Mandando Deus a Elias que deixasse a gruta Horeb, na qual viveu durante algum tempo, e que voltasse à terra de Israel, retirou-se com seus discípulos para o Monte Carmelo e loco começou a formá-los na vida monástica como o Senhor lhe havia ensinado, exortando-os a vivê-la; também os instruiu com esmero na ciência profética ordenando-lhes que cantassem devotamente os louvores de Deus acompanhando-se do saltério, da cítara e de címbalos de júbilo.
Não lhes havida sido possível realizar antes este ofício com perfeição, vendo-se continuamente perseguidos pelo rei Acab e mais ainda pela rainha Jezabel, sua mulher.
Passadas as perseguições pela misericórdia de Deus, o Senhor, desde então, escolheu por profetas alguns homens excelentes dentre estes monges que se distinguiam sobre os demais na arte de cantar com devoção e alegria os salmos louvando ao Senhor e acompanhando-se com instrumentos musicais, para que profetizassem e cantassem como o fazia Elias.
Com o som jubiloso do canto dos salmos ofereciam a Deus, tão amorosamente seus corações e, não raras vezes, o Senhor infundia em suas almas o espírito de profecia. Por isto quando desejavam que o Senhor lhes manifestasse o futuro, o invocavam com este devoto e harmonioso canto dos salmos.
Temos como exemplo o que nos narra o Livro dos Reis. Numa ocasião, perguntando o Rei Josafá a Eliseu, muito preparado nesta ciência, que lhe anunciasse o futuro, e não tendo Eliseu inspiração sobre o que havia de acontecer, pediu que lhe trouxessem um altério, e enquanto cantava muito recolhido, ofereceu seu coração a Deus, pedindo luz, e o Senhor lhe concedeu o espírito de profecia e lhe deu o conhecimento que pedia.
Desde então, como pela divina Sabedoria crescesse o número destes monges fundados por Elias, o próprio Elias escolheu alguns eminentes profetas que prediziam o futuro para que fizessem este ofício, para que em sua companhia e depois quando faltasse instruíssem com esmero os monges na vida monástica segundo o próprio Senhor lhe havia ensinado e lhes ensinassem o conhecimento ou ante profética e a cantar os salmos acompanhando-se do saltério, e os formasse com tanta solicitude e esmero como se fossem seus próprios filhos.
Esta é a razão pela qual estes monges, conhecidos antes com o nome de profetas, se chamassem depois filhos dos profetas, uma vez que eram discípulos dos referidos profetas desta religião e viviam a vida de observância profética e monástica sob a sua direção e governo, como se os Profetas fossem seus verdadeiros pais. Quando o Livro dos Reis menciona estes monges, os chama, quase sempre, FILHOS DOS PROFETAS.
*Livro da Instituição dos Primeiros Monges Fundados no Antigo Testamento e que perseveram no Novo, por Juan Nepote Silvano, Bispo XLIV de Jerusalém