*Frei Carmelo Cox, O. Carm. In Memoriam.
A) - Conforme Baltasar da Silva Lisboa
A Armada saiu de Lisboa, e chegando ao seu destino, os Padres Carmelitas deram logo princípio à pregação do Evangelho, sob os auspícios a favor do Bispo do Brasil, Frei Antônio Barreiros, estabelecendo‑se como as circunstâncias permitiram, até que em 1583 no Capítulo Provincial celebrado em Beja se acordou a fundação do Convento do Carmo de Olinda em 1584, para o qual deu faculdade Jerônimo de Albuquerque Coelho, Capitão e Senhor da Capitania de Pernambuco, de erigir em um sítio que deu a Câmara de Olinda, onde estava edificada a Capela de Santo Antônio. (Anais do Rio de Janeiro, Cap. II - ' 2 - parte). (A.N. Tomo I, Livro 1, Parte 2)
B) - Conforme as Memórias Históricas de Padre Manoel de Sá (10 Parte)
No fim do mês de janeiro do ano de 1580 saiu do Rio de Lisboa a Armada, em que ia por cabo o dito Frutuoso Barbosa, e na sua companhia foram os quatro nomeados Religiosos; e navegando com próspero sucesso chegaram a Pernambuco; onde foram recebidos com demonstrações afetuosas e pias do Clero, e do povo daquela capitania, e dando logo conta da sua chegada àquela terra ao Dom Frei Antônio Barreiros Bispo de todo o Brasil, ele os mandou animar a prosseguirem a empresa, a que iam. A esta deram logo princípio fazendo um grande fruto espiritual, não só na conversão dos gentios mas na reforma das vidas dos já convertidos. E tão excessivo era o zelo com que solicitavam as almas para o céu, que todos os queriam nas suas terras e, para isso lhes ofereciam sítios para assim lograrem das suas virtudes, do que deram parte a este Provincial. Chegou o aviso a ele, e no Capítulo celebrado no Convento da cidade de Beja aos trinta do mês de abril de 1583, em que foi eleito Provincial o M. Revmo. Padre Presentado Frei Pedro Brandão, que foi depois Bispo de Cabo Verde, de quem havemos de dar notícia no Capítulo 1587 destas memórias, se aceitou a fundação de Convento de Olinda.
(20 Parte) O primeiro Convento dos Carmelitas no Brasil é sem dúvida o de Olinda: o qual fundaram os religiosos num sítio, que lhe deram os Oficiais da Câmara; e como nele havia uma Ermida de Sto. Antônio, conserva o mesmo título. Tem este convento uma relíquia do Santo Lenho; uma do osso do nosso glorioso confessor Santo Alberto; e duas de ossos de Sta. Paulina. Na Capela Mor de sua Igreja do lado do Evangelho descansam em humilde sepultura as cinzas daquele grande herói restaurador do mesmo estado João Fernandes Vieira, e ainda que lhe faltem os mármores para o Mausoléu, e não tenha Epitáfio, que declare o heróico de suas ações, tiveram estas a fortuna de serem escritas pela elevada pena do Exmo. Dom Luiz de Menezes Conde de Ericeira. Delas fez também escrito particular intitulado ACastrioto Lusitano, o P. Frei Rafael de Jesus. No cemitério dos Religiosos foi sepultado o Ilmo. Dom Frei Francisco de Lima, Bispo do mesmo estado, e de quem dera notícia o capítulo 1629. Foi este dito convento pela sua antiguidade cabeça da Vigararia; nele assistiram os RR.PP. Vigários Provinciais, até o ano de 1630, em que os holandeses se senhorearam do país. (Memórias Históricas - Cap. XI ' 50 - ' 52). (A.N. Tomo VIII, Livro 20, Parte 1)
C) - Conforme Frei Manoel Baranera Serra.
Tendo, porém, ficado em Pernambuco a expedição de que formavam parte, os Carmelitas recém-chegados aí principiaram a trabalhar como zelosos missionários, não só na conversão dos gentios mas também na reforma de costumes dos já convertidos.
Nesta ocupação de missionários, passaram os Carmelitas o primeiro período ou temporada de sua permanência no Brasil, causando entretanto grande fruto espiritual e atraindo sobre si, pelo talento e virtudes, a estima e admiração de todos que com eles tratavam e mui especialmente dos habitantes da cidade de Olinda, cujos oficiais da Câmara, inspirando‑se nos sentimentos de simpatia e benevolência que o povo manifestava em prol dos Carmelitas, cederam por doação um extenso terreno com capela de Santo Antônio para os ditos Carmelitas se estabelecerem junto da cidade, fundando ali o seu primeiro convento, nestas hospitaleiras plagas do Brasil.
Pelo que o Capítulo Provincial reunido na cidade de Beja, em 30 de abril de 1583, autorizou gostosamente a projetada fundação do Convento de Olinda, para cuja execução no ano seguinte, foi concedida a competente licença por Jerônimo de Albuquerque Coelho, então capitão e senhor da capitania de Pernambuco.
Fica, pois, fora de dúvida que os Religiosos Carmelitas: 11 vieram, para o Brasil em 1580, a convite do Sereníssimo Cardeal Rei D. Henrique e em companhia de Frutuoso Barbosa; 21 que a sua primeira fundação nesta abençoada terra brasileira, foi a do Convento de Olinda, no ano de 1583, em terreno doado pelos Oficiais da Câmara daquela pitoresca e antiga cidade, e 31 os fundadores do dito Convento de Olinda foram Os quatro pré- indicados Religiosos sacerdotes:
Frei Bernardo Pimentel (0.01)
Frei Alberto de Santa Maria (0.03),
Frei Antônio Pinheiro (0.02) e
Frei Domingos Freire (0.04) que, entre eles, era o superior.
(Vide Frei Manoel de Sá AMemórias Históricas@ dos Arcebispos, Bispos e escritores portugueses da Ordem de Nossa Senhora do Carmo, pág. 32 e 36). (A Ordem Carmelitana no Brasil - Mensageiro do Carmelo - Set. 1916 - Jan. 1917).
D) - Conforme Frei Maurício Lans
No Capítulo de Beja em 1583 foi decidida a fundação de um Convento em Olinda, Pernambuco. No ano seguinte em 1584, quando Felipe II de Espanha já reinava como Felipe I em Portugal, iniciou-se a fundação com a licença de então Governador de Pernambuco, Jerônimo de Albuquerque Coelho. Esta primeira fundação realizou-se em terras oferecidas pela Prefeitura de Olinda, alí havia uma capela dedicada a Sto. Antônio. Por isso o Padroeiro do Convento foi Santo Antônio. Daí no decorrer dos tempos iniciaram-se outras fundações de conventos. (Jubileu de Prata, por Frei Maurício Lans, pág.12)
E) - Conforme Francisco Benedetti.
Em frente ao Recife a armada foi dispersa por uma tempestade e por algum tempo adiou-se o confronto com os franceses. Frutuoso Barbosa voltou para Portugal e os Carmelitas ficaram em Pernambuco. O Governador Jerônimo de Albuquerque lhes fez doação de uma ermida construída em um promontório de Olinda e dedicada a Santo Antônio e a São Gonçalo. As terras próximas foram doadas pelos oficiais da Câmara. Em 1583 o Capítulo provincial confirmou a fundação e entregou sua administração a Frei Pedro Viana (0.08). Construído com o auxílio do povo do lugar, o convento de Santo Antônio foi residência dos superiores do Carmo do Brasil nos primeiros tempos. Assim, os Carmelitas foram o segundo grupo de religiosos a se instalar formalmente na colônia, pouco antes dos beneditinos e franciscanos. Os jesuítas, missionários oficiais da Coroa, já aqui se achavam desde 1544. Foram constituídos como comissariado da Província Lusitana e tinham por comissário o mesmo Frei Pedro Viana.
(A Reforma da Província Carmelitana Fluminense, pág. 7).
F ) - Conforme F. A. Pereira da Costa
Um pouco afastado do centro do povoado da Vila de Olinda Bjunto à pancada do mar- ficava uma Capela dedicada a Santo Antônio e São Gonçalo, fundada pelo colono Clemente Vaz Moreira, no tempo do governo do primeiro donatário Duarte Coelho, e junto à qual tinham os seus alojamentos os Padres Carmelitas desde a sua entrada na Capitania, em 1580.
Chegando em 1588 o Padre Frei Pedro Viana (0.08), com a patente de Comissário dos Carmelitas observantes no Brasil e trazendo permissão do donatário Jorge de Albuquerque Coelho, residente em Lisboa, para fundar Conventos de sua Ordem na Capitania, resolveu construir logo um na Vila de Olinda, na própria localidade da residência dos Padres, junto à referida Capela, cuja doação lhe fora conferida por seus proprietários para semelhante fim, por escritura lavrada em 20 de agosto daquele ano de 1588, figurando como doadores Salvador Moreira e seu cunhado Pedro de Matos, como sucessores de Clemente Vaz Moreira, o fundador da Capela e como tais seus proprietários e padroeiros e como aceitante o Padre Frei Pedro Viana, representando os religiosos Carmelitas donatários, na sua qualidade de vigário e comissário da Ordem.
Por este instrumento público lavrado na vila de Olinda pelo Tabelião Cosme Colaço e no qual figuram como testemunhas pessoas qualificadas da colônia, como o capitão mor D. Filipe de Moura, Antônio Rodrigues, Antônio Correia e Bartolomeu Gil, Salvador Moreira e seu cunhado Pedro de Matos doaram a referida Capela B para todo o sempre aos Religiosos Carmelitas para aí fundarem um Convento de sua Ordem, com a condição de que B Aos bem aventurados Santo Antônio e São Gonçalo ficariam no altar mor ao lado de N. Sra. do Carmo, de ser o orago da casa sempre Santo Antônio, de o festejarem anualmente com missa cantada, comemoração do coro, de darem à casa o título de Convento de Santo Antônio do Carmo e de terem os doadores para si e seus herdeiros e descendentes sepultura na Igreja@.
Aceitas todas aquelas cláusulas pelo Padre Comissário Frei Pedro Viana, no mesmo dia, após a conclusão e assinatura do instrumento da doação, tomou ele posse solene da Capela como consta do competente auto lavrado pelo referido tabelião Cosme Colaço, firmado pelo alcaide mor de Olinda, Bartolomeu Alves Rodrigues e pelas testemunhas o capitão mor Filipe Calvacanti, Antônio Barbalho e Baltasar Leitão. (Continuação 1672) (A Ordem Carmelitana em Pernambuco, pág. 90)
*CRÔNICA DA PROVÍNCIA CARMELITANA FLUMINENSE.