Na primeira audiência geral de abril, o Papa Francisco relembrou com milhares de pessoas presentes na Praça São Pedro sua recente viagem ao Marrocos.
Cristiane Murray - Cidade do Vaticano
Na primeira audiência geral deste mês de abril, o Papa Francisco relembrou, junto com milhares de pessoas presentes na Praça São Pedro, sua recente viagem ao Marrocos. Convidado pelo Rei Mohammed VI, o Pontífice passou sábado e domingo no país norte-africano.
Para Francisco, tratou-se de “um novo passo no caminho do diálogo e do encontro com os irmãos e irmãs muçulmanos como “Servidor de esperança”. Foi uma viagem inspirada em dois santos: Francisco de Assis – que há 800 anos levou a mensagem de paz e fraternidade ao Sultão al-Malik al-Kamil – e João Paulo II, que depois de receber no Vaticano pela primeira vez um Chefe de Estado muçulmano, Rei Hassan II, realizou uma memorável visita ao Marrocos.
Jerusalém seja preservada
Francisco começou sua catequese agradecendo o povo e as autoridades que o receberam, e em seguida, ilustrou os momentos mais significativos do fim de semana.
Com o Rei Mohammed VI, o Papa sublinhou que as religiões têm um papel fundamental, defendendo a dignidade humana, promovendo a paz, a justiça e o cuidado da criação. Também assinaram um Apelo por Jerusalém, para que a Cidade Santa seja preservada como patrimônio da humanidade e lugar de encontro pacífico para os fiéis das três religiões monoteístas:
Mas alguém poderia se perguntar, observa Francisco: “Mas por que o Papa encontra os muçulmanos e não somente os católicos? Por que existem tantas religiões, como é possível existir tantas religiões? Mas com os muçulmanos somos descendentes do mesmo Pai, Abraão: mas por que Deus permite que existam tantas religiões? Deus quis permitir isso: os teólogos da Escolástica diziam a “volutas permissiva” de Deus. Ele quis permitir essa realidade: existem muitas religiões; algumas nascem da cultura, mas sempre olham para o céu, olham para Deus. Mas o que Deus quer é a fraternidade entre nós. E de maneira especial – por isto essa viagem - com nossos irmãos filhos de Abraão como nós, os muçulmanos. Não devemos temer a diferença: Deus permitiu isso. Mas devemos nos assustar se não trabalharmos em fraternidade, para caminharmos juntos na vida".
Durante um encontro com migrantes, ouviu-se o testemunho de como a vida muda quando quem emigra encontra uma comunidade que o acolhe como pessoa, mostrando assim como é importante estar abertos à diferença, sem deixar de conservar a identidade cultural e religiosa, sabendo valorizar a fraternidade humana.
Falando sobre o engajamento e da proximidade da Igreja marroquina aos migrantes, o Papa improvisou: “Não gosto de dizer ‘migrantes’. Gosto mais de dizer ‘pessoas migrantes’. Sabem por que? Porque ‘migrante’ é um adjetivo; ao invés, ‘pessoa’ é um substantivo. Nós caímos na ‘cultura do adjetivo’. Usamos tantos adjetivos e muitas vezes nos esquecemos dos substantivos, ou seja, da substância. O adjetivo vai junto com o substantivo, a uma ‘pessoa’. Isto é: ‘migrante’ não, ‘pessoa migrante’ sim. Assim se respeita, para não cair na ‘cultura do adjetivo’, que é ‘líquida’ demais, ‘gasosa’ demais”.
Um novo passo no caminho do encontro
Durante o encontro com sacerdotes, consagrados e membros do Conselho Mundial de Igrejas, lembrou-se que a comunidade cristã nessas terras, mesmo sendo um pequeno rebanho, é chamada a ser sal, luz e fermento, dando testemunho do amor fraterno.
Por fim, o Papa mencionou a missa celebrada no domingo, com fiéis de mais de 60 nacionalidades: “Uma singular epifania do Povo de Deus no coração de uma país islâmico: uma festa dos filhos que se sabem abraçados pelo Pai celestial e por isso podem ser servidores da esperança” https://www.vaticannews.va