Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Convento do Carmo, São Paulo. 01 de abril-2012. 

Eu não gosto de santo todo poderoso com uma varinha mágica resolvendo todos os problemas. Eu gosto é de São José, que fez do trabalho o maior milagre da vida. 

E não gosto do santo showman das TVs transformando a religião em curandeirismo. Eu gosto é de São José, que fez do impossível o possível com seu filho Jesus e sua esposa Maria no trabalho diário pelo pão de cada dia.

Eu não gosto de santo das orações poderosas transformando a fé e a relação com Deus em cobrança de milagres. Eu gosto é de São José, que usou a palavra para confortar Jesus e fez da oração a sua maior ação através do incansável trabalho.

Eu não gosto de santo que desata os nós, levanta os defuntos e arranca o mal pela raiz. Eu gosto é de São José, que na Sagrada Família não cansou de enfrentar os problemas, transformando o trabalho em uma ação de graças.

Eu não gosto de santo triste, com uma fisionomia rígida e roupas impecáveis nos altares. Eu gosto é de São José, com sua vestimenta surrada, seu olhar firme e sua disposição em recomeçar tudo de novo após um dia de trabalho. 

Eu não gosto de santo pisando nas nuvens e com seus corpos celestiais. Eu gosto é de São José, que fez do seu lar um céu na terra, sujou as mãos nas construções e ensinou Jesus a ganhar o pão com o suor de rosto.

Eu não gosto de santo tranqueado em conventos e igrejas. Eu gosto é de São José que encontrou o itinerário da santidade ouvindo o choro do menino Jesus, as reclamações de Maria e o bate papo com os amigos de trabalho.

Eu não gosto de santo esculpido por escravos que tiveram seus nomes apagados na história e na memória da religião. Eu gosto é de São José, homem do povo e com o povo soube moldar o seu lar nos valores de Javé dos pobres e trabalhadores.

Não, eu não gosto da religião fanática, da Igreja farmácia útil às 24 horas e do pronto socorro das relíquias e dos lugares santos enquanto os trabalhadores do lixão, dos becos, das favelas e da zona rural são esquecidos e lutam  para sobreviver. Sim, eu gosto é de São José, homem de Deus, trabalhador incansável, apaixonado pelo trabalho e pela vida. Eu gosto é de São José...