Frei Egídio Palumbo O. Carm. (Tradução por Frei Pedro Caxito O.Carm).
Uma das características da espiritualidade carmelitana é a de se propor como "espiritualidade do caminho", como itinerário mistagógico para uma experiência de Deus mais autêntica e amadurecida.
Esta dimensão mistagógica nós a encontramos presente na maior parte dos escritos carmelitas, em particular nos escritos dos nossos místicos: pensemos, por exemplo, na Institutio primorum monachorum, onde vem delineado um itinerário espiritual com o Profeta Elias; no Caminho da Perfeição de Teresa de Ávila, no qual a experiência contemplativa se faz itinerário de oração; na Subida do Monte Carmelo, na Noite Escura e no Cântico Espiritual de São João da Cruz, que traçam um itinerário espiritual, onde o fiel aprende a amar como Deus ama; em Miguel de Santo Agostinho, que propõe um itinerário místico de "vida marieforme", intermediação da presença da Mãe do Senhor; no "pequeno caminho" de Teresa de Lisieux; em Isabel da Trindade, que redige para uma mãe de família um pequeno escrito: Como se pode encontrar o Céu na terra. São apenas alguns exemplos suficientes para nos recordar a grande herança pedagógica, que o Carmelo adquiriu no acompanhamento espiritual dos fiéis; até mesmo podemos dizer que neste setor quase se constituiu em ponto de referência obrigatório, uma espécie de "magistério", que possui autoridade.
Hoje, portanto, o Carmelo não pode deixar de sentir-se chamado a reconsiderar esta outra "indiscutível" Diaconia, revitalizando-a de forma renovada e criativa: quer propondo itinerários de fé adequados à situação do homem contemporâneo, quer aplicando uma acentuada dimensão mistagógica ao trabalho pastoral e à orientação vocacional.