A Trindade Santa atraiu-nos à comunhão consigo e entre nós através da fé, da espe­rança e da caridade. Estas virtudes experimentam-se, nutrem-se e exprimem-se na oração, quando voltamos a nossa atenção para Deus, em adoração e amor, em escuta obediente, no arrependimento sincero, na súplica carregada de esperança[1].

A oração é fruto da acção do Espírito Santo em nós e na nossa vida. Ele sugere-nos as palavras quando não as sabemos; guia-nos à unidade com toda a Igreja e ajuda-nos a aprofun­dar a nossa ex­periência de intimidade com Deus.

A tradição carmelita quanto à oração é formada pela experiência concreta dos seus mem­bros através da sua história. Esta experiência conta a história da presença amorosa de Deus nas vidas dos carmelitas, de modo a que o carmelita pode exclamar com o Salmista: «Enaltecei co­migo ao Senhor e exaltemos juntos o seu nome», e ainda «Saboreai e vede como o Senhor é bom; feliz o homem que n'Ele se refugia»[2].

A Ordem do Carmo adoptou, desde o início, quer uma vida de oração quer um aposto­lado da oração. A oração é o centro indelével da nossa vida e dela brotam uma comuni­dade e um ministério autênticos[3]. A oração da comunidade carmelita deve ser um sinal lumi­noso da Igreja orante no mundo do nosso tempo. Ela toma como exemplo a Maria, Mãe de Je­sus, que meditava to­das as coisas no seu coração e proclamava as maravilhas que Deus n'Ela operou[4].

Meditando e penetrando sempre mais a fundo no mistério de Cristo, tornamo-nos sem­pre mais obedientes no nosso seguimento, com um compromisso cada vez mais profundo no trabalho dos seus discípulos pela redenção da humanidade[5].

No Pai Nosso, Jesus ensinou-nos a orar de uma maneira que liga o céu e a terra. Também na nossa espiritualidade integramos o nosso amor pelo mundo e o nosso sentido da transcen­dência[6].

Inspirando-nos nas fontes genuínas da espiritualidade cristã, unimos o sentido de Deus com a nossa experiência humana. De facto, quando rezamos temos diante dos olhos o mundo e todas as suas vicissitudes, com a consciência do nosso chamamento para servir todos os membros da Igre­ja[7]. Isto pode exigir uma busca comum de novos métodos de oração, co­mo a meditação dialogada, a prece bíblica comunitária e outras novas formas[8].

A oração pode assumir muitas formas segundo as diferentes necessidades da comu­nidade e dos seus membros e é alimentada pela busca contínua de Deus, apoiada pela "lectio divina", pelo estudo, pela meditação e pelos sacramentos. Esta busca contínua de Deus deve ser o fundamento e a expressão mais alta da vida comunitária.

*CONSTITUIÇÕES DA ORDEM DOS IRMÃOS DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA do MONTE CARMELO.

 

[1]     Cfr ET 43.

[2]     Sal 33,4.9.

[3]     Cfr II Cons. Prov., 64.

[4]     Cfr Lc 2,19.51; 1,46-55.

[5]     Cfr PO 14, 18; EE 29.

[6]     Cfr F. Thuis, Fascinados pelo mistério de Deus. Contemplação: fio condutor na vida do Carmo, Roma, Cúria Generalícia dos Carmelitas, 1983, pp. 42-43.

[7]     II Cons. Prov., 91.

[8]     Cfr II Cons. Prov., 84; XII Cons. Prov., 458.