Venerável Ordem Terceira do Carmo

Retiro Provincial, São José dos Campos, São Paulo.

De 08-10 de novembro-2019.

Tema: Viver a Fraternidade em Obséquio de Jesus Cristo.

Pregador: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Delegado Provincial

 

Texto-1

Tema: Não somos clube, somos comunidade.

 

O silêncio no Carmelo

Letra e música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm.

 

A simplicidade falou, o amor foi escutar, era a brisa do Carmelo, com o Profeta a contemplar.

 

1- Zelo zelatus sum, pro Domino Deo exercituum/ Eu me consumo de zelo, dia e de noite, pelo Senhor (bia)

 

2- No barulho da grande cidade, na agitação do metrô/ Quem caminha sem o silêncio, jamais encontra, o meu Senhor. (bis)

 

3-Tem gente que grita aqui, fala alto em todo lugar/ Esse não é o carmelita, aqui o silêncio veio habitar. (bis)

 

4-Deus não está surdo, não adianta jamais gritar/ Ele ouve a nossa prece, atende o clamor, do pobre a chorar. (bis)

 

5-No rádio e na tv, no jornal ou no celular/São palavras e mais palavras, e o vazio, sempre a reinar. (bis)

 

6- Com Teresa e Teresinha, eu quero silenciar/ Com Madalena de Pazzi, buscando essa paz, eu vou me encontrar. (bis)

 

1º Texto Bíblico para iluminar a caminhada

(Mt 18,15-20)

 

2-Olhar a história do Carmelo

           "Viver em obséquio de Jesus Cristo" é a expressão usada pela Regra do Carmo para indicar o nosso relacionamento com Jesus. "Seguir" era o termo que fazia parte do sistema educativo no tempo de Jesus. Indicava o relacionamento dos discípulos com o mestre. O relacionamento mestre-discípulo é diferente do relacionamento professor-aluno. Os alunos assistem às aulas do professor sobre uma determinada matéria, mas não convivem com ele. Os discípulos "seguem" o mestre e se formam na convivência com ele. O formador ou a formadora de postulantes, noviços e junioristas não é professor/a, mas sim mestre ou mestra.

            Nas origens do Carmelo não encontramos uma pessoa isolada como Fundador, mas sim uma comunidade. Ela está provavelmente vivendo uma certa evolução interna: de pessoas mais ou menos isoladas rumo a um grupo; pede ajuda e discernimento ao Patriarca de Jerusalém, Alberto, a fim de que (a nível não apenas jurídico, mas também teológico-espiritual) consolide e codifique o projeto de vida deles que a seguir, com o discernimento do Papa, adquirirá o status de Regra.

            Podemos, então, dizer que Fundadores do Carmelo foi aquela primeira comunidade de frades do Monte Carmelo, não outros. Eles devem permanecer o ponto de referência constante, original do carisma e da missão do Carmelo.

 

3-Uma história para ilustrar

Certa vez, notei que uma irmã de comunidade tinha desistido da caminhada no sodalício. Perguntei, você não quer mais ser carmelita? Ela respondeu; “sabe frei, eu trabalho pesado toda a semana para sustentar a minha família, a vida não é fácil na empresa, fui para Igreja com o objetivo de crescer espiritualmente e na amizade com todos. Depois de 8 meses no grupo fiquei decepcionada. Muita fofoca! Disputa por cargos... Tudo é motivo de disse-me disse. Pensei, basta! Quero isso não frei”.

 

4-Um Olhar para o Sodalício

Ninguém é perfeito e todos podemos causar problemas aos outros, mas existe uma situação realmente que complica uma comunidade quando a vida de todos gira em torno de uma única pessoa.

O caso clássico seria o de um alcoólatra no sodalício. Ninguém contesta o indivíduo sobre a bebida e não se enfrenta o problema. Nenhum encontro comunitário pode ser realizado na santa Paz porque os outros têm medo de como o indivíduo (a) reagirá e tudo é feito em nome da paz. Nesse caso, toda a comunidade está alcoolizada porque o problema de um domina e estabelece a ordem do dia de todo o sodalício. Aliás, já diz o provérbio popular, “Apenas uma laranja podre, estraga todas as outras”.

Acima de tudo, cabe ao prior e seu conselho intervir em tal situação para ter certeza de que tal indivíduo (a) possa obter o apoio de que necessita. Se o irmão (a) não aceitar ajuda, ao menos não devemos permitir que ele domine a vida do sodalício.

Cada um de nós precisa se examinar no tocante à nossa própria vida em comunidade na Ordem Terceira do Carmo. Deus usará as pequenas falhas de nossos irmãos e irmãs para nos purificar e usará nossas fraquezas para purificar toda a comunidade.

 

5-Perguntas para reflexão pessoal

1-A convivência conosco é agradável?

2-Somos egoístas ou realmente tentamos viver uma vida fraterna?

3-Estamos preparados para permitir que nossos irmãos desafiem e purifiquem o nosso modo de vida?

4-Não adianta sermos especialistas na Regra da Ordem Terceira do Carmo ou na espiritualidade carmelitana, se não tivermos o amor pelo nosso próximo.

5-Na prática, permito se corrigido ou sou uma pedra no caminho dos outros?

5- Porque muitas vezes julgamos o nosso irmão (a) do sodalício e preferimos contar aos outros, sem dizer a ele (a) diretamente sobre nosso julgamento! 

*ASSEMBLÉIA DA PROVÍNCIA CARMELITANA DE SANTO ELIAS. Convento do Carmo – São Paulo- JANEIRO 2007. (Adaptação para Ordem Terceira do Carmo por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 28 de agosto-2019)