Venerável Ordem Terceira do Carmo

Retiro Provincial, São José dos Campos, São Paulo.

De 08-10 de novembro-2019.

Tema: Viver a Fraternidade em Obséquio de Jesus Cristo.

Pregador: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Delegado Provincial

Venha para o Carmelo.

Letra e música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm.

 

Venha, venha, venha, venha conhecer, entre pro Carmelo, aqui você crescer.

 

1-Não somos anjos, somos humanos, não somos santos, somos humanos. A nossa humanidade, vai te ajudar crescer, subir no Carmelo, desta fonte vai beber.

 

2- Com Teresinha, eu vou amar, com Tito Brandsma, eu vou falar. E com o Profeta Elias, eu vou profetizar, subir no Carmelo e na brisa contemplar.

 

3- Com Santo Nuno, eu vou rezar, com Santo Alberto, vou adorar. E com Izodoro Bakanja, o Escapulário vou usar, servir na comunidade, para o mundo transformar.

 

4- Com Simão Stock, vou confiar. Com João Soreth, vou renovar. E com Madalena de Pazzi, com Jesus eu vou encontrar, mudar a minha vida, para saber amar.

 

5-Com Edith Stein, vou escolher, com João da Cruz, eu vou viver. Com Teresa de Jesus, vou sempre caminhar, renovando a vida, para o Cristo encontrar 

 

6- Com Santo Ângelo, vou testemunhar. Com André Coursini, vou ajudar. Com Santo Eliseu, o manto vou pegar, no corre-corre da vida vou evangelizar.

 

7- Na Ordem primeira, eu vou chegar, na Ordem segunda, vou meditar. Na Ordem Terceira, vou evangelizar, este é o Carmelo, para todos há lugar.  

 

Texto-5

*A Fraternidade: Um desafio permanente para a vida Carmelitana (Texto Bíblico. JO 13, 34-35).

 

A fraternidade é um valor irrenunciável.

Buscando o fundamento de nossa vida fraterna em comunidade, parei meu olhar em Jesus.  Nós escolhemos ser “irmãs”, “irmãos”? Ou ser “irmãs”, “irmãos já é algo que faz parte do nosso ser, da nossa identidade?

Jesus nos disse: “Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisso reconhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros”. Jesus não nos deu um conselho, uma sugestão. Ele foi bem claro: dou-vos um mandamento. E não disse isso apenas para as religiosas, religiosos e padres. Ele colocou o mandamento do amor como exigência para ser seu discípulo, isto é, para ser cristão/cristã. O amor é, pois, exigência fundamental no cristianismo. E sabemos que Deus não nos pede coisas impossíveis, além das nossas forças.

Ao nos dar o mandamento do amor, Jesus nos pede que busquemos a nossa essência mais profunda. Filhas/filhos do Deus Amor, criadas/os à sua imagem e semelhança, somos feitos para o amor. “O ser humano aspira por amor verdadeiro; por um amor que não fira nem destrua, mas que vivifique e enobreça; que não controle e aprisione, mas liberte e abra um espaço para a vida” (Anselm Grun). O amor não é algo estranho ao nosso ser. E não há nada que possa preencher nossa vida de sentido e alegria fora do amor. Certamente que não se trata do amor puro sentimento que logo desaparece, mas o amor decisão em que se possa permanecer. Como Jesus nos pede: “permanecei no meu amor” (Jo 15, 19). Podemos, pois, fazer do amor o nosso lugar de morada. Só de pensar em morar no amor de Jesus, um profundo sentimento de bem-estar, de realização profunda surge em nosso íntimo. O amor deve ser o nosso modo de ser, de viver, de conviver, porque é parte de nossa essência.

 

Em Jesus encontramos o modelo para o exercício e a construção da Fraternidade.

Volto a fixar meu olhar em Jesus: “Eu quando for elevado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12,32). Antes mesmo de abrir seus braços na cruz, Jesus atraía as pessoas de todos os tipos. Posso imaginá-lo tão acolhedor e aberto que ninguém tinha medo de se aproximar dele. Temos experiências assim, pessoas das quais gostamos de estar perto, porque sua simples presença nos faz sentir bem. Jesus é o próprio Amor, feito homem. Fico pensando naquelas mulheres, que enfrentaram as normas e as restrições de uma sociedade machista, dominada pela lei da pureza, e se aproximaram de Jesus. A mulher Cananéia, aquela que sofria de hemorragia (Lc 8, 43-48), a pecadora que ungiu os pés de Jesus (Lc 7, 36-50)... Todas elas sabiam que seriam acolhidas, que seriam atendidas em suas necessidades.  Jesus não só acolhe aquelas mulheres e as eleva em sua dignidade, ele convida a elas e a todas nós: “permaneçam no meu amor” (Jo 15, 19).

NINGUÉM TINHA MEDO DE SE APROXIMAR DE JESUS. Tal expressão nos faz pensar em nossas atitudes diante daqueles e daquelas que nos procuram, batem na porta do sodalício para ter uma palavra amiga, um gesto de amizade, ou, muitas vezes, solidariedade. Como agimos? Lembram da pecadora lavando os pés de Jesus ou do próprio Filho de Deus entrando na casa de Zaqueu, conversando com a samaritana e “apagando todos os pegados de Dimas? Eu disse- TODOS!

 

Perigos que desfiguram a beleza da vida fraterna.

No mundo em que vivemos inúmeros problemas afloram e se multiplicam a cada momento.  O ativismo, o individualismo, o comodismo, a competição, a falta de compromisso, de generosidade, o fechamento, a crise no relacionamento, o uso inadequado dos meios de comunicação, a fuga da vida fraterna e de oração, tudo isso gera consequences sérias para a vivência fraterna. Torna-se comum a perda de referência dos valores, a dificuldade de lidar com os próprios limites, a tendência à facilidade, à comodidade e, em meio a tudo isso, a fidelidade se revela como algo pesado demais, às vezes até insuportável. Estaria os nossos sodalícios imune a tudo isso? É evidente que não. 

Com frequência perdemos o ardor. Caímos na rotina dos atos comunitários do sodalício, praticamos uma oração formal e vazia; entregamo-nos à correria das atividades e compromissos de trabalho e, assim, nos esvaziamos, nos fragmentamos, perdendo o contato com a Fonte da Vida. Esquecemos uma Presença e afastamos nosso olhar d’Aquele que é o sentido das nossas atividades e compromissos. A vida se torna pesada, os relacionamentos interpessoais, que deveriam ser marcados pela ternura e gratuidade, ficam duros, cheios de cobranças e acusações. E isso entristece o nosso coração, nossa vida murcha.

A nossa presença enquanto consagrados na Ordem Terceira do Carmo perde o valor e a atração. É então que precisamos retomar o caminho, reacender a chama e redescobrir o encanto de nossa vida em suas várias faces. Precisamos parar; aquietar-nos e novamente voltar nosso olhar enamorado para Aquele a quem decidimos seguir e entregar a nossa vida.  Fixar nosso olhar n’Aquele a quem queremos, a cada dia de novo, dar o nosso coração.

 

Para reflexão pessoal

1-Estou no sodalício por amor a Jesus ou por devoção vazia e tradição morta?

(Devoção e tradição são valores positivos quando tem como centro Jesus e a sua mensagem de misericórdia, acolhimento e amor).

2- O que faço para que o meu sodalício seja uma comunidade de amor-dialogal e comprometido com o reino?   

3-A fraternidade, a vida de oração e a missão são elementos fundamentais no Carmelo. Percebo estes valores entre os meus irmãos de comunidade carmelita? Caso o contrário, como eu poderia ajudar neste objeto?

* Irmã Dazir da Rocha Campos-Congregação das Irmãs Carmelitas da Divina Providência. Adaptação para o sodalício, Frei Petrônio de Miranda, O. Carm