*Frei Patrício Sciadini, ocd.
O Carmelo surgiu de um grupo de leigos que, desejosos de viver uma vida evangélica mais autêntica, inspirando-se no profetismo de Elias, pediram ao Patriarca de Jerusalém, Alberto, uma Regra, umas normas que regulassem a vida de cada dia, o relacionamento entre eles, com o povo, e com Deus. Tudo isto aconteceu no século XIII, isto é, entre o ano 1209-1211. Lentamente este grupo dos eremitas do monte Carmelo foi se clericalizando, perdendo a sua <laicidade>. A espiritualidade carmelitana foi influenciando homens e mulheres do povo que participavam da vida litúrgica nas igrejas e conventos dos carmelitas. Todos nós absorvemos a cultura, a religiosidade do ambiente que freqüentamos. E contagiamos com a nossa cultura e religiosidade os que de nós se aproximam. Esta comunhão benéfica é de per si evangelizadora. A devoção ao escapulário e à nossa Senhora do Carmelo se espalha rapidamente na cidade onde há conventos carmelitanos, e onde os carmelitas chegam logo se preocupam em sua pastoral em infundir sua espiritualidade e devoções.
Ninguém de nós é uma ilha. Porquanto vivamos longe e separados do convívio com os outros, sempre o vento do Espírito chega ao conhecimento dos outros criando assim laços de comunhão e de pertença.
É interessante notar como a vida dos primeiros carmelitas descalços: Santa Teresa de Ávila e são João da Cruz foi fermentando um novo estilo de vida não somente dentro dos conventos por eles fundados mas também na sociedade que eles frequentavam...Onde passavam deixavam o desejo de imitar este estilo de vida, de rezar, de ser.
Assim, ao redor de “Teresa de Jesus e de João da Cruz” há leigos e leigas que bebem desta espiritualidade, criando grupos de amigos e de simpatizantes. Estes grupos podemos considerar como pré-história das fraternidades laicais do Carmelo Descalço. A leitura dos escritos dos santos do Carmelo cria uma multidão de amigos do Carmelo, que vivem, se alimentam e difundem a nossa espiritualidade, mesmo que não façam parte – juridicamente - da Ordem.
Os santos do Carmelo com seus escritos tornaram-se mestres de espiritualidade na Igreja e são lidos, admirados e seguidos por muitos dentro e fora do cristianismo. Eles não pertencem somente ao mundo da Igreja, mas são propriedade da humanidade. Basta relembrar os mais importantes: “Teresa de Jesus, João da Cruz, Teresinha do Menino Jesus, Elisabeth da Trindade, Edith Stein, Teresa de los Andes”, cuja doutrina é alimento espiritual para quem busca com sinceridade ao Senhor, e procura modelos de vida que sejam luz no caminho, às vezes tenebroso e difícil da vida.
*ESPIRITUALIDADE DO CARMELO PARA OS LEIGOS. VIII Encontro da Comissão Mista OCD – OC. Recife: 16-23 de junho de 2002.