Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista/RJ.

Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 25 de dezembro-2018.

 

 

Eu não acredito no Natal do consumo
Onde as palavras são comidas e repartidas.
Enquanto a presença na família não acontece.
Enquanto os irmãos se odeiam.
Enquanto o divórcio divide. 
Enquanto o ódio cresce nos corações.
Enquanto o amor não é amado.
Enquanto o Menino Deus é abandonado.

 

Eu acredito, sim.

No Natal da solidariedade e do compromisso.

No Natal do perdão e do companheirismo.

No Natal do abraço sincero e amigo.

No Natal do sorriso e da alegria.

No Natal da simplicidade e da cumplicidade.

No Natal do diálogo e das verdades.

No Natal do olhar e do caminhar.

 

Eu não acredito no Natal dos pisca-piscas. 
Enquanto as famílias continuam na escuridão.
Enquanto os jovens vivem a noite escura das drogas.
Enquanto as crianças não têm o pão na mesa.
Enquanto os anciãos são abandonados em abrigos.
Enquanto a natureza é destruída.
Enquanto as águas dos nossos rios são poluídas.
Enquanto vidas são podadas e massacradas.

 

Eu acredito sim
No Natal que nos faz renascer e crescer.
No Natal que destrói o ódio e a violência. 
No Natal que nos valoriza e nos faz crescer. 
No Natal que destrói a inveja e a falsidade.
No Natal da democracia e da ética. 
No Natal que liberta e nos ajuda a lutar.
No Natal sem meias verdades e sincero.

 

Eu não acredito no Natal da mesa farta.

Enquanto acumulamos bens e somos corruptos.

Enquanto maltratamos o nosso próximo com palavras.

Enquanto não partilhamos o que Deus nos deu.

Enquanto apoiamos políticos corruptos e projetos faraônicos.

Enquanto fechamos os olhos para a fome.

Enquanto fugimos da nossa missão de pais e mães.

Enquanto temos medo de olhar para os crucificados.

 

Eu acredito, sim.
No Natal ecumênico sem fronteiras.
No Natal sem preconceito e sem cor. 
No Natal sem raça e sem brilho.
No Natal sem neve e sem trenó.
No Natal que nos renova e nos faz renascer.
No Natal que reúne a família e nos faz irmãos.
No Natal sem embrulhos e sem disfarces.

 

Eu não acredito no Natal do Panetone e dos cartões.
Acredito sim, no Natal da partilha e da compaixão.
Eu não acredito no Natal do peru e das bebidas.
Acredito sim, no Natal da solidariedade e dos pobres.
Eu não acredito no Natal da neve ou da roupa fina. 
Acredito sim, no Natal dos Pastores e da manjedoura.
Eu não acredito no Natal do Papai Noel.
Acredito sim, no Natal de Maria e de José.
Que este seja de fato e de direito o nosso Natal!