Frei Henrique Esteve, 0. Carm.
Não é, pois, de admirar-se que o Escapulário do Carmo juntamente com o Rosário se tenha tornado em quase toda parte uma forma universal da piedade mariana. Assim como realmente o Rosário ofereceu a forma ideal a consagração, que lhe é devida.
Esta universalidade é atestada pela história. Basta qualquer exemplo, já que esta verdade por si é evidente. Em 1953 José Falcone, de Piacenza, escrevia na sua “Crônica Carmelitana”: “Hoje em dia a Espanha floresce; ali não se vê casa onde não se encontre usado o hábito do Carmo para gozarem as infinitas indulgências carmelitanas... Não parece a Espanha juntamente com Portugal um grande convento carmelitano? Todos querem estar cobertos com esta arma desejada, que os torna intrépidos nas doenças corporais e espirituais.
Em toda a Espanha há conventos carmelitanos e inúmeras associações carmelitanas. Na Itália e especialmente na Sicília, no Reino de Napoles e na Lombárdia vêem-se inúmeros confrades assíduos e de mui grande devoção. Em Piacenza, somente no nosso catálogo os confrades passam de 10.000 entre homens e mulheres, seculares e frades de outras Ordens, padres seculares e monges regulares de diversas Ordens. A Alemanha, alta e baixa, conta um número incalculável de confrades, mas muitos foram malogrados por danados hereges. A França se destaca na religião; mas oprimida e agravada vem hoje sendo trabalhada pelos inimigos sacramentários.”
Assim também em época menos remota escreve o Padre Dominicano Petitot, aludindo â última aparição de N. Snra. em Lourdes, realizada em 16 de Julho de 1858: “Antes de se iniciarem as peregrinações a Lourdes, não houve em toda a Cristandade título mais em evidência do que o de NOSSA SENHORA DO MONTE CARMELO. Na época de Bernadete em todas as famílias cristãs a maior parte das crianças levava o Escapulário sobre o peito.” (Les apparitions de Notre Dame à Bernadete, Paris 1934, pg. 93).
A devoção do Escapulário começou a propagar-se especialmente no fim do século XVI, no tempo da contra-reforma, quando esta devoção era apresentada como sinal do verdadeiro espírito católico contra hereges e fautores das heresias. Naquele tempo os protestantes e jansenistas, juntamente com numerosos sábios, sob o pretexto de exaltar a devoção a Cristo, combatiam o culto mariano na Igreja, não sem grande dano paras almas. Em tais condições foi o Escapulário conservado por quase todos como meio e manifestação concreta da devoção mariana na Igreja, do mesmo modo que pouco depois a devoção ao Sagrado Coração de Jesus parecia quase encarnar o culto a Nosso Senhor.
Sem mais a devoção do Escapulário exprimia otimamente a doutrina da Igreja acerca de Nossa Senhora e o culto que lhe é devido. De modo particular, esta devoção patenteava praticamente a Sua mediação universal, sobre a qual se apoia a nossa consagração. Realmente, as duas promessas do Escapulário para a hora da morte e depois no purgatório, não são outra coisa senão uma esplêndida aplicação desta mediação universal: por aumentar a fé, na qual não pouco influi a nossa devoção.