Apontamentos espirituais do Frei Petrônio de Miranda, O. Carm.

Segunda-feira, 16 de dezembro-2019.  Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro.

Encontramos no livro dos Provérbios (30, 8), a seguinte passagem; “Afasta de mim a falsidade e a mentira”... Afastar?! Sim, afastar-se da mentira e da falsidade em nossas relações diárias, isso às 24 horas! Mas será possível?  

Talvez seja impossível afastar a mentira e a falsidade dos corredores conventuais e paroquias. Sim, porque falamos, rezamos e meditamos sobre Ele- Jesus Cristo- que abominava a falsidade e, no entanto, se pudéssemos o condenávamos e o crucificávamos de novo com a nossa velha, nova e eterna falsidade religiosa de sempre.

É triste quando nos deparamos com irmãos deprimidos e depressivos jogados nos paredões da vida vítimas desse que massacra, discrimina, exclui e mata. E o mais triste! Geralmente estas pessoas são condenadas por “religiosos (as)” que não sai dos cursos, palestras e encontros de formação cristã no decorrer do ano.

Se por  um lado gritamos aos quatro cantos que somos “consagrados” com os chamados votos evangélicos de pobreza, castidade e obediência, por outro, rimos da cara de Jesus Cristo porque não passamos de atores que, brilhantemente, representamos tais votos nos palcos dos templos e nas bonitas celebrações regadas a incenso, babados e ricas rendas importadas. Em outras palavras, somos ótimos atores do sagrado!   

Não são poucos os que gostam de fazer retiros, encontros- são os chamados encontristas e retirantes- e, no entanto, são mestres da falsidade que, por sua vez, usando de forma errônea a mensagem do Mestre- Jesus Cristo, são verdadeiros expert na destruição do próximo através da velha e sempre presente falsidade, seja no mundo da política, religioso, social ou profissional.  

Cabe aqui uma pergunta para todos nós- profissionais do sagrado- ou para os iniciantes dessa caminhada espiritual na vida conventual, seminarística ou paroquial. Somos de fato seguidores do Filho de Deus ou do Filho das trevas? Que Deus nos livre desses falsos anjos que, na verdade, são verdadeiros capetas da falsidade. E tenho dito!