Antes de qualquer outro assunto, tratemos da estrutura em que repousa a devoção do S. Escapulário. Tem ela um objeto material. É aquilo que cai diretamente sob os nossos sentidos, i. é. o Escapulário, que deve se usado constantemente até à morte, como parte principal do hábito carmelitano. Na sua forma reduzida (o bentinho) para o uso cômodo dos fiéis, vem este constituir uma agregação à Ordem mediante a imposição litúrgica que dele se faz.
Esta parcela do hábito carmelitano (digno de todo o respeito por ser o hábito da Ordem por excelência) considerada em si mesma, como simples pedacinho de lã bem pouca coisa significa. No entretanto, pela devoção que ele rememora, o seu significado é bem mais profundo, por isso que constitui a sua verdadeira natureza: por parte do homem que o veste, é uma perfeita consagração a Maria Santíssima de modo permanente, total e filial; por parte da Mãe de Deus indica proteção que se concretiza nas duas grandes promessas feitas por Nossa Senhora a quem usasse devotamente o S. Escapulário: a perseverança final e a liberação do Purgatório, especialmente no primeiro Sábado depois da morte.
Podemos, portanto afirmar, que o Escapulário é o hábito de uma Ordem eminentemente mariana e que evoca de um modo concreto pelas promessas que encerra, as prerrogativas da verdadeira devoção a Nossa Senhora.
Universalmente reconhecido como símbolo e meio de consagração, é o Escapulário do Carmo um sinal de aliança pelo qual Maria Santíssima, unindo-nos a Si, nos tem como filhos e irmãos, assegurando-nos a Sua maternal proteção em troca da nossa fidelidade ao Seu amor de predileção.
ORIGEM CANÔNICA DA DEVOÇÃO
Após estas explicações gerais, apliquemo-nos a estudar algumas questões de ordem particular. Na origem canônica do Escapulário, na sua forma reduzida para o fácil uso dos fiéis, encontramos o próprio hábito da Ordem, do qual o Escapulário é parte principal e um como distintivo. Daqui se conclui, que o primeiro efeito da devoção e o fundamento dos seu privilégios consiste numa incorporação ou agregação à Ordem; incorporação essa que pode admitir vários graus mais ou menos íntimos, para usufruir os seus valores e bens espirituais.
Esta doutrina, aliás tem muita afinidade com o Corpo Místico de Cristo na sua Igreja. As Ordens religiosas nesse Corpo Místico representam vivamente o espírito de santidade expresso nos três conselhos evangélicos, pobreza, castidade e obediência, que encarna o ideal da perfeição pela profissão religiosa. Por isso, os que emitem os votos religiosos exercem a sua influência nos membros da Igreja com o holocausto da vida, plenificando segundo a doutrina de São Paulo, aquilo que faltava à Paixão de Cristo. Finalmente, a união da caridade e da graça, que participamos como fruto da Comunhão dos Santos especialmente quando estamos em graça, participamo-la muito mais largamente entre os religiosos e os fiéis.
Esta mística concepção encontramo-la também na devoção do Escapulário e a teremos certamente na mais alta consideração, quando teologicamente esclarecemos o seu verdadeiro e pleno sentido. O que melhor se compreenderá, quando compreendermos o Escapulário no seu verdadeiro espírito, i. é. no ideal da vida religiosa do Carmelo, da qual ele é a mais viva e palpitante expressão.