Apontamentos espirituais do Frei Petrônio de Miranda, O. Carm.
Quinta-feira, 14 de novembro-2019, Festa de todos os santos carmelitas. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro.
Segundo as constituições da Ordem dos Irmãos da Bem-Aventura Virgem Maria do Monte Carmelo, Nº 111; “Vivemos num mundo cheio de injustiça e de inquietude. É nosso dever ajudar a descobrir as causas, ser solidários com os sofrimentos dos marginalizados, participar da sua luta pela justiça e pela paz, lutar pela sua libertação integral, ajudando-os a realizar o seu anseio por uma vida digna”. Em outras palavras, ficar enclausurados em uma oração e espiritualidade apenas de ritos e leituras espirituais é negar a nossa missão enquanto irmãos que, fiéis a nossa história ao longo dos 800 anos, contemplamos o rosto de Cristo nos diversos rostos marginalizados da América Latina e mundo em busca da santidade com os pés no chão.
Mesmo com o profetismo- anúncio e denuncia- do Papa Francisco, vivemos esse marasmo não apenas na vida religiosa carmelitana, mas na Igreja como um todo. Jovens pobres- hoje frades ou sacerdotes- buscam cada vez mais uma vida religiosa ritualística de panos, incenso e velas. Aos poucos se vai perdendo a originalidade da espiritualidade comprometida e encarnada nos porões da injustiça social cada vez mais crescente em nosso país.
Muitos nos procura pensando em oração e contemplação no sentido vazio e ritualístico. Cada vez mais nos afastamos da mensagem central não apenas da Ordem do Carmo através dos seus documentos, mas da própria mensagem de Jesus Cristo morrendo nas vidas desfiguradas pela política corrupta e economia assassina. (Mt 25, 31-46) E o que é mais grave! O senso crítico-político não faz mais parte das discussões formativa de nossas casas de formação.
Enquanto carmelitas- frades, freiras e leigos- Precisamos urgentemente nos perguntar sobre os reais desejos e motivações para abraçar a espiritualidade carmelitana. E tenho dito!