«Viver em obséquio de Jesus Cristo e servi-Lo fielmente com coração puro e cons­ciência reta»[1]: esta frase de inspiração paulina é a matriz de todos os componentes do nosso carisma e a base sobre a qual Alberto construiu o nosso projeto de vida. O contexto particular palestiniense das origens e a aprovação da Ordem na sua evolução histórica por parte da Sé Apostólica enriqueceram com novos sentidos inspiradores a fórmula de vida da Regra.

Os Carmelitas vivem o seu obséquio a Cristo, empenhando-se na busca do rosto do Deus vivo (dimensão contemplativa da vida), na fraternidade e no serviço (diakonia) no meio do povo. A tradição espiritual da Ordem sublinhou como estes três elementos fundamentais do ca­risma não são valores separados ou sem conexão, mas estão, antes, estreitamente ligados entre si.

Deste modo, a mesma tradição elaborou intensamente a experiência do deserto como pro­cesso di­nâmico unificante de tais valores: é o empenho do Carmelita em fazer de Cristo crucifi­cado, homem despojado e esvaziado, o fundamento da própria vida, e em ordenar para Ele todas as suas energias através da fé, destruindo qualquer obstáculo que se levante contra a perfeita dependência dele e contra a perfeição da caridade para com Deus e com os irmãos. Este proces­so de despojamento, que conduz à união com Deus, fim último de todo o crescimento do ho­mem, é evocado na nossa espiritualidade pelos temas da "puritas cordis" e do "vacare Deo", expressões da abertura total a Deus e do esvaziamento progressivo de si mesmo.

Quando, através deste processo, chegamos a ver a realidade com os olhos de Deus, a nossa ati­tude para com o mundo transforma-se segundo o seu amor e manifesta-se na nossa vida de fraterni­dade e de serviço a contemplação da presença amorosa de Deus[2].

*CONSTITUIÇÕES DA ORDEM DOS IRMÃOS DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA do MONTE CARMELO.

[1]     Regra, Prólogo; cfr 2 Cor 10,5; 1 Tim 1,5.

[2]     Cfr XII Cons. Prov., 454.