO PIO V
Antônio Ghisliere, nascido em Bosco Marengo (Alexandria) em 17 de janeiro de 1504; papa desde 7 de janeiro de 1566 a 1º de maio de 1572. Com a bula “Superma disposiotione” de 18 de fevereiro de 1566 aprova todos os privilégios, indulgências e graças concedidos à Ordem do Carmo, inclusive o Privilégio Sabatino (Bull. Carm. II, 141)
GREGÓRIO XIII
Hugo Boncompagni, nascido em Bolonha a 7 de fevereiro de 1502; papa de 13 de maio de 1572 a 10 de abril de 1585. Com a Bula “Ut laudes” de 18 de setembro de 1577, confirma novamente entre as outras graças concedidas à Ordem do Carmo, o Privilégio Sabatino (Bull. Carm. II, 194). Este Papa mandou que os frades de tal religião (do Carmo) não ficassem sem o Escapulário nem de dia nem de noite tanto para poderem lucrar as infinitas graças e indulgências da Ordem, quanto para a salvação que alcançarão ao morrer aqueles que o vestem” (DIOGO MARTINEZ DE CÓRIA MALDONADO Dilucidário e Demonstração das Crônicas etc. Córdoba 1598 T.p. 465).
GREGÓRIO XIV
Nicolau Sfondrati, nascido em Cremona no dia 11 de fevereiro de 1535; Papa de 5 de dezembro de 1950 a 15 de outubro de 1591. “Por aí se vê que antigamente muitos fiéis procuravam pertencer a esta confraria (...). Isto quase nos tempos de hoje quando o Reverendíssimo Geral João Batista Rúbeo de feliz memória visitou a Espanha e descobriu que o Rei de Portugal, trazia por devoção particular o hábito dos Carmelitas juntamente com inúmeros personagens daqueles Reinos. E que mais? Temos mesmo visto um Nicolau Sfrondato (sic) chamado Gregório XIII (sic; é XIV), Sumo Pontífice de feliz memória, muitos cardeais, bispos e outros prelados da Igreja de Deus serem revestidos e revestirem-se constantemente com um símbolo tão nobre e salutar, por devoção e para honra da nossa Gloriosíssima Padroeira” (PEDRO LUCIUS Compêndio histórico da Ordem etc. Florença 1598 p. 167).
LEÃO XI
Alexandre d’Octaviano de’ Médici, nascido em Florença a 11 de junho de 1535; papa de 1º de abril de 1605 a 27 de abril de 1605. (...) Em seguida sobre Leão, XIº Pontífice com este nome, certo Mestre de Sagrada Teologia, hoje ornado com a dignidade episcopal, deixou-nos escrito as coisas seguintes ouvidas de testemunhas oculares: «Quando Leão XI, já criado pontífice romano, estava sendo despido da veste cardinalícia para ser revestido com a papal, o prelado que o estava vestindo quis tirar-lhe do pescoço juntamente com as outras vestes o Escapulário do Carmo que o Papa trazia desde a infância, dizendo que as vestes pontifícias eram superiores a qualquer outra roupa. O Pontífice o impediu dizendo estas palavras: «Deixa-me Maria para que não me deixe Maria». Como se dissesse: «Pare de tirar Maria de mim, para que Maria não pare de proteger-me»” (SEGERO PAULI Vita Simonis Angli Speculum Carmelitanum II p. 433 n. 1523).
PAULO V
Camilo Borghese, nascido em Roma em 17 de setembro de 1552; Papa de 16 de maio de 1605 a 28 de janeiro de 1621. “Seja permitido aos Padres carmelitas pregar que o povo cristão pode piedosamente acreditar em tudo o que diz respeito à ajuda às almas dos irmãos e irmãs do sodalício da Santíssima Virgem Maria do Monte Carmelo: isto é, que a Santíssima Virgem ajudará as almas dos irmão e irmãs, que morreram cheios de caridade e durante a vida trouxeram o seu hábito (...), com a sua contínua intercessão, com os seus piedosos sufrágios e merecimentos e com especial proteção depois da morte deles, de modo particular no dia de sábado, dia que foi pela Igreja dedicado à mesma Virgem Santíssima. Portanto as imagens, que sobre este assunto costumam ser feitas ou pintadas pelos devotos, de modo nenhum representem a descida da Santíssima Virgem ao Purgatório para libertar as almas, mas estas, pela intercessão da Virgem Bem-aventurada sejam tiradas daquela grande pena para o céu pelas mãos dos anjos”. (Decreto da Sagrada Inquisição [´Santo Ofício] de 20 de janeiro de 1613 (Bull. Carm. I,62 e II, 601), onde se encontra também uma antiga tradução em italiano)
ALEXANDRE VII
Fábio Chigi, nascido em Sena no dia 13 de fevereiro de 1599; Papa de 7 de abril de 1655 a 22 de maio de 1667. No ano de 1655, no mesmo dia em que devia entrar em Conclave, Alexandre VII, Senense, chamado primeiro Fábio Chigi, foi até o Convento dos Carmelitas de Sta. Maria da Transpontina: aí, após fazer a oração, recebeu do Pe. Mário Venturino, Prior Geral de toda a Ordem, o Escapulário Mariano, e foi inscrito na sua confraria: adornado com este distintivo do patrocínio da Mãe de Deus, dirigiu-se para o Vaticano e foi elevado ao Sumo Pontificado pelo patrocínio, como se pode crer, da Mãe de Deus, numa quarta-feira, dia em honra a Virgem Mãe de Deus dedicado à abstinência que o até então Cardeal Fábio Chigi tinha guardado escrupulosamente”. O seu confessor, o Pe. Batista Cancellati, SJ, louva a devoção deste Papa para com Nossa Senhora do Carmo: “Em dia de quarta-feira celebraste a alegria nupcial da luz com a costumada abstinência de carne, como segundo o costume dos Carmelitas, é hábito ser observada em honra da Mãe de Deus pela multidão piedosa dos fiéis, que professam um culto peculiar à Virgem por meio da veste que cobre o peito e as costas como um reconhecimento de servidão” (Pe. Rafael de São José OCD. Signum Salutis (Sinal de Salvação) Linz 1718 p. 626)
CLEMENTE X
João Batista Emílio Altieri, nascido em Roma no dia 13 de julho de 1590; Papa desde 29 de abril de 1670 até 22 de julho de 1676. Com a Bula “Commissae Nobis” de 8 de maio de 1673 confirma as Bulas dos seus predecessores sobre o Privilégio Sabatino (Bull. Carm. II, 596).
CLEMENTE XI
João Francisco Albani, nascido em Urbino no dia 23 de julho de 1649; Papa desde 23 de dezembro de 1700 a 19 de março de 1721. “Mas faz-se conhecer muito melhor tão grande devoção no Pontífice reinante Clemente XI, que Deus conserve por uma longa seqüência de anos para o bem da sua Igreja, pelo fato de que com tão heróica virtude e singular admiração revestiu com o santo hábito da Virgem a uma sua sobrinha; refletindo, porém, consigo mesmo que esta devoção era nativa na casa Albani, e porque todos se gloriam de serem filhos da Virgem Maria do Carmo por trazerem o Santo Escapulário, bem se devia, recolhidos todos em Deus na uniformidade das vontades, fazer tal sacrifício. Acontece, na verdade, que a Virgem por um ato tão heróico, não cessa de prestar a Sua Santidade assistência cada vez mais singular junto ao seu divino Filho, e especialmente em tempos tão necessitados devido a encontrar-se convulsionado o mundo inteiro e toda agitada a pequena barca da Igreja; mas pela bondade divina dotada providencialmente de um piloto tão hábil” (F. ARSÊNIO DE STO. NATÔNIO Impulsos de piedade Roma 1704 p. 98 e 99)
BENTO XIV
Próspero Lambertini, nascido em Bolonha no dia 31 de março de 1675; Papa desde 17 de agosto de 1740 a 3 de maio de 1758. “No decurso do século XIII morreu Simão Stock, Geral da Ordem dos Carmelitas, homem de eminente santidade, a quem muito tempo antes da mote tinha aparecido a Virgem Bem-aventurada e lhe tinha dado o Escapulário como sinal de reconhecimento da Ordem do Carmo e como peculiar garantia da sua especial proteção; mais ainda, depois de cinqüenta anos, a Virgem Santa apareceu também ao Sumo Pontífice João XXII e comunicou-lhe muitas indulgências que ela havia alcançado do seu Filho Jesus Cristo em favor dos irmãos e irmãs da Ordem do Carmo, indulgências que o mesmo pontífice promulgou depois no dia 3 de março de 1322. E este é aquele que se chama Privilégio Sabatino pela razão, que apresentaremos em seguida: e se diz que isto foi sucessivamente confirmado pelos sumos pontífices Clemente VII, Pio V e Gregório XIII. “Diz-se que a Santíssima Virgem, quando deu ao Beato Simão o Escapulário, lhe tenha dito: «Este será para ti e para todos os carmelitas um privilégio: quem morrer com ele não padecerá o fogo eterno... E acreditamos que esta visão seja verdadeira e que deva ser tida como verdadeira por todos ... No Breviário Romano se faz menção dela...”.
“Concorda com este Decreto (o Decreto «Sapientissimo» de Paulo V) tudo o que se encontra nas segundas lições do Ofício do Breviário Romano. De fato lê-se nelas que as almas dos fiéis, que estejam inscritos na confraria do Escapulário e tenham praticado as obras piedosas que ela prescreve, mas tenham caído nas chamas do Purgatório, serão ajudadas pela Santa Virgem de tal modo que, quanto antes libertadas dali possam voar para o céu: todavia a tudo isto se acrescenta esta frase: «como piedosamente se crê».
Além do mais, deve julgar-se em erro quem nega que esta prática de usar devotamente o Escapulário mariano esteja enriquecida de muitas graças pelos Pontífices Romanos e que ainda tenha sido comprovada por muitos benefícios divinos, já que foram superadas, seja com sábios argumentos de homens eruditos, seja por decreto do Romano Pontífice todas aquelas coisas que poderiam criar dificuldade tanto sobre a visão de S. Simão Stock como sobre a Bula Sabatina; ainda mais, posto que, enquanto estavam mais acesas as controvérsias, ninguém nunca ousou reprovar o culto à Bem-Aventurada Virgem do Monte Carmelo, que os Pontífices Romanos enriqueceram com tantas e tão singulares indulgência; e enfim, visto que Deus, por intercessão da Virgem Bem-Aventurada, realizou muitos milagres em favor dos que praticam esta piedosa devoção”.
PIO VI
João Ângelo Braschi, nascido em Cesena no dia 27 de dezembro de 1717; Papa de 15 de fevereiro de 1775 a 29 de agosto de 1799. “Fomos enriquecidos com a honra do sumo pontificado numa quarta-feira do mês de fevereiro passado, dia que é dedicado com um culto especial à Santíssima Virgem do Carmo, de modo que atribuímos ao seu patrocínio a suprema autoridade, que carregamos ...” Alocução do dia 3 de junho aos Gremiais do Capítulo Geral – Atas dos Capítulos Gerais II p.. 434-437
BEATO PIO IX
João Maria Mastai-Ferreti, nascido em Senigália no dia 13 de março de 1792; papa de 16 de junho de 1846 a 7 de fevereiro de 1878.
“Foi-nos grata a vida de S.Simão Stock, que escreveste, tanto mais porque as virtudes admiráveis deste homem e o seu zelo (...) podem não só animar-nos ao culto de pessoa tão grande (...), mas também despertar e promover devoção e atos de piedade para com a Santíssima Virgem, graças aos admiráveis testemunhos de amor que lhe deu a Mãe de Deus, especialmente pelo exímio benefício do santo Escapulário a ele concedido para o bem não somente da família carmelita, mas também daqueles fiéis que desejariam honrá-la com especial veneração juntamente com essa Ordem religiosa (...)” Breve Apostólico do dia 23 de outubro de 1869 sobre a Vida de S.Simão Stock de Alfredo Mombrum Bordéus 1870.
LEÃO XIII
Joaquim Pecci, nascido em Carpineto Romano (Roma) aos 2 dias de março de 1810; papa desde 20 de fevereiro de 1878 a 20 de julho de 1903
“(...) Na verdade o Escapulário do Carmo, que de modo especial recomendam a própria nobreza da sua origem, a propagação extensíssima desde muitos séculos no meio do povo cristão, os efeitos salutares de piedade surgidos por seu intermédio e os insignes milagres que se afirmam acontecidos, parece que necessariamente exige uma distinção honrosa no próprio rito de recepção, de modo que não se imponha unido aos outros nem se confunda com outros escapulários, como se fosse qualquer um deles, mas se imponha aos fiéis separadamente, do modo como se conta que na sua primitiva instituição a Santíssima Virgem o tinha dado ao Beato Simão Stock como distintivo próprio da sua Ordem. Desta maneira se dará, sem dúvida, que conservar-se-á intacta aquela devoção de todo singular, universal e constante de todo o orbe católico para com este escapulário mariano, que quase por antonomásia se chama Escapulário, uma devoção que teve a sua origem legítima no fato de que, como se conta, a piedosíssima Virgem garantiu assegurar favores especiais, graças e privilégios a quem devotamente levar este seu sinal de predileção (...)”. Sobre executar-se o Escapulário da Bem-Aventurada Virgem do Monte Carmelo da entrega simultânea com mais escapulários 27 de abril de 1887. ACTA SANCTAE SEDIS XIX 554-556.
“Para perpétua memória – A fim de que possam crescer sempre mais a devoção e piedade dos fiéis para com a Santíssima Virgem do Carmelo, das quais possam derivar-se frutos abundantes e salutares, condescendendo benignamente com o piedoso pedido do querido filho, Aloísio Maria Galli, supremo moderador da Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, resolvemos enriquecer as igrejas dos carmelitas com um privilégio especial. Assim, baseando-nos sobre a misericórdia onipotente de Deus e sobre a autoridade dos seu Apóstolos Pedro e Paulo, a todos e cada um dos fiéis de ambos os sexos sinceramente arrependidos e sustentados com a santa comunhão, que visitarem devotamente qualquer igreja ou oratório público tanto de frades como de monjas, seja calçados ou descalços de toda a Ordem do Carmo, em qualquer que seja o lugar onde existirem, no dia 16 de julho de todos os anos, dia no qual se celebra a Festa de Nossa Senhora do Carmo, desde as primeiras Vésperas até o pôr-do-sol de tal dia, e que aí elevarem a Deus preces piedosa pela concórdia dos príncipes cristãos, pela extirpação das heresias, pela conversão dos pecadores e pela exaltação da Santa Madre Igreja, concedemos misericordiosamente no Senhor que, tantas vezes quantas isto fizerem, adquiram a indulgência e a remissão plenária de todos os seus pecados, e que também se possa aplicar a modo de sufrágio em favor das almas dos fiéis cristãos, que se foram desta vida na graça de Deus (...)”. Breve de 16 de maio de 1892 Acta Leonis XIII vol.XII p.128
SÃO PIO X
José Sarto, nascido em Riese (Treviso) no dia 2 de junho de 1835; papa de 4 de agosto de 1903 a 20 de agosto de 1914.
“(...) Todos os fiéis já inscritos ou a inscrever-se no futuro numa regular, como se diz, inscrição em um ou mais escapulários aprovados pela Santa Sé, podem, após a inscrição, em lugar dos próprios escapulários de pano, seja no lugar de um, seja no lugar de muitos, trazer sobre si, ao pescoço ou em outra parte, mas decentemente, uma só medalha de metal, com a qual, observando as leis próprias de cada escapulário, podem participar de todos os favores espirituais (não se excetuando o assim chamado Privilégio Sabatino do Escapulário da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo), e lucrar todas as indulgências anexas a cada um (...)” (Decreto do Sto. Ofício de 16 de dezembro de 1910 Acta Apostolicae Sedis III p. 23)
Por Decreto da Sagrada Congregação dos Ritos, em data de 12 de novembro de 1913, foram aprovadas as Missas próprias de Nossa Senhora do Carmo, isto é, as da Vigília, da Festa e Votiva (Ver sentido do Intróito em Analecta O. Carm. vol.III p.5)
BENTO XV
Giácomo Della Chiesa, nascido em Gênova a 21 de novembro de 1854; papa de 3 de setembro de 1914 a 12 de janeiro de 1922.
“Exortou os jovens do Seminário romano que fossem unidos no espírito, por mais que se estivessem divididos em Seminário Maior e Menor. Dizia: «Por isto queremos deixar para todos uma palavra, uma arma comum: a palavra do Senhor no Evangelho, que agora vos transmitimos, e a arma do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, com o qual estais todos revestidos e pelo qual vos é dada continuamente a proteção da Virgem, até mesmo depois da morte». Em seguida, exortando os jovens a estudar o Evangelho a fim de praticarem unanimemente as sua máximas e a ser devotos da Virgem, terminou dando-lhes a Bênção Apostólica acompanhada de palavras paternais e comovidas” (Alocução aos alunos do Pontifício Seminário romano no dia 18 de julho de 1917 – Osservatore romano).
“Numa breve admonição o Sto.Padre respondeu, dirigindo-se a todos os que ali estavam, e disse que com a sua presença lhe faziam vir como que um eco das devotas orações e louvores que naqueles exatos dias do solene otavário (do Carmo) se elevavam à Virgem do Carmelo na igreja da Transpontina ali próxima e que o faziam saborear a mística fragrância desta festa querida”.
“Depois, tomando impulso nas palavras do Profeta Isaías: «Revestiu-me com as vestes da salvação», se entreteve bastante longamente a falar da admirável eficácia do santo Bentinho do Carmo tanto na ordem física como na ordem moral, recordando, sobretudo, a poderosa ajuda que a Virgem oferece para além do túmulo, no cárcere do Purgatório, a todos que em vida, revestidos com o seu celeste uniforme o carregam com as devidas disposições. Finalmente, depois de ter exortado com palavras ardorosas de modo especial as mães cristãs a se enamorarem do santo Bentinho e a infundirem o seu amor também no coração dos seus filhinhos, Sua Santidade deu a bênção a todos os presentes (...)” (Alocução aos Terceiros Carmelitas no dia 28 de julho de 1917 – Osservatore Romano).
PIO XI
Aquiles Ratti, nascido em Désio a 30 de maio de 1857; papa desde 6 de fevereiro de 1922 a 10 de fevereiro de 1939.
“Ao decorrer o sexto século desde o tempo em que começou a divulgar-se na Igreja o Privilégio Sabatino, pedem-nos para recomendar a devoção à Virgem Maria do Monte Carmelo a todos os católicos que estão pelo mundo, assim como aos sodalícios de leigos, que têm o nome desta Santíssima Virgem. Fazemo-lo com a melhor boa vontade por meio desta carta. Estamos alegres ao poder prestar este testemunho de piedade à Mãe Puríssima de Deus, que amamos de todo o coração desde a infância, e de colocar debaixo do seu patrocínio os inícios do nosso Pontificado. Não há necessidade de alongar-nos em recomendar aqueles sodalícios, que na sua liberalidade a própria Virgem recomenda, os quais nossos predecessores enriqueceram com graças numerosas, e que a solícita caridade dos religiosos carmelitas propagou tão largamente e com tanto fruto pelo mundo. Parece-nos suficiente exortar aos que deram o seu nome a estes sodalícios que com uma atenção constante procurem praticar tudo o que está prescrito pra lucrarem as indulgências concedidas, de modo especial aquela extraordinária chamada Sabatina. Na verdade a Virgem ama aqueles que a amam, e ninguém pode com justiça esperar tê-la como auxiliadora na morte se na vida não tiver merecido esta graça, quer mantendo-se longe da culpa, quer praticando tudo o que redunde em sua honra (...)”. (Autógrafo por ocasião do VI Centenário do Privilégio Sabatino a 18 de março de 1922 – Acta Apostolicae Sedis XIV, 274)
“ (...) Neste campo os Terceiros não terão no seu coração mais do que procurar o crescimento da vossa Ordem, a qual, ilustre pela santidade de tantas pessoas, tende ao seguinte fim, que é pregar e difundir por toda parte a altíssima dignidade da Mãe Celeste, cuja benigna generosidade do Privilégio Sabatino recordais com centenárias comemorações. Portanto, sob tal faustoso auspício, acorram os Terceiros Carmelitas ao Congresso que haverá no mês de dezembro, e de todas as conferências firmem-se sobre aquelas conclusões que, levadas a efeito, façam reviver a piedade dos fiéis para com Nossa Senhora do Carmo e façam crescer de modo maravilhoso o próprio sodalício em toda a República do Brasil com o maior proveito das almas (...)”. (Carta Apostólica de 28 de outubro de 1922 para o Congresso da Ordem Terceira no Brasil – Acta Apostolicae Sedis XIV, 638 e Analecta O. Carm. vol. V, p.55).
PIO XII
Eugênio Pacelli, nascido em Roma no dia 2 de março de 1876; papa desde 2 de março de 1939 e felizmente reinante.
“(...) A Virgem do Carmo, padroeira da gente do mar que entrega todos os dias a sua vida à instabilidade das ondas e do vento!
Deste nosso posto de timoneiro da barca de Pedro, ao sentirmos o rugido da tempestade e ao vermos diante dos nossos olhos inchar-se de raiva o mar com desejo de engolir o nosso batel, tranqüilos e confiantes erguemos os olhos até a Virgem do Carmelo - «Respice stellam, voca Mariam» = «Olha para a estrela, invoca Maria» - e lhe rogamos que não nos abandone. Ainda que o inferno não cesse os seus assaltos e aumentem sempre a violência, a audácia, porquanto contamso com o seu poderoso patrocínio (...)”. (Radiomensagem à Colômbia a 19 de julho de 1946 – Acta Apostolicae Sedis XXXVIII, 34).
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Devoção e Caridade, é o Terceiro o Dia da Novena- reflexão- de Nossa Senhora do Carmo, Com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Padre Carmelita e Jornalista da Ordem do Carmo. Comunidade do Carmo- Paróquia Nossa Senhora do Carmo- Vila Kosmos, Vicente de Carvalho, Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Quarta-feira,10 de julho-2024.
Mãe do Carmelo
Letra e música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm
Mãe do Carmelo, pra onde vais, Virgem do Carmo, onde estais. / Ensina a seguir Jesus, ensina encontrar a paz (bis)
1- Na Ordem, Terceira do Carmo, vamos juntos evangelizar, / Senhora do Escapulário, vem logo nos ajudar (bis)
2- No mês, da Flor Carmelo, a Novena vamos rezar. / julho é carmelitano, com o Cristo vamos encontrar (bis).
3- Com, Madalena de Pazzi, e Tito Brandsma, vamos louvar. / Com Teresona e João da Cruz, para o Monte vamos caminhar (bis)
4- Não me fale, em devoção, e para os pobres, os olhos fechar. / O Carmelo é compaixão, e vidas sempre salvar (bis)
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Devoção e Compromisso Social, é o Terceiro o Dia da Novena- reflexão- de Nossa Senhora do Carmo, Com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Padre Carmelita e Jornalista da Ordem do Carmo. Comunidade do Carmo- Paróquia Nossa Senhora do Carmo- Vila Kosmos, Vicente de Carvalho, Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Terça-feira, 9 de julho-2024.
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Dom Frei Vital Wilderink, O. Carm, (*30/11/1931 +11/06/2014).
Traga de volta seus sonhos perdidos. Deus vai realizá-los para você.
"Pouco depois seguiu Ele viagem para uma cidade chamada Naim; e iam com Ele seus discípulos e uma grande multidão. Quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam para fora um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade.
Logo que o Senhor a viu, encheu-se de compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores. Então, chegando-se, tocou no esquife e, quando pararam os que o levavam, disse: Moço, a ti te digo: Levanta-te." Lucas 7:11 – 14. Aqui neste texto, vemos uma situação que parece ter mexido ou comovido toda a cidade. Aquela mãe chorando seu único filho.
Quantos de nós temos projetos que idealizamos desde pequenos. Quantos de nós acalentamos sonhos que se tornam como filhos para nós. Sonhos que começamos a gerar em nosso íntimo. Muitas vezes sonhamos e perdemos nossos sonhos.
A sensação que temos quando perdemos um sonho muito almejado é semelhante ao luto desta mulher citada dos versículos acima. Sentimos que só nos resta chorar e enterrar aquele sonho. Quando vivemos este momento, de vermos nossos projetos frustrados somos tomados de grande tristeza.
Mas na Bíblia há muitas histórias de sonhos que naturalmente eram impossíveis de se realizar, são tomadas pela ação de Deus, e no poder da Sua palavra, Ele resgatou o sonho e fez além daquilo que esperavam. Muitas vezes Jesus chega no último minuto. Quando estamos no momento de maior desespero, quando não existe nenhuma hipótese de realização.
Deus é especialista em realizar o impossível, porque Ele não divide a sua glória com ninguém. Ele nos ama o suficiente para fazer por nós. Quero lhe incentivar meu irmão, a resgatar os seus sonhos enterrados. Aqueles que você não tem sequer coragem de lembrar, por serem, pela ótica humana, impossíveis de se realizarem.
Levante-se meu irmão/minha irmã, traga-os de volta ao seu coração, coloque suas expectativas no lugar certo: na presença de Deus. Deixe Deus realizar seus sonhos. Essa é à vontade dEle para nós. É tempo de restituição e Deus quer realizar na minha vida, na sua vida e na minha e sua família. Ele vai fazer isso pela Palavra de autoridade que Ele tem.
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OLHAR DO DIA... Província Carmelitana Fluminense- Venerável Ordem Terceira do Carmo - Encontro dos Sodalícios do Regional Rio de Janeiro.
Com a presença dos Sodalícios de; Angra dos Reis, Vicente de Carvalho, Lapa e Saquarema, aconteceu neste domingo 26, no Carmo da Lapa, um importante momento de convivência fraterna e orientação no que se refere aos diversos aspectos formativo e administrativos para os Priores, Conselheiros e Formadores.
Agradecemos o apoio do Sodalício da Lapa, na pessoa da sua priora, senhorita Vivian Moreno, pela acolhida e organização do Encontro.
O Frei Eduardo Ferreira, O. Carm, enquanto reitor do Carmo, Conselheiro e ecônomo da Província, nos enriqueceu com os seus conhecimentos sobre a regência dos Sodalícios e seus desafios no que se refere a administração.
Obrigado os irmãos e irmãs que, neste domingo de chuva no Rio, não mediram esforços para este importante encontro no Domingo da Santíssima Trindade. Em breve nos encontraremos nos regionais de São Paulo (I e II); Minas-Brasília ( I, II e II); Bahia e Manaus, no mês de julho.
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Com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm e Irmão Paulo Danher, OTC.
O SILÊNCIO PROFÉTICO NA REGRA DO CARMO
Frei Carlos Mesters, O. Carm
Na solidão do Monte Carmelo, onde viviam os primeiros carmelitas, reinava um grande silêncio. Não havia barulho, a não ser os ruídos da própria natureza que convidam ao silêncio. Mesmo assim, a Regra recomenda com muita insistência o silêncio. Numa cidade barulhenta tem sentido insistir que se faça silêncio. Mas pedir que se faça silêncio naquela serra imensa do Carmelo, cheia de solidão, qual o sentido? Parece o mesmo que carregar água para o mar! Qual o silêncio que a Regra pede daqueles primeiros carmelitas do Monte Carmelo e, através deles, de todos nós da Família Carmelitana?
Há muitos tipos de silêncio: o silêncio de uma sala de estudo ou de uma biblioteca; o silêncio que se pede num hospital; o silêncio da noite ou da madrugada; o silêncio da natureza, o silêncio da morte; o silêncio que precede à tempestade; o silêncio do medo; o silêncio do censurado e do povo silenciado e amordaçado; o silêncio do aluno que não sabe a resposta; o silêncio do fulano frustrado ou do jovem abafado; o silêncio do namorado na presença da namorada; o silêncio de Deus que nunca aparece; o silêncio do místico; o silêncio da quebra interior: tudo que a pessoa tinha imaginado e planejado até àquele momento cai no vazio e se desintegra. Parece que não valeu nada. Tantos silêncios!... Qual o silêncio que a Regra pede e recomenda?
Um pouco de história:
Os motivos do silêncio invocados pela Regra, pelas religiões e pelo bom senso. Comparando o texto escrito por Alberto em 1207 com o texto aprovado pelo Papa Inocêncio IV em 1247, a gente nota uma diferença. Alberto dizia que se devia observar um silêncio estrito desde a oração das Vésperas no fim da tarde até a Hora Terceira do dia seguinte. O texto definitivo, aprovado pelo Papa, encurtou o tempo do silêncio estrito. Agora é desde a oração do Completório à noite até a Hora Primeira do dia seguinte. O motivo deste abrandamento do silêncio estrito deve ter sido a atividade pastoral, o contato com o povo.
Na Regra o silêncio é uma arma a mais a ser usada na luta espiritual. E é uma das armas mais importantes. Pois, dentro do conjunto da Regra, o capítulo sobre o silêncio (Rc 21) é o ponto de chegada após as longas recomendações sobre a luta (Rc 18-19) e o trabalho (Rc 20). É o topo do Monte Carmelo, onde se chega após longa e dolorosa subida. É através do silêncio que todos os valores da vida carmelitana, aos poucos, vai sendo assimilados e encarnados na vida.
Todas as religiões, de uma ou de outra forma, recomendam a prática do silêncio como condição necessária para o encontro do ser humano com Deus. O silêncio é importante, não só para o nosso relacionamento com Deus, mas também para o relacionamento com o próximo, conosco mesmos, com a natureza e com as coisas. É importante, inclusive, para a saúde mental e corporal das pessoas.
Silêncio é muito mais do que ausência de barulho. É o espaço onde se refaz a síntese final, onde a pessoa se possui a si mesma, onde ela conversa com Deus, onde ela se prepara para poder falar e conversar com os outros. Sem silêncio não há conversa, nem com o irmão e a irmã, nem com Deus. Pois a condição para a conversa verdadeira é saber escutar o outro. Palavras verdadeiras nascem é do silêncio.
Silêncio é saber escutar. É fazer a outra pessoa sentir que, no momento da conversa, ela, e só ela, é o absoluto diante do qual todo o resto é relativo. Isto exige uma ascese muito grande. Sobretudo, saber escutar as pessoas que sempre foram silenciadas, os pobres, tanto na sociedade como na igreja.
Elias e o Silêncio
Deus vai passar! Primeiro, um furacão! Depois, um terremoto! Depois, um fogo! No passado, ao concluir a Aliança com o povo naquela mesma Montanha Horeb ou Sinai, Deus tinha se manifestado no furacão, no tremor da montanha e nos raios de fogo (Ex 19,16). Eram os sinais tradicionais da presença atuante de Deus no meio do povo. Eram estes os critérios que orientavam Elias na busca de Deus. Ele mesmo tinha experimentado a presença de Deus no fogo quando, no Monte Carmelo, enfrentou os profetas de Baal (1Rs 18,36-38).
Elias estava fazendo uma coisa certa. Ele buscava Deus voltando às origens do povo. Ele voltou à experiência de Deus no êxodo. Mas os critérios da sua busca estavam desatualizados. Ele vivia no passado. Encerrou Deus dentro dos critérios! Queria obrigar Deus a ser como ele, Elias, o imaginava e desejava. Por isso acontece o inesperado, a surpresa total: Deus não estava mais no furacão, nem no terremoto, nem mesmo no fogo que tinha sido sinal da presença de Deus, pouco antes, no Monte Carmelo! Parece até um refrão que volta três vezes: Javé não estava no furacão! Javé não estava no terremoto! Javé não estava no fogo! Se Ele não está nestes sinais, então onde está Deus? Onde encontrá-lo?
É a desintegração do mundo de Elias. A crise mais violenta e mais dolorosa que se possa imaginar! Cai tudo! Pois se Deus não está mais nestes sinais familiares e tradicionais de sempre, então Ele não está em canto nenhum! É o silêncio de todas as vozes! É a escuridão da noite! Ora, é neste momento, que se abre para Elias um novo horizonte. É no silêncio de todas as vozes que a voz de Deus se manifesta.
Elias cobriu o rosto com o manto (1Rs 19,13). Sinal de que tinha experimentado a presença de Deus exatamente naquilo que parecia ser a ausência total de Deus! A escuridão se iluminou por dentro e a noite ficou mais clara que o dia. É a libertação de Elias. Reencontrando-se com Deus, ele se reencontra consigo mesmo e descobre que não é ele, Elias, que defende a Deus, mas sim que é Deus quem defende a Elias. Libertado por Deus, ele é livre para libertar os outros!
A experiência de Deus reconstrói a pessoa e lhe revela a sua missão (1Rs 19,15-18). Refeito pelo encontro com Deus, Elias redescobre sua missão (1Rs 19,15-18) e se preocupa em dar-lhe continuidade, indicando Eliseu como sucessor (Rs 19,19-21). Antes, ele queria morrer. Já não via mais sentido no que fazia. Agora, a nova experiência de Deus mudou tudo. Ele volta para o lugar onde queriam matá-lo. Já não tem mais medo. Em vez de querer morrer, quer que sobreviva a sua missão. Sinal de que novamente crê no que faz e deve fazer.
Maria, a Virgem do silêncio
De Maria se fala pouco na Bíblia, e ela mesma fala menos ainda. Os textos da Bíblia sobre Maria são todos dos evangelhos, menos três (Gl 4,4; At 1,13; Ap 12,1-17). Os evangelhos conservam apenas seis palavras de Maria.
A 1ª: “Como pode ser, pois não conhece homem?” (Lc 1,34)
A 2ª: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38)
A 3ª: “A minha alma engrandece ao Senhor! “ (Lc 1,46-55)
A 4ª: “Filho, por que fz isto conosco?” (Lc 2,48)
A 5ª: “Eles não têm mais vinho!” (Jo 2,3)
A 6ª: “Fazei tudo o que ele vos disser!” (Jo 2,5)
A 7ª é o silêncio eloqüente ao pé da Cruz (Jo 19,25-27).
A Mãe de Jesus aparece duas vezes no evangelho de João: no começo, nas bodas de Caná (Jo 2,1-5), e no fim, ao pé da Cruz (Jo 19,25-27), e pronuncia apenas duas frases: "Eles não têm mais vinho!" (Jo 2,3) e: "Fazei tudo o que ele vos disser!" (Jo 2,5). Nos dois casos, em Caná e ao pé da Cruz, Maria representa o Antigo Testamento que aguarda a chegada do Novo e, nos dois casos, ela contribui para que o Novo chegue. Maria é o elo entre o que havia antes e o que virá depois.
O Valor do silêncio
Na primeira parte, usando frases da Bíblia, a Regra começa lembrando a recomendação do apóstolo Paulo a respeito do trabalho em silêncio (Rc 20). Em seguida, para descrever o valor do silêncio, ela cita por inteiro duas frases do profeta Isaías: "A justiça é cultivada pelo silêncio", e “É no silêncio e na esperança, que se encontrará a vossa força. Isto significa que o silêncio recomendado pela Regra tem a ver com a Bíblia: a sua origem está nos profetas. É um silêncio profético! Trata-se de um silêncio que é muito mais do que só ausência de barulho ou de falatório. Conforme as duas frases do profeta Isaías, o silêncio tem a ver com a prática da justiça, com a esperança e a resistência (força). Para nós, carmelitas, o silêncio profético evoca imediatamente o profeta Elias.
A recomendação do silêncio
Num primeiro momento, a Regra descreve como a pessoa deve fazer para cultivar o silêncio que gera a justiça. Este cultivo consiste sobretudo no controle da língua. Citando frases da Bíblia, Alberto aponta os perigos do muito falatório. Ele diz: No muito falar não faltará o pecado; e quem fala sem refletir sentirá um mal-estar, e ainda quem fala muito prejudica sua alma. E o Senhor no Evangelho: de toda palavra inútil que as pessoas disserem, dela terão que prestar conta no dia do juízo.
Em seguida, num segundo momento, citando novamente frases da Bíblia, a Regra passa a recomendar o cultivo do silêncio ou o controle da língua, como sendo o caminho para se chegar ao silêncio mais profundo que é o silêncio profético. A Regra diz: Portanto, cada um faça uma balança para as suas palavras e rédeas curtas para a sua boca, para que, de repente, não tropece e caia por causa da sua língua, numa queda sem cura que conduz à morte. Que, com o profeta, cada um vigie sua conduta para não pecar com a língua, e se empenhe, com diligência e prudência, em observar o silêncio pelo qual se cultiva a justiça. De um lado, o pecado, a morte. Do outro lado, a justiça, a vida. O muito falatório conduz ao pecado e à morte. O controle da língua conduz à justiça e à vida.
Ponto de chegada: o silêncio profético que enfrenta a morte e conduz à vida
Hoje em dia, o fluxo de palavras, de imagens e de falatório nas mídias sociais e na TV nos envolvem é tanto, que impede as pessoas de perceberem o que está acontecendo de fato. Envolve-nos de tal maneira, que acabamos achando normal aquilo que, na realidade, é uma situação de morte. Por exemplo, anos atrás, o povo se revoltava diante de assassinatos e diante da violência. Hoje em dia, a violência tornou-se uma coisa tão freqüente e tão presente, que já nos acostumamos. A miséria crescente do povo, a injustiça impune, o sofrimento dos que nunca cometeram algum mal, o abandono, o desemprego, a exclusão, a doença, a solidão, o desamor...! Vivemos numa situação de morte, e já não nos damos conta. Além disso, muitas vezes, o consumismo mata qualquer esforço de consciência crítica. Nesta perspectiva podemos citar as Guerras no mundo- Entre elas na Faixa de Gaza- a tragédia climática e política no Rio Grande do Sul, a violência no Rio de Janeiro, o abandono das famílias em situações de vulnerabilidade nas cidades...
O primeiro passo do silêncio profético está expresso na primeira citação de Isaías que diz: A justiça é cultivada pelo silêncio. Este cultivo consiste num trabalho ativo nosso que faz silenciar tudo dentro de nós, para que a realidade possa aparecer do jeito que ela é em si mesma e não como aparece desfigurada através do muito falatório, do barulho da moda, do diz-que-diz, ou através dos meios de comunicação, da ideologia dominante. Este trabalho ativo da prática do silêncio produz, aos poucos, o desmantelo das falsas idéias, da ideologia dominante ou dos preconceitos que tínhamos na cabeça. Faz nascer a visão justa das coisas. Gera em nós a justiça.
Resumindo
1- O silêncio favorece a comunicação: fazer silêncio para aprender a escutar. Fazer silenciar tudo para dar atenção ao outro, ao pobre, ao povo, a Deus.
2- O silêncio é o caminho para a maturidade. Evita a superficialidade, pois exige o recolhimento e concentração das forças da gente.
3- O domínio da língua é condição para o domínio da mente e para a consciência crítica que nos revela as situações de morte que ameaçam a vida.
4- O silêncio deve ter uma expressão concreta e comunitária, para que lembre a todos que o objetivo da vida fraterna é a busca de Deus e do irmão.
5- O silêncio é como a solidão e o quarto: não vale em primeiro lugar pelo não falar, mas pelo silêncio interior que por ele deve ser gerado.
Para refletir e rezar
1- O Salmo 37,7 diz: Descansa em Javé e nele espera. Literalmente se diz: Esvazia-te diante de Javé e agüenta firme. A palavra esperar (agüentar), sugere a atitude da mulher em dores de parto. Ela agüenta firme, porque sabe que vai nascer vida nova, apesar das muitas dores. Como o silêncio me ajuda enfrentar as adversidades da vida?
2- Lamentação 3,26 diz: É bom esperar em silêncio a salvação de Javé. É a mesma experiência da certeza que vem de Deus. Não sai de frente de Deus, porque sabe que vai ser atendido. Tenho parado para falar com Deus ou rezo na base do grito e do oba, oba?
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Nas palavras de Dom Frei Wilmar Santin; “Toda vez que as Ordens religiosas e congregações se fecharam para a Missão, entraram em crise vocacional”.
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