Um camponês criou um filhote de águia junto com suas galinhas. Tratando-a da mesma maneira que tratava as galinhas, de modo que ela pensasse que também era uma galinha. Dando a mesma comida jogada no chão, a mesma água num bebedouro rente ao solo, e fazendo-a ciscar para complementar a alimentação, como se fosse uma galinha. E a águia passou a se portar como se galinha fosse.
Certo dia passou por sua casa um naturalista, que vendo a águia ciscando no chão, foi falar com o camponês: - Isto não é uma galinha, é uma águia! O camponês retrucou: Agora ela não é mais uma águia, agora ela é uma galinha! O naturalista disse: - Não, uma águia é sempre uma águia, vamos ver uma coisa...
Levou-a para cima da casa do camponês e elevou-a nos braços e disse: - Voa, você é uma águia, assuma sua natureza! - Mas a águia não voou, e o camponês disse: - Eu não falei que ela agora era uma galinha. O naturalista disse: - Amanhã, veremos...
No dia seguinte, logo de manhã, eles subiram até o alto de uma montanha. O naturalista levantou a águia e disse: - Águia, veja este horizonte, veja o sol lá em cima, e os campos verdes lá em baixo, veja, todas estas nuvens podem ser suas. Desperte para sua natureza, e voe como águia que és... A águia começou a ver tudo aquilo, e foi ficando maravilhada com a beleza das coisas que nunca tinha visto, ficou um pouco confusa no início, sem entender o porquê tinha ficado tanto tempo alienada. Então, ela sentiu seu sangue de águia correr nas veias, perfilaram de vagar suas asas e partiu num voo lindo, até que desapareceu no horizonte azul “.
PARA REFLETIR (Frei Petrônio de Miranda, O. Carm)
As vezes a nossa criatividade é roubada, as vezes a nossa vontade de assumir o protagonismo da nossa história é roubada, as vezes somos “galinha” ao fazermos o que os outros pensam, falam e mandam.
É cômodo passar pela história e não fazer história, é cômodo cruzar os braços e fingir que não ver a realidade nua e cura- ali em nossa frente- porque somos “galinha”. Não, não! Deus fez seremos humanos capazes de pensar, agir e abrir novas trilhas. Portanto, seja ousado, não aceite que outros ditem o que você deve fazer e não tenha medo em dar o primeiro voo na construção da sua história, mesmo se para tal você tiver que “nadar” contra a maré