Venerável Ordem Terceira do Carmo
Retiro Provincial, São José dos Campos, São Paulo.
De 08-10 de novembro-2019.
Tema: Viver a Fraternidade em Obséquio de Jesus Cristo.
Pregador: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Delegado Provincial
Texto-2
Ordem Terceira do Carmo: Comunidade de acolhimento e de cultivo da intimidade divina.
Santidade
Letra e música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm.
Santidade, não se encontra no altar, santidade, não se encontra na oração/ Santidade se encontra na humildade, na alegria, no amor e no perdão.
1-Eu fico triste, quando vejo na igreja, uma irmãzinha, nos seus olhos a chorar/ Quando eu pergunto, porque vive essa dor, ela responde, ninguém quer me escutar. (bis)
2-Eu fico triste, quando vejo a multidão, ninguém confia, ninguém gosta de olhar/Vem ó meu Deus, transforma a nossa vida, o que será, desse povo a se odiar. (bis)
3-Não me pergunte, se gosto de oração, se os mandamentos, eu procuro meditar/ a minha vida, é que deve responder, não palavras, que pode me apresentar. (bis)
4-Eu fico triste, com esta fé digital, um mundo frio, sem abraço e sem olhar/ Vem ó meu Deus, mostra a tua compaixão, não deixes nunca, o carinho deletar. (bis
1º Texto Bíblico para iluminar a caminhada
Texto Bíblico. (Gn 18- 1-8).
O projeto de vida da Regra do Carmo, no seu capítulo IX- A cela do prior esteja junto à entrada onde habitardes, para que seja ele o primeiro a acorrer aos que vierem a esse lugar; e depois proceda-se em tudo o que for necessário de acordo com o seu critério e disposições- delineia uma fraternidade aberta ao mundo num estilo de acolhimento carinhoso e disponibilidade total tendo como motivo bíblico inspirador a hospitalidade acolhedora de Abraão assentado junto à entrada da sua tenda (Gn 18,1-8; Hb 13,2).
Os Sodalícios, ao menos aquelas que têm estruturas e meios adequados, poderiam estar abertas ao acolhimento de todos os que pretendem fazer experiência de oração, de escuta orante da Palavra, como diz a regra da OTC, Nº 44 - A fraternidade se reflete também em sinais externos. Cada leigo Carmelita é como uma centelha de amor fraterno lançada em direção ao jardim da vida: deve ser capaz de incendiar quem quer que se aproxime… - Ou seja, cada sodalício, deve ser um pequeno Carmelo, não no sentido geográfico, mas espiritual e fraterno.
Onde estamos e convivemos, as pessoas devem nos conhecer não pela quantidade de regras, devoções, ritos ou penitências, mas pela fraternidade e amorisidade uns para com os outros. Ainda na Regra da OTC do Carmo, Nº 44, encontramos uma bela explicação desta relação-comunitária; “A comunidade de leigos Carmelitas toma-se, deste modo, um centro de vida autenticamente humana, porque autenticamente cristã. Da experiência de se reconhecerem como irmãos e irmãs, nasce à exigência de envolver outros na fascinante aventura humano-divina da construção do Reino de Deus”. Ou seja, quanto mais nos aproximamos do sagrado, mas nos tornamos humanos e fraterno.
Quando, na madrugada de 02 de novembro de 1535, Teresa de Ávila saiu da casa paterna para ser monja Carmelita no carmelo da Encarnação, tal convento se encontrava em livre expansão demográfica, num processo de crescimento de mais de 30 professas em 1536, de 65 em 1545, de mais de 150 em 1562, até chegar inclusive a 180[1]. Contrariamente, as rendas comuns estavam em diminuição e eram mal administradas, tornando-se insuficientes para satisfazer a necessidade daquele mundo heterogênio e crescente. Como consequência, o mosteiro oferecia um espetáculo chocante: de um lado as monjas pobres, do refeitório e dormitório comum, que passavam fome, e de outro, as senhoras privilegiadas, que dispunham de recursos próprios e que viviam magnificamente em suas celas de aluguel vitalício, com capacidade para manter criadas, talvez alguma escrava, alojar parentes e com um estilo de vida exatamente igual ao secular.
Ao contrário do Carmelo da encarnação, temos a missão de cultivar uma profunda experiência com Deus em Jesus Cristo e com o nosso próximo mais próximo. Vamos pensar um pouquinho na palavra cultivar. Sabemos em que consiste cultivar uma horta, um pomar ou um jardim. Quem cuida de uma horta gasta tempo, fazendo coisas muito obvias para que as hortaliças tenham vida e cresçam: regar, tirar o mato, matar as pragas que estão destruindo as verduras. Mas, uma pessoa que ama sua horta ou jardim vai além. Ela descobre e inventa minúcias de cuidado. Contempla o desenvolvimento da planta, conhece cada detalhe que diferencia uma planta de outra e assim, esta pessoa se torna doutora na arte de cultivar.
Como realizamos a missão de cultivar uma profunda experiência de Deus em Jesus Cristo? Nós, Carmelitas, escolhemos ser especialistas na vida de intimidade com nosso Deus. Publicamos essa nossa escolha diante da Igreja e da sociedade através dos votos. Estamos nos ajudando à abrir espaços para que Ele mais e mais nos transforme e o nosso coração pulse forte só ao lembrarmo-nos sua presença amorosa continuamente conosco?
Essas são perguntas essenciais. Viemos ao Carmelo para viver uma profunda entrega ao amor de Deus manifestado em Jesus Cristo em comunidade orante, fraterna e profética. Este Deus, que é todo ternura, compaixão, misericordia e comunidade- Pai, Filho e Espirito Santo, irá transformando-nos nele, de tal modo, que também nós vamos adquirindo e expressando cada vez mais ternura, compaixão e misericordia através do nosso relacionamento com o nosso irmão e irmã de caminhada.
*Textos de; Pe. Salvador Ros García, OCD, Frei Carlos Mesters e irmã Dazir da Rocha Campos-Congregação das Irmãs Carmelitas da Divina Providência.
Para reflexão pessoal
1°-O meu sodalício é uma casa de acolhimento ou um alojamento?
2º- Cultivo a minha vocação no Carmelo ou estou deixando a vida me levar?
3º - O que faço para acolher na minha caminhada carmelitana?